Achadas as tuas palavras, logo as comi; as tuas palavras me foram gozo e alegria para o coração, pois pelo teu nome sou chamado, ó SENHOR, Deus dos Exércitos. Jeremias 15:16

terça-feira, 11 de setembro de 2018

Eterna Aliança - Hb 13:20, 21


3ª IPC de Guarulhos
Domingo, 6 de setembro de 2018
Pr. Plínio Fernandes
Amados irmãos, vamos ler Hebreus cap. 13:20, 21
“Ora, o Deus da paz, que tornou a trazer dentre os mortos a Jesus, nosso Senhor, o grande Pastor das ovelhas, pelo sangue da eterna aliança, vos aperfeiçoe em todo o bem, para cumprirdes a sua vontade, operando em vós o que é agradável diante dele, por Jesus Cristo, a quem seja a glória para todo o sempre. Amém!”
O texto que acabamos de ler é uma oração do escritor sagrado em favor dos seus leitores.
Uma oração preciosa, que por vezes uso no final de nossos cultos, para invocar a bênção do Senhor sobre suas vidas.
Mas fundamentada sobre uma doutrina maravilhosa:  a revelação do plano eterno do Senhor para o seu povo escolhido.
Nela, somos lembrados que o nosso Deus é o Deus da paz.
Também lemos que este Deus da paz tornou a trazer dentre os mortos a Jesus, o nosso grande pastor.
Que maravilha: Jesus, nosso grande pastor, está vivo.
Também que o nosso pastor está vivo por causa do sangue da eterna aliança.
E também que este Deus da paz, ele é quem nos aperfeiçoa em todo o bem, para que possamos viver de modo agradável a ele, para cumprirmos sua vontade, através de Jesus Cristo, nosso pastor.
Quando nos detemos a observar estas bênçãos aqui mencionadas, que são nossas por causa de Jesus, percebemos que todas estão centralizadas nesta causa: o sangue da eterna aliança
Pelo sangue da eterna aliança, o Deus da paz tornou a trazer Jesus de entre os mortos.
Pelo sangue da eterna aliança, Jesus se tornou o nosso pastor.
Pelo sangue da eterna aliança, o Deus da paz nos aperfeiçoa em todo o bem.
Todas estas coisas acontecem porque existe uma aliança eterna, isto é, existe um acordo, um pacto, feito na eternidade e que permanece para sempre.
Então, para nossa meditação, nós nos deteremos nesta frase que descreve a razão de todas as bênçãos que vêm sobre nós como ovelhas do nosso grande pastor: o sangue da eterna aliança.
1. A primeira consideração que desejo fazer é esta: existe um pacto que foi feito na eternidade, ou, usando palavras do apóstolo Paulo para se referir à nossa salvação, é uma aliança feita “antes dos tempos eternos”[1]
Nós sabemos que uma aliança é um pacto, um acordo estabelecido entre pelo menos duas pessoas, através do qual elas se comprometem a fazer certas coisas.
1.1. Agora, se este pacto foi estabelecido na eternidade, isto nos leva a pensar nas pessoas que o fizeram.
Não pode ser um pacto entre homens, porque houve um dia em que nós fomos criados; nós não somos eternos.
Da mesma forma, os anjos foram também criados, e assim não pode ser um pacto feito entre eles.
Também não pode ser um pacto entre Deus e nós, nem entre Deus e os anjos, nem entre os anjos e nós.
Um pacto eterno só pode ser feito entre pessoas eternas, e isto aponta clara e diretamente para quem são as pessoas envolvidas neste pacto: aquelas pessoas que na Bíblia são descritas como eternas.
Quem são estas pessoas? A primeira pessoa que desejo mencionar é Deus, o Pai.
Veja o que diz, por exemplo, 1ª Tm 1.17
“Assim, ao Rei eterno, imortal, invisível, Deus único, honra e glória pelos séculos dos séculos. Amém!”
Aqui o apóstolo nos diz que o Deus invisível, o Deus que homem algum pode ver, isto é, Deus Pai, é eterno.
