Achadas as tuas palavras, logo as comi; as tuas palavras me foram gozo e alegria para o coração, pois pelo teu nome sou chamado, ó SENHOR, Deus dos Exércitos. Jeremias 15:16

domingo, 31 de agosto de 2014

O que vemos na cruz - Gl 1:1-5

IPC em Pda. de Taipas
Domingo, 31 de agosto de 2014
Pr. Plínio Fernandes                    Baixe em EPUB     Baixe em PDF     Baixe em MOBI
Amados irmãos, vamos ler Gálatas 1:1-5
Paulo, apóstolo, não da parte de homens, nem por intermédio de homem algum, mas por Jesus Cristo e por Deus Pai, que o ressuscitou dentre os mortos,  2 e todos os irmãos meus companheiros, às igrejas da Galácia,  3 graça a vós outros e paz, da parte de Deus, nosso Pai, e do nosso Senhor Jesus Cristo,  4 o qual se entregou a si mesmo pelos nossos pecados, para nos desarraigar deste mundo perverso, segundo a vontade de nosso Deus e Pai,  5 a quem seja a glória pelos séculos dos séculos. Amém!
Nos dias de hoje, a cruz se tornou para muitos um símbolo religioso; para outros, objeto de ornamento, muitas vezes até de ostentação.
Existem cruzes estilizadas, cruzes de madeira, de metais preciosos e até cravejadas de pedras preciosas.
Mas nos dias antigos a cruz não era vista como algo digno de apreciação: ao contrário, era uma coisa vergonhosa e amedrontadora.
Vergonhosa por que era um castigo infligido aos que haviam cometido algum crime hediondo, como por exemplo o assassinato, ou a traição ao imperador.
Amedrontadora porque era um castigo de tortura física e mental até à morte:
O homem condenado à cruz, depois de açoitado, deveria carregar a travessa na qual seria pregado, ou amarrado, pelas ruas da cidade até o lugar de execução, ao mesmo tempo em que um arauto, com uma placa na mão, que descrevia o crime do acusado, proclamava o que ele havia feito.
Ali chegando, seria despido, crucificado e abandonado; ninguém poderia ajudá-lo, a não ser com uma mistura de vinho e fel que o entorpeceria um pouco, e alguns dias depois morreria de fome, de dor, de sede e insolação.
Jesus morreu numa cruz!
Eu fico tentando imaginar a cena:
De um e do outro lado, estão crucificados mais dois homens, dois criminosos.
No meio, Jesus: uma coroa de espinhos ferindo sua cabeça; muito sangue jorrando.
Sangue também das muitas chicotadas que ele recebeu nas costas.
Sangue e dor: nos cravos nas mãos e nos pés.
O homem crucificado ficava pouco acima do solo, apenas um pouco mais alto que as demais pessoas.
Muitos estavam zombando.
E Maria, e João, e outras pessoas que o amavam olhando tudo, sofrendo muito, mas sem poder fazer nada.
O chefe dos soldados que crucificou Jesus olha para ele, mas não consegue ver nele crime algum pelo qual ele devesse ser condenado à morte: ninguém na Terra poderia acusar Jesus em verdade.
Nem no céu, pois nem aos olhos santos de Deus, o Pai, Jesus havia cometido algum crime ou algum pecado.
Nem Maria ou qualquer outra pessoa alguma vez ouviu um palavrão, uma palavra chula, uma blasfêmia sair dos lábios de Jesus.
Jesus nunca agrediu alguém, nunca enganou alguém, nunca foi falso.
E foi crucificado.
Eu quero convidar vocês para, com os olhos de nosso coração, olharmos nesta hora para a cruz de Jesus Cristo.
Ali não vemos um pecador, um criminoso.
Se não vemos um pecador, o que vemos então nesta cruz?
1. Nós vemos o amor de Jesus por nós
Na cruz nós vemos o “Senhor Jesus Cristo... que se entregou a si mesmo pelos nossos pecados” – vs. 3,4.
A mesma verdade, de que Jesus deu sua vida por nós é afirmada também em muitos outros lugares, como por exemplo Rm 5:8, onde está escrito que “...Deus prova o seu próprio amor para conosco pelo fato de ter Cristo morrido por nós, sendo nós ainda pecadores.”
No cap. 2:20, ao falar de nossa união espiritual com o Senhor Jesus, Paulo escreve:
“Logo, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim; e esse viver que, agora, tenho na carne, vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou e a si mesmo se entregou por mim.”
O Filho de Deus me amou e a si mesmo se entregou por mim.
Jesus morreu na cruz por mim! Jesus morreu na cruz porque me amou!
Aliás, tudo o que Jesus fez, ao deixar a sua glória nos mais altos céus, ao se fazer homem, ao andar entre nós, tudo o que ele fez foi por amor.
Todas as palavras que ele disse foram em amor e por amor: todos os seus ensinamentos, as suas histórias, os seus mandamentos.
Todas as coisas que ele fez foram por amor.
Certa vez ele encontrou um homem que havia entregado sua vida totalmente ao diabo: este homem estava tão possesso que uma legião de demônios como que morava dentro dele.
Jesus amou aquele homem e o libertou de todos aqueles espíritos maus.[1]
Noutra ocasião, Jesus encontrou um homem que havia trinta e oito anos estava paralítico, em conseqüência de algum grande pecado que ele cometera. Jesus o curou e perdoou seus pecados.[2]
Noutro momento ele ressuscitou o filho de uma viúva.[3]
Ele também impediu que uma adúltera fossa apedrejada.[4]
Ele lavou os pés dos discípulos.[5]
E quantas coisas mais poderíamos dizer! Mas se fossemos mencionar todas as coisas que Jesus fez por amor, teríamos que contar tudo quanto dizem os evangelhos, pois tudo o que Jesus fez e falou foi por amor.
Em João 15:13 ele diz, com palavras muito claras, que foi por amor que ele se entregou na cruz.
Ninguém tem maior amor do que este: de dar alguém a própria vida em favor dos seus amigos.
E Jesus deseja que nunca duvidemos, nem nos esqueçamos deste grande amor que ele tem por nós
Lc 22:19-20.
E, tomando um pão, tendo dado graças, o partiu e lhes deu, dizendo: Isto é o meu corpo oferecido por vós; fazei isto em memória de mim.  20 Semelhantemente, depois de cear, tomou o cálice, dizendo: Este é o cálice da nova aliança no meu sangue derramado em favor de vós.
Você já assistiu aquele filme, “O pai da noiva”?
Há uma cena em que o personagem principal está parado com seu carro num semáforo, quando uma mulher para ao lado e tenta flertar com ele.
Então ele alegre e orgulhosamente mostra a aliança que tem no dedo, como que dizendo: “Olhe, eu sou casado, eu já tenho alguém que me ama e a quem eu amo”.
Da mesma forma, ao instituir a santa ceia, o Senhor nos convida a olhar para o pão, a olhar para o cálice, e nos lembrar que temos uma aliança com ele.
“Isto, este pão”, diz o Senhor, “é o meu corpo que é dado por vós. Comei dele todos em memória de mim”.
“Este é o cálice da Nova Aliança no meu sangue”, diz o Senhor Jesus. “Bebei dele todos em memória de mim”.
Ao comer este pão, ao beber este cálice, lembre-se de que você é amado. Que eu amei tanto você que me entreguei na cruz por você.
Sim: na cruz, o que eu posso ver com os olhos da alma, é o grande amor que Jesus tem por mim.
2. Na cruz de Jesus nós vemos também a crueldade do mundo
Diz o Espírito Santo que Cristo a si mesmo se entregou por nós... “para nos desarraigar deste mundo perverso...”.
Noutra versão: “para nos livrar do presente século mau”.
Eu quero por hora enfatizar que o presente século é mau.
O Espírito nos diz que este mundo é perverso.
Nós podemos perceber que o mundo, no sentido em que a Palavra de Deus está falando aqui, é mau, primeiramente porque é um mundo dominado por Satanás, o inimigo de Deus e dos homens.
1ª Jo 5:19.
Sabemos que somos de Deus e que o mundo inteiro jaz no Maligno.
O mundo inteiro, diz a Palavra, está dominado pelo Maligno, isto é, por Satanás.
2.1. O mundo inteiro, em contraste com aqueles que servem a Deus, está seguindo os mandamentos de Satanás, fazendo a vontade dele.
