Igreja Evangélica
Presbiteriana
Domingo, 30 de
setembro de 2012
Pr. Plínio
Fernandes
Meus amados
irmãos, vamos ler Mateus 7:28 a 8:4
28 Quando Jesus acabou de
proferir estas palavras, estavam as multidões maravilhadas da sua doutrina; 29
porque ele as ensinava como quem tem autoridade e não como os escribas.
1 Ora,
descendo ele do monte, grandes multidões o seguiram. 2 E eis que um leproso,
tendo-se aproximado, adorou-o, dizendo: Senhor, se quiseres, podes purificar-me.
3 E Jesus,
estendendo a mão, tocou-lhe, dizendo: Quero, fica limpo! E imediatamente ele
ficou limpo da sua lepra. 4 Disse-lhe, então, Jesus: Olha, não o digas a ninguém,
mas vai mostrar-te ao sacerdote e fazer a oferta que Moisés ordenou, para servir
de testemunho ao povo.
Nos últimos
dois versículos do capítulo 7 aqui de Mateus, aprendemos que, quando nosso Deus
e Salvador, o Senhor Jesus Cristo, encerrou seus pronunciamentos do Sermão do
Monte, as multidões, e não somente os discípulos, estavam maravilhadas com a
sua doutrina, por que Jesus as ensinava com autoridade.
Vimos, em
nossa última mensagem, que esta autoridade de Jesus não se devia ao fato de que
ele era “uma pessoa habilidosa na arte de proferir discursos”, mas é uma
autoridade que vinha da essência de sua própria pessoa: Jesus é o Filho Eterno
do Deus Eterno, e por isso, é o que interpreta perfeitamente a vontade do Pai, que
a entende, que obedece plenamente, e nos ensina a obedecer também.
Ele é o Senhor
das Escrituras. É o amoroso autor da nossa Salvação. Por todas estas coisas ele
tem sobre nós uma autoridade indiscutível. Ele é o nosso Rei e Senhor. É o Rei
prometido no Antigo Testamento que veio trazer a nós o reino dos céus.
Agora, quando
chegamos ao capítulo 8, Mateus passa a nos mostrar que não somente os ensinos
de Jesus revelaram sua autoridade, mas também suas ações.
Nos capítulos
8 e 9 deste Evangelho, nós temos o registro de dez milagres de Jesus, divididos
em três grupos, e intercalados por conversas que ele teve com outras pessoas,
desafiando-as a pensar e viver conforme os princípios e valores do reino de
Deus.
Assim, no cap.
8, vs. 1-17, nós temos os três primeiros milagres: a cura de um leproso; a cura
do criado de um centurião; a cura da sogra de Pedro. E depois um resumo das
atividades de Jesus.
Na sequência,
vs. 18-22, Jesus coloca à prova os que desejavam segui-lo. Em seguida, nos vs.
23 a 9:8, mais três milagres: Jesus acalma uma tempestade, liberta dois
endemoniados gadarenos, e cura um paralítico.
Mais alguns
ensinos sobre os valores do reino, e a partir de 9:18, mais quatro milagres: a
cura de uma mulher enferma, a ressurreição de uma menina, a cura de dois cegos,
e a cura de um mudo. O propósito de Mateus, ao narrar esta série de milagres, é
claramente de reafirmar a autoridade de Jesus, desta vez, através de suas obras.
Mt 8: 27 - E maravilharam-se os homens, dizendo: Quem é
este que até os ventos e o mar lhe obedecem?
Jesus é que tem
autoridade sobre as enfermidades, sobre os principados e potestades, sobre as
forças da natureza, e o que tem a maior autoridade de todas, conforme nos
mostra a cura do paralítico: a autoridade de perdoar pecados, salvar as nossas
almas.
Com apenas
algumas palavras de ordem, Jesus cura um leproso, cura o criado de um soldado
romano, faz cessar uma tempestade, liberta dois endemoniados, cura um
paralítico. Com apenas um toque de mão Jesus também cura a sogra de Pedro.
É bem verdade,
irmãos, que este tipo de coisas também têm acontecido muitas outras vezes na
história do povo de Deus, desde o Antigo Testamento, depois através dos
apóstolos e em muitas igrejas do Novo Testamento, mesmo onde os apóstolos não
estavam. E também depois que a Bíblia foi escrita, até os dias de hoje, muitas
vezes, em respostas às orações dos crentes, muitas coisas acontecem, que só
podem ser explicadas como milagres divinos.