Em segundo lugar, a Bíblia também nos diz que Deus, o Filho, é eterno:
Hb 13.8 - Jesus Cristo, ontem e hoje, é o mesmo e o será para sempre.
E em terceiro lugar, uma referência também sobre o Espírito Santo:
Hb 9.14: “muito mais o sangue de Cristo, que, pelo Espírito eterno, a si mesmo se ofereceu sem mácula a Deus, purificará a nossa consciência de obras mortas, para servirmos ao Deus vivo!”
Se o pacto foi na eternidade, então só pode envolver estas pessoas eternas: as pessoas da Trindade Santa, o Pai, o Filho e o Espírito Santo.
1.2. Mas antes de considerarmos o que Deus Pai, Deus Filho e Deus Espírito Santo pactuaram, há uma segunda implicação que desejo considerar: se o pacto é eterno, isto aponta para a sua durabilidade.
O pacto eterno é pra sempre.
E se é para sempre, nada pode acontecer que possa abalar este pacto.
Veja: Jesus Cristo não muda. O seu pensamento não muda, o seu caráter não muda, a sua palavra não muda.
Deus, o Pai, não muda. O Espírito Santo não muda, não se altera. A Trindade Santa não muda de planos. O poder de Deus também não muda de maneira que não possa cumprir o que determinou
Nós, seres humanos, não podemos mudar o que Deus determinou, pois mesmo que o quiséssemos não temos poder, ou força para isto.
Os anjos, bons ou maus, não podem mudar os planos de Deus, pois mesmo que os maus queiram, não têm poder para resistir ou frustrar os propósitos do Senhor.
2. Vejamos agora do que trata o pacto feito entre o Pai, o Filho e o Espírito Santo
Em nosso texto básico está escrito que, pelo sangue da eterna aliança, Deus trouxe Jesus de volta de entre os mortos. Isto significa que a ressurreição de Jesus estava determinada nesta aliança.
Se a ressurreição de Jesus fazia parte do pacto entre as pessoas da Santíssima Trindade, fica implícito também que este pacto envolvia a morte de Jesus.
Isto também nos é ensinado na afirmação de que é um pacto feito através do sangue de Jesus.
E se envolvia a morte de Jesus, envolvia também a encarnação de Jesus.
Isto é, o Filho eterno do Deus eterno precisava se tornar um ser humano, como um de nós. Do contrário, apenas como um ser espiritual, não haveria como ele morrer.
Outra maravilhosa verdade mencionada aqui em Hb 13:20 é que graças a esta eterna aliança, Jesus se tornou o grande pastor das ovelhas.
Ora, tudo isto nos faz recordar o ensino de Jesus, especialmente naquela gloriosa passagem do evangelho de João, na qual ele se apresenta como nosso grande pastor:
Quero citar alguns versículos
Jo 10.11– “Eu sou o bom pastor. O bom pastor dá a vida pelas ovelhas..."
Jo 10:14,15 – Eu sou o bom pastor; conheço as minhas ovelhas, e elas me conhecem a mim, assim como o Pai me conhece a mim, e eu conheço o Pai; e dou a minha vida pelas ovelhas.”
Jesus é o pastor.
E o pastor mostra claramente a razão de sua morte que é dar a sua vida pelas ovelhas.
Mostra também quem são as suas ovelhas: não são todas as pessoas, mas aquelas que o conhecem, que ouvem a sua voz, que nele crêem, que lhe obedecem, que o seguem.
Noutros vs. do seu ensino aqui Jesus enfatiza bastante esta verdade:
Jo 10:4, 5 – “Depois de fazer sair todas as que lhe pertencem, vai adiante delas, e elas o seguem, porque lhe reconhecem a voz; mas de modo nenhum seguirão o estranho; antes, fugirão dele, porque não conhecem a voz dos estranhos.”
Agora Jo 10:26,27, onde ele descreve a incredulidade dos judeus que o confrontavam:
“Mas vós não credes, porque não sois das minhas ovelhas. As minhas ovelhas ouvem a minha voz; eu as conheço, e elas me seguem.”
Pelas suas ovelhas é que o bom pastor dá a sua vida. Não deu sua vida pelos que não são ovelhas.