É um mundo onde prevalece o mau, o pecado.
E não é isto o que podemos observar quase que a cada instante?
O que vemos é um sistema governado pela injustiça.
Pelo desafeto, pelo ódio, pela inveja e cobiça.
Um mundo governado pela vaidade, pela presunção e pelo orgulho.
Um mundo governado pela desonestidade, pela imoralidade.
Pelas falsas religiões, pelos falsos deuses.
Um mundo governado por idéias, por filosofias e práticas inimigas de Deus.
2.2. Além disto, sabemos que este sistema governado por Satanás é mau porque escraviza os seres humanos às idéias e práticas pecaminosas.
Você já viu uma pessoa que é viciada em drogas alucinógenas, ou em nicotina, ou em álcool, que, tomando consciência dos males que estas coisas trazem, deseja abandoná-las, mas não consegue?
É uma relação ambígua com estas coisas.
Ao mesmo tempo em que este alguém odeia o cigarro, ama o cigarro.
Ao mesmo tempo em que alguém deseja se afastar o cigarro, quer continuar a fumar.
É uma coisa escravizadora.
Mas como disse Jesus, neste sentido todos os homens são escravos do pecado.
Os homens sabem que o pecado é mau, mas amam o pecado.
Por exemplo:
Às vezes nós escutamos uma frase mais ou menos assim: “Aquela pessoa faz do jeito que o diabo gosta”.
Às vezes nos deparamos com algum livro, ou algum filme no qual a ação do diabo entre os homens está em evidência.
E como é que aqueles artistas do cinema, aquelas pessoas que em sua maioria são conhecidas pela vida depravada que levam, retratam as obras do diabo? Crimes, imoralidade, promiscuidade, feitiçarias, drogas!
Com isto quero dizer que os homens sabem o que é do diabo. Sabem o que é mau. Mas mesmo assim amam aquilo que é mau e o praticam, pois são escravos do mundo e do pecado.
Assim é que acontece toda a destruição dos homens e das sociedades; o Maligno ama a destruição: a destruição da família, a destruição do governo, do bem estar, a destruição da integridade, a destruição da vida, promove esta destruição entre os homens, e eles obedecem ao Maligno.
2.3. Mas em terceiro lugar nós vemos a maldade do mundo pelo fato de que o mundo governado pelo Maligno estava, na cruz, tentando destruir o Senhor Jesus.
Eu gostaria de ler duas referências nos evangelhos e associá-las:
Jo 16:11
O príncipe deste mundo já está julgado.
Lc 22:53
Tenho estado todos os dias convosco no templo e não estendestes as mãos contra mim, mas esta é a vossa hora e o poder das trevas.
Ao associar estas duas referências desejo enfatizar isto: quando o Senhor Jesus foi preso para ser levado à cruz, aquela era a hora das trevas, a hora em que Satanás, o príncipe deste mundo maligno pensava ter recebido o poder e a autoridade para destruir nosso Senhor.
Na cruz de Jesus, o santo de Deus, este mundo maligno, cheio de pecado estava expressando todo o seu ódio contra Deus; ele estava manifestando todo o seu desprazer com a santidade de Deus; ele estava se agradando, descarregando em Jesus todo o seu desejo de destruição.
Na cruz de Jesus nós vemos o pecado do mundo.
3. Na cruz de Jesus nós vemos também a maravilhosa justiça de Deus.
Diz a Palavra:
Cristo se entregou a si mesmo pelos nossos pecados, para nos desarraigar, ou nos livrar deste mundo mau, segundo a vontade de Deus.
Era a vontade de Deus, o Pai, que Jesus, o Filho, se entregasse na cruz em nosso lugar.
Como está escrito, “o salário do pecado é a morte”[6], e uma vez que somos pecadores, estávamos condenados à morte eterna.
Assim, era a vontade de Deus porque, ao morrer na cruz, Jesus destruiria o poder que a morte tinha sobre nossa alma.
Uma das afirmações mais claras da Palavra de Deus sobre o que aconteceu na cruz nos é dada em 2ª Co 5:21:
Aquele que não conheceu pecado (isto é, Jesus), ele (Deus) o fez pecado (quer dizer, um homem cheio de pecado) por nós; para que, nele (Jesus), fôssemos feitos justiça de Deus.
Ele levou sobre si os nossos pecados, as nossas transgressões.
Além disto, Jesus ao se entregar na cruz, por nós, por amor, e segundo a vontade de Deus, estava quebrando o poder que o mundo e o Maligno tinham sobre nós.
Ele morreu para nos livrar deste mundo mau...
Com já disse antes, Satanás estava, na cruz, tentando destruir a Jesus. Mas ele estava apenas tentando.
Na realidade, a cruz não foi a destruição de Jesus, mas a derrota de Satanás, porque nos diz a Palavra que, tendo Jesus morrido na cruz, ele sofreu o castigo que era nosso.
Mas a morte não foi o final, pois como está escrito, Deus ressuscitou Jesus dentre os mortos.
Assim, ele não somente morreu a nossa morte, mas ressuscitou para nos dar vida, uma vida na qual morremos para o pecado e agora vivemos para Deus, livres do poder do diabo.
Gl 2:20
Estou crucificado com Cristo; logo, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim; e esse viver que, agora, tenho na carne, vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou e a si mesmo se entregou por mim
Gl 5:24
E os que são de Cristo Jesus crucificaram a carne, com as suas paixões e concupiscências
Gl 6:14
Mas longe esteja de mim gloriar-me, senão na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo, pela qual o mundo está crucificado para mim, e eu, para o mundo.
Assim sendo, nesta vontade de Deus, duas coisas maravilhosas foram feitas:
A justiça de Deus foi satisfeita, porque Jesus sofreu a penalidade em nosso lugar.
Mas também ali Satanás foi derrotado e a liberdade nos foi dada.
Conclusão e aplicação
Sim, amados, na cruz de Jesus nós não vemos a morte de um criminoso:
Nós vemos é o grande amor que Jesus tem por nós.
Nós vemos a derrota de Satanás.
Nós vemos a doce e maravilhosa justiça de Deus.
Na cruz de Jesus nós somos aceitos em amor eterno.
Na cruz de Jesus nós somos livres do poder do mundo, da carne e do diabo.
Na cruz de Jesus nós somos feitos justos e justificados aos olhos do Pai.
Olhe para a cruz, com os olhos do seu coração.
Veja o quanto você é amado.
De todo o seu coração, creia no amor de Jesus por você.
Entenda que se Jesus sofreu o castigo que era seu, então Deus, o Pai, não tem nada contra você: cada pecado seu foi perdoado.
Assim, quando você perceber que comete pecados, simplesmente venha ao Pai, em alegre confiança, e diga: “Pai, eu pequei. Mas quero me refugiar em teu amor, em tua graça, recuso-me a aceitar as acusações de Satanás, pois Jesus morreu por mim. Quero simplesmente crer em teu perdão”.
Olhe para a cruz, e veja que ali, quando Satanás foi derrotado, foi quebrado o poder que este mundo cruel, governado por Satanás, tinha sobre você.
Na cruz você foi livre deste mundo mau, porque na cruz foi crucificado com Cristo o seu velho homem, de tal modo que agora você já não vive mais para o pecado, mas para Deus.
Sabe aqueles pecados, aquelas tentações que atormentam você?
Entenda que na cruz você foi libertado do poder que elas tinham sobre você.
Na cruz você encontra liberdade: liberdade do mal, liberdade para viver e servir a Deus.
Quando sentir-se tentado, diga para si mesmo: “Jesus já me libertou. Já não sou escravo do mal. Já não sou escravo de meu temperamento, de meus pecados, do mundo, de minhas tentações”. Lute a luta da vitória.
Olhe para a cruz e saiba que Deus está satisfeito. Sua justiça já foi feita.
O sacrifício já foi consumado, e creia: você já não precisa fazer mais sacrifícios para ser salvo ou para agradar a Deus.
O único sacrifício que Deus quer é o de sua amorosa auto-entrega a ele; o seu louvor, a sua gratidão.




