Achadas as tuas palavras, logo as comi; as tuas palavras me foram gozo e alegria para o coração, pois pelo teu nome sou chamado, ó SENHOR, Deus dos Exércitos. Jeremias 15:16

quarta-feira, 29 de outubro de 2014

Entrega o teu caminho ao Senhor - Sl 37:5

IPC em Pda. de Taipas
Quarta-feira, 29 de outubro de 2014
Pr. Plínio Fernandes                       Baixe em EPUB     Baixe em PDF     Baixe em PRC
Amados irmãos, vamos ler o Salmo 37:1-11.
Não te indignes por causa dos malfeitores, nem tenhas inveja dos que praticam a iniquidade.  2 Pois eles dentro em breve definharão como a relva e murcharão como a erva verde.  3 Confia no SENHOR e faze o bem; habita na terra e alimenta-te da verdade.  4 Agrada-te do SENHOR, e ele satisfará os desejos do teu coração.  5 Entrega o teu caminho ao SENHOR, confia nele, e o mais ele fará.  6 Fará sobressair a tua justiça como a luz e o teu direito, como o sol ao meio-dia.  7 Descansa no SENHOR e espera nele, não te irrites por causa do homem que prospera em seu caminho, por causa do que leva a cabo os seus maus desígnios.  8 Deixa a ira, abandona o furor; não te impacientes; certamente, isso acabará mal. 9 Porque os malfeitores serão exterminados, mas os que esperam no SENHOR possuirão a terra.  10 Mais um pouco de tempo, e já não existirá o ímpio; procurarás o seu lugar e não o acharás.  11 Mas os mansos herdarão a terra e se deleitarão na abundância de paz.
A Bíblia é, acima de tudo, revelação a respeito de Deus, para que o conheçamos: sua sabedoria, sua justiça, sua santidade, e através disto tudo, a sua salvação.
Na Bíblia, Deus se revela para nós como nosso Salvador. O próprio nome de Deus, quando ele se fez carne e habitou entre nós, Jesus, significa “Salvador”.
Este salmo que lemos fala da salvação que Deus concede aos que nele confiam: promete direção, proteção, justiça.
E no v. 5, temos um mandamento para os que desejam experimentar esta salvação:
Entrega o teu caminho ao SENHOR, confia nele, e o mais ele fará.  
Entrega: coloque nas mãos de Deus, deixe que ele tome conta, deixe que ele cuide, abra mão, e o restante, saiba que ele irá fazer.
Para cumprir melhor o que o Espírito Santo nos diz aqui, vamos meditar neste mandamento.
1. A quem devemos entregar nossos caminhos?
Ao SENHOR. Este nome, traduzido por SENHOR aqui em nossas versões, é IAVÉ, ou JEOVÁ, no Antigo Testamento hebraico, o Deus da Aliança, e significa “Aquele que é”; denota a eternidade e a imutabilidade de Deus. Aquele que é, que sempre existiu e que sempre existirá, e é o “nome por excelência” de Deus. 
O Senhor...
1.1 – É o Deus onipresente
Jr 23:23,24
Acaso, sou Deus apenas de perto, diz o SENHOR, e não também de longe?  Ocultar-se-ia alguém em esconderijos, de modo que eu não o veja? - diz o SENHOR; porventura, não encho eu os céus e a terra? - diz o SENHOR.
Deus é aquele cuja grandeza enche os céus e a terra, que em toda a sua plenitude está em cada canto do universo, e que também conhece profundamente a vida, os pensamentos, os desejos, os sentimentos, de cada ser humano
Como disse Jesus, não existe um passarinho que esteja no esquecimento de Deus; cada área de nossa vida é tão patente, e importante aos olhos de Deus que até os fios de nossos cabelos estão contados (Lc 12:6,7)
1.2 – É o todo-poderoso
Jr 10:23
Eu sei, ó SENHOR, que não cabe ao homem determinar o seu caminho, nem ao que caminha o dirigir os seus passos.
Jr 32:27
Eis que eu sou o SENHOR, o Deus de todos os viventes; acaso, haveria coisa demasiadamente maravilhosa para mim?
“O Deus de todos os viventes, isto é, aquele que tem em suas mãos o destino de cada ser humano, aquele que dirige os passos de cada criatura, o todo-poderoso. Será que existe alguma coisa que eu não possa fazer? Será que existe algum problema que esteja além das minhas forças, ou além do meu entendimento?”
1.3 – É aquele que nos ama
Jr 31:3
De longe se me deixou ver o SENHOR, dizendo: Com amor eterno eu te amei; por isso, com benignidade te atraí.
Com amor eterno, que existe desde antes da criação do universo, e que não se acabará nunca.
Ef 1:4
Assim como nos escolheu, nele, antes da fundação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis perante ele; e em amor
Isto quer dizer que antes de nascermos ele já nos conhecia - conhecia toda a nossa vida, como seríamos, as características do nosso temperamento, as coisas que iríamos fazer, os nossos pecados, fraquezas, e nos amou
Haja o que houver, Deus não desiste de nós, Deus não nos deixa de amar
2. Entrega o teu caminho
É uma forma de dizer: “tua vida, tuas obras, o teu ser, tudo o que você é, será, faz, e fará”.
2.1 - Entregue ao Senhor os seus problemas
Sl 55:17
À tarde, pela manhã e ao meio-dia, farei as minhas queixas e lamentarei; e ele ouvirá a minha voz.
Quando perseguido, aflito - Sl 56:8
Contaste os meus passos quando sofri perseguições; recolheste as minhas lágrimas no teu odre; não estão elas inscritas no teu livro?
A promessa - Sl 30:5
Porque não passa de um momento a sua ira; o seu favor dura a vida inteira. Ao anoitecer, pode vir o choro, mas a alegria vem pela manhã.
Quando ofendido - 1ª Pe 1:21-24
Porquanto para isto mesmo fostes chamados, pois que também Cristo sofreu em vosso lugar, deixando-vos exemplo para seguirdes os seus passos, o qual não cometeu pecado, nem dolo algum se achou em sua boca; pois ele, quando ultrajado, não revidava com ultraje; quando maltratado, não fazia ameaças, mas entregava-se àquele que julga retamente, carregando ele mesmo em seu corpo, sobre o madeiro, os nossos pecados, para que nós, mortos para os pecados, vivamos para a justiça; por suas chagas, fostes sarados.