Jo 10.17,18
“Por isso, o Pai me ama, porque eu dou a minha vida para a reassumir. Ninguém a tira de mim; pelo contrário, eu espontaneamente a dou. Tenho autoridade para a entregar e também para reavê-la. Este mandato recebi de meu Pai.”
Jesus e o Pai pactuaram que o Filho daria a sua vida pelas ovelhas, mas que a reassumiria, isto é, que ele voltaria à vida, não ficaria morto. Ele recebeu do Pai a autoridade para morrer e depois ressuscitar.
Jesus, neste contexto, mostra também qual o seu plano, ao dar sua vida e ressuscitar em favor de suas ovelhas.
Por meio de sua vinda elas teriam direção – Jo 10:1-5
Em verdade, em verdade vos digo: o que não entra pela porta no aprisco das ovelhas, mas sobe por outra parte, esse é ladrão e salteador. Aquele, porém, que entra pela porta, esse é o pastor das ovelhas. Para este o porteiro abre, as ovelhas ouvem a sua voz, ele chama pelo nome as suas próprias ovelhas e as conduz para fora. Depois de fazer sair todas as que lhe pertencem, vai adiante delas, e elas o seguem, porque lhe reconhecem a voz; mas de modo nenhum seguirão o estranho; antes, fugirão dele, porque não conhecem a voz dos estranhos.
Quanta maravilha nos é revelada nas palavras de Jesus.
Ele não entra pelos fundos. Ele entra pela porta, isto é, ele bate, fala ao coração das ovelhas.
As ovelhas ouvem, abrem a porta. Ouvem porque reconhecem a voz do pastor. Há daqueles que não ouvem, porque não são ovelhas.
Mas as ovelhas de Jesus, ao mesmo tempo que ouvem a voz dele, não reconhecem a voz dos estranhos, por isto não ficam desnorteadas, se devem seguir Jesus ou a algum outro. Elas sabem que Jesus é o pastor
Por meio de sua vida elas teriam vida.
Jo 10:27-30 – “As minhas ovelhas ouvem a minha voz; eu as conheço, e elas me seguem. Eu lhes dou a vida eterna; jamais perecerão, e ninguém as arrebatará da minha mão. Aquilo que meu Pai me deu é maior do que tudo; e da mão do Pai ninguém pode arrebatar. Eu e o Pai somos um.”
v. 30 - Eu e o Pai somos um: temos o mesmo propósito, o mesmo plano, o mesmo pensamento
O meu propósito: Para as minhas ovelhas, nós pactuamos dar-lhes a vida eterna, e jamais perecerão. O plano é eterno.
As minhas ovelhas estão em minhas mãos, e nas mãos de meu Pai, e de nossa mão ninguém as tira.
Ninguém: nem seres homens, nem anjos, nem principados, nem potestades.
Nada irá tirar minhas ovelhas de minhas mãos.
Um segundo propósito: reunir estas ovelhas num só rebanho.
Jo 10:16 – “Ainda tenho outras ovelhas, não deste aprisco; a mim me convém conduzi-las; elas ouvirão a minha voz; então, haverá um rebanho e um pastor.”
Há uma outra passagem que desejo considerar rapidamente:
Jo 17.6 – “Manifestei o teu nome aos homens que me deste do mundo. Eram teus, tu mos confiaste, e eles têm guardado a tua palavra.”
“Eram teus”, isto é, assim como todos os seres humanos pertencem a Deus, no sentido de que cada vida humana, mesmo dos que não crêem em Jesus, está nas mãos de Deus.
Destes homens, Deus escolheu aqueles aos quais ele daria ao seu Filho, isto é, os que receberiam a eterna salvação.