[1] Mc 5:1-13
[2] Jo 5:1-9
[3] Lc 7:11-15
[4] Jo 8:1-11
[5] Jo 13:1-15
[6] Rm 6:23

domingo, 24 de agosto de 2014

Ele nos ama - Ap 1:5

IPC em Pda. de Taipas
Domingo, 24 de agosto de 2014
Pr. Plínio Fernandes                  Baixe em PDF       Baixe em EPUB       Baixe em MOBI
Amados irmãos, vamos ler Apocalipse 1:1-8
Revelação de Jesus Cristo, que Deus lhe deu para mostrar aos seus servos as coisas que em breve devem acontecer e que ele, enviando por intermédio do seu anjo, notificou ao seu servo João, 2 o qual atestou a palavra de Deus e o testemunho de Jesus Cristo, quanto a tudo o que viu.  3 Bem-aventurados aqueles que leem e aqueles que ouvem as palavras da profecia e guardam as coisas nela escritas, pois o tempo está próximo.  4 João, às sete igrejas que se encontram na Ásia, graça e paz a vós outros, da parte daquele que é, que era e que há de vir, da parte dos sete Espíritos que se acham diante do seu trono 5 e da parte de Jesus Cristo, a Fiel Testemunha, o Primogênito dos mortos e o Soberano dos reis da terra. Àquele que nos ama, e, pelo seu sangue, nos libertou dos nossos pecados, 6 e nos constituiu reino, sacerdotes para o seu Deus e Pai, a ele a glória e o domínio pelos séculos dos séculos. Amém!  7 Eis que vem com as nuvens, e todo olho o verá, até quantos o traspassaram. E todas as tribos da terra se lamentarão sobre ele. Certamente. Amém!  8 Eu sou o Alfa e Ômega, diz o Senhor Deus, aquele que é, que era e que há de vir, o Todo-Poderoso.
Ainda que para muitas pessoas, que não conhecem a Jesus, o Apocalipse seja mais parecido com um livro de terror, para nós é um dos mais bonitos da Bíblia
Este livro foi escrito entre os anos 95 e 99 D.C.; dias em que o Imperador Domiciano estava movendo perseguição contra os cristãos em várias partes do Império Romano.
De todos os apóstolos, o único que ainda vivia era João, e ele estava preso numa ilha grega chamada Patmos. Preso por amor do evangelho; e ali teve uma visão do Senhor.
Apocalipse é o registro desta visão, e foi escrito para encorajar a igreja de Jesus.
Foi escrito para confortar a igreja, mostrando que por trás de todos os acontecimentos da história, por trás dos reis e reinos deste mundo, quem está entronizado e reinando sobre o universo inteiro é o Senhor Jesus.
O Senhor Jesus, no tempo determinado há de voltar, para arrebatar sua igreja e julgar o mundo, e assim os seus escolhidos estarão para sempre com ele.
Deste modo Apocalipse nos encoraja a permanecer na fé, a buscar santidade, e resistirmos diante das tentações, das tribulações desta vida, e a confiar que o futuro é bom.
Neste texto que lemos, que faz parte da introdução desta profecia, o Apóstolo João, ao saudar as igrejas, diz da parte de quem ele está escrevendo: de Deus Pai, dos sete Espíritos que se encontram diante do trono de Deus (sete no Apocalipse é um número que simboliza perfeição, uma referência à perfeição do Espírito Santo[1]), e da parte de Jesus Cristo. Este é o Deus revelado no Apocalipse.
Eu gostaria de destacar uma frase deste versículo 5, no qual ele está descrevendo Jesus:
Jesus, que é testemunha fiel da parte de Deus e da igreja; aquele que tem a proeminência de entre os mortos; o Soberano sobre todos os reis da Terra. Que, com seu sangue nos libertou dos nossos pecados. Que fez de nós reino de Deus e sacerdotes diante de seu Deus e Pai, nosso Deus e nosso Pai. Que virá com as nuvens...
Mas eu gostaria de destacar esta frase: “Aquele que nos ama...”.
Naturalmente que o Pai e o Espírito nos amam também, tanto quanto Jesus, mas é que João, neste momento, está apontando para o fato de que Jesus, pelo seu sangue, por sua morte na cruz, nos libertou dos nossos pecados, e fez de nós, de nossos corações, de nossas vidas, de nossas almas, reino de Deus, e nos constituiu sacerdotes, ministros diante do trono de Deus. Desta maneira Jesus, o nosso mediador diante de Deus, evidenciou o amor da Santíssima Trindade por nós.
Por isto o Apocalipse não é para nós um livro de terror: é um livro de amor. É um livro da parte daquele que nos ama.
Eu gostaria de fazer algumas observações a respeito do amor de Jesus por nós.
1. É um amor perfeito
Em grande medida, nós sabemos o que é amor, por experiência própria. Como agentes morais que somos, criados à imagem e semelhança de Deus, fomos criados com capacidade de amar e de recebermos amor.
O amor existe em vários níveis e em diferentes graus. Existe o amor que se manifesta de forma romântica, entre o homem e a mulher. Existe o amor que se manifesta na forma de amizade. Existe o amor platônico, que é apenas contemplativo. Existe o amor que se manifesta na forma de afeição natural.
Cada uma destas formas de amor pode ser muito intensa. Davi chegou a dizer, a respeito da amizade que havia entre ele e Jônatas, que o amor dele era excepcional, maior do que o amor de muitas mulheres, quer dizer, era uma amizade tão grande que se sobressaía a tudo o mais.
Mas ainda que tenhamos grande capacidade de amar e de ser amados, somos pecadores, falíveis, imperfeitos, e por isto mesmo quando nos melhores momentos, existe imperfeição em nosso amor. Qual é o pai, o filho, o marido ou a esposa que não sabem disto?