2.2 - Entregue ao Senhor os seus projetos de vida
Tg 4:13-15
Atendei, agora, vós que dizeis: Hoje ou amanhã, iremos para a cidade tal, e lá passaremos um ano, e negociaremos, e teremos lucros. Vós não sabeis o que sucederá amanhã. Que é a vossa vida? Sois, apenas, como neblina que aparece por instante e logo se dissipa. Em vez disso, devíeis dizer: Se o Senhor quiser, não só viveremos, como também faremos isto ou aquilo.
2.3 - Entregue ao Senhor a sua alma
2.3.1 - Seus pecados
Sl 38:8
Na tua presença, Senhor, estão os meus desejos todos, e a minha ansiedade não te é oculta.
Sl 38:18
Confesso a minha iniquidade; suporto tristeza por causa do meu pecado.
2.3.2 - Suas tentações, sua salvação, seu desejo de ser santo, de crescer espiritualmente
Hb 2:18
Pois, naquilo que ele mesmo sofreu, tendo sido tentado, é poderoso para socorrer os que são tentados.
2.3.3 - Todo o seu ser
Pv 23:26
Dá-me, filho meu, o teu coração, e os teus olhos se agradem dos meus caminhos.
Conclusão
“O mais ele fará”. O que precisamos fazer é entregar nosso caminho ao Senhor, caminhar este caminho com o Senhor, e confiar nele, como um filho confia em seu pai sábio, amoroso, e forte.
Eu gostaria de concluir tomando o profeta Jonas como um exemplo deste entregar o nosso caminho ao Senhor.
Jn 2:7
Quando, dentro de mim, desfalecia a minha alma, eu me lembrei do SENHOR; e subiu a ti a minha oração, no teu santo templo.
Jonas estava numa situação de intensa angústia, por sua própria culpa, pois havia desobedecido ao Senhor.
Por sua desobediência ele colocou-se, não somente a si mesmo em perigo, mas todos os tripulantes e passageiros do navio em que estava.
Então foi lançado ao mar, e engolido por um grande peixe.
E ali, no ventre do peixe, ele se voltou para o Senhor, e o Senhor o livrou.
Entrega o teu caminho ao SENHOR, confia nele, e o mais ele fará.

domingo, 19 de outubro de 2014

Um mestre aprovado por Deus - Ed 7:10

IPC em Pda. de Taipas
Domingo, 19 de outubro de 2014
Pr. Plínio Fernandes                        Baixe em PDF     Baixe em EPUB     Baixe em PRC
Queridos irmãos, vamos ler Ed 7:1-10:
Passadas estas coisas, no reinado de Artaxerxes, rei da Pérsia, Esdras, filho de Seraías, filho de Azarias, filho de Hilquias, 2 filho de Salum, filho de Zadoque, filho de Aitube, 3 filho de Amarias, filho de Azarias, filho de Meraiote, 4 filho de Zeraías, filho de Uzi, filho de Buqui, 5 filho de Abisua, filho de Finéias, filho de Eleazar, filho de Arão, o sumo sacerdote, este Esdras subiu da Babilônia.  6 Ele era escriba versado na Lei de Moisés, dada pelo SENHOR, Deus de Israel; e, segundo a boa mão do SENHOR, seu Deus, que estava sobre ele, o rei lhe concedeu tudo quanto lhe pedira.  7 Também subiram a Jerusalém alguns dos filhos de Israel, dos sacerdotes, dos levitas, dos cantores, dos porteiros e dos servidores do templo, no sétimo ano do rei Artaxerxes.  8 Esdras chegou a Jerusalém no quinto mês, no sétimo ano deste rei; 9 pois, no primeiro dia do primeiro mês, partiu da Babilônia e, no primeiro dia do quinto mês, chegou a Jerusalém, segundo a boa mão do seu Deus sobre ele.  10 Porque Esdras tinha disposto o coração para buscar a Lei do SENHOR, e para a cumprir, e para ensinar em Israel os seus estatutos e os seus juízos.
Os livros de Esdras e Neemias nos contam sobre tempos difíceis, e ao mesmo tempo maravilhosos na história do povo judeu.
Difíceis porque este povo do Senhor estava começando a voltar das terras da Babilônia, agora Pérsia, onde havia sido exilado, e em sua maior parte vivendo em grande pobreza.
Mas ao mesmo tempo maravilhosos porque esta volta do exílio era o cumprimento das promessas feitas por Deus através dos profetas, especialmente Isaías, Ezequiel e Jeremias[1].
Assim, podemos ler no primeiro capítulo de Esdras que, em cumprimento de sua Palavra, Deus despertou o espírito de Ciro, rei da Pérsia, e este estabeleceu um decreto pelo qual os cativos judeus que viviam em seu reino pudessem voltar para Jerusalém, reconstruir suas casas, seu templo, e habitar em paz.
Em virtude disto um grupo de pouco mais de 42 mil pessoas, lideradas por Zorobabel, da casa de Davi, e Sesbazar, mesmo cercado de inimigos e muitas dificuldades, e encorajado pelos profetas Ageu e Zacarias, voltou para Jerusalém e reconstruíram o templo.[2]
Os acontecimentos narrados aqui no cap. 7 aconteceram cinquenta e sete anos depois que o templo foi reinaugurado.
Este outro grupo de exilados foi liderado por Esdras, um sacerdote. No v. 6 ele também é chamado “escriba” da lei dada pelo Senhor, alguém que, como diria Jesus mais tarde, se assentou na cadeira de Moisés[3].
Mas Esdras estava longe de ser aquela figura da qual Jesus desdenha. Ao contrário, era um mestre da lei aprovado por Deus.
Pois no v. 6 lemos que o rei Artaxerxes lhe deu tudo quanto precisava, porque a boa mão do Senhor estava sobre Esdras.
E os vs. 8-10 nos contam que a viagem deles, desde o exílio na Pérsia, embora tão cheia de possíveis perigos, foi uma viagem abençoada por Deus: o v. 9 nos diz que a boa mão do Senhor estava sobre eles.
E no v. 10  temos a razão pela qual o Senhor os abençoou:
Porque Esdras tinha disposto o coração para buscar a Lei do SENHOR, e para a cumprir, e para ensinar em Israel os seus estatutos e os seus juízos.
É com base neste versículo que desejo meditar com os irmãos nesta noite.
Esdras havia determinado, havia assentado firmemente certas coisas em seu coração que agradaram a Deus, e por isto Deus o abençoou.
Se estas disposições do coração de Esdras agradaram ao coração de Deus, certamente ele terá prazer ao encontrá-las em nós também.