Agora, embora estejamos considerando todos estes aspectos do pacto feito entre o Pai e o Filho, não podemos de modo algum omitir a pessoa do Espírito Santo
Pois ele também está envolvido neste acordo:
Como diz Mt 1.18, Maria ficou grávida pela ação do Espírito
Aos 30 anos, quando Jesus iria iniciar seu ministério, o Espírito Santo se manifestou vindo sobre ele em forma corpórea, como se fosse uma pomba.[2]
Depois, o Espírito o conduziu ao deserto, quando estava sendo tentado e o fortaleceu.[3]
Jesus realizou milagres de cura, salvação, libertação, tudo pelo poder do Espírito.[4]
Tudo quanto Jesus fez para nossa redenção, desde sua encarnação, passando por seus ensinos, seus milagres, sua morte, sua ressurreição, tudo foi pelo poder do Espírito Santo.
E este mesmo Espírito é quem faz de uma pessoa uma pessoa uma ovelha de Jesus.
Jesus ensina que é o Espírito quem convence uma pessoa de que ela é pecadora, de que precisa se arrepender, por que o ser humano, por natureza própria, não crê em Jesus. Mas o Espírito Santo entra no coração, ilumina a mente, fala, convence ternamente de modo que os olhos da fé são abertos, os ouvidos surdos passam a ouvir, e o coração crê.
Depois este mesmo Espírito é a voz de Jesus a falar na Palavra, a falar à mente e ao coração, iluminando a Palavra escrita, para trazer crescimento, e tudo quanto faz de alguém uma ovelha de Jesus
Resumindo: do que trata a aliança eterna, feita entre o Pai, o Filho e o Espírito Santo? Trata da nossa redenção. Ela diz respeito a nós.
De acordo com esta aliança, Deus, por assim dizer, na eternidade, olhando para a história da humanidade, viu toda a raça humana caída no pecado, perdida.
E decidiu que iria escolher aqueles aos quais salvaria, que seriam dados a Jesus, o Filho.
Então eles pactuaram: no devido tempo, Jesus viria ao mundo; tornar-se-ia um ser humano, viveria entre nós e daria sua vida na cruz por aqueles a quem Deus lhe daria.
O Espírito Santo conduziria Jesus em tudo quanto ele fizesse, e também falaria aos eleitos de Deus, para que  tivessem seus corações iluminados e transformados.
Isto nos conduz à nossa ultima consideração.
3. Os resultados desta aliança em nossa vida
Sim, pois como vimos, esta aliança diz respeito a nós, é uma aliança por nossa causa.
Jo 6:37– “Todo aquele que o Pai me dá, esse virá a mim; e o que vem a mim, de modo nenhum o lançarei fora.”
Jesus é o teu pastor? Ou, de outro modo, e veja, isto é muito importante: você precisa examinar a tua alma, o teu coração. E você só pode saber se esta aliança eterna diz respeito a você se realmente a sua vida responder afirmativamente a esta realidade:
Jesus é o teu pastor? Você ouve a voz de Jesus? Você segue a Jesus? Você é uma ovelha de Jesus?
Você ouve sua voz, segue sua direção? Então você é ovelha dele.
Se não é, você precisa pedir para ele ser o teu pastor. Você precisa buscá-lo, de todo o teu ser, de toda a tua alma.
Mas a todos os que têm Jesus como seu pastor, todos os que são alcançados pela eterna aliança, há algumas consequências muito importantes, as quais quero mencionar, fazendo delas já implicações práticas para nossa vida.
3.1. O primeiro resultado que desejo destacar é: certeza quanto à vida eterna, segurança da nossa salvação.
A aliança que a Trindade Santa fez é no sentido de que, aqueles que ouvem a Jesus, que nele creem,  serão suas ovelhas eternamente.
Nada e ninguém nos separa dele.
Nossa salvação não é algo que podemos perder hoje ou amanhã, por que Deus Pai, Filho e Espírito Santo, eles é que determinaram nos salvar, o fazer de nós povo seu.
E assim o fizeram. Então temos a vida eterna.
3.2. O segundo resultado: “paz”.
Nosso Deus é Deus de paz. Nosso pastor é um pastor de paz. Ele é o príncipe da paz.
Em meio a todas as perturbações que nos cercam neste mundo atribulado, o sermos ovelhas de Jesus faz de nós gente que conhece a paz.
A paz com Deus.
A paz de Deus.
A paz na consciência.
A paz com os homens.
E daí podemos viver em paz uns com os outros.
