Achadas as tuas palavras, logo as comi; as tuas palavras me foram gozo e alegria para o coração, pois pelo teu nome sou chamado, ó SENHOR, Deus dos Exércitos. Jeremias 15:16

domingo, 26 de junho de 2016

Sê fiel até à morte - Ap 2:8-11

IPC de Pda. de Taipas
Domingo, 26 de junho de 2016
Pr. Plínio Fernandes
Ao anjo da igreja em Esmirna escreve: Estas coisas diz o primeiro e o último, que esteve morto e tornou a viver: 9 Conheço a tua tribulação, a tua pobreza (mas tu és rico) e a blasfêmia dos que a si mesmos se declaram judeus e não são, sendo, antes, sinagoga de Satanás.  10 Não temas as coisas que tens de sofrer. Eis que o diabo está para lançar em prisão alguns dentre vós, para serdes postos à prova, e tereis tribulação de dez dias. Sê fiel até à morte, e dar-te-ei a coroa da vida.  11 Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas: O vencedor de nenhum modo sofrerá dano da segunda morte.
   A carta de Jesus que temos diante dos nossos olhos foi dirigida a uma pequena e fiel igreja que ficava na cidade de Esmirna.
   Esta cidade existe até hoje, e seu nome atual é Izmir. Naqueles tempos era uma cidade muito bonita; quase poderíamos descrevê-la como uma “cidade maravilhosa”.
   Além de ser conhecida por suas belezas naturais, também o era por seu clima agradável, por sua arquitetura bem planejada, por seu amor à cultura.
   Os habitantes de Esmirna, em geral, eram prósperos, pois era uma cidade movida pelo comércio com muitas outras.
   Era uma cidade cantada pelos poetas e filósofos, pelas suas muitas excelências.
   Mas do ponto de vista espiritual, aquela cidade deslumbrante perdia toda a sua beleza aos olhos de Deus.
  Isto por ser também uma das mais famosas sedes de adoração aos deuses pagãos no mundo antigo; inclusive havia um templo de adoração ao imperador romano como “Senhor”.
   Assim, uma vez por ano, cada habitante de Esmirna deveria queimar incenso diante da imagem do imperador romano, e confessar em voz alta que “César é o Senhor”. Então receberia um certificado de que havia cumprido a sua obrigação com o césar e poderia desenvolver naturalmente os seus negócios rotineiros.
   Só havia uma exceção a essa obrigação: no caso dos judeus, que por sinal eram muito influentes ali. Eles estavam dispensados de confessar ao senhorio do césar, e liberados para adorar somente ao seu Deus.
  O que se tornou para os cristãos um problema muito sério, pois os judeus que ali viviam eram inimigos terríveis dos crentes em Jesus.
   Mas, não sabemos quando, surgiu uma igreja em Esmirna. E sob muitos aspectos, podemos dizer uma igreja “parecida com Jesus”.
  Ainda que fosse uma cidade rica, os cristãos, eram pobres. Certo comentarista diz que “num ambiente hostil seria difícil para o cristão ganhar a vida, e assim muitos eram necessitados economicamente. Eles podem ter sido vítimas da violência e do saque provocados pelos tumultos (cf. Hb 10.34)”.[1]
   Só que Jesus diz que embora eles fossem pobres, eram ricos; pois como escreve Tiago, “Deus escolheu os que para o mundo são pobres para serem ricos na fé, e herdeiros do reino prometido aos que o amam”.[2] Assim como Jesus, que sendo rico se fez pobre por amor de nós.[3]
   Além disto, desde cedo aqueles crentes tinham sido perseguidos ferozmente; muitas vezes eram caluniados; outras vezes presos.
   Não foi uma coisa que durou pouco tempo. Nós temos notícias de que sessenta anos mais tarde os crentes ainda eram perseguidos e mortos naquela cidade.
   No ano 155 um grupo de cristãos foi acusado e condenado pelos tribunais. O idoso bispo da igreja era um homem chamado Policarpo. O juiz insistiu com Policarpo, para que negasse sua fé adorando ao imperador.
   A resposta de Policarpo, depois de várias insistências do juiz continuava firme:
   – “Vivi oitenta e seis anos servindo a Cristo, e nenhum mal me fez. Como poderia eu maldizer ao meu rei, que me salvou?”
   Diante de toda a firmeza do bispo, o juíz ordenou que ele fosse queimado vivo.[4]
   Assim, aquela igreja fazia parte da longa e valorosa corrente de heróis que através de toda a história do povo de Deus têm selado o testemunho de sua fé com a própria vida.
   Aliás, meus irmãos, escrevendo seu discípulo Timóteo, o apóstolo Paulo diz que, de uma forma ou de outra, sofrer por amor a Jesus é o destino de todo o verdadeiro cristão:
   2ª Tm 3:12
Ora, todos quantos querem viver piedosamente em Cristo Jesus serão perseguidos.
   De um modo ou de outro, todos os verdadeiros crentes passam pelos mesmos tipos de dificuldade que vemos na igreja de Esmirna.
   Mas vemos também o encorajamento de Jesus: –“Sê fiel até à morte, e dar-te-ei a coroa da vida”.
   – “Não temas as coisas que tens de sofrer; não temas mesmo diante da morte... pois quem está falando é aquele que esteve morto, mas venceu a morte e tornou a viver...”
   – “Mesmo que esteja sendo perseguido, mesmo que atribulado, seja fiel”.
   – “Seja fiel apesar de tudo”.
   – “Seja fiel até à morte e eu lhe darei a coroa da vida”.
  Eu desejo tomar o que aconteceu com esta igreja como ilustração de certas verdades que nos ajudam a permanecer fiéis diante de todas as nossas tribulações como crentes.
  Como você pode permanecer fiel a Jesus diante de um mundo hostil?