1. Esdras determinou em seu coração aprender a lei do Senhor, com seus preceitos e seus juízos
Esta expressão, “lei do Senhor”, significa instrução dada por Deus. É a sua orientação para a vida.
Pois, com efeito, o Senhor Deus havia dado ao povo de Israel, toda a instrução da qual eles precisavam para viver como um povo santo, separado para Deus, o povo com quem o Senhor havia feito uma aliança no sentido de ser o seu Deus e o Deus de seus filhos, governando e abençoando suas vidas.
Mais tarde, esta lei do Senhor, dada por meio de Moisés nos primeiros cinco livros da Bíblia passou a ser reafirmada pelos profetas e outros escritores igualmente inspirados pelo Espírito Santo, de tal forma que Jesus se referiu a todas as Escrituras do Antigo Testamento como lei e infalível Palavra de Deus[4].
Existem muitas maneiras de expor a importância destas santas Escrituras para nossa vida.
Mas eu desejo citar apenas duas referências bíblicas:
Moisés diste que estas Escrituras são a nossa vida
Dt 32:47
Porque esta palavra não é para vós outros coisa vã; antes, é a vossa vida; e, por esta mesma palavra, prolongareis os dias na terra à qual, passando o Jordão, ides para a possuir.
Moisés estava já morrendo e se despedindo do povo de Israel. Em breve eles atravessariam o Jordão, tomariam posse da terra prometida, mas Moisés não iria com eles.
Então ele os exorta no sentido de que não abandonassem a Palavra de Deus.
Nas Escrituras dadas por Moisés, o Senhor havia instruído sobre tudo: os relacionamentos familiares e demais relacionamentos sociais, o trabalho, o culto religioso, o governo, e tudo o mais que possamos pensar em nossa vida diária.
Havia estabelecido um alto padrão de pureza moral, não somente sexual, mas em todas as áreas da vida.
Embora as circunstâncias históricas e sociais exigissem algumas orientações adaptadas a tempos e situações bem diferentes destes tempos em que vivemos, Deus os havia orientado para uma vida de amor, e explicado que a transgressão desta sua lei era pecado, e o salário do pecado é a morte.
Mas também havia feito a provisão para o perdão dos pecados, através dos sacrifícios cúlticos, nos quais certos animais eram sacrificados pelos pecados do povo.
Estes sacrifícios apontavam e destinavam-se a preparar o caminho de um único e completo sacrifício que viria mais tarde: a morte de Jesus, o Deus que se encarnou e morreu na cruz, através da qual ele receberia em si mesmo o castigo de todos os nossos pecados[5].
É por todas estas coisas que Moisés diz ao povo: “Não se esqueçam desta palavra, pois esta palavra é a sua vida”.
Por meio dela vocês têm a provisão de Deus, do seu amor e bondade, de sua bênção em tudo o que vocês são e em tudo o que vocês fazem. Por meio delas vocês experimentarão, como diria Jesus, vida em abundância[6].
Nos escritos apostólicos nos temos vários equivalentes às palavras de Moisés. Vamos citar o apóstolo Paulo.
2ª Tm 3:14-17
Tu, porém, permanece naquilo que aprendeste e de que foste inteirado, sabendo de quem o aprendeste 15 e que, desde a infância, sabes as sagradas letras, que podem tornar-te sábio para a salvação pela fé em Cristo Jesus.  16 Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça, 17 a fim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra.
As Escrituras, são inspiradas por Deus, levam as pessoas à fé em Jesus e à salvação da alma. E também nos ensinam a vontade de Deus para todas as áreas de nossa vida.
E não somente ensinam: corrigem, repreendem, quando estamos errados; elas nos educam.
Elas nos conduzem á maturidade espiritual.
Assim Esdras, compreendendo a importância da lei do Senhor, para a sua própria vida, e para a vida do seu povo, determinou no seu coração algo que você e eu precisamos determinar e fazer também, a cada dia da nossa existência: ele iria conhecê-la, iria estudá-la, aprendê-la. E se dedicou a isto.
2. Esdras determinou em seu coração o viver conforme a lei do Senhor
Muitos anos antes o profeta Ezequiel havia falado de um grande mal entre os israelitas que haviam sido levados para o exílio na Babilônia.
Mesmo exilado por causa dos seus pecados, por haverem se esquecido da lei do Senhor e seguido a outros deuses, ainda assim o Senhor os amava, e no exílio despertou o espírito de certos homens, através dos quais continuou a enviar sua Palavra.
Um destes homens foi o profeta Ezequiel.
Então as pessoas costumavam procurar o profeta, para ouvir o que o Senhor Deus diria por intermédio dele.
Agora vejamos o mal a que me referi.
Ez 33:30-32
Quanto a ti, ó filho do homem, os filhos do teu povo falam de ti junto aos muros e nas portas das casas; fala um com o outro, cada um a seu irmão, dizendo: Vinde, peço-vos, e ouvi qual é a palavra que procede do SENHOR.  31 Eles vêm a ti, como o povo costuma vir, e se assentam diante de ti como meu povo, e ouvem as tuas palavras, mas não as põem por obra; pois, com a boca, professam muito amor, mas o coração só ambiciona lucro.  32 Eis que tu és para eles como quem canta canções de amor, que tem voz suave e tange bem; porque ouvem as tuas palavras, mas não as põem por obra.
Os irmãos atentaram para o que o Senhor disse ao profeta?
As pessoas gostavam de ouvi-lo. Comentavam sobre ele, convidavam outros para ouvir também.
Assentavam-se diante dele e ouviam prazerosamente.
Mas não colocavam em prática aquilo que ouviam.
Então era apenas como se estivessem ouvindo um cantor tocando bem e cantando coisas românticas e bonitas.
Na verdade, embora eles ficassem emocionados, e gostassem de ouvir as pregações, seus corações eram avarentos, só queriam aquilo que porventura pudesse, do ponto de vista humano, trazer algum lucro.
Amado irmão, será que hoje não são, muitos cristãos, assim? Gostam de ouvir boas pregações, comentam sobre os bons pregadores, gostam de ouvir boa música evangélica, mas não põem em prática o ensino da Palavra de Deus?!
Ora, amados, há pelo menos duas razões pelas quais nós devemos ser praticantes daquilo que aprendemos:
Uma delas é que se não o praticarmos, a nossa religião não é real.