Entendendo por
milagres o agir de Deus de modo menos comum, e que por isto provoca uma grande
admiração no coração dos homens. Com isto dizendo que, mesmo quando não aconteçam
coisas que possam ser tidas como milagrosas, Deus está agindo em todas as
coisas que acontecem através de sua providência. Pois nos movimentos dos astros
do céu, nas estações climáticas, no homem saindo para o seu trabalho, voltando
para casa, nas crianças brincando, em tudo o que acontece em todo o universo,
Deus está agindo através daquilo que comumente chamamos “leis da natureza”, e
que Jeremias chamava “leis fixas” [1].
O testemunho
bíblico é no sentido de que em todas as coisas o nosso Deus e Pai está agindo,
intervindo, influenciando e dirigindo, manifestando sua sabedoria, seu poder e
sua bondade. Até quando uma pessoa é curada por “meios naturais”, isto é,
tomando um remédio, Deus está agindo por meio do remédio.
Mas, ao mesmo
tempo, Deus pode agir de modo menos comum, sem que necessariamente alguma lei
da natureza seja utilizada. Eu já vi Deus curar doenças e expulsar demônios
como resultado de oração. Alguns de vocês também. Assim como aconteceu quando Elias orou e Deus
enviou chuvas sobre Israel, eu também já vi, em tempo de estiagem, um homem
orar para que chovesse sobre a lavoura na qual ele estava trabalhando, e Deus
ouviu a sua oração.
Não estou
dizendo que milagres acontecem toda hora, mas que no meio cristão eles
acontecem porque o Deus a quem oramos é o mesmo que se revela na Bíblia, e
segundo a sua bondade e sabedoria ele sabe quando e como os milagres devem
acontecer.
Mas no caso de
Jesus, há varias coisas que acontecem com uma singularidade marcante. Por
exemplo: via de regra (a exceção é a ressurreição de Lázaro), Jesus não realiza
algum milagre como resultado de algum pedido que ele fez ao Pai. Ele mesmo é
quem dá uma palavra de ordem, ou faz um gesto qualquer. Ele realiza milagres
pela sua própria autoridade.
Além disto, os
milagres são realizados por Jesus numa quantidade tão grande que até mesmo os
apóstolos tinham dificuldade de enumerá-los. No Evangelho de João, falando
sobre milagres, o apóstolo amado diz que Jesus realizou muitas outras coisas
além daquelas que ele registrou, mas que tudo o que Jesus fez devesse ser
escrito num livro, nem todos os livros do mundo seriam suficientes.
Mas os
milagres de Jesus, ainda que, como veremos fossem expressões da compaixão de
Deus por nós, tinham uma razão que ia além desta. Eles tinham o propósito de nos
conduzir à vida eterna.
Jo 20:30, 31:
30 Na verdade, fez Jesus
diante dos discípulos muitos outros sinais que não estão escritos neste livro.
31 Estes,
porém, foram registrados para que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de
Deus, e para que, crendo, tenhais vida em seu nome.
E também é neste
sentido que Mateus escreve. Ele quer mostrar, também através dos milagres, que Jesus
é o rei prometido no Antigo Testamento.
Mt 8:16, 17:
16 Chegada a tarde,
trouxeram-lhe muitos endemoninhados; e ele meramente com a palavra expeliu os
espíritos e curou todos os que estavam doentes; 17 para que se cumprisse o que fora
dito por intermédio do profeta Isaías: Ele mesmo tomou as nossas enfermidades e
carregou com as nossas doenças.
Entre todas as
pessoas que entenderam e creram na divina autoridade de Jesus havia um homem
leproso. Ele se aproximou de Jesus, adorou-o e disse: “Senhor, se queres, podes
purificar-me”. E Jesus o curou.
No
comportamento deste homem nós podemos constatar a profunda percepção espiritual
que ele teve de Jesus, percepção que, para o bem das nossas almas, todos nós
precisamos ter.
Vamos meditar
sobre o comportamento deste homem. Há três atitudes que desejo destacar.
1. O leproso se achega a Jesus
v. 2 – “... E eis que um leproso, tendo-se
aproximado...”