Qual de nós por vezes não se sente culpado, pois sabemos que não amamos com sabedoria? Às vezes nosso amor se transforma em condescendência diante dos pecados, em tolerância exagerada. Às vezes nosso amor se transforma e indignação exagerada. Pois até dentro de nossa própria casa percebemos que muitas vezes falhamos com as pessoas a quem mais amamos. E às vezes, em nossa imperfeição nós conseguimos afastar de nós as pessoas a quem nós mais amamos.
Mas Jesus não é assim: Jesus é perfeito, e cada aspecto de seu caráter corresponde a esta perfeição que ele é. Assim o amor de Jesus é perfeito. Um amor que nos atrai para perto dele.
Lembra-se das palavras do amor de Deus registradas em Jeremias?
Jr 31:3
De longe se me deixou ver o SENHOR, dizendo: Com amor eterno eu te amei; por isso, com benignidade te atraí.
É palavra do Senhor ao seu povo Israel. O amor de Jesus nos atrai para ele. Sim, mesmo quando estamos em momentos difíceis em nossa vida, nos sentimos atraídos para perto dele.
Lembra-se também do que Paulo escreveu na Carta aos Romanos?
Nem tribulações, nem angústias, ou fome, ou nudez, nem anjos, nem principados, nem poderes, nem altura, nem profundidade, nem coisas do presente, nem do que está para vir, nada pode nos separar do amor de Deus que está em Cristo Jesus, nosso Senhor. Nada pode nos separar do seu perdão. Nada pode nos tirar sua salvação. (Rm 8:31-39)
Isto também nos faz entender que ...
2. É um amor incondicional
Quer dizer que o Senhor não nos ama apenas se nós fizermos alguma coisa para merecer o seu amor.
É claro que o Senhor tem prazer em que sejamos que façamos o bem – ele ama o que é bom e assim se deleita em nós quando somos e agimos de acordo com seu querer.
E também é claro que se o amamos o nosso desejo e busca diário é no sentido de obedecermos a sua santa e bondosa lei, embora falhemos tanto.
Mas o eterno amor que ele tem por nós, o amor que o levou a dar sua vida por nós não depende de nós. É um amor que nasce, que tem sua fonte nele, e não em nós, mas no fato de que Deus, sendo amor, simplesmente não deixa de ser como ele é; nele nunca há mudança de caráter.
Este amor pode ser observado nas palavras que o Senhor dirigiu tantas vezes à sua igreja no Antigo Testamento.
Por exemplo:
Dt 7:6-8
Porque tu és povo santo ao SENHOR, teu Deus; o SENHOR, teu Deus, te escolheu, para que lhe fosses o seu povo próprio, de todos os povos que há sobre a terra. 7 Não vos teve o SENHOR afeição, nem vos escolheu porque fôsseis mais numerosos do que qualquer povo, pois éreis o menor de todos os povos, 8 mas porque o SENHOR vos amava e, para guardar o juramento que fizera a vossos pais, o Senhor vos tirou com mão poderosa e vos resgatou da casa da servidão, do poder de Faraó, rei do Egito.
Isto é maravilhoso: o menor de todos os povos, o mais fraco, o “menos brilhante”, o desprezado das grandes nações. Mas amado do Senhor.
Os 3:1
Disse-me o SENHOR: Vai outra vez, ama uma mulher, amada de seu amigo e adúltera, como o SENHOR ama os filhos de Israel, embora eles olhem para outros deuses e amem bolos de passas.
A esposa infiel de Oséias, diz o Senhor, era uma ilustração viva da infidelidade de seu povo, que em vez de adorá-lo, de buscá-lo, adorava a outros deuses. Ainda assim, o Senhor continuava a amá-los.
Por isto também entendemos, embora esteja além do entendimento, que este amor não falha nunca...
3. É um amor infalível
Em Romanos, lemos que nenhuma coisa do presente, e nenhuma coisa do porvir, poderá nos separar deste amor (8:38).
Em Jeremias lemos o Senhor dizendo: “Com amor eterno eu te amei...” (31:3).
Agora leiamos também 1ª Co 13:8
“O amor jamais acaba...”
Isto porque o amor de Deus é como Deus: eterno.
Eu fico impressionado cada vez que leio as palavras de Jesus ao Pai, quando ele orava em nosso favor:
Jo 17:22, 23
Eu lhes tenho transmitido a glória que me tens dado, para que sejam um, como nós o somos; 23 eu neles, e tu em mim, a fim de que sejam aperfeiçoados na unidade, para que o mundo conheça que tu me enviaste e os amaste, como também amaste a mim...
O amor do Pai para com seu Filho Jesus é um amor eterno, infalível.
Quando Jesus foi batizado, e também em outra ocasião, no “monte da transfiguração”, o Pai falou do céu a respeito do nosso redentor: “Este é o meu filho amado, em quem eu tenho prazer”...
E agora Jesus ora no sentido de que seja claro aos olhos de todos, o fato de que o Pai nos ama assim como ama a ele. Isto é glorioso.
Aplicação
Meu querido, você crê nesta doutrina bíblica? Crê no amor que Deus tem por você? Amor que levou Jesus a morrer na cruz, e com o seu sangue fazer de você uma pessoa livre do poder do mundo, do pecado e de Satanás?
Você compreende que com o seu sangue Jesus comprou você para Deus, para te fazer reino de Deus, povo de Deus, sacerdote diante do trono de Deus, para servi-lo em toda a sua maneira de viver?
Então viva esta maravilhosa realidade: como estas pessoas amadas de Jesus, descritas em Apocalipse.
Livres do pecado. Reino de Deus. Sacerdotes do Senhor. Plenas do amor do Senhor.