  1. Saiba que toda a tribulação que você tem como filho de Deus provém de Satanás – vs. 9, 10

Conheço a tua tribulação, a tua pobreza (mas tu és rico) e a blasfêmia dos que a si mesmos se declaram judeus e não são, sendo, antes, sinagoga de Satanás.  10 Não temas as coisas que tens de sofrer. Eis que o diabo está para lançar em prisão alguns dentre vós, para serdes postos à prova, e tereis tribulação de dez dias.
  O diabo, diz o v. 10, lançaria alguns deles na prisão. O próprio apóstolo João estava preso por causa de sua fé em Jesus.
  Agora, vocês sabem, meus irmãos, o diabo, um ser espiritual, ele não toma, literalmente, alguém pelo braço e o conduz coercivamente. O diabo prenderia alguns dos cristãos através das autoridades a serviço do imperador romano.
  No v. 10, ele descreve alguns inimigos dos crentes como gente que a si mesmo se declarava judia, povo que adorava a Deus, descendente de Abraão, mas que na realidade era sinagoga de Satanás.
  O que ele está dizendo é que, por trás de seres humanos que por vezes se erguem a lutar contra os crentes em Jesus, estão as forças espirituais do mal.
  Isto me faz lembrar daquele texto em que Paulo nos ensina sobre nossa luta contra o mal.
  Ef 6:11, 12
Revesti-vos de toda a armadura de Deus, para poderdes ficar firmes contra as ciladas do diabo; 12 porque a nossa luta não é contra o sangue e a carne, e sim contra os principados e potestades, contra os dominadores deste mundo tenebroso, contra as forças espirituais do mal, nas regiões celestes.
  Veja, quando existe alguém perseguindo você, maltratando falando mal, zombando, mentindo a seu respeito, ou de alguma forma prejudicando você por causa de sua consciência para com Deus, não pense nesta pessoa como sendo o seu inimigo exato. É que por trás de toda a maldade humana contra o crente em Jesus está “o dedo de Satanás”.
  Isto me faz pensar também numa história bem conhecida de todos nós: a história de Jó.
  No caso de Jó, não havia, pelo menos nas primeiras provações, seres humanos lutando contra ele por causa de sua fé: inimigos vieram, mataram alguns dos seus servos e roubaram parte do seu gado; outros de seus servos e bens foram consumidos por raios; a casa em que seus filhos estavam foi atingida por um vento tempestuoso, ruiu e morreram todos. Todas estas coisas acontecendo rapidamente. Depois Jó ficou doente e passou a ser acusado de pecado pelos seus melhores amigos.
  Mas tudo isto era obra do diabo, e feita com tanta astúcia que Jó não percebia; até mesmo pensava que Deus estivesse irado contra ele.
  E ficava se perguntando: – “Por quê? Qual foi o pecado que eu cometi? Não entendo...”
  Estou pensando num irmão que eu conheço; um homem que passou coisas semelhantes a estas. Não que se considerasse tão justo quanto Jó. Mas um homem que só se apoia na graça de Deus para sua justificação, e que deseja em tudo apenas honrar o nome do Senhor.
  Quando acusado a ponto de sucumbir diante das adversidades, ficou se perguntando: – “Porque Deus está tão irado comigo, se eu nunca confiei em mim mesmo, se nunca me achei justo em mim mesmo, mas dependo somente da sua graça e bondade?”
  Até que um dia o Senhor falou ao seu coração e lhe mostrou: o acusador, o perseguidor, o tentador, é Satanás.
  Ora, meu irmão, se Satanás está contra você, anime-se, porque isto é bom sinal.
  É sinal de que assim como ele odeia o Senhor Jesus, odeia também a você por causa do seu amor a Jesus.
  É sinal também de que você faz parte de uma longa linhagem de pessoas que, desde Abel, no começo da história, têm selado o testemunho de sua fé em meio a sofrimentos, e por vezes até mesmo com a própria vida .
  Isto nos leva a perguntar:  “Mas, se o Se Senhor Jesus tem toda a autoridade nos céus e na terra, porque ele simplesmente não destrói todos os poderes do inferno de uma vez por todas? Porque ele permite que os sofrimentos de sua igreja se prolonguem, a ponto de os seus escolhidos chorarem quase que a ponto de desfalecer? Porque ele permite que tantos sejam torturados, escarnecidos, maltratados, humilhados e mortos? Porque permite o diabo correndo solto?”
  Quanto a isto, irmãos, este livro maravilhoso nos dá duas respostas:
  A primeira, é que Jesus fará isto. Em breve ele voltará para julgar o mundo e redimir sua igreja de uma vez por todas. O diabo e seus anjos, e todos os que o servem, serão lançados no lago de fogo.
  Mas a segunda resposta é que, enquanto Jesus não volta pessoalmente para arrebatar sua igreja, ela não está sozinha.
  Por isto...