A palavra “lepra”, até
mesmo em nossos dias é muito temida. Na antiguidade era usada para descrever uma grande
variedade de doenças da pele, que envolvia coisas como hanseníase, cobreiro,
sarna, psoríase, herpes, e talvez até câncer de pele, uma vez que o câncer não
era ainda uma doença identificada como tal.
E não somente seres
vivos, mas até mesmo o bolor de paredes ou utensílios eram chamados de lepra.
Qualquer tipo de
lepra era uma coisa muito temida, pois não se conhecia cura, e então, de acordo
com a lei do Antigo Testamento, se uma pessoa se tornasse leprosa, ela deveria
ser isolada da comunidade até que fosse curada.
Assim que uma pessoa
leprosa se visse curada ela deveria procurar um sacerdote que a examinaria e a
declararia limpa. Em seguida ela faria uma oferta a Deus e voltaria ao convívio
com as demais. Mas enquanto não fosse curada, o que certamente acontecia com muitas
pessoas, ela deveria ficar isolada; não poderia participar da vida familiar,
não poderia trabalhar com outras pessoas, nem ir a festas, nem ir aos cultos.
Lembra-se de que
Miriã, a irmã de Moisés, por causa de seu pecado, em certa ocasião ficou
leprosa? Ela não pode voltar ao arraial de Israel enquanto não foi curada [2].
Então, se um homem
fosse leproso, ele tinha que se afastar dos demais, e se alguém se aproximasse
dele, ele tinha o dever de gritar: “Imundo, impuro!!!”, para que a pessoa se
afastasse. Por estas coisas os leprosos eram tidos como pessoas que deviam ter
cometido algum pecado muito grave, e desta maneira ter desagradado
profundamente a Deus.
Conforme o cap. 9, vs.
11 e 12, podemos dizer o pecado é como uma doença espiritual. E de fato, a
lepra é uma doença que ilustra bem o que o pecado faz com nossas almas. Por isto é muito
elucidativo o fato de que a primeira pessoa que se aproxima de Jesus após o
Sermão do Monte é um leproso, uma pessoa ritualmente imunda.
Assim como muitas
outras pessoas impuras se aproximaram de Jesus em todo o tempo: os publicanos,
os pecadores notórios, as mulheres de má fama. Com toda a certeza, se Jesus
viesse nos dias de hoje muitas pessoas assim se aproximariam dele.
Eu vi muitos leprosos
em Manaus. Pessoas com o rosto deformado. Pessoas a quem faltava parte dos
dedos. Assim como alguns tipos de lepra deformam o corpo, o pecado deforma a
alma humana. Deforma moralmente, espiritualmente, psicologicamente.
Veja: não estou dizendo
que para uma pessoa ser pecadora ela precisa cair nalgum pecado notório. Mesmo
os mais religiosos, todos os seres humanos são pecadores. Mas estamos vivendo
numa sociedade terrivelmente deformada, onde prevalecem o egoísmo, a
agressividade, as falsas religiões, a promiscuidade sexual, onde os valores
estão invertidos e a regra parece ser a de que cada um pode fazer o que quiser
para ser feliz. De acordo com o
pensamento atual, “pecado é não ser feliz”, pecado é não exigir seus direitos,
pecado é negar-se a si mesmo.
Então estamos caminhando
para um mundo sem regras: vemos alunos batendo em professores. Filhos que não
podem ser disciplinados.Homossexuais que não podem ser confrontados. E adultérios, e
violência, e crimes, e vícios. E abortos. E a lista é quase infinita.
A nossa sociedade está
leprosa. Mas
uma sociedade leprosa é formada de indivíduos leprosos. E as pessoas então
ficam isoladas, umas das outras: isoladas espiritualmente, emocionalmente, umas
das outras, e isoladas de Deus.
Mas o que faz este
leproso? Ele
está ali, quem sabe disfarçado, ouvindo Jesus falar. E Jesus fala com
autoridade. Mas não é uma autoridade ríspida. É uma autoridade que exala
bondade, compaixão.
Ele vê em Jesus alguém
de quem pode se aproximar trazendo o seu terrível fardo, a sua enfermidade. Vê
em Jesus alguém que poderia purificá-lo, restaurá-lo, assim como acontecera com
Miriã, a irmã de Moisés.
O leproso, imundo que
era, não poderia se aproximar de qualquer pessoa. Mas Jesus não é qualquer
pessoa. Jesus é Emanuel, Deus conosco, o que é digno de ser chamado “Senhor”.