[1] Confira também os sete aspectos do Espírito que ungiu a Jesus, mencionados em Is 11:2

domingo, 17 de agosto de 2014

Nossa missão no mundo - Jo 17

IPC em Pda. de Taipas
Domingo, 10 de agosto de 2014
Pr. Plínio Fernandes                          Baixe em PDF     Baixe em EPUB    Baixe em MOBI
Amados irmãos, vamos ler o Evangelho de João, capítulo 17
Tendo Jesus falado estas coisas, levantou os olhos ao céu e disse: Pai, é chegada a hora; glorifica a teu Filho, para que o Filho te glorifique a ti, 2 assim como lhe conferiste autoridade sobre toda a carne, a fim de que ele conceda a vida eterna a todos os que lhe deste.  3 E a vida eterna é esta: que te conheçam a ti, o único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste.  4 Eu te glorifiquei na terra, consumando a obra que me confiaste para fazer; 5 e, agora, glorifica-me, ó Pai, contigo mesmo, com a glória que eu tive junto de ti, antes que houvesse mundo.  6 Manifestei o teu nome aos homens que me deste do mundo. Eram teus, tu mos confiaste, e eles têm guardado a tua palavra.  7 Agora, eles reconhecem que todas as coisas que me tens dado provêm de ti; 8 porque eu lhes tenho transmitido as palavras que me deste, e eles as receberam, e verdadeiramente conheceram que saí de ti, e creram que tu me enviaste.  9 É por eles que eu rogo; não rogo pelo mundo, mas por aqueles que me deste, porque são teus; 10 ora, todas as minhas coisas são tuas, e as tuas coisas são minhas; e, neles, eu sou glorificado.  11 Já não estou no mundo, mas eles continuam no mundo, ao passo que eu vou para junto de ti. Pai santo, guarda-os em teu nome, que me deste, para que eles sejam um, assim como nós.  12 Quando eu estava com eles, guardava-os no teu nome, que me deste, e protegi-os, e nenhum deles se perdeu, exceto o filho da perdição, para que se cumprisse a Escritura.  13 Mas, agora, vou para junto de ti e isto falo no mundo para que eles tenham o meu gozo completo em si mesmos.  14 Eu lhes tenho dado a tua palavra, e o mundo os odiou, porque eles não são do mundo, como também eu não sou.  15 Não peço que os tires do mundo, e sim que os guardes do mal. 16 Eles não são do mundo, como também eu não sou.  17 Santifica-os na verdade; a tua palavra é a verdade.  18 Assim como tu me enviaste ao mundo, também eu os enviei ao mundo.  19 E a favor deles eu me santifico a mim mesmo, para que eles também sejam santificados na verdade.  20 Não rogo somente por estes, mas também por aqueles que vierem a crer em mim, por intermédio da sua palavra; 21 a fim de que todos sejam um; e como és tu, ó Pai, em mim e eu em ti, também sejam eles em nós; para que o mundo creia que tu me enviaste.  22 Eu lhes tenho transmitido a glória que me tens dado, para que sejam um, como nós o somos; 23 eu neles, e tu em mim, a fim de que sejam aperfeiçoados na unidade, para que o mundo conheça que tu me enviaste e os amaste, como também amaste a mim.  24 Pai, a minha vontade é que onde eu estou, estejam também comigo os que me deste, para que vejam a minha glória que me conferiste, porque me amaste antes da fundação do mundo.  25 Pai justo, o mundo não te conheceu; eu, porém, te conheci, e também estes compreenderam que tu me enviaste.  26 Eu lhes fiz conhecer o teu nome e ainda o farei conhecer, a fim de que o amor com que me amaste esteja neles, e eu neles esteja.
Alguém já disse que aqui em João 17 nós estamos como que entrando no “santo dos santos” do Novo Testamento.
Estamos diante da oração que Jesus fez ao Pai, na noite anterior ao dia de sua crucificação.
Em breve sua obra estaria consumada.
Ele estivera em todo o tempo glorificando a Deus, fosse pregando o evangelho, fosse curando os enfermos, ou libertando os oprimidos do diabo, ou declarando perdão os pecadores; em todo o tempo e em todo lugar transmitindo a graça, a glória, e a verdade de Deus.
Agora, desde o cap. 13, João nos diz que, Jesus sabia, era chegada a hora de voltar para o Pai, de quem viera.
E ele passa a se despedir dos discípulos, prometendo que assim que ele fosse para o Pai, enviaria o Espírito Santo, o Consolador que estaria com eles pra sempre, ajudando-os em toda e qualquer situação, ensinando coisas novas sobre Jesus, e também ajudando-os a se lembrar de tudo quanto ele já os ensinara.
E agora ele ora.
Ora em voz alta, para que seus discípulos ouvissem e fossem consolados.
E para que nós sejamos consolados também.
Então, nos primeiros cinco versículos, Jesus pede ao Pai que, assim como ele o havia glorificado, agora fosse também recebido na glória do céu, com aquela mesma glória que ele sempre tivera, desde antes da criação do mundo.
E depois de haver orado por si mesmo, nosso Senhor passa a orar por seus discípulos.
Aqueles que haviam sido dados a ele pelo Pai celeste.
Aqueles que, deixando tudo, o haviam seguido.
Que guardaram a sua palavra.
Que o receberam, que o reconheceram como enviado e Filho de Deus, como o salvador do mundo.
Aqueles que, por meio da fé nele, haviam se tornado também filhos de Deus.[1]
E por último, no versículo 20, Jesus diz estar orando também por todos os seus demais seguidores, de todos os tempos, de todos os lugares.
Ele estava orando por nós; por mim e por você.
E abriu seu coração diante do Pai, dizendo-lhe o que esperava ver realizado em nossa vida; em nós e através de nós.
Ele expressa o seu propósito, a sua vontade, o seu desejo para conosco.
É sobre os desejos de Jesus, revelados nesta oração, que iremos meditar hoje.
Vamos começar com o v. 18:
“Assim como tu me enviaste ao mundo, também eu os enviei ao mundo”
1. Jesus menciona o fato de que Deus, o Pai, o enviou ao mundo.
O que é “mundo”? Há pelo menos três sentidos em que a palavra “mundo” é usada em nossas versões bíblicas.
O universo criado por Deus. Por exemplo, em Hebreus 11:3 nós lemos que pela fé entendemos que o mundo foi criado pela palavra de Deus. Ali a palavra “mundo” se refere ao universo material: o sol, a lua, as estrelas, os planetas.
A terra e tudo o que nela se contém: os mares, as montanhas, os vales, os rios, as plantas, os animais, enfim, tudo o que existe à nossa volta. Também podemos incluir os seres espirituais, isto é, os anjos. O salmo 104 diz que este nosso mundo material é constantemente renovado pelo Espírito de Deus; este mundo é bom.
Mas o Novo Testamento também usa a palavra “mundo” para se referir a este sistema, esta estrutura social, que se afastou de Deus, um sistema controlado por Satanás, escravizado ao pecado, que se opõe a Deus, inimigo de Deus
Por exemplo, em Jo 14:30, Jesus nos diz que, neste sentido, o diabo é o príncipe, o governante deste mundo. E em 1ª Jo 5:17 o apóstolo escreve que “o mundo jaz no maligno” (está sob o domínio, está sepultado sob o poder do maligno).
Mundo, então, é um sistema no qual prevalece o pecado: a idolatria, a mentira, a imoralidade, a corrupção, a embriaguez, a inveja, a desonestidade nos relacionamentos, nos negócios, os roubos, o desrespeito aos pais, aos irmãos, a falta de amor, os assassinatos, o amor do dinheiro, o orgulho, e toda a espécie de males.
Resumo: é o sistema que se opõe aos valores de Deus, a vontade de Deus. E neste sentido também temos a exortação: “Não ameis o mundo, pois se alguém amar o mundo, o amor do Pai não está nele”.[2]
Mas em terceiro lugar a palavra “mundo” também é usada para se referir às pessoas que fazem parte deste sistema - a humanidade perdida em seus pecados, afastada de Deus e espiritualmente sem vida.
Homens, mulheres, crianças: todos os seres humanos. Pessoas criadas por Deus, que têm uma alma eterna. Que trabalham, que brincam, que sofrem, que amam, que se alegram, que choram, que se casam, que se separam, que vencem, que se sentem derrotadas. Pessoas que vemos pelo jornal, na TV. Pessoas com quem temos contato diário, com quem conversamos, convivemos, companheiros de trabalho, amigos, inimigos, parentes. Uma multidão enorme de pessoas, homens e mulheres, pecadores, afastados de Deus, escravizados ao pecado, condenados ao sofrimento eterno.
A este mundo Deus enviou Jesus. E a razão ele já havia ensinado antes
Jo 3:16
Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê, não pereça, mas tenha a vida eterna.