Tg 1:21, 22
Portanto, despojando-vos de toda impureza e acúmulo de maldade, acolhei, com mansidão, a palavra em vós implantada, a qual é poderosa para salvar a vossa alma.  22 Tornai-vos, pois, praticantes da palavra e não somente ouvintes, enganando-vos a vós mesmos.
Esta pessoa que ouve e não pratica está enganando a si mesma, pensando que é religiosa, isto é, que está realmente ligada a Deus, e não está.
Portanto, o ouvir, o aprender a lei do Senhor deve nos transformar em gente de fé, obediente, para o nosso próprio bem.
Mas outra razão pela qual devemos ser praticantes da lei do Senhor é que por meio do nosso bom testemunho outras pessoas aprendem também.
Isto deve ser levado em consideração não somente pelos professores da Bíblia, mas por todos os crentes, pois todos desejamos ser instrumentos de Deus, através dos quais o conhecimento do Senhor abençoe a vida de outras pessoas.
Paulo compreendia bem a importância de nosso testemunho para que outras pessoas viessem a aprender por ele.
1ª Tm 1:16
Mas, por esta mesma razão, me foi concedida misericórdia, para que, em mim, o principal, evidenciasse Jesus Cristo a sua completa longanimidade, e servisse eu de modelo a quantos hão de crer nele para a vida eterna.
1ª Tm 4:12
Ninguém despreze a tua mocidade; pelo contrário, torna-te padrão dos fiéis, na palavra, no procedimento, no amor, na fé, na pureza.
2ª Tm 1:13
Mantém o padrão das sãs palavras que de mim ouviste com fé e com o amor que está em Cristo Jesus.
Tt 2:7
Torna-te, pessoalmente, padrão de boas obras. No ensino, mostra integridade, reverência...
Você notou como, pensando em si mesmo e nos seus discípulos, Paulo usa repetidamente a ideias de que eles são “modelo, padrão para outras pessoas”? Padrão e modelo são palavras que descrevem exemplos a serem seguidos.
Neste sentido os pastores também são chamados “guias”[7], aqueles que vão à frente para serem seguidos no caminho, isto é, eles, por sua maneira de viver, mostram o caminho para os seus irmãos.
Esdras determinou isto em seu coração: ele aprenderia, e seria um praticante da lei do Senhor.
Pois ele não somente amava a lei do Senhor e queria viver por ela, mas também desejava ensinar a outros.
3. Esdras também dispôs o seu coração a ensinar a lei do Senhor para o seu povo
Algum tempo atrás eu li sobre as diferenças entre o Mar da Galiléia, em Israel, e o Mar Morto, na qual o autor ilustrava este assunto as diferenças entre uma pessoa que partilha o que tem de bom e a pessoa que não compartilha.
O Mar da Galiléia, dizia ele, fica ao norte de Israel. Ele recebe suas águas do Rio Jordão, pelo lado norte, e depois este rio continua seu caminho ao sul, terminando seu curso no Mar Morto.
Quando lemos os Evangelhos, notamos que no Mar da Galiléia há uma grande quantidade de peixes; há vida em abundância, e assim às suas margens foram edificadas muitas vilas de pescadores.
Mas o Mar Morto é diferente: o próprio nome indica que nele nada sobrevive.
E sabem o porquê desta diferença? É que no Mar da Galiléia estas águas de vida não ficam paradas: assim como ele recebe as águas do lado norte, ele as “compartilha” pelo lado sul.
Mas o Mar Morto fica numa depressão muito profunda não partilha suas águas. Então elas apenas evaporam, e a quantidade de sais é tão grande que nada pode sobreviver ali.
Assim também acontece com aqueles que querem apenas receber de Deus, mas não querem compartilhar: eles ficam estagnados.
Mas aquele que realmente conhece a Deus deseja transmitir para outras pessoas.
Este é o desejo natural que brota no coração quando amamos alguém.
Na sexta-feira passada a Aninha[8] fez uma salada de macarrão e uma torta de limão para nosso jantar. E comprei um “sorvete de papaia com cassis”.
Mas estávamos comendo e pensando na Rutinha e no Samuel[9]. E então ligamos pra eles, para chamá-los a virem comer conosco (Mas ele estava na faculdade e ela na companhia de amigas).
E porque desejamos chamá-los? Porque quando estamos participando de alguma coisa boa, desejamos partilhar com as pessoas que amamos.
Vocês, que são pais, sabem bem o que é este sentimento para com os filhos.
E quem é o apaixonado que não gosta de ver o pôr do sol com sua amada?
Quem é o amigo que não quer abençoar o seu irmão?
Assim, quando alguém conhece as felicidades da vida pela Palavra de Deus, também deseja partilhar isto com as pessoas a quem ama.
E o crente em Jesus ama os seus irmãos; também ama aos seres humanos em geral.
Então ele deseja compartilhar a Palavra de Deus, a lei do Senhor que conduz à fé em Cristo, a lei do Senhor que restaura a alma, ilumina os olhos e alegra o coração[10], a lei do Senhor que conduz à vida eterna.
Paulo, por exemplo, se sentia em dívida de amor para com todos, e então não media esforços para partilhar o evangelho com quantas pessoas pudesse[11].
E Esdras dispôs o seu coração para isto: ele iria aprender a lei do Senhor, ele iria praticar a lei do Senhor, ele iria ensinar a ensinar.
Conclusão e aplicação
Amado, estas três disposições do coração de Esdras agradaram ao coração de Deus; tanto que o texto nos diz, eles fizeram uma viagem abençoada pela mão do Senhor que estava sobre eles.
E porque agradaram? Porque estas disposições revelam, primeiramente, amor e confiança em Deus e sua Palavra.
Para aprender, viver de acordo, e ensinar a Bíblia, primeiro, você precisa amá-la, e entender quer ela é um livro bom, verdadeiro, fiel, abençoador.
De outro modo você desprezará o seu conhecimento, e pensará que existem coisas melhores, e mais importantes.
Você precisa crer que ela é de Deus, e que Deus é bom e deseja o nosso bem.
É isto o que você pensa da Bíblia? É isto o que você sente pela Bíblia?
Você quer ser uma vida agradável ao Senhor?
Então faça como o professor Esdras. E o Senhor terá prazer em seus desejos. E dará sua bênção.