É o Deus que
atende a oração. O Deus que cura. O Deus que perdoa.
E o leproso percebe
isto. Por
isto ele se aproxima de Jesus, e confessa sua fé dizendo: “Senhor...”. Com isto, a Escritura nos mostra que o mais impuro dos
homens pode se aproximar de Jesus. Aliás, não somente pode, ele precisa, ele deve se
aproximar de Deus.
2. O leproso adora a Jesus
v. 2 – “E eis que um leproso,
tendo-se aproximado, adorou-o...”
O Evangelho de Marcos
diz que ele se ajoelhou, e o de Lucas acrescenta que se prostrou com o rosto em
terra. São os gestos externos, que descrevem os movimentos do corpo.
Mas Mateus emprega uma
palavra que aponta para a atitude da alma que transparece nestes gestos:
adoração. A mesma palavra que Jesus usou para responder às tentações de Satanás,
quando disse: “Ao Senhor teu Deus
adorarás, e só a ele servirás” [3]. E também a mesma palavra que a
Escritura usa para dizer que Jó, em meio a todos os seus infortúnios,
inclinou-se em terra em adoração e louvou a Javé [4].
Adoração é uma atitude
do coração, em direção a Deus. Uma atitude de reconhecimento, de amor, de submissão.
Conforme veremos,
esta submissão se manifesta não somente nos gestos do leproso, mas também nas
palavras que usa quando abre o seu coração diante do Senhor. Agora, eu quero me
voltar para o Evangelho de Lucas, onde ele acrescenta um “pequeno grande
detalhe” ao descrever este nosso antigo irmão na fé:
Lc 5:12:
Aconteceu que, estando ele numa das cidades, veio à sua
presença um homem coberto de lepra; ao ver a Jesus, prostrando-se com o rosto
em terra, suplicou-lhe: Senhor, se quiseres, podes purificar-me.
O pequeno grande
detalhe é este: “um homem coberto de
lepra”; não apenas leproso, mas coberto de lepra; muito leproso, muito enfermo.
Mais uma vez ele
me faz pensar em Jó, que ficou enfermo desde a planta dos pés até o alto da
cabeça, com tantas chagas no corpo que se coçava com um caco[5].
Também me faz pensar
em Lázaro, o mendigo da história contada por Jesus, e que, com o corpo coberto
de chagas, jazia à porta do homem rico[6].
O que Lázaro, Jó e este
leproso têm em comum?Eles nos dizem que adorar a Jesus é uma coisa que vem da
alma quando nós o conhecemos, quando sabemos que ele é o Senhor. Quando sabemos
que ele é Deus. Adorar a Deus não depende de como está a nossa saúde, não depende de como
está a nossa situação na sociedade, não depende de quantos bens possuímos, não
depende de quão bem estejamos nos sentindo. Adorar a Deus depende de como está o nosso coração,
de quem está assentado no trono do nosso coração. E no coração deste leproso
Jesus estava entronizado.
Eu gosto daquela antiga
anedota (é só uma anedota, viu?), que conta a estória de um irmão que gostava
de dizer “glória a Deus” muitas vezes, a cada pregação que ouvia. Algumas pessoas estavam
se sentindo meio incomodadas, e pediram ao pastor que tomasse uma providência.
Então, durante a semana,
o pastor foi conversar com aquele irmãozinho pobre, humilde, que sempre ia à
igreja de sandálias, roupas bem simples. E disse: “Olha,
irmão, eu sei que você gosta de falar ‘glória a Deus’ quando ouve a Palavra, e
não é pecado não. Mas é que algumas pessoas ficam incomodadas. E eu queria
pedir que o irmão não dissesse mais. Eu trouxe um presente ‘pro’ irmão, ‘pro’
irmão não ficar triste comigo. Um par de sapatos bem bonito”.
Então o irmão agradeceu
o presente e disse “pro” pastor que iria ficar quieto na hora do culto. Quando chegou o
domingo, lá estava o irmão na igreja, contente, com os sapatos novinhos,
brilhando.
E o pastor começou a
pregar. E dizia como Jesus é maravilhoso, e falava de seu grande poder, de seus
ensinamentos eternos, do seu amor em dar a vida na cruz para a nossa salvação,
do sangue de Jesus que nos purifica de todos os nossos pecados. E que por causa
de Jesus nós vamos morar no céu. Então, a certa altura da mensagem, enquanto o pastor
continuava a falar da graça de Jesus, o irmãozinho se levantou, tirou os
sapatos e disse: “Olha pastor, o senhor
me desculpe, mas com sapato ou sem sapato, glória a Deus!!!”.