Foi por isto, por causa deste amor de Deus, que Jesus deixou sua glória do céu.
Nós, os que cremos em Jesus, já fizemos parte deste mundo de gente perdida, mas desde o momento em que conhecemos a Jesus, e por meio dele conhecemos o Pai, agora já não estamos mais perecendo.
Jo 5:24
Em verdade, em verdade vos digo: quem ouve a minha palavra e crê naquele que me enviou tem a vida eterna, não entra em juízo, mas passou da morte para a vida.
Agora estamos salvos. Agora conhecemos a Deus. Agora somos filhos de Deus. E agora então Jesus nos dá uma missão:
“assim como tu me enviaste ao mundo, também eu os enviei ao mundo”
Assim consideremos também o propósito pelo qual Jesus nos envia...
2. O propósito
A razão pela qual Jesus nos envia ao mundo está expressa em dois versículos
v.21
A fim de que todos sejam um; e como és tu, ó Pai, em mim e eu em ti, também sejam eles em nós; para que o mundo creia que tu me enviaste
Para que o mundo creia...
v.23
Eu neles, e tu em mim, a fim de que sejam aperfeiçoados na unidade, para que o mundo conheça que tu me enviaste e os amaste, como também amaste a mim.  
Para que o mundo conheça...
E quando o mundo conhece que Jesus foi enviado por Deus, quando o mundo crê que Jesus foi enviado por Deus, então, a mesma graça espiritual que foi operada em nós, que antes também éramos do mundo, ocorre neles:
v.3
E a vida eterna é esta: que te conheçam a ti, o único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste.  
O desejo de Jesus é que assim como os doze vieram a crer por meio de seu ensino, e outros vieram a crer por meio deles, e assim a mensagem chegou até nós, por nosso intermédio outros venham a crer também.
Jo 15:16
Não fostes vós que me escolhestes a mim; pelo contrário, eu vos escolhi a vós outros e vos designei para que vades e deis fruto, e o vosso fruto permaneça; a fim de que tudo quanto pedirdes ao Pai em meu nome, ele vo-lo conceda.
O propósito de Jesus para conosco é que, através de nós, o mundo conheça a ele, creia nele, e viva. É que, assim como a graça e a verdade de Deus se manifestaram através dele, manifestem-se agora através de nós. E assim façamos discípulos de Jesus...
Agora consideremos também...
3. A maneira como a graça e a verdade se manifestam por nosso intermédio para que o mundo creia
3.1 - Quando vivemos em santidade
v.19
E a favor deles eu me santifico a mim mesmo, para que eles também sejam santificados na verdade.
Jesus santificou-se por nós - consagrou-se a Deus.
Não temos como imaginar “um Jesus Cristo” que não fosse santo. Mas (impossível), o que seria de nós se nosso salvador, em vez de se santificar, escolhesse o caminho do mundanismo, do egoísmo, da desobediência ao Pai? Poderia ele fazer a vontade de Deus? Poderia ele ser o nosso salvador?
Uma vida tocada pela graça de Deus, necessariamente será uma vida santificada, pois Deus é santo.
vs. 15-17
15 Não peço que os tires do mundo, e sim que os guardes do mal. 16 Eles não são do mundo, como também eu não sou.  17 Santifica-os na verdade; a tua palavra é a verdade.  Santifica-os na verdade; a tua palavra é a verdade
Ser santo é, em nosso caráter, ser parecidos com Jesus. À medida em que vivemos, pensamos, falamos como Jesus, Deus revela seu amor, sua graça, através de nós.
Santificação não é isolamento do mundo. É, numa atitude de consagração a Deus, afastar-se do pecado, mas estar perto das pessoas, e manifestar o amor de Deus
Amados, o mundo precisa que nós sejamos santos. Se nós não nos santificarmos, estaremos afastando o mundo ainda mais do conhecimento de Deus. Primeiro, porque estaremos dizendo ao mundo que Deus não é santo: que ele não se importa com a maneira que vivamos; e isto não é verdade. Depois, estaremos dizendo que não existe diferença entre a vida das pessoas que conhecem a Jesus e as que não conhecem; e isto também não é verdade.
Então, diante de nossa mensagem mentirosa, das duas, uma: as pessoas do mundo não se interessarão em crer “num Jesus que não faz diferença alguma na nossa vida”; ou então, irão “abraçar um Jesus que deixa a gente continuar a viver no pecado”, um Jesus falso, um ídolo criado pelo coração pecador. E continuarão perdidos.
Mas quando os crentes vivem vidas santas, são sal da terra, e luz num mundo de trevas, de tal modo que a graça do evangelho se manifesta com verdade. Aí o mundo pode realmente conhecer e crer.
3.2 - Quando vivemos em unidade
v.21
A fim de que todos sejam um; e como és tu, ó Pai, em mim e eu em ti, também sejam eles em nós; para que o mundo creia que tu me enviaste
v.23
Eu neles, e tu em mim, a fim de que sejam aperfeiçoados na unidade, para que o mundo conheça que tu me enviaste e os amaste, como também amaste a mim.  
“Que sejam aperfeiçoados na unidade”...
Se Jesus ora para que sejamos aperfeiçoados em unidade, isto significa que a unidade entre os que nele creem já existe.
E de fato, com diz o apóstolo Paulo, nós, os crentes, somos um só corpo, somos todos habitação do mesmo Espírito Santo, temos todos um só Senhor, uma só fé, um só batismo, um só Pai. Fomos todos chamados por Deus com uma só esperança.[3]
Então, se Jesus ora para que sejamos aperfeiçoados nesta unidade, isto significa que a unidade precisa crescer a cada dia.
A nossa unidade, diz o Senhor, deve semelhante àquela que existe entre ele e o Pai celestial:
Jo 10:30
Eu e o Pai somos um
Jesus não está aqui afirmando a sua divindade, mas a sua comunhão de propósito, a sua sintonia de vontade com a vontade do Pai.
E ele ora para que sejamos da mesma forma “um com Deus e uns com os outros”. À medida em que crescemos em santificação, somos aperfeiçoados na unidade. Quanto mais unidos a Deus, mais unidos uns aos outros. Quando somos imitadores de Deus, vivemos em unidade.
E uma das manifestações mais fortes desta unidade é a nutrição do amor uns pelos outros:
Jo 13:35
Nisto conhecerão todos que sois meus discípulos: se tiverdes amor uns aos outros.
Pois se Deus é amor, e por amor enviou seu Filho, aquele que é unido a Deus também tem um coração pleno de amor, que revela o amor que Deus tem, e assim o mundo pode crer.
3.3 - Quando pregamos sua Palavra
v. 20
Não rogo somente por estes, mas também por aqueles que vierem a crer em mim, por intermédio da sua palavra
A pregação é o meio que o Espírito Santo usa para conceder fé aos escolhidos de Deus. Estamos aqui porque amados irmãos nos pregaram o evangelho. E antes que houvesse aqueles que pregaram a nós, aqueles que pregaram a eles, e assim, até os primeiros discípulos de Jesus. Houve gente que foi de tal forma tocada pelo conhecimento da graça de Deus que alegremente partilhou esta graça com outros.
Digo “alegremente”. Mas também digo que muitas vezes chorando, com sacrifícios imensuráveis, deixando até sua terra, suas famílias, muitas vezes até morrendo por causa do seu testemunho, ou sofrendo maus tratos, e privações, pois consideraram que a mensagem de Jesus é tão digna de ser anunciada que os sofrimentos deste mundo são um preço pequeno a ser pago, se queremos fazer parte de uma obra tão grande.
Em Atos 17, quando Paulo e Silas chegam em Tessalônica para pregar o Evangelho, algumas pessoas movidas de inveja alvoroçaram a cidade, clamando: “Aqueles que têm transtornado o mundo chegaram também aqui”; tal era o impacto que aqueles irmãos causavam com sua pregação.
Isto porque o Evangelho que pregavam era uma subversão à toda a maneira imoral, desamorosa e egoísta pela qual vivem os homens sem Deus.
E “de lá para cá” em todo o lugar onde este Evangelho é pregado, ele realmente é um “transtorno” a uma sociedade pecadora, mas que a transforma para o bem do mundo e a glória de Deus.
Conclusão e aplicação
No v.4, Jesus diz assim ao Pai:
Eu te glorifiquei na terra, consumando a obra que me confiaste para fazer
Da mesma forma que nosso Senhor, cremos que esta é a razão da nossa existência: glorificar a Deus, e nos alegrarmos nele eternamente.[4]
Ora, Deus é glorificado quando:
Andamos em santidade – então andemos em santidade.
Vivemos em unidade – então vivamos em unidade.
Anunciamos sua Palavra – então proclamemos a Palavra.
E assim o mundo crê, e a igreja de Jesus é edificada.