[1] Is 44:28-45:4, 13; Jr 25:11, 12; 29:10; Ez 36:33-38
[2] Caps. 1-6
[3] Mt 23:2
[4] Jo 10:24, 35
[5] Jo 1:29, 36; Hb 10:1-10
[6] Hb 10:10
[7] Hb 13:17
[8] Minha filhinha caçula
[9] Minha primeira filhinha e seu esposo
[10] Sl 19:7,8
[11] Rm 1:14, 15

domingo, 12 de outubro de 2014

Escolhidos de Deus - 2ª Ts 2:13-17

Domingo, 12 de outubro de 2014
6ª IPC de São Paulo
Pr. Plínio Fernandes                    Baixe em PDF     Baixe em EPUB     Baixe em MOBI
Queridos irmãos, vamos ler 2ª aos Tessalonicenses, 2:13-17
13 Entretanto, devemos sempre dar graças a Deus por vós, irmãos amados pelo Senhor, porque Deus vos escolheu desde o princípio para a salvação, pela santificação do Espírito e fé na verdade, 14 para o que também vos chamou mediante o nosso evangelho, para alcançardes a glória de nosso Senhor Jesus Cristo.  15 Assim, pois, irmãos, permanecei firmes e guardai as tradições que vos foram ensinadas, seja por palavra, seja por epístola nossa.  16 Ora, nosso Senhor Jesus Cristo mesmo e Deus, o nosso Pai, que nos amou e nos deu eterna consolação e boa esperança, pela graça, 17 consolem o vosso coração e vos confirmem em toda boa obra e boa palavra.
Recentemente eu li uma notícia no “Estadão”, sobre o trabalho de um grupo de astrônomos americanos, no Havaí.
Através das suas pesquisas com os mais modernos telescópios, eles descobriram que a nossa galáxia, a Via Láctea, que contém entre 100 milhões e 400 milhões de estrelas, está localizada na “borda” de um super aglomerado de 100 mil galáxias com 500 milhões de anos luz de diâmetro[1]; isto é, se você conseguisse uma nave espacial superpoderosa que viajasse a 300.000 Km por segundo, em 500 milhões de anos você conseguiria viajar de uma ponta à outra do nosso cantinho no universo.
Eles batizaram este super aglomerado de galáxias de “Laniakea”, que no idioma havaiano significa “imenso céu”. Mas há evidencias no sentido de que este Laniakea faz parte de um sistema ainda maior.
Agora, se nós considerarmos que um ano luz equivale a pouco mais de 9,5 trilhões de quilômetros, e este céu imenso tem 500 milhões de ano luz, você consegue imaginar uma coisa destas? Você consegue imaginar o tamanho do universo?
Agora, vamos supor que você, por algum motivo, conseguisse, em apenas um instante, viajar daqui para uma distância de apenas uma hora luz, a mais ou menos 1.080.000 km daqui: se você fizer isto, Deus estará lá? E se você, num instante se encontrar a uns dois trilhões e um bilhão de quilômetros daqui, Deus estará lá? E se você viajar para além de “Laniakea”, Deus ainda estará lá?
E se você viajar, viajar, viajar, ainda mais longe, para além das fronteiras do universo, Deus estará lá? Existe algum lugar onde Deus não esteja neste momento?
Pois como diz o Espírito Santo, nem os céus, nem os céus dos céus podem conter a Deus[2].
Deus é grandioso, e onipresente, está em todos os lugares do universo, e muito além deles.
Mas agora, mudando um pouco o nosso exemplo, vamos supor que você entrasse numa “máquina do tempo”, e começasse a viajar para o futuro.
Então você viaja para daqui a um ano: Deus estará lá? E se você viajar para daqui a dez anos? E se você viajar para daqui a mil anos? E um trilhão de anos? E quinhentos e cinquenta trilhões de anos? Deus ainda estará lá? Quando é que Deus deixará de existir?
Mas, e se de repente, você “der marcha à ré”, e começar a viajar em direção ao passado? Dez anos atrás: Deus estará lá? E mil anos? E no princípio da criação do universo? E antes da criação do universo? Quando foi que Deus “nasceu”? Quando foi que Deus passou a existir?
Você consegue ter uma ideia da eternidade de Deus? Isto não é uma coisa de tirar o nosso fôlego?
Por isto nossos antepassados na fé, numa época em que as luzes da cidade não ofuscavam a sua visão, olhavam para o céu, diziam extasiados:
“Senhor... quando vejo os céus, obra dos teus dedos, e a lua, e as estrelas, que preparas-te... que é o homem, para que te lembres dele,... e o visites?” [3]
Mas o Senhor providenciou tudo quanto acontece em nossa vida... Tão admirados ficavam, pois a terra está cheia da bondade do Senhor para conosco[4].
Com isto, meus irmãos, quero dizer que a Bíblia nos ensina sobre um Deus que é tão grandioso, tão sublime, tão poderoso e sábio, infinito, que nosso pequeno entendimento mal pode suportar quando contemplamos apenas um vislumbre de sua grandeza.
Mas mesmo que seja difícil entender, nosso coração sabe que ele é grandioso assim, e bondoso assim.
E então nós nos prostramos diante dele, e o adoramos, e o amamos, e querermos sempre andar na sua presença, com um santo e amoroso temor no coração.
Ora, da mesma maneira, embora seja sublime demais, muito além de nossa compreensão, existem outras doutrinas maravilhosas que, se não podemos, como a da grandeza de Deus e sua providência, ler no “livro das coisas criadas”, isto é, do universo à nossa volta, podemos aprender no livro das coisas reveladas, isto é, nas Escrituras Sagradas que o Senhor deu a nós.
Doutrinas que nos levam também a este santo desejo de adorar a Deus e andar com ele.
E uma destas doutrinas é esta que temos diante dos nossos olhos, no texto que acabamos de ler: a doutrina de que Deus nos escolheu para viver com ele em eterna comunhão, como filhos amados.
Que é o homem, para que dele te lembres? Mas podemos dar um passo adiante, e como redimidos em Jesus Cristo, e também perguntar: “Quem somos nós, entre toda uma raça pecadora, para que nos escolhesse e nos desse vida eterna”?
E ainda que este seja um pensamento que jamais subiria ao nosso coração, é o ensino bíblico no sentido de que o grandioso Senhor do universo, assim como manifesta, para com todos os homens a sua imensa bondade, dando o sol e a chuva, as estações do ano, o trabalho, a família e tudo o mais, de um modo muito especial manifesta o seu amor escolhendo e separando, em meio à humanidade decaída em pecado, pessoas a quem dará não somente das coisas desta vida de agora, mas muito mais além, a vida na eternidade, em comunhão com ele por meio de seu Filho, o Senhor Jesus Cristo: a este ensino bíblico nós chamamos “doutrina da eleição”.