  2. Saiba que nas tribulações Jesus está com você

  Primeiro, isto fica evidente no que ele diz no v. 9 – “Conheço a tua tribulação, a tua pobreza; conheço também os que falam contra você”.
  Há um sentido em que Jesus conhece estas tribulações porque ele mesmo já sofreu estas coisas quando esteve presente entre nós, “nos dias de sua carne”.[5]
  Há um sentido em que ele conhece a tua tribulação, irmão, porque ele sabe tudo o que acontece; como Pedro reconheceu e confessou a Jesus: – “Senhor, tu sabes todas as coisas”. [6] Jesus diz aqui no v. 10 que sabia até mesmo as tribulações que ainda viriam sobre alguns da igreja.
  Mas Jesus também sabe todas as coisas porque ele é o mesmo que diz aqui no v. 1 deste mesmo capítulo: – “Eu sou aquele que anda no meio das igrejas, e que tem os seus servos seguros em sua mão direita”.
  E posso acrescentar aquilo que ele também diz no profeta Isaías, a respeito de seus escolhidos.
  Is 43:1-4
Mas agora, assim diz o SENHOR, que te criou, ó Jacó, e que te formou, ó Israel: Não temas, porque eu te remi; chamei-te pelo teu nome, tu és meu.  2 Quando passares pelas águas, eu serei contigo; quando, pelos rios, eles não te submergirão; quando passares pelo fogo, não te queimarás, nem a chama arderá em ti.  3 Porque eu sou o SENHOR, teu Deus, o Santo de Israel, o teu Salvador; dei o Egito por teu resgate e a Etiópia e Sebá, por ti.  4 Visto que foste precioso aos meus olhos, digno de honra, e eu te amei, darei homens por ti e os povos, pela tua vida.
  Assim, meu irmão, que quando você está sendo atacado por Satanás, não está passando sozinho pelas tribulações. Jesus está com você.
  E quando alguém é usado por Satanás para atribular a tua vida, é contra Jesus que ele está lutando.
  Foi por isto que quando Saulo estava viajando para Damasco, a fim de prender os crentes, o Senhor lhe apareceu em glória, e perguntou: – “Saulo, Saulo, porque me persegues?”
  Por último...

  3. Nas tribulações, saiba também que haverá uma recompensa para os que permanecem fieis a Jesus

  Nos vs. 10 e 11, há uma promessa positiva, e uma negativa, de recompensa.
  No v. 11, a promessa diz que o vencedor de nenhum modo sofrerá o dano da segunda morte.
  Esta expressão, “segunda morte” volta em outros três lugares em Apocalipse. Eu quero citar a última delas, para que saibamos o que significa a segunda morte.[7]
  Ap 21:8
Quanto, porém, aos covardes, aos incrédulos, aos abomináveis, aos assassinos, aos impuros, aos feiticeiros, aos idólatras e a todos os mentirosos, a parte que lhes cabe será no lago que arde com fogo e enxofre, a saber, a segunda morte.
  A segunda morte é o castigo eterno. Mas ela não é para os fiéis. É para todos aqueles que insistiram em viver conforme aqui descrito, em caminhos longe do Senhor e de sua santa lei.
  –  “Seja fiel até o fim. Seja fiel, mesmo que para isto você tenha que morrer. Se você morrer por minha causa, saiba de uma coisa, eu também morri, mas venci a morte ressuscitei.”
  – “E como eu estou com você, você vencerá também. A segunda morte não terá autoridade sobre você; ao contrário, você receberá a coroa da vida.”
  Em Tiago nós lemos quase que as mesmas palavras.
  Tg 1:12
Bem-aventurado o homem que suporta, com perseverança, a provação; porque, depois de ter sido aprovado, receberá a coroa da vida, a qual o Senhor prometeu aos que o amam.

  Conclusão e aplicação

  Eu desejo concluir, irmãos, trazendo à nossa lembrança o testemunho de um homem que foi fiel até à morte; ele nos deu testemunho não só de sua fidelidade, mas também da fidelidade do Senhor.
  At 7:54-8:1
Ouvindo eles isto, enfureciam-se no seu coração e rilhavam os dentes contra ele.  55 Mas Estevão, cheio do Espírito Santo, fitou os olhos no céu e viu a glória de Deus e Jesus, que estava à sua direita, 56 e disse: Eis que vejo os céus abertos e o Filho do Homem, em pé à destra de Deus.  57 Eles, porém, clamando em alta voz, taparam os ouvidos e, unânimes, arremeteram contra ele.  58 E, lançando-o fora da cidade, o apedrejaram. As testemunhas deixaram suas vestes aos pés de um jovem chamado Saulo.  59 E apedrejavam Estevão, que invocava e dizia: Senhor Jesus, recebe o meu espírito!  60 Então, ajoelhando-se, clamou em alta voz: Senhor, não lhes imputes este pecado! Com estas palavras, adormeceu.  8:1 E Saulo consentia na sua morte.
  Estevão, um dos diáconos da igreja em Jerusalém, estava diante do Sinédrio, um grupo composto por 71 pelas pessoas mais importantes, e que representavam a autoridade religiosa máxima entre os judeus. Entre estas pessoas do Sinédrio estava Saulo, o perseguidor da igreja.
  Estevão tinha sido levado ali, acusado por causa de sua fé. E teve a coragem de anunciar a Jesus, e confrontar os membros do Sinédrio com o seus pecados.
  Então eles ficaram enfurecidos. Levaram o servo de Deus para fora da cidade e apredejaram-no até à morte.
  Mas Estevão não estava sozinho. Ele via o céu aberto, e Jesus à direita de Deus, em pé, para recebê-lo na casa do Pai.
  E orou por aqueles que o apedrejavam, enquanto entregava o seu próprio espírito ao Senhor.
  Sabem o que aconteceu com Saulo, o homem que ficou tomando conta das roupas dos assassinos de Estevão?
  Algum tempo depois, como que em resposta à oração deste fiel, o Senhor Jesus também lhe apareceu.
  – Saulo, Saulo, porque me persegues?
  – Quem és tu, Senhor?
  – Eu sou Jesus, a quem persegues...
  E Saulo foi convertido a Jesus.[8] Tempos depois, adotou o nome de Paulo. É um dos maiores pregadores do Evangelho, em toda a história. Escreveu metade do Novo Testamento.
  No momento da morte de Estevão, Jesus ouviu sua oração; e também o recebeu no céu.
  Amados, eu desejo fazer três aplicações desta Palavra para nós

  1. Em relação a você:

  Examine sua vida. Você tem sido fiel ao Senhor Jesus? Tem dado um testemunho como crente nos lugares do mundo em que o Senhor te colocado? Se tem sido assim, saiba que o Senhor está com você, e o galardão o aguarda.
  Não desanime diante das tribulações. Não desista diante das acusações. Não esmoreça diante dos sofrimentos. Ao contrário, anime-se. Você é filho de Deus. Irmão de Jesus. Se com ele sofrer, com ele será glorificado.[9]
  Ou tem tido medo das consequências de sua fé? Se tem tido medo, se tem se acovardado, pare com isto. Pois Jesus diz que se o diabo estiver contra você, é sinal de que você está do lado certo. Então Jesus estará com você, e a recompensa por sua fidelidade será eterna. Assim, se você não tem sido fiel, arrependa-se, peça perdão a Deus, e mude de vida.