O que esta estória quer
nos dizer é que o nosso coração adora a Jesus quando contempla a ele. Quando
percebe a sua graça, a sua misericórdia, a sua santidade, o seu poder,
independente de olhar para nós mesmos, independente de olhar para as nossas
circunstâncias. Um homem pode adorar, mesmo sendo leproso, se tão somente ele reconhecer
quão maravilhoso é o Salvador.
3. O leproso se rende a Jesus
v. 2 – E eis que um leproso, tendo-se aproximado, adorou-o,
dizendo: Senhor, se quiseres, podes purificar-me.
Esta é uma oração tão
curta, tão simples, e tão profunda. Profunda por duas razões: uma delas, é que revela
mui claramente o grande desejo do coração deste homem. Tanto que Marcos e Lucas
dizem ainda mais explicitamente que o leproso pediu que o Senhor lhe curasse.
Mas, mais uma vez
Mateus parece apontar para o espírito com o qual este enfermo se dirige a
Jesus, desta vez se limitando apenas a repetir as palavras dele: “Senhor, se quiseres, podes purificar-me”.
É um abrir do
coração, a manifestação de um desejo que reconhece o grande poder de Jesus, mas
ao mesmo tempo um pedido que se submete à vontade de Deus: “se quiseres...”.
Ele não exige
que Jesus faça sua vontade. Ele se submete. Ele se rende ao Senhor. Pois quem
conhece a Deus não exige que Deus faça sua vontade.
Quem conhece a
Deus, mesmo que sejam circunstâncias dolorosas, e não deixando de apresentar
seus anseios ao Senhor, aprende a submeter-se a Deus, sabendo que ele é o
Senhor de seu destino.
Um dos
exemplos mais fortes e edificantes que temos na Bíblia está no profeta
Jeremias.
Jeremias,
muitas vezes tem sido chamado “o profeta chorão”, no sentido de que derramou
muitas lágrimas por causa de Israel. Durante aproximadamente quarenta anos ele
pregou a Palavra do Senhor, e pouquíssimas pessoas deram crédito ao que ele
dizia. Ele foi rejeitado, caluniado, zombado e agredido fisicamente. Chorou
muitas vezes.
Mas Jeremias
tinha uma forte convicção no seu coração, que o fez permanecer pregando a
despeito de toda a incredulidade à sua volta, a despeito de suas próprias
fraquezas e tentações no sentido de desistir. Uma convicção que não apenas ele,
mas todos os escritores e homens santos que vemos na Bíblia, tinham bem firmada
em seu coração: que Deus é soberano sobre tudo quanto acontece em nossa vida.
Jr 9:23 – Eu sei, ó SENHOR, que não cabe ao homem determinar o seu
caminho, nem ao que caminha o dirigir os seus passos.
Jr 17:14 – Cura-me, SENHOR, e serei curado, salva-me, e
serei salvo; porque tu és o meu louvor.
Jr 31:18 – Bem ouvi que Efraim se queixava, dizendo:
Castigaste-me, e fui castigado como novilho ainda não domado; converte-me, e
serei convertido, porque tu és o SENHOR, meu Deus.
Vejamos também Isaías:
Is 26:12 – SENHOR, concede-nos a paz, porque todas as
nossas obras tu as fazes por nós.
São
orações de súplica, que expressam a mais profunda necessidade da alma, mas
também a mais profunda crença na soberania de Deus, a mais profunda dependência
da graça divina. Uma dependência que não torna o homem de Deus um irresponsável, nem o leva
a rebelar-se contra Deus, mas que o conduz a entregar-se, a render-se confiante
nas mãos do Senhor, como bem diz aquele hino:
As tuas mãos dirigem meu destino
Ó, Deus de amor, folgo em que seja assim...
Teus são os meus poderes, minha vida
Em tudo, eterno Pai, dispõe de mim
Que o leva a buscar o
crescimento espiritual com temor e tremor:
Fp 2:12, 13
12 Assim, pois, amados
meus, como sempre obedecestes, não só na minha presença, porém, muito mais
agora, na minha ausência, desenvolvei a vossa salvação com temor e tremor; 13
porque Deus é quem efetua em vós tanto o querer como o realizar, segundo a sua
boa vontade.