Podemos viver reunidos num só rebanho, estou me referindo à comunhão que temos aqui, nesta igreja, como filhos de Deus, mas não somente isto: somos um só rebanho, um grande número de escolhidos de Deus, gente de todos os povos, de todas as culturas, de todas as “raças”, e idiomas, e denominações eclesiásticas, homens, mulheres, jovens, idosos, crianças, gente escolhida do Senhor desde a eternidade, e alcançada por ele nos tempos que ele mesmo determinou.
Tenha paz, viva em paz, transmita paz e promova a paz em Jesus, na sua casa, no seu trabalho, e onde você estiver, pois os pacificadores são chamados filhos de Deus.
3.3. Uma terceira implicação é crescimento espiritual experimental
Ele nos aperfeiçoa em todo o bem.
Ele opera em nós o que é agradável diante dele, para que cumpramos sua vontade.
Ele opera em nós todas as santas disposições de coração necessárias para que andemos em seus caminhos.
Veja, você pode não somente orar e receber pela fé o poder de Deus para uma vida de aperfeiçoamento na vontade de Deus, mas também viver de acordo com este poder.
Pelo poder de Deus agindo em você, você pode ser alegre e amorosamente santo. Pode ser uma pessoa amável, gentil e tratável. Pode ser uma pessoa desprendida de si mesma, altruísta, que vive para a glória de Deus e o bem dos homens.
Uma pessoa que adora a Deus em espírito e verdade, do jeito que o Pai procura, do jeito que deseja.



[1] 2ª Tm 1:9. Tt 1:2
[2] Mt 3:16
[3] Lc 4:1
[4] Lc 4:14, 18

Sonde o seu coração - Mc 2:1-12

3ª IPC de Guarulhos
Domingo, 2 de setembro de 2018
Pr. Plínio Fernandes

Amados irmãos, vamos ler no Evangelho de Marcos, o cap. 2:1-12.
Dias depois, entrou Jesus de novo em Cafarnaum, e logo correu que ele estava em casa.  2 Muitos afluíram para ali, tantos que nem mesmo junto à porta eles achavam lugar; e anunciava-lhes a palavra.  3 Alguns foram ter com ele, conduzindo um paralítico, levado por quatro homens.  4 E, não podendo aproximar-se dele, por causa da multidão, descobriram o eirado no ponto correspondente ao em que ele estava e, fazendo uma abertura, baixaram o leito em que jazia o doente.  5 Vendo-lhes a fé, Jesus disse ao paralítico: Filho, os teus pecados estão perdoados.  6 Mas alguns dos escribas estavam assentados ali e arrazoavam em seu coração: 7 Por que fala ele deste modo? Isto é blasfêmia! Quem pode perdoar pecados, senão um, que é Deus?  8 E Jesus, percebendo logo por seu espírito que eles assim arrazoavam, disse-lhes: Por que arrazoais sobre estas coisas em vosso coração?  9 Qual é mais fácil? Dizer ao paralítico: Estão perdoados os teus pecados, ou dizer: Levanta-te, toma o teu leito e anda?  10 Ora, para que saibais que o Filho do Homem tem sobre a terra autoridade para perdoar pecados -- disse ao paralítico: 11 Eu te mando: Levanta-te, toma o teu leito e vai para tua casa.  12 Então, ele se levantou e, no mesmo instante, tomando o leito, retirou-se à vista de todos, a ponto de se admirarem todos e darem glória a Deus, dizendo: Jamais vimos coisa assim!
Neste texto precioso nós temos, mais uma vez, a revelação do propósito de Deus ao enviar seu Filho ao mundo: a redenção do homem pecador.
Não é sem motivo que Marcos começa o seu livro (cap. 1:1) dizendo que tudo quanto irá escrever é evangelho, boa notícia.
Jesus estava de volta à sua residência, na cidade de Cafarnaum, depois de alguns dias fora, curando enfermos, libertando pessoas endemoniadas, pregando a mensagem do reino de Deus que havia chegado.
E quando souberam que ele agora estava em casa, muitas pessoas foram para lá, a fim de ouvir seus ensinamentos.