[1] Jo 1:11-13
[2] 1ª Jo 2:15-17
[3] 1ª Co 10:16, 17; Ef 4:1-6
[4] Veja os Catecismos Maior, e Breve, de Westminster (1643-1647), resposta à primeira pergunta.

domingo, 10 de agosto de 2014

Um coração totalmente dele - 2º Cr 16:9

IPC em Pda. de Taipas
Domingo, 6 de julho de 2014
Pr. Plínio Fernandes      Baixe em PDF     Baixe em EPUB     Baixe em MOBI
Amados irmãos, vamos ler 2º Crônicas 16:1-10
No trigésimo sexto ano do reinado de Asa, subiu Baasa, rei de Israel, contra Judá e edificou a Ramá, para que a ninguém fosse permitido sair de junto de Asa, rei de Judá, nem chegar a ele.  2 Então, Asa tomou prata e ouro dos tesouros da Casa do SENHOR e dos tesouros da casa do rei e enviou servos a Ben-Hadade, rei da Síria, que habitava em Damasco, dizendo: 3 Haja aliança entre mim e ti, como houve entre meu pai e teu pai. Eis que te mando prata e ouro; vai e anula a tua aliança com Baasa, rei de Israel, para que se retire de mim.  4 Ben-Hadade deu ouvidos ao rei Asa e enviou os capitães dos seus exércitos contra as cidades de Israel; e feriu a Ijom, a Dã, a Abel-Maim e todas as cidades-armazéns de Naftali.  5 Ouvindo isso Baasa, deixou de edificar a Ramá e não continuou a sua obra.  6 Então, o rei Asa tomou todo o Judá, e trouxeram as pedras de Ramá e a sua madeira com que Baasa a edificara; com elas edificou Asa a Geba e a Mispa.  7 Naquele tempo, veio Hanani a Asa, rei de Judá, e lhe disse: Porquanto confiaste no rei da Síria e não confiaste no SENHOR, teu Deus, o exército do rei da Síria escapou das tuas mãos.  8 Acaso, não foram os etíopes e os líbios grande exército, com muitíssimos carros e cavaleiros? Porém, tendo tu confiado no SENHOR, ele os entregou nas tuas mãos.  9 Porque, quanto ao SENHOR, seus olhos passam por toda a terra, para mostrar-se forte para com aqueles cujo coração é totalmente dele; nisto procedeste loucamente; por isso, desde agora, haverá guerras contra ti.  10 Porém Asa se indignou contra o vidente e o lançou no cárcere, no tronco, porque se enfurecera contra ele por causa disso; na mesma ocasião, oprimiu Asa alguns do povo. 11 Eis que os mais atos de Asa, tanto os primeiros como os últimos, estão escritos no Livro da História dos Reis de Judá e Israel. 12 No trigésimo nono ano do seu reinado, caiu Asa doente dos pés; a sua doença era em extremo grave; contudo, na sua enfermidade não recorreu ao SENHOR, mas confiou nos médicos.  13 Descansou Asa com seus pais; morreu no quadragésimo primeiro ano do seu reinado.  14 Sepultaram-no no sepulcro que mandara abrir para si na Cidade de Davi; puseram-no sobre um leito, que se enchera de perfumes e de várias especiarias, preparados segundo a arte dos perfumistas. Foi mui grande a queima que lhe fizeram destas coisas.
Alguns dias atrás nós meditamos sobre o maravilhoso texto de João cap. 4, onde é narrado o encontro de nosso Senhor com a mulher samaritana. Nós consideramos o ensino de Jesus sobre aquele desejo muito especial que há no coração de Deus, nosso Pai: ele procura, ele deseja adoradores, que o adorem em espírito e em verdade.
Eu quero insistir nisto com vocês, amados do Senhor:
Adoradores: nosso Pai procura, e deseja ver em nós pessoas que o amam, que o desejam, que o sirvam, que lhe declarem seu amor, nos momentos de culto, mas não apenas em Jerusalém ou no Monte Gerisim,[1] e sim, onde quer que estejam, em espírito e em verdade. Ele é santo, entronizado entre os louvores de sua igreja.
Intercessores: nosso Deus procura, e deseja ver em nós, pessoas que oram pelos outros; que se colocam diante dele em favor da terra.[2]
Se nós orarmos, se nós confiarmos, se nós confessarmos nossos pecados, se nos convertemos dos nossos maus caminhos, se nós perseveramos nisto, muitas bênçãos serão derramadas sobre o Brasil.[3]
Muitas pessoas que estão espiritualmente mortas reviverão, muitos que estão cegos verão a luz da glória de Deus no evangelho de Jesus Cristo, muitos que estão surdos ouvirão a voz do Senhor e serão despertados, muitas pessoas que estão dormindo nos bancos das igrejas serão acordadas para uma vida cristã profundamente santa, alegre e vitoriosa.
Quando a luz do evangelho brilha, prostitutas, adúlteros, traficantes, feiticeiros, sequestradores, viciados, ladrões, “fariseus”, se tornam homens e mulheres santos, trabalhadores, gente de Deus, servos da justiça e da graça do Senhor.
Oremos por nossa pátria.
Hoje eu gostaria de trazer a Palavra que nos é dada pelo Senhor através do profeta Hanani, ditas ao Rei Asa, do Reino de Judá, no v. 9:
“Porque, quanto ao Senhor, seus olhos passam por toda a terra, para mostrar-se forte para com aqueles cujo coração é totalmente dele...”.
Estas palavras que são para nós uma promessa, foram também uma promessa para o Rei Asa, mas que precisaram ser dadas como uma repreensão, e infelizmente Asa não as ouviu, pois se ele tivesse se humilhado certamente o fim da história seria outro, para o bem dele. É um momento triste na história deste homem de Deus, que durante trinta e seis anos foi um dos melhores reis que o povo escolhido jamais teve.
Durante muito tempo ele fez o que é bom e reto diante do Senhor, durante muito tempo ele teve um coração fiel; ele fez com que fossem abolidos os cultos idólatras em sua nação, uma nação de constituição baseada na revelação de Deus através de Moisés; Asa promoveu o culto a Deus e a proclamação da Palavra de Deus. Como resultado, o Senhor concedeu paz e prosperidade ao Reino de Judá.
Em certa ocasião um enorme exército de inimigos se levantou contra o seu povo, mas graças à confiança que Asa tinha em Deus, os inimigos foram derrotados. Depois disto Asa levou os judeus a buscarem ainda mais a Deus, e viveram felizes e prósperos durante todo este tempo.
Mas agora, no trigésimo sexto ano de seu reinado, Baasa, Rei de Israel, o reino do norte, irmão e, nestes tempos, inimigo do Reino de Judá, começou a levantar uma fortificação num lugar chamado Ramá, para que Judá se visse cercado e cerceado em suas relações exteriores. Ninguém poderia aproximar-se ou sair de Judá.
Asa precisava tomar uma providência, e tomou, mas não foi como das outras vezes: em vez de recorrer a Deus, ele fez uma aliança com Ben-Hadade, rei da Síria. O rei da Síria lutou contra Israel, de sorte que Baasa teve que se retirar e deixar Asa em paz.
Asa se viu livre de Baasa, mas não conforme a vontade de Deus. Por isto as palavras de repreensão de Hanani: “nisto procedeste loucamente; por isto desde agora haverá guerras contra ti.”
 “Porque, quanto ao Senhor, seus olhos passam por toda a terra, para mostrar-se forte para com aqueles cujo coração é totalmente dele...”
Você quer ser uma pessoa assim, cujo coração é totalmente do Senhor?
Dentro deste contexto, o que significam estas palavras? O que significa ser um homem, jovem ou idoso, cujo coração é totalmente do Senhor? O que significa ser uma mulher, jovem ou idosa, cujo coração é totalmente do Senhor?
Conforme podemos observar neste contexto, há três elementos que evidenciam um coração totalmente dele, que precisamos aprender, nos quais precisamos crescer, para sermos pessoas assim.
Vamos considerar cada um deles...
1. Um coração totalmente do Senhor, é um coração que confia no Senhor
Aliás, esta é a tradução da NVI, pois este é o significado à luz dos vs. 7,8.
Por “confiar” Hanani quer dizer crer, não somente no poder que Deus tem de sujeitar a si todas as coisas, mas crer também na boa disposição que ele tem para nos ajudar nas situações de conflito, nos momentos de crise, quando precisamos seu socorro e sua graça.
No v. 8 Hanani dá testemunho a respeito do próprio Rei Asa. É uma referência à história narrada no cap. 14:9-12.
Ali nós lemos que um homem chamado Zerá, etíope, reuniu um grande exército e marchou contra os judeus.
Asa reconhece que entre o fraco e o poderoso, não há quem possa socorrer o fraco, a não ser o Senhor.
Mas ele reconhece também que o Senhor é quem não somente tem o poder, mas a disposição de salvar os que nele confiam.
Então ele ora a Deus, ele luta em nome de Deus, e ele vence em nome de Deus.
Um coração totalmente do Senhor é um coração que confia no poder e no amor de Deus, é um coração que confia na graça de Deus, que confia que em Deus há salvação.