  2. Em relação à igreja sofredora

  Irmãos, enquanto adoramos a Deus nesta hora, no abrigo de nossa liberdade religiosa, em muitos lugares do mundo, hoje mesmo, irmãos nossos estão sendo perseguidos.
  Em países de regime religioso e/ou político fechados; em lugares tomados pelo ateísmo, pela incredulidade.
  Não nos esqueçamos dos encarcerados, como se nós mesmos estivéssemos com eles. Pois são membros do nosso corpo, o corpo de Cristo. Soframos com eles, oremos por eles.
  E se Deus nos der oportunidade de ajudá-los de alguma outra forma, não sejamos omissos. Por exemplo, procure os sites de missões em favor da igreja perseguida. Ali você pode saber mais sobre as necessidades dos nossos irmãos.[10]

  3. Em relação aos perseguidores da igreja

  A parte que lhes cabe será dada por Jesus. Mas a nós não cabe procurar a morte de ninguém. Antes, assim como Estevão, oremos pelos que perseguem a igreja. Jesus é poderoso para mudar até mesmo o coração de homens como Saulo.

  4. Em relação à nossa pátria

  Oremos por nossa pátria, a fim de que tenhamos vida mansa e tranquila, servindo a Deus com liberdade.[11]

___________________________
[1] Mounce, citado por Osborne, Grant R. Apocalipse: Comentário exegético. São Paulo: Vida Nova, 2014, pág. 143, 144.
[2] Tg 2:5
[3] 2ª Co 8:9
[4] Gonzales, Justo L. Uma história ilustrada do Cristianismo, vol. 1; A era dos mártires. São Paulo: Vida Nova. 1980. Págs. 69-73
[5] Hb 5:7
[6] Jo 21:17
[7] As outras duas são Ap 20:6 e 20:14
[8] At 9:1-20
[9] Rm 8:17
[10] Hb 13:3; 2ª Ts 3:1
[11] 1ª Tm 2:1