Assim como as doutrinas da onipresença de Deus, de sua grandiosidade e de sua bondade são de “tirar o fôlego”, também a doutrina da eleição.
Nós não conseguimos entendê-la plenamente, mas o coração do crente sabe que é assim, pois o seu próprio ser interior dá testemunho deste fato em sua própria vida.
O crente nem sonha em dizer que ele se salvou teve, de si mesmo, os dons necessários da fé e da santificação. Ele sabe que, se voltou-se e converteu-se a Deus, é porque Deus o buscou primeiro.
Atente para a grandiosidade da revelação que o Espírito Santo nos dá aqui nos vs. 13 e 14, ao dizer que desde o princípio Deus nos amou, e nos escolheu para nos salvar, para nos santificar pelo agir do Espírito Santo em nós, para nos conceder fé na sua Palavra, e nos chamou para alcançarmos a glória de nosso Senhor Jesus Cristo.
Em nossa meditação sobre este texto, há três linhas de pensamento que desejo destacar
Primeiro, o Espírito Santo nos ensina aqui sobre o propósito e o motivo da eleição: se vamos desfrutar a glória eterna com o Senhor Jesus, isto é porque Deus nos escolheu, ou elegeu: Deus vos escolheu desde o princípio para a salvação.
Segundo, o que Deus fez para nos salvar. Pois ele também determinou como seríamos salvos: pela santificação do Espírito e pela fé na verdade
Terceiro, as implicações destas coisas para nossa vida presente, que podem também ser observadas neste texto.
1. O propósito e o motivo da nossa eleição
1.1. No v. 13, lemos que Deus nos escolheu desde o princípio.
Esta expressão, “desde o princípio” é uma referência ao início da história do universo.
Em Gênesis 1:1 está escrito:
No princípio criou Deus os céus e a terra...
E no Evangelho de João, cap. 1:1, 2, falando sobre Jesus, o apóstolo disse:
No princípio era o Verbo, o Verbo estava com Deus e o Verbo era Deus; todas as coisas foram feitas por ele, e sem ele nada do que foi feito se fez
Então, quando Paulo diz: “Deus vos escolheu desde o princípio”, o que ele está afirmando é que esta escolha divina remonta ao tempo em que o mundo ainda não havia sido criado.
Aliás, na carta aos Efésios ele fala desta maravilhosa verdade em termos ainda mais fortes:
Ef 1:3, 4:
Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que nos tem abençoado com toda sorte de bênção espiritual nas regiões celestiais em Cristo, assim como nos escolheu, nele, antes da fundação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis perante ele; e em amor...
No princípio, antes da criação do mundo, quando nada ainda existia concretamente, quando o universo inteiro era ainda um plano no coração de Deus, ele, para quem toda a história é apenas uma fração de segundo, diante de quem estamos eternamente presentes, ele, como que contemplando através da história, e vendo toda a humanidade totalmente caída em pecado, incapaz de salvar-se a si mesma, em amor nos escolheu para salvar.
Vejam irmãos:
Tanto a Bíblia, como toda a história, nos mostram que a humanidade, desde os mais antigos tempos, está espiritualmente decaída. Desde que o pecado entrou no mundo através da desobediência dos nossos primeiros pais, nós nos tornamos espiritualmente mortos em nossos delitos e pecados.
Nós nos tornamos pecadores por natureza. Já nascemos assim. Basta que olhemos para o mundo à nossa volta, e percebemos que ainda que muitos busquem fazer o bem, por natureza interna, nós todos nascemos inclinados para o mal. Mesmo entre as pessoas mais religiosas.
A inclinação natural de cada ser humano é o orgulho, a vaidade, a injustiça. A inclinação natural é a adoração a si mesmo, aos bens materiais, à cobiça, e todos os outros pecados que são fruto destes: as mentiras, a desonestidade, a imoralidade, as invejas...
Os homens, por si só, estão espiritualmente mortos. Como um corpo morto está em estado de deterioração, assim também os homens, espiritualmente falando, estão indo cada vez pior.
Pense por exemplo em nosso país: nos últimos cinquenta anos houve muito progresso material. E houve progresso moral? Não somos testemunhas de que, do ponto de vista moral, a nossa nação é como um morto em estado de putrefação?
Por natureza a humanidade é incapaz de fazer a vontade de Deus. Tudo o que faz, por melhor que seja, está contaminado pela mancha do pecado. Consequentemente não pode, por si só, praticar alguma obra que o torne digno da comunhão com Deus e a vida eterna. Todos os homens, sem exceção, são incapazes de se salvar.
Então Deus fez um plano, e no seu plano, ao contemplar toda a humanidade espiritualmente morta, ele decidiu que não iria deixar que todos continuassem mortos.
Bem que ele poderia nos deixar assim. Mas ele decidiu dar vida para alguns. É isto o que Paulo está nos dizendo: Deus, desde o começo, nos escolheu para nos salvar. Nenhum de nós tinha algum mérito, que o tornasse digno da glória eterna.
Mas assim como o Deus do universo se lembra da humanidade neste pequenino planeta, e lhe dá todas as bênçãos desta vida presente, no meio desta humanidade caída em pecado, escolheu a nós para nos conceder a vida eterna.
1.2. E qual foi a razão, isto é, qual foi a condição que ele determinou, nós deveríamos preencher, pela que ele nos escolhesse?
Certamente não foi com base em boas obras que ele previu em nós, pois como temos enfatizado, somos incapazes de fazer ao menos uma obra totalmente pura e boa, que nos tornaria dignos da salvação.
Por outro lado, supondo que um dia conseguíssemos tal proeza, a de realizar ao menos uma obra sem contaminação, todas as nossas outras obras más nos desqualificariam completamente.
Então o apóstolo também ensina que não é por obra alguma que Deus nos escolheu:
2ª Tm 1:9
(Deus) que nos salvou e nos chamou com santa vocação; não segundo as nossas obras, mas conforme a sua própria determinação e graça que nos foi dada em Cristo Jesus, antes dos tempos eternos...
Assim, irmãos, vemos que Deus não estabeleceu de antemão, em nós, alguma condição para que ele pudesse nos escolher.
Não havia algo, alguma obra que nós deveríamos fazer e assim conquistar merecidamente a nossa salvação.
Nem havia alguma atitude espiritual que nós poderíamos tomar, pois estávamos espiritualmente mortos.