Assim, no
coração deste leproso há um desejo. Ele quer ser curado. E ainda que assim
deseje, ele não conhece o futuro. E ainda que não conheça o futuro, sabe que
este futuro está nas mãos do Senhor; e diz: “Senhor, se queres, podes purificar-me”.
Jesus foi
honrado com esta atitude do leproso. Tocou naquele homem impuro. Mas, assim
como a luz do sol, ao tocar nalguma coisa imunda, não fica suja, Jesus não
ficou contaminado pela imundície daquele homem. Porque tudo o que Jesus toca
fica puro.
Jesus,
estendendo a mão, lhe tocou e disse: “Quero.
Fica limpo”. E imediatamente o homem foi purificado.
Então Jesus
disse: “Não conte nada para ninguém, mas
faça que está escrito na lei. Apresente-se ao sacerdote, faça sua oferta e isto
será testemunho para todas as pessoas, de que você está curado”.
O testemunho
deste homem é extraordinário. Que percepção ele teve. Quando chegar no céu, eu
quero conhecer este irmão. Pois na profissão de fé deste leproso, que agora já
não era mais, e na resposta de Jesus a esta profissão de fé, Mateus nos diz
mais uma vez: Jesus é Deus conosco.
Jesus é Deus conosco.
Eu gostaria de
citar algumas implicações desta doutrina
1. Todo o pecador deve
se aproximar de Jesus
O Salmo 15 nos diz que
nenhum homem pode se aproximar de Deus se estiver vivendo uma vida contaminada.
Mas com isto não
devemos entender que somente depois de nos descontaminar de nossos pecados é
que podemos nos aproximar, pois doutro modo, quem se aproximaria? E também,
quem conseguiria, primeiro se purificar, para depois chegar-se a Deus?
Não há um justo, nenhum
sequer. Mas o que o Salmo nos ensina, ainda que implicitamente, é que quando
nos aproximamos de modo convicto e contrito, com humildade, com reverência, ele
nos purifica para que estejamos em sua presença.
Você pode ter um pecado
na sua vida que torne a sua alma leprosa aos olhos puros de Deus, e também aos
olhos dos homens. A verdade é que cada ser humano, de si mesmo, precisa dizer
sobre si mesmo: “Impuro, impuro”.
Mas longe de Jesus é
que ninguém vai se purificar. A Bíblia nos conta de um homem de Deus, o profeta
Isaías, que um dia estava no templo do Senhor, quando teve uma visão de Javé.
Ele viu quanto Javé é
santo. E disse:
“Ai de mim. Vou perecer. Por que sou um homem de lábios
impuros, e vivo no meio de um povo de lábios impuros. E meus olhos viram o rei,
o Senhor dos Exércitos”.
Como disse Jesus, a boca
fala do que está cheio o coração. Se Isaías tinha os lábios impuros, é porque o
seu coração estava impuro também. Então o Senhor enviou um dos seus anjos, que
com uma brasa tirada do altar purificou os lábios de Isaías e tirou a sua
iniquidade [7].
1ª Jo 1:8, 9
8 Se dissermos que não
temos pecado nenhum, a nós mesmos nos enganamos, e a verdade não está em nós. 9 Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para
nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça.
Então, se você tem
impurezas, se você tem pecados, não se afaste do Senhor. Ao contrário, chegue
mais perto. Não se afaste da casa do
Senhor, não se afaste do povo do Senhor, não se afaste da Palavra do Senhor,
não se afaste da mesa do Senhor. Chegue mais perto. Tenha em Jesus a mesma fé que teve este
leproso. A mesma confiança. E creia que ele não somente pode, mas quer te
purificar.
2. E adore ao Senhor
Adore ao Senhor sempre.
Mesmo em meio à dor e sofrimento, mesmo em meio a derrotas e reveses. Ame o
Senhor, louve ao Senhor, com sapato ou sem sapato. Você é uma pessoa salva,
lavada no sangue de Jesus. Você vai morar no céu.
3. E renda-se ao Senhor
Entregue ao Senhor teus
cuidados, teus desejos, teus sonhos, teus reveses. E que ele seja soberano. Que ele conduza teu
destino. Que ele faça sua vontade. E a vontade de Deus é boa, perfeita e
agradável [8].
Estudo maravilhoso.
ResponderExcluir