domingo, 19 de junho de 2016

O primeiro amor - Ap 2:1-7


  IPC de Pda. de taipas
  Domingo, 19 de junho de 2016
  Pr. Plínio Fernandes
  Amados irmãos, vamos ler Apocalipse 2:1-7
Ao anjo da igreja em Éfeso escreve: Estas coisas diz aquele que conserva na mão direita as sete estrelas e que anda no meio dos sete candeeiros de ouro: 2 Conheço as tuas obras, tanto o teu labor como a tua perseverança, e que não podes suportar homens maus, e que puseste à prova os que a si mesmos se declaram apóstolos e não são, e os achaste mentirosos; 3 e tens perseverança, e suportaste provas por causa do meu nome, e não te deixaste esmorecer.  4 Tenho, porém, contra ti que abandonaste o teu primeiro amor.  5 Lembra-te, pois, de onde caíste, arrepende-te e volta à prática das primeiras obras; e, se não, venho a ti e moverei do seu lugar o teu candeeiro, caso não te arrependas.  6 Tens, contudo, a teu favor que odeias as obras dos nicolaítas, as quais eu também odeio.  7 Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas: Ao vencedor, dar-lhe-ei que se alimente da árvore da vida que se encontra no paraíso de Deus.
  No v. 7, o Espírito Santo faz uma promessa aos que ouvem a sua Palavra e a obedecem:
Ao vencedor, dar-lhe-ei que se alimente da árvore da vida que se encontra no paraíso de Deus.
  Mais tarde, este mesmo livro irá descrever o paraíso:
  É a cidade santa, a nova Jerusalém que desce do céu, da parte de Deus, bonita como uma noiva adornada para o seu esposo. 
  É o tabernáculo de Deus com os homens. Ali, Deus habitará com eles. Eles serão povos de Deus, e Deus mesmo estará com eles.  E lhes enxugará dos olhos toda lágrima, e a morte já não existirá, já não haverá luto, nem pranto, nem dor, porque as primeiras coisas passaram. 
  O vencedor herdará estas coisas, e será filho de Deus.
  Por isto, no paraíso não entrarão os que têm vergonha do evangelho, não entrarão os incrédulos, os abomináveis, os assassinos, aos impuros, os feiticeiros, os idólatras e os mentirosos.
  O paraíso tem o brilho da glória de Deus, como se você estivesse andando em meio a pedras preciosas reluzentes e cristalinas.
  Neste lugar não existem santuários, porque o seu santuário é o Senhor, o Deus Todo-Poderoso, e o Senhor Jesus. 
  Ele diz que nesta nova Jerusalém existe um rio, o rio da água da vida, brilhante como cristal, que sai do trono de Deus e do Cordeiro.  No meio da sua praça, de uma e outra margem do rio, está a árvore da vida, que produz doze frutos, dando o seu fruto de mês em mês, e as folhas da árvore são para a cura dos povos.
  Bem-aventurados aqueles que lavam as suas vestiduras no sangue do Cordeiro, para que lhes assista o direito à árvore da vida, e entrem na cidade pelas portas. [1]
  Você quer herdar estas coisas? Quer entrar na cidade santa, o paraíso de Deus?
  Para isto você precisa vencer. Mas vencer o quê?
  Quando o Senhor Jesus ordenou que João escrevesse estas coisas, elas foram primeiramente endereçadas a uma igreja muito forte, que existia na cidade de Éfeso, na Ásia menor.
  Era uma igreja de excelentes qualidades:
  Primeiro, tinha sido muito bem instruída doutrinariamente: o apóstolo Paulo, Timóteo, e o próprio apóstolo João, haviam servido a Deus naquela igreja, e por muito tempo.[2]
  E tinha sido não somente instruída acerca de “todo o desígnio de Deus”, mas também alertada sobre os falsos apóstolos e mestres, que como lobos devoradores interessados apenas em seu próprio lucro, apareceriam com o tempo, e poderiam desviar o povo do Senhor.[3]
  Tinham sido instruídos no sentido de que viriam provações, perseguições e tentações, mas que deveriam perseverar, “aguentar firmes”.
  E assim eles eram: perseverantes, trabalhadores, fiéis à doutrina; não suportavam falsos mestres e falsos ensinos.
  Havia especialmente um grupo, os nicolaítas, uma seita cujo ensino era uma afronta ao evangelho, e que estava prejudicando várias igrejas. Jesus odiava esta doutrina. E os efésios também odiavam.
  Tudo isto era muito bom. Mas havia um problema.
v. 4 – Tenho, porém, contra ti que abandonaste o teu primeiro amor.
  “Primeiro”, no sentido de “aquele amor que você tinha no início”, aquele entusiasmo, aquela devoção, mas que com o tempo foi se esfriando.
  Existem pessoas que passam por muitas dificuldades, muitas tentações, muitas decepções, mas cujo amor permanece. Paulo foi um homem assim. Quanto mais o tempo passou, mas o seu amor cresceu, se aprofundou, se expandiu.
  Mas existem pessoas cujo amor esfria. Demas foi um homem que andou certo tempo na fé, mas depois o amor pelo mundo falou mais alto, e ele foi “curtir as coisas do mundo”.[4]
  E no caso da igreja de Éfeso, embora não tivessem voltado ao mundo, o amor deles havia esfriado.
  Irmãos, não era um problema sem importância. Porque de todos os mandamentos, o amor é o maior de todos. Quem não ama não obedece a Deus.[5]
  Se eu se tiver todo o conhecimento bíblico, se eu tiver todos os dons, se eu tiver uma fé imensa, e não tiver amor, nada disto me aproveitará.[6] Quem não ama não tem comunhão com Deus.[7]
  É através do amor que um verdadeiro discípulo de Jesus é conhecido. Quem não ama não glorifica a Deus.[8]
  Por isto Jesus disse que nestes tempos difíceis, em que o pecado se multiplica, o amor de muitas pessoas esfriará, mas aquele que perseverar até o fim será salvo.[9]
  Portanto, a vitória que Jesus está falando aqui em Apocalipse, vitória que você precisa ter se quiser comer da árvore da vida que se encontra no paraíso de Deus, é a vitória sobre a frieza. Você precisa manter o primeiro amor; ou, se tiver esfriado, voltar ao primeiro amor.
  Então veja que boa notícia: Jesus nos ensina não somente o que devemos fazer, mas também nos ensina como voltar ao primeiro amor.
v. 5 – Lembra-te, pois, de onde caíste, arrepende-te e volta à prática das primeiras obras...