Mas a Bíblia nos conta aqui que, entre as pessoas que foram até à casa de Jesus, havia quatro homens, transportando um enfermo; um paralítico em sua pequena cama. Eles desejavam apresentá-lo a Jesus, a fim de que o Senhor o curasse.
Então imagine – a pequena residência estava cheia de gente. Também havia gente nas janelas, na porta, e gente do lado de fora; de maneira que para eles ficou muito difícil aproximar-se do Senhor.
Mas alguém teve uma ideia, e a colocaram em prática. Subiram em cima da casa, e fizeram uma abertura no teto, no lugar onde Jesus estava em baixo.
E por ali desceram o seu amigo enfermo.
Jesus não deu importância ao fato de que haviam entrado da maneira mais “anticonvencional” possível.
Mas ele viu a coisa mais importante, sem a qual é impossível alguém agradar a Deus.
O v. 5 diz:
Vendo-lhes a fé, Jesus disse ao paralítico: Filho, os teus pecados estão perdoados.
É evidente, meus irmãos, que eles se aproximaram de Jesus por causa da enfermidade deste homem.
E o texto não diz por que ele estava paralítico. Mas eu tenho duas razões para crer que esta enfermidade tinha uma razão espiritual.
Uma delas é que em João cap. 5 nós lemos sobre outro homem a quem Jesus cura de paralisia, e depois de curá-lo, Jesus ordena:
– Não peques mais, a fim de que não te aconteça uma coisa pior. [1]
Outra razão é que, antes de qualquer outra coisa, Jesus dá a este homem uma Palavra de perdão. Esta era a grande necessidade do enfermo.
Há alguns anos eu conheci uma senhora na cidade de Santa Bárbara, a quem aconteceu uma coisa muito perecida.
Ela me contou que tinha um problema de saúde que a obrigava a usar um colete havia muitos anos. O seu tórax e pescoço precisavam do colete para que pudesse ficar ereta. Eu já não me lembro do nome desta enfermidade.
Mas um dia ela ouviu a Palavra da Verdade, o Evangelho da nossa salvação. Ela creu e rendeu sua vida a Cristo. E conforme contou, sentiu-se imediatamente curada. Retirou o colete, e estava sã.
Os escribas, homens que conheciam muito as Escrituras do Antigo Testamento, começaram a murmurar em seus corações, dizendo pra si mesmos que Jesus estava blasfemando. Que somente Deus pode perdoar pecados.
Mas o Senhor, que leu os corações deles, respondeu então:
Que é mais fácil? Dizer para este homem que seus pecados estão perdoados, ou dizer: levante-se, tome o seu leito e ande?
Sendo assim para que vocês saibam que eu tenho autoridade para perdoar os pecados (enquanto se voltava ao paralítico), eu te mando: levante-se, tome o seu leito e ande.
E imediatamente o paralítico se viu curado. As pessoas que viram estas coisas acontecerem ficaram muito admiradas, e glorificaram a Deus, e diziam: – Nunca vimos nada assim!
Amados, aqui nós temos muita revelação a respeito do nosso Salvador, o Senhor Jesus.
Há uma coisa na qual os escribas estavam certos: somente Deus pode perdoar pecados.
Mas o que eles não conseguiam perceber é que Deus estava ali, encarnado em Cristo.
Quando Jesus refere-se a si mesmo como “Filho do homem”, está usando uma expressão várias vezes usada no Antigo Testamento em relação ao profeta Ezequiel, mas cuja principal referência aparece no profeta Daniel, designando um ser celestial que vindo a este mundo traria o reino de Deus à terra.
Um ser celestial a quem seria dado domínio, e glória, e o reino, para que os povos, nações e homens de todas as línguas o servissem; um seu domínio é domínio eterno, que não passará, e o seu reino jamais será destruído.[2]
O que aqueles olhos dos escribas, embaçados pelo orgulho, não conseguiam enxergar é que naquela pessoa humilde, porém cheia de autoridade que estava diante deles, a promessa do reino de Deus estava começando a se cumprir.