1.3. Qual então, a base através da qual o Senhor nos escolheu?
Voltemos ao nosso primeiro texto, no v. 11:
Entretanto, devemos sempre dar graças a Deus por vós, irmãos, amados do Senhor...
A mesma boa palavra é dita também no v. 16:
Deus, o nosso Pai, nos amou...
Agora, para que tenhamos uma ideia um pouco melhor do que significa dizer “amar alguém”, gostaria de ler também Is 43:4.
Visto que foste precioso aos meus olhos, digno de honra, e eu te amei, darei homens por ti e os povos, pela tua vida.
O Senhor está se dirigindo aqui a Israel, a sua Igreja no Antigo Testamento. Promete que em todas as circunstâncias estará com seu povo. Que todos os seus inimigos não prevalecerão. E a razão:
Foste precioso aos meus olhos, digno de honra, e eu te amei...
Amar alguém é tê-lo como precioso aos nossos olhos, digno de honra. E isto, diz o Espírito Santo, é o pensamento e o sentimento de Deus em relação aos que ele escolhe.
E que havia em nós para ele nos amar, nos considerar preciosos e dignos de honra? Quem somos eu e você, para que ele se lembrasse de nós?
No entanto, ele nos escolheu porque nos amou.
2. Agora vejamos também o que Deus fez para nos salvar.
Pois ele também determinou como seríamos salvos: pela santificação do Espírito e pela fé na verdade
O apóstolo escreve:
Deus vos escolheu desde o princípio para a salvação pela santificação do Espírito e fé na verdade
Embora nós não tenhamos capacidade de salvar a nós mesmos, existem duas condições aqui mencionadas, que Deus exige do homem, e sem as quais ele não pode ser salvo: a santificação e a fé na verdade.
2.1. A santificação
Hb 12:14
Segui a paz com todos e a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor.
Não temos como desenvolver aqui todo o ensino bíblico sobre a santificação.
Mas basta resumir dizendo que santificação é aquela transformação espiritual que acontece quando uma pessoa se converte, e através da qual ela é separada do mundo a fim de viver para Deus.
Daí pior diante, até o seu encontro com Deus, na glória celestial, esta santificação vai se desenvolvendo, isto é, quando uma pessoa passa a viver para Deus, ela vai crescendo espiritualmente, e se tornando cada vez mais uma pessoa parecida com o Filho de Deus.
Sem santificação ninguém verá a Deus.
2.2 - A segunda condição é a fé na verdade, e por “verdade” Paulo quer dizer a verdade do evangelho, revelado na Palavra de Deus
Hb 11:6
De fato, sem fé é impossível agradar a Deus, porquanto é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que ele existe e que se torna galardoador dos que o buscam.
O que é fé?
Hb 11:1-3
Ora, a fé é a certeza de coisas que se esperam, a convicção de fatos que se não veem. 2 Pois, pela fé, os antigos obtiveram bom testemunho.  3 Pela fé, entendemos que foi o universo formado pela palavra de Deus, de maneira que o visível veio a existir das coisas que não aparecem
Fé é confiança, convicção, certeza de que as coisas reveladas na Palavra de Deus são a verdade, mesmo que não as tenhamos visto com nossos próprios olhos.
É a fé em Deus que nos leva ao arrependimento, isto é, à mudança no modo de pensar, não pensar e não andar de acordo com nossa natureza pecaminosa, mas viver segundo os padrões de Deus.
Então veja: para que o homem agrade a Deus e seja salvo ele precisa arrepender-se, ter fé, ser santo.
Como poderíamos fazer todas estas coisas, ou ter estas atitudes espirituais, se estávamos espiritualmente mortos? Não poderíamos.
Por isto, Deus que nos escolheu para sermos salvos, também escolheu nos conceder estas condições da alma que nos tornam agradáveis a ele.
Em nosso texto básico nós lemos que esta santificação que Deus exige de nós, e que nós, por natureza não podemos criar, nem desenvolver, Deus mesmo a realiza em nós mediante a obra de seu Espírito.
Ele é quem nos torna santos, tal como ele deseja que sejamos.
Primeiro, ele nos santifica através da morte de Jesus para nos purificar dos nossos pecados
Hb 10:10
Nessa vontade é que temos sido santificados, mediante a oferta do corpo de Jesus Cristo, uma vez por todas
Depois, ele continua esta obra em nós por meio da Palavra da verdade, pois Jesus disse:
Santifica-os na verdade, a tua Palavra é a verdade[5]
Também nos santifica através de nossa comunhão diária com ele, pois como está escrito:
Todos nós, com o rosto descoberto, somos transformados, de glória em glória, na imagem do Senhor, pelo Espírito...[6]
 Da mesma forma, ele é que concede a nós, pelo seu Espírito através da sua Palavra, o dom da fé.
Assim como lá no início da criação, em meio ao caos e as trevas ele disse, “Haja luz”, e houve luz, agora também por meio da Palavra da verdade no Evangelho ele fez resplandecer a luz de sua salvação em nossos corações.
E assim, como ele diz em outro lugar,
A fé vem pelo ouvir, e ouvir a Palavra de Cristo[7]
Vamos concluir este ponto lendo Ef 2:8, 9
Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus; não de obras, para que ninguém se glorie
O Senhor Deus, por sua maravilhosa graça que nos escolheu para a salvação, também concede a nós aquelas disposições interiores que lhe são agradáveis para que alcancemos esta salvação que nos é dada: ele nos santifica e nos concede a fé.
Pense na grandeza do poder, da sabedoria e do amor de Deus por você: antes de criar o universo, Deus, “olhando através da história”, conheceu você, amou você e escolheu você para a vida eterna.
Antes que houvesse história, Deus determinou que Jesus viria e daria a sua vida na cruz, para purificar você dos seus pecados, e te santificar, e dar fé, e transformar sua vida de pecador numa vida agradável a ele.
Irmãos, a altura, a profundidade, a largura, tanto da sabedoria, como do conhecimento, como do amor de Deus por nós, são coisas que jamais poderiam ser imaginadas pelo coração humano, mas em nossas almas, nós, os crentes sabemos que é de fato assim, pois Deus nos tem revelado estas coisas pelo seu Espírito.
Se nós as entendemos, se nelas cremos, vejamos de que maneira esta revelação afeta a nossa vida presente...