1. Lembre-se do primeiro amor

  Para entendermos um pouco melhor, vamos voltar nossos olhos para um texto do profeta Jeremias.
  Jr 2:1-3
A mim me veio a palavra do SENHOR, dizendo: 2 Vai e clama aos ouvidos de Jerusalém: Assim diz o SENHOR: Lembro-me de ti, da tua afeição quando eras jovem, e do teu amor quando noiva, e de como me seguias no deserto, numa terra em que se não semeia.  3 Então, Israel era consagrado ao SENHOR e era as primícias da sua colheita; todos os que o devoraram se faziam culpados; o mal vinha sobre eles, diz o SENHOR.
  Neste texto existem muitas coisas importantíssimas.
  Por exemplo, o Senhor compara o seu relacionamento com a Igreja com o amor entre um homem e uma mulher. Ele é o marido, e Jerusalém, ou Israel, é a noiva. Assim como em Apocalipse.
  Outra coisa: se por um lado Israel esqueceu o seu primeiro amor, o Senhor não esqueceu. Ele não esquece nunca.
  Mas o que eu desejo destacar agora são as duas palavras que ele usa para descrever este amor: afeição e consagração.
  v. 2 – “Lembro-me de ti, da tua afeição quando eras jovem”: lembro-me do seu sentimento, do seu carinho, da sua devoção para comigo.
  v. 3 – Então, naqueles dias, “Israel era consagrado”, e andava com o Senhor mesmo no deserto, numa terra árida e inóspita.
  Amor é afeição e consagração. Nós temos muitos exemplos deste amor nas Escrituras.
  Um deles é o demonstrado por aquela mulher em Lucas 7.
  Nos vs. 36 a 50, nós temos aqui um relato, que na versão atualizada recebe este título: “A pecadora que ungiu os pés de Jesus”.
  Ele estava na casa de um fariseu chamado Simão, que o convidara para uma ceia.
  “E eis que uma mulher da cidade, pecadora, sabendo que ele estava à mesa na casa do fariseu, levou um vaso de alabastro com unguento; e, estando por detrás, aos seus pés, chorando, regava-os com suas lágrimas e os enxugava com os próprios cabelos; e beijava-lhe os pés e os ungia com o unguento.
  Ao ver isto, o fariseu que o convidara disse consigo mesmo: ‘Se este homem fosse um profeta, bem saberia quem e qual é a mulher que lhe tocou, porque ela é uma pecadora.’
  Então Jesus se dirigiu ao fariseu:
  – Simão, eu quero te dizer uma coisa.
  – Dize-a, Mestre. 
  – Certo homem tinha dois devedores: um lhe devia quinhentos denários, e o outro, cinquenta.  Não tendo nenhum dos dois com que pagar, perdoou-lhes a ambos. Qual deles, portanto, o amará mais? 
  Então Simão respondeu:
  – Suponho que aquele a quem mais perdoou.
  – Julgaste bem.
  E, voltando-se para a mulher, disse a Simão:
  – Vês esta mulher? Entrei em tua casa, e não me deste água para os pés; esta, porém, regou os meus pés com lágrimas e os enxugou com os seus cabelos.  Não me deste ósculo; ela, entretanto, desde que entrei não cessa de me beijar os pés.  Não me ungiste a cabeça com óleo, mas esta, com bálsamo, ungiu os meus pés.  Por isso, te digo: perdoados lhe são os seus muitos pecados, porque ela muito amou; mas aquele a quem pouco se perdoa, pouco ama. 
  Então, disse à mulher:
  – Perdoados são os teus pecados.  A tua fé te salvou; vai-te em paz”.
  No v. 47, Jesus descreve o comportamento desta mulher como amor. E no v. 49, ele chama de fé.     Pois como mais tarde diria o apóstolo Paulo, a fé age através do amor.[10]
  Mas veja o amor desta mulher. Ele se manifesta em devoção. As pessoas que ali estão, especialmente o “santo Simão” (santo por fora e imundo por dentro), estas pessoas podem julgar esta mulher, podem pensar e falar mal dela, mas ela não se importa. Tudo o que ela quer fazer é adorar a Jesus, mostrar gratidão, honrá-lo.
  Então ela toma um vaso de unguento, ajoelha-se, chora aos pés do Senhor. Com os próprios cabelos enxuga suas lágrimas dos pés do Senhor. E o cobre de beijos. E derrama o perfume nos pés do Senhor.
  Devoção. A isto o Senhor chama amor e fé.
  Porque ela era uma grande pecadora. E tinha sido totalmente perdoada.
  E aqui, irmãos, o segredo do amor: nós amamos, porque ele nos amou primeiro.[11]
  Quando temos consciência do grande amor de Deus por nós; quando temos consciência de como são grandes os nossos pecados, e quão grande é o perdão de Deus, então também é grande o nosso amor.
  Eu desejo citar outro exemplo de devoção ao Senhor. Está em Lucas 19:1-10.
  É a história da conversão de Zaqueu, o chefe dos cobradores de impostos da cidade de Jericó.
  Era um homem rico. Conhecido por ser um homem corrupto. E queria conhecer a Jesus.
  Um dia, o Senhor estava atravessando a cidade, acompanhado de uma multidão. Zaqueu era um homem de baixa estatura, e não conseguia chegar perto. Então ele se adiantou no caminho, subiu numa árvore e ficou esperando, para ver a Jesus quando ele passasse.
  Ao passar por ali, o Senhor olhou para cima, e disse: –“Zaqueu, desça depressa, porque hoje eu vou ficar na sua casa”.
  Ele desceu rápido, e recebeu a Jesus cheio de alegria.
  Agora vejamos o que aconteceu durante a ceia, na casa de Zaqueu.
vs. 8, 9 – Entrementes, Zaqueu se levantou e disse ao Senhor: Senhor, resolvo dar aos pobres a metade dos meus bens; e, se nalguma coisa tenho defraudado alguém, restituo quatro vezes mais.  9 Então, Jesus lhe disse: Hoje, houve salvação nesta casa, pois que também este é filho de Abraão.
  Veja o que é a fé que age através do amor. É abrir mão de dinheiro. É consertar as coisas erradas que fez. É pensar nos necessitados.
  Então Jesus responde: – “Hoje houve salvação nesta casa...”.
  E isto nos conduz a mais um aspecto do amor.
  Jo 21:16
Tornou a perguntar-lhe pela segunda vez: Simão, filho de João, tu me amas? Ele lhe respondeu: Sim, Senhor, tu sabes que te amo. Disse-lhe Jesus: Pastoreia as minhas ovelhas.
  Quem ama a Jesus também ama aos seus irmãos. Se alguém disser que ama a Deus, e não amar a seu irmão, está mentindo.[12]
  O que é o primeiro amor, então, meus irmãos?
  É afeição a Jesus, como a afeição que uma jovem tem pelo seu noivo. É devoção. Uma devoção que não se preocupa com o que os homens vão pensar, pois deseja agradar a Jesus.
  É uma devoção que se manifesta em carinho, dedicação, consagração dos bens, adoração, desejo, comunhão, no receber a Jesus no coração, na casa, na vida toda, no servir a ele com nossos bens, com nosso dinheiro, com nossos dons.
  E isto tudo se reflete no amor para com os amados de Jesus. Quem ama a Jesus ama também aos seus irmãos. Vê Jesus em seus irmãos. Tem para com seus irmãos a mesma afeição.
  Uma afeição que se manifesta em doação de si mesmo, de misericórdia diante das necessidades, de perdão diante dos pecados e fraquezas. De serviço e ajuda.
  Pois quem tem conhecido o amor de Deus torna-se um instrumento deste amor.
  E é uma afeição que não deve se esfriar; ao contrário, que deve crescer, tornar-se maior e mais profunda a cada dia.
  Se alguém quiser vencer a frieza, deve lembra-se de como é grande este amor.
  Mas a nossa tendência natural, irmãos, infelizmente, não é esta. Como disse o profeta Oséias, o nosso amor é como a névoa, é como a neblina da manhã que cedo se dissipa.[13]
  Por isto, o Espírito Santo também diz:

  2. Lembre-se de onde você caiu, e arrependa-se.

  Lembre-se do lugar mais alto em que você estava. Lembre-se do amor mais forte, mais intenso.
  Arrependimento, vocês se recordam, significa “mudar a maneira de pensar”; o que naturalmente muda os sentimentos, pois os nossos sentimentos sempre são resultado do que pensamos. O que muda também o comportamento, pois tal como imaginamos em nossa alma, assim nós nos comportamos.
  O que Jesus está dizendo aos efésios é que alguma coisa aconteceu que distorceu o pensamento deles, e esfriou o amor do coração.
  Talvez, em sua luta contra os erros, em seu santo ódio contra os falsos ensinos, seus corações aos poucos tenham se tornado insensíveis, até mesmo belicosos, amantes da polêmica, ríspidos e hostis.
  E deixaram de seguir o ensino de Paulo quando lhes escreveu dizendo: –“Sigam a verdade em amor e cresçam em tudo...”.[14]
  Então o Espírito diz: – “Mudem sua maneira errada de pensar”.
  Amados, há muitas coisas que podem esfriar nosso coração.
  Uma delas é apenas o próprio passar do tempo.
  Nossa natureza é assim. Nós não somos constantes. Nossos sentimentos, nossos pensamentos, nossas afeições naturais são fracas, pobres. Somos egoístas.
  Tendemos a esquecer o quanto Deus é bondoso para conosco. Tendemos a ser ingratos e maus.
  Por outro lado, as pessoas com quem convivemos também são como nós.
  E pecam contra nós. Algumas pecam muitas vezes. Outras pecam uma vez só, mas ferem-nos o suficiente.
  É possível que o seu amor se esfrie quando você sofre decepções, muitas vezes. Quando tem sempre que perdoar as pessoas pelas mesmas coisas.
  Quando é constantemente machucado.
  Quando abriga mágoas em seu coração.
  Quando olha para trás, e pensa em como as pessoas falharam com você, e o traíram.
  Quando você percebe que “as pessoas não mudam”.
  E começa a ficar cínico, e acha que “não vale a pena” amar. Então cria uma armadura, uma “capa de defesa” pra não ser ferido novamente.
  Também é possível que o amor esfrie pela contaminação, a influência do “espírito da época”.
  Outro dia eu vi um livro com este título: “Amor líquido”.[15] Nele o autor descreve nossos dias em que a fidelidade, a palavra dada, as alianças, os relacionamentos, não são permanentes. Tudo é tratado como mercadoria. Vivemos dias de grande esfriamento.
  O amor pode esfriar por causa de nossa própria tendência natural. Pode esfriar por causa dos pecados dos outros. Pode esfriar por causa do espírito dos tempos. Em suma, por causa da multiplicação da iniquidade.
  Mas veja: seja qual for a razão, é pecado. Não é para esfriar. Tendo Jesus amado os seus que estavam no mundo, amou-os até o fim.[16]
  – “Então”, diz o Senhor, “arrependa-se”.
  Volte a ser como era antes. Levante-se deste lugar em que você está caído.