E por isto, porque Deus estava em Cristo, ele tinha, e tem poder para perdoar pecados.
Mas nós também aprendemos sobre a divindade de Cristo no fato de que ele sonda os corações, pesa o espírito de cada ser humano. Como disse Pedro a Jesus, noutra ocasião: – Senhor, tu sabes todas as coisas; tu sabes que eu te amo,[3] referindo-se ao fato de que Jesus conhece cada coração.
Ele sabia o que se passava nos corações dos escribas. Assim como conhece o que se passa na mente, no coração de cada um de vocês aqui, agora, no momento mesmo em que ouvem a pregação de sua Palavra.
E também vemos a divindade de Jesus se manifestando no fato de que ele ordena, e o paralítico é imediatamente curado, apenas pelo poder de sua Palavra. Pois aquele que fez os céus e a terra apenas pela Palavra do seu poder, é poderoso também para submeter todas as coisas que criou à sua própria vontade.
Diante disto, só podemos admirar a Jesus, crer nele, confiar nele, esperar nele, amá-lo, adorá-lo como nosso rei, nosso Deus e Salvador.
Pois nele há poder e perdão. Nele há redenção.
Mas o que desejo destacar nesta noite, amados, é a reação, ou melhor, as diferentes reações de três tipos de pessoas que vivenciaram este momento com Jesus.
Há uma cena em Forrest Gump que eu acho muito engraçada. Ele é um menininho pouco inteligente, e está conversando com uma menina que é a coisa mais linda que ele já viu na vida.
Então a certa altura, por causa das coisas meio sem sentido que ele diz, ela pergunta:
– Você é estúpido ou o quê?
E ele responde:
– Minha mãe diz que estúpido é quem faz estupidez.
Sim. Aquilo que nós dizemos, e aquilo que nós fazemos, revelam aquilo que somos por dento.
Por exemplo, se uma pessoa está sempre reclamando de tudo, murmurando. Isto revela que seu coração é ingrato, infeliz.
Se uma pessoa está sempre louvando a Deus, isto revela gratidão e felicidade, revela contentamento.
Pois, como diz a Escritura, cada ser humano, até mesmo uma criança, se dá a conhecer pelas suas ações, se o que faz é puro e reto.[4]
Assim também aqui nós vemos pelo menos três tipos de corações diferentes, pelo comportamento deles em relação a Jesus, e em relação uns aos outros.
1. Primeiramente, desejo destacar os corações insensíveis, que vemos nos escribas
Eles não dizem uma palavra, mas para aquele que sonda os corações, cada pensamento é como uma voz soando alto, a claro e bom som.
Eu também poderia descrevê-los como corações endurecidos, ou desamorosos, ou descrentes, ou resistentes ao Espírito da graça de Deus.
Pois veja: enquanto Jesus enxerga a fé no homem paralítico e seus amigos, os escribas enxergam blasfêmia em Jesus.
Enquanto Jesus salva um homem de seus pecados, eles murmuram em seus corações.
Enquanto Jesus realiza a vontade do Pai, eles se opõem à vontade de Deus.
Irmãos, ser um escriba era uma coisa muito importante entre os judeus.
Eles eram pessoas altamente respeitadas.
Um dos primeiros, senão o primeiro escriba, foi um homem de Deus, muito piedoso, chamado Esdras.
Ele tomou uma decisão solene em seu coração: iria estudar a lei do Senhor, obedecer a lei do Senhor, e ensinar em Israel a lei do Senhor. Um propósito nobre, que ele cumpriu, que agradou ao Senhor, e por isto foi muito abençoado.[5]
E por isto também “fez escola”; muitos desejaram e se propuseram a seguir o seu exemplo. Aliás, um exemplo que nós devemos também seguir.
Mas com o passar do tempo, os escribas começaram a perder o rumo. E começaram a estudar a lei de Deus, a conhecer o que ela diz, e no desejo de colocar obstáculos ao pecado, começaram a acrescentar coisas à lei de Deus; coisas que Deus não ordenara.