3. O que esta doutrina deve despertar em cada um de nós?
As consequências são muitas, mas vamos apenas destacar as que são mencionadas aqui:
3.1. Consideremos os que cremos em Jesus Cristo, que temos fé naquele que é o caminho, a verdade e a vida.
3.1.1. Primeiro, ela desperta em nós uma atitude de gratidão e louvor a Deus, tanto pela nossa salvação quanto a de outros.
Em nosso texto vemos o apóstolo Paulo dando graças a Deus por ter escolhido os seus leitores, crentes, para esta salvação eterna.
A gratidão desperta o louvor, o amor, a admiração, a obediência, adoração, a submissão à sua vontade.
3.1.2. Além disto, deve despertar em nós um forte senso de destino
No v. 14 Paulo diz que o clímax da nossa salvação é alcançarmos a glória de nosso Senhor Jesus Cristo.
Se formos escolhidos antes de o mundo ser criado, se somos destinados à glória eterna, então isto nos dá, na vida presente, uma firme certeza de nossa salvação.
Nada poderá nos separar do amor de Deus, pois somos herdeiros de uma salvação que já começou em nossa vida presente pela santificação do Espírito e fé na verdade.
Ora, se nosso coração está persuadido destas coisas, nossa vida agora deve se traduzir num comportamento que reflita esta santidade e fé em Jesus.
Pureza e confiança em Deus. Amor para com sua Palavra, amor para com sua igreja, a igreja dos amados de Deus. Amor para com os de fora, na esperança de que a mesma graça que nos alcançou alcance a muitos mais.
3.1.3. Se temos este forte senso de destino, isto então nos faz fortes e firmes na fé.
Nos v. 15 Paulo nos encoraja, diante disto, a não nos desviarmos, a não esmorecermos, mas a permanecermos firmes em tudo aquilo que temos sido ensinados na verdade de Deus
3.1.4. Por último, consolação e esperança diante das adversidades que temos de enfrentar
Quando Paulo escreveu esta carta os crentes de Tessalônica estavam sendo perseguidos por causa de sua fé.
Além disto havia os falsos cristãos, com falsas doutrinas que muito os perturbavam, dizendo que não haveria realmente uma vinda literal, física de Jesus, mas que o Dia do Senhor já havia chegado, espiritualmente, e era tudo o que deveriam esperar.[8]
Assim como, meus irmãos, podemos observar em todo o tempo que a igreja está aqui, aguardando o Dia do Senhor: angústias e perseguições da parte daqueles que não tem esta fé.
Aliás, por todo o mundo estamos vendo o crescimento da hostilidade para com os crentes em Jesus, seja na forma de violentas perseguições, seja na forma de afrontas, blasfêmias contra nossa fé, contra o bom nome de cristão, seja contra a nossa amada Bíblia.
E isto não nos surpreende porque odeiam a Jesus e a mensagem da cruz.
vs. 16 e 17 – O Deus que nos ama, que nos escolheu, que nos santificou e deu fé, é também o Deus que nos dá uma consolação eterna diante das tribulações, das dificuldades, dos conflitos pelos quais passamos antes de alcançarmos a glória eterna.
Somos consolados por Deus, sabendo que a nossa redenção se aproxima.
3.2. E se houver alguém em nosso meio que não sabe se é escolhido de Deus ou não?
Então você pode estar com duas atitudes no coração
3.2.1. Uma delas é desprezo para com estas coisa que eu falei
E se você está desprezando o que foi dito aqui, veja, você não é a primeira pessoa que faz isto.
Nos vs. 10-12 deste mesmo capítulo Paulo fala sobre pessoas que não acolhem o amor da verdade para serem salvos, e então Deus os leva a acreditarem na mentira, a se deleitarem na iniquidade e assim à perdição.
Cuidado - você está desprezando a Palavra de Deus, e isto é sinal de que você não ouve a Deus, de que está morto espiritualmente; então você está indo para o inferno.
Então o que você precisa fazer é mudar de atitude, orar, pedir que Deus tenha misericórdia de sua vida e lhe conceda arrependimento.
E talvez ele se compadeça de você.
3.2.2. Ou então você possa estar temeroso: “E se Deus não tiver me escolhido”?
Você percebeu que está vivendo errado, em pecados, sem fé, longe de Deus; e estas verdades estão incomodando seu coração.
Se estiverem incomodando, é bom sinal: é sinal de que o Espírito Santo está falando ao seu coração, chamando você para ser dele.
Então dê atenção a Deus, peça misericórdia a ele, busque a Deus de todo o seu coração, e ele lhe responderá, pois há uma promessa de Deus
Jr 29:13
Buscar-me-eis e me achareis quando me buscardes de todo o vosso coração.
Em meados de 1977 eu comecei a pensar em Deus, e especialmente ler a Bíblia, para conhecê-lo.
Um dia, numa classe de estudos, o pastor da igreja que eu frequentava estava expondo a doutrina evangélica, e entre outras coisas, a doutrina da eleição, e da morte de Jesus pelos eleitos de Deus.
Eu fiquei furioso, e discuti com o pastor: achava tudo muito insensato.
Mas depois não consegui dormir naquela noite: primeiro, porque eu não conseguia me desvencilhar da consciência de meus pecados, e minha incapacidade de me regenerar. Eu precisava que Deus me transformasse, ou nunca poderia ter comunhão com ele.
Em segundo lugar, comecei a pensar: mas se Deus é assim grandioso, onisciente, onipotente, se ele conhece o futuro, então ele já sabe quem será salvo ou não. E se ele sabe então tudo está determinado, e se tudo está determinado, então ele é quem determinou.
E se ele tiver determinado não me dar fé?
Então fiquei apavorado.
Sentei-me na cama e orei mais ou menos assim:
- “Senhor, agora percebo que aquilo que o pastor falou tem sentido, e é verdade. Eu não sei se o Senhor me escolheu. Mas sei de uma coisa: se não for a tua misericórdia eu estarei perdido. Então, se o Senhor não me escolheu, o Senhor pode até voltar no começou de tudo e me escolher. Por favor, me escolhe”.
E algum tempo depois eu percebi que se orei daquela maneira, era porque Deus, por sua graça, já havia me dado o dom da fé.
Se você não tem a certeza de sua salvação, busque a Deus, busque de todo o coração, e a promessa do Deus que não pode mentir, é que você o encontrará.




[2] 1º Rs 8:27
[3] Sl 8
[4] Sl 104
[5] Jo 17:17
[6] 2ª Co 3:17, 18
[7] Rm 10:17
[8] vs. 1-3
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