  3. E volte à prática das primeiras obras.

  Volte à primeira consagração a Deus. Volte à primeira devoção, à primeira alegria, ao primeiro entusiasmo, à primeira dedicação.
  Lembre-se de como você queria testemunhar a todos, como você queria ganhar o mundo para Jesus.
  Lembre-se de como subia à casa do Senhor com alegria, de como buscava santidade, de como confessava e abandonava seus pecados, de como amava seus irmãos, de como contribuía, de como exercitava fé, como orava com fervor, e volte.
  Algumas noites atrás eu estava meditando sobre este assunto; alta madrugada, e enquanto orava e meditava, decidi dar uma olhadinha na internet, procurando algo da interpretação deste texto.
  Então me deparei com um artigo chamado “De volta ao primeiro amor”. Foi escrito por uma jovem crente. Não concordo com a teologia expressa por esta querida irmã, mas conheço esta experiência, este desejo sobre o qual ela escreve. E então vi também que ela estava falando, além de si mesma, do desejo de muitos crentes hoje em dia.
  Eu vou ler para vocês. Fiz alguns cortes, para me concentrar no principal. E cada um de vocês, veja se este não é também o desejo do seu coração.
  Ela escreveu assim:
Olhando para a inocência de uma criança, lembro-me do início da minha conversão. Fico imaginando onde teria ido parar aquele amor, aquele primeiro amor de uma criança que acaba de conhecer o seu pai. Um menino de 2, 3 e até 4 anos vê o seu pai como um herói. Tudo o que ele fala é verdade. Ele sabe de tudo, tem todas as respostas, não existem questionamentos. O filho confia, se entrega. Não há maldade, não há dúvidas, não há conhecimento suficiente que gere questionamentos...
Esse dias me peguei lembrando dos meus primeiros meses na igreja. Como eu amava o Senhor! Eu acreditava em tudo o que pastor falava e cumpria tudo. Queria ser como ele estava dizendo, queria andar como ele dizia que era certo...
Uma vez, o pastor disse que os demônios obedeciam à voz dos servos de Deus. Eu saí de lá louca para encontrar um demônio pela rua a fim de expulsá-los. Minha vizinha era super oprimida. Entrei em casa e as filhas dela de 8 e 10 anos foram me chamar dizendo que a mamãe estava passando mal. Cheguei lá, sozinha, sem conhecimento nenhum, sem ser batizada, com dois meses de convertida. A única coisa que eu sabia é que os demônios tinham que obedecer em nome de Jesus. E a palavra é verdade: eles saíram depois de muito relutar. Mas, saíram. Hoje, essa mulher é serva de Deus e eu era uma adolescente de 16 anos que tive que ir à casa dela várias vezes expulsar aqueles demônios apenas crendo em uma pregação que eu tinha ouvido.
O que eu quero mostrar com isso? Que conforme a gente cresce, se não vigiarmos, perdemos essa fé simples. Não tinha teologias, altos conhecimentos. Eu andava de acordo com o pouco que eu sabia. Onde foi parar aquela menina? Simples menina que amava a Deus de forma singela, que cria em tudo, que obedecia a tudo que pediam, que não duvidava. Que não sabia que existem várias pregações, várias formas de crer, várias denominações. Não conhecia as competições, os ídolos, as lideranças, as posições. Nada disso era importante. Eu só queria cantar: “pois pra te adorar foi que eu nasci, cumpra em mim o teu querer, faça o que está em TEU coração…”
O primeiro amor, esquecido, deixado de lado em troca de coisas que para Deus são tão pequenas. Quero saber onde está o caminho de volta à inocência. Será que eu posso abrir mão de tudo o que conheço para voltar a ser aquela menina que nem sabia por que Jesus era chamado de “Cordeiro de Deus”? Mas cria nele e queria viver inteiramente cada momento. Será que eu posso esquecer tudo que eu já vi no meio da igreja e ter de novo aquela visão de que tudo era amor e que todas as pessoas são verdadeiras? Como voltar ser aquela menina com 2 meses de conversão mas que chorava de joelhos só para conhecer um pouco mais, só para ouvir a voz daquele que tinha me resgatado. Ele me ouvia tanto. Coisas tão simples.
Uma vez eu estava na escola e me deu uma vontade de fumar junto com a minha antiga turma. Eu saí correndo da escola e fui para a igreja e lá fiquei até a reunião da noite. Eu estudava de manhã. Quando começou a reunião às 19:00h, a minha oração mais sincera, mais verdadeira foi: “Jesus me ajuda, eu não quero voltar pro mundo, eu não quero voltar pro mundo.” Na mesma hora, uma mulher saiu lá da frente e me abraçou e disse: “Filha amada, não temas. Eu te fortaleço nessa hora”. Esse tipo de coisa não aconteceu nem uma, nem duas vezes. Mas, infelizmente, eu cresci. Vivi coisas que não queria, vi situações que não deveria, conheci demais, estudei demais, me ensoberbeci demais. Quis ser muita coisa, quis aprender assuntos sem importância e deixei de lado o relacionamento simples, puro e ingênuo.
Deus, tu conheces o meu coração e o que eu quero é voltar a cantar aquela música com o mesmo sentimento que eu cantava há 11 anos atrás.[17]
  Você entende o sentimento desta jovem filha de Deus? Não é esta muitas vezes, a tua experiência?
  Sabem, meus irmãos, não entendo que para voltar ao primeiro amor tenhamos que nos tornar imaturos como nos primeiros dias.
  Não precisamos voltar a acreditar em tudo o que nos dizem, pois, “quando eu era menino, falava como menino, pensava como menino, sentia como menino; quando cheguei a ser homem, desisti das coisas próprias de menino”.[18]
  Mas temos mesmo que examinar tudo à luz das Escrituras.[19]
  Mas uma coisa é certa: crescimento no conhecimento, conhecimento de Deus, não deve nos tornar frios, e sim mais fervorosos de espírito. A cada ano que passa, o nosso amor deve permanecer, e aumentar.

  Conclusão e aplicação

  Eu desejo voltar à pergunta que fiz no início.
  Você quer comer da árvore da vida que se encontra no paraíso de Deus? Quer desfrutar das delícias eternas na nova Jerusalém?
  Então você precisa vencer. O vencedor herdará estas coisas.
  O que vence a amargura, a frieza, o ressentimento, o cinismo, a mentira. O que permanece no primeiro amor. Ou, se esfria, volta.
  Mas, se a nossa inclinação natural e as pressões da vida nos fazem cair, como podemos, de fato, nos lembrar de onde caímos, nos arrepender, voltar atrás e renovar nosso amor?
  Mais uma vez, a resposta está no amor que Deus tem por nós.
  Então voltemos ao v. 1:
Ao anjo da igreja em Éfeso escreve: Estas coisas diz aquele que conserva na mão direita as sete estrelas e que anda no meio dos sete candeeiros de ouro.
  Quem diz estas coisas é Jesus, o Cordeiro de Deus, o Alfa e o Ômega, o Senhor da vida e da morte, que nos ama, e a si mesmo se entregou pelos nossos pecados, que nos fez reino e sacerdotes.
  O Filho de Deus anda no meio dos sete candeeiros de ouro, isto é de suas igrejas. Ele segura em suas mãos as sete estrelas, os seus servos nas igrejas.
  Ele tem em suas mãos, e segura fortemente, todas as suas ovelhas, e da sua mão ninguém pode arrebatá-las.
  Você pode voltar ao primeiro amor porque Jesus está com você. Ele te segura pela mão e levanta de onde você caiu.
  Volte pra Jesus. Confesse seus pecados. Confesse sua frieza. Chore seus deslizes, suas infidelidades.
  E com o sustento de Jesus, volte ao seu primeiro amor.


[1] Ap 21 e 22
[2] At 19:10; 1ª Tm 1:3; F. F. Bruce in Novo Dicionário da Bíblia. São Paulo: Vida Nova, 1988. Vol. 2. Pág. 831. et. all.
[3] At 20:27-31
[4] 2ª Tm 4:10
[5] Mt 22:36-40
[6] 1ª Co 13:1-3
[7] Jo 14:21
[8] Jo 13:35
[9] Mt 24:12, 13
[10] Gl 5:6
[11] 1ª Jo 4:19
[12] 1ª Jo 4:20
[13] Os 6:4
[14] Ef 4:15
[15] BAUMAN, Zigmunt. São Paulo: Zahar, 2004.
[16] Jo 13:1
[17] Fonte : <https://deborabranquinho.wordpress.com/2007/05/15/33/>  Acessado em 18/06/16 às 12:00h.
[18] 1ª Co 13:11
[19] At 17:11
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