Aliás, amados, quando Deus enviou seu Filho ao mundo, este Filho de Deus veio para fazer duas coisas grandiosas, que nos são declaradas em Mateus cap. 1:
Mt 1:21-23
21 Ela dará à luz um filho e lhe porás o nome de Jesus, porque ele salvará o seu povo dos pecados deles.  22 Ora, tudo isto aconteceu para que se cumprisse o que fora dito pelo Senhor por intermédio do profeta: 23 Eis que a virgem conceberá e dará à luz um filho, e ele será chamado pelo nome de Emanuel (que quer dizer: Deus conosco).
No v. 23, o anjo que está falando a José cita a profecia de Isaías – Ele será chamado pelo nome de Emanuel, Deus conosco. Na pessoa de seu Filho Deus veio habitar entre nós, Deus está conosco. E no v. 21, o anjo havia dito que o Filho de Deus deveria receber o nome “Jesus”, que quer dizer “Jeová (JAVÉ) salva”, e explica que isto é “porque ele salvará o seu povo dos pecados deles”.
Deus, portanto, não é somente o todo poderoso criador e sustentador do universo. Ele é Deus salvador, que vem ao encontro de todo aquele que nele confia, para salvar, não somente em situações difíceis, mas para dar inclusive, e acima de tudo o que é bom, a salvação eterna, salvando-nos da condenação dos nossos pecados, salvando-nos do poder que o pecado tem sobre nós, salvandos-nos da escravidão do mal.
Você quer ser um homem, uma mulher, jovem ou idoso, cujo coração seja totalmente do Senhor?  Então a primeira característica é esta:
Confie em Deus, confie em seu Filho Jesus Cristo, como teu salvador. Como aquele que tem poder e amor para salvar você: para salvar você de seus pecados, de seus vícios, de seus maus comportamentos, de seu mau caráter. Confie nele também como aquele que tem poder para salvar você nos momentos de crise, nas situações difíceis, sejam nas relações familiares, seja no trabalho, seja onde você precisar dele.
Há um segundo aspecto, relacionado imediatamente com o primeiro...
2. Um coração totalmente do Senhor, é também um coração que busca ao Senhor
O v. 12 diz que Asa “não recorreu ao Senhor mas confiou nos médicos”.
Poderia ser colocado assim: “Não confiou no Senhor, mas recorreu aos médicos”.
Conforme nós podemos entender, à luz do ensino bíblico como um todo, o pecado de Asa não foi o de procurar os médicos, a ciência médica é um dom de Deus para o nosso benefício, ao qual devemos recorrer sim; mas o pecado de Asa foi o de, na sua enfermidade, não buscar a Deus para ser curado.
Diferente do Rei Ezequias, que os irmãos se lembram, quando foi acometido de uma grave enfermidade, a ponto de quase morrer, orou intensamente ao Senhor e este ouviu sua oração. Então Isaías ordenou que Ezequias colocasse um emplastro sobre sua úlcera, e o rei sarou.
Bem, Asa sabia o que era buscar o Senhor, sabia o que acontecia quando se busca o Senhor. Ele próprio já experimentara isto antes.
Vamos ler o cap. 15:1,2 (de 2º Crônicas)
Veio o Espírito de Deus sobre Azarias, filho de Odede.  2 Este saiu ao encontro de Asa e lhe disse: Ouvi-me, Asa, e todo o Judá, e Benjamim. O SENHOR está convosco, enquanto vós estais com ele; se o buscardes, ele se deixará achar; porém, se o deixardes, vos deixará.
Agora os vs. 8 e 15:
8 Ouvindo, pois, Asa estas palavras e a profecia do profeta, filho de Odede, cobrou ânimo e lançou as abominações fora de toda a terra de Judá e de Benjamim, como também das cidades que tomara na região montanhosa de Efraim; e renovou o altar do SENHOR, que estava diante do pórtico do SENHOR.
15 Todo o Judá se alegrou por motivo deste juramento, porque, de todo o coração, eles juraram e, de toda a boa vontade, buscaram ao SENHOR, e por eles foi achado. O SENHOR lhes deu paz por toda parte.
Buscaram e acharam, e tiveram paz. Aliás, paz é sempre o que o povo de Deus encontra quando o busca, pois como dizem os profetas, o Senhor fala de paz ao seu povo, e que jamais caiam em insensatez;[4] o Senhor promete paz aos que o buscam de coração humilde.[5]
No salmo 105:4 o Senhor nos dá um mandamento:
Buscai o SENHOR e o seu poder; buscai perpetuamente a sua presença.
Você quer seu uma homem, uma mulher, jovem ou idoso que cujo coração seja totalmente do Senhor?
Busque o Senhor e o seu poder: poder para vencer o mal do pecado, poder para você ser um instrumento da graça de Deus, poder para curar os enfermos da alma e do corpo, poder para falar a Palavra de Deus, poder para orar, poder para adorar.
Buque a presença do Senhor. Como Isaías que orou pedindo a Deus que abrisse os céus e descesse.[6] Peça que Deus desça trazendo salvação sobre o nosso Brasil, trazendo graça, trazendo perdão: pois nossas obras, nosso carnaval, nossa justiça, nossas diversões, são como trapos de imundícia diante da santidade do Senhor.
Busque em oração, busque na Palavra, busque confessando e abandonando seus pecados, busque em adoração, busque com a igreja, busque a sós, busque perpetuamente, a cada dia, a cada momento, onde você estiver. Os olhos do Senhor estão passando por toda a terra, procurando pessoas que o procuram...
Mas naquela ocasião o Senhor não achou no Rei Asa um homem que o procurava, pois em Asa também não estava se manifestando o terceiro elemento de um coração totalmente dele
3. Um coração totalmente dele é um coração quebrantado
E por coração quebrantado, quero dizer um coração manso, humilde, sensível à Palavra de Deus
v. 10
Porém Asa se indignou contra o vidente e o lançou no cárcere, no tronco, porque se enfurecera contra ele por causa disso; na mesma ocasião, oprimiu Asa alguns do povo.
Que diferença entre a atitude de Asa alguns anos antes, conforme lemos no cap. 15, e a sua atitude agora!
Que tragédia: nesta hora em que Hanani veio falar-lhe, o coração de Asa se endureceu, ele tenha se irou, se revoltou e maltratou o profeta.
Eu lamento por Asa:
Primeiro, porque ele não deixou de ser reconhecido como um homem de Deus; os israelitas sentiram quando ele faleceu, mas seus últimos anos de vida foram de declínio em sua vida espiritual.
Um final melancólico para uma pessoa que tinha, outrora, sido tão abençoada.
Mas o profeta havia falado: “o Senhor está convosco, enquanto vós estiverdes com ele; se o buscardes, ele se deixará achar, mas se o deixardes, ele vos deixará...” (cap. 15:1, 2).
E na sua dureza de coração, Asa deixou de buscar ao Senhor.
Segundo, eu lamento porque não precisava ter sido assim.
Porque se Asa foi repreendido, é porque ele era amado do Senhor. No Apocalipse o Senhor nos diz: “Eu repreendo e disciplino a quantos amo.” [7]
Terceiro, porque Asa poderia, ouvindo a repreensão, ter se humilhado, se quebrantado, e Deus poderia mudar a sua sorte.
Jeremias nos ensina que quando o Senhor fala contra alguém, ameaçando castigo pelos seus pecados, se este alguém se arrepende, se humilha perante o Senhor, e se converte dos seus maus caminhos, o Senhor perdoa e retira suas ameaças de juízo.[8]
E nos Salmos a Escritura também nos diz que ao coração humilde e contrito o Senhor jamais desprezará.[9]
E veja: Deus é tão maravilhoso, tão abençoador que até mesmo isto, o ter um coração quebrantado, ele realiza em nós.
O nosso coração é rebelde por natureza, mas se entendermos isto, e pedirmos, ele nos concede um “coração segundo o coração dele”.
Por isto a mesma Escritura nos ensina a orar pedindo:
Cria em mim, ó Deus, um coração puro, e renova dentro de mim um espírito inabalável.[10]
Conclusão e Aplicação
Você quer ser uma pessoa cujo coração é totalmente do Senhor?
Você quer ser um adorador do Senhor?
Você quer ser um intercessor?
Eu estou certo que sim.
Então é tempo de buscar ao Senhor.
Buscar ao Senhor e ao seu poder.
Todo o tempo é tempo de buscar ao Senhor.
Buscar no coração e de coração.
Buscar na Palavra, na igreja, em casa, no caminho.
Buscar em oração, em consagração, com jejuns, até.
Buscar com humildade e fé.
Buscar por causa de nossa própria vida.
Buscar para o bem de nossa casa, de nossa família.
Buscar para o bem de nossa igreja, de nossa denominação.
Buscar por causa de nossos irmãos de todas as igrejas.
Buscar por causa de nossa nação, de nosso povo.




[1] Jo 4:20-24
[2] Ez 22:30
[3] 2º Cr 7:14
[4] Sl 85:8
[5] Is 57:18-21
[6] Is 64:1
[7] Ap 3:19
[8] Jr 18:7-10
[9] Sl 51:17
[10] Sl 51:10
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