O resultado foi que o seu grande conhecimento, em vez de torná-los pessoas humildes, conscientes dos seus pecados, necessitados da graça de Deus, tornaram-se justos aos seus próprios olhos, orgulhosos de sua “alta espiritualidade”.
E foram tornando a vida religiosa difícil, pesada, cheia de tradições humanas, seca, sem vida, sem amor.
Eles sabiam quantos mandamentos havia no Antigo Testamento, quantos eram mandamentos sobre o que devemos fazer, e quantos eram os mandamentos sobre o que não devemos fazer. E para guardar estes mandamentos acrescentaram muitos outros, que garantiriam a obediência.
Desta forma, a religião do Antigo Testamento, que Deus deu como revelação de sua graça e verdade[6], tornou-se para eles uma religião de boas obras humanas, mais preocupada com "externalidades", rituais, fórmulas teológicas milimetricamente calculadas e precisas, e sem amor.
Irmãos, o pecado é terrível, e engana o coração humano. Por isto você e eu, cada um de nós precisa prestar atenção, precisa vigiar a si mesmo.
Se a sua doutrina, em vez de te levar ao coração da religião dada por Deus, isto é, se a sua doutrina não está produzindo em você amor aos homens a quem você vê, se a sua doutrina não está produzindo em você esperança e fé em Jesus, então a sua doutrina não está te conduzindo a Deus.
E então Deus está ali, diante de você, fazendo coisas grandiosas no seu dia a dia, e em vez de você louvar você está reclamando.
Você pode ser “convicto” da sã doutrina, falar de boca cheia que Deus é soberano, que ele bondosa e sabiamente governa todas as coisas pelo poder da sua Palavra, e ainda assim reclamar da chuva e do sol, reclamar dos problemas, reclamar da igreja, reclamar da família; quer dizer, seu conhecimento doutrinário não está fazendo de você uma pessoa piedosa.
Você pode até conhecer a Bíblia de Deus, mas não conhece o Deus da Bíblia.
Essa é a nossa tendência humana, se não buscarmos a Deus com humildade, se começarmos a achar que pelo nosso conhecimento intelectual da Bíblia e suas santas doutrinas, somos pessoas de alguma forma superiores às demais.
2. Em segundo lugar, vou destacar o coração necessitado, o coração do paralítico
Este homem, nós vemos, até cria em Jesus. Mas não tinha como achegar-se sozinho, pois estava paralítico.
E tinha pecados. Não sei se sua paralisia era consequência disto.
Mas o meu ponto agora é que o pecado não tratado, não perdoado, faz em nossas almas a mesma coisa que a paralisia faz no corpo.
O pecado paralisa espiritualmente.
Existem muitas pessoas cujas almas estão paralisadas pelas consequências de pecados.
Existem pessoas cujas vidas estão paralisadas pelo medo de serem descobertas em seus erros.
Existem pessoas cujas vidas estão paralisadas pelo medo de falhar novamente.
Existem pessoas cujas vidas estão paradas, inertes, sem conseguir avançar, sem conseguir gozas as alegrias do reino de Deus, da comunhão com Deus, por causa dos seus erros do passado.
Pessoas que não conseguem nem ao menos ir a Jesus para serem curadas. E pessoas que muitas vezes são até conhecidas como crentes.
Estou pensando numa querida família que conheci anos atrás. Hoje, pela graça de Deus, aquela irmã já é avó. Ela, seus filhos e netos são todos crentes.
Mas eu a conheci quando alguém me solicitou que a visitasse. Então aquela jovem senhora me contou de sua vida sem conhecer a Jesus, embora tivesse sido membro de igreja muitos anos. Contou-me como se afastara dos caminhos de Deus havia muito tempo, e agora não tinha esperança de perdão. Vários “maridos”, vários filhos, caminhos tortuosos. E não sabia o que fazer.
Mas não era difícil, pois a maravilha do Evangelho é que Deus ama pecadores, veio ao mundo por nossa causa, veio perdoar, restaurar, curar as feridas. Mais do que isto, veio dar vida em abundância.
Então eu apenas a lembrei do amor de Deus, de sua graça e perdão, e com uma fé simples, humilde, desejosa, ela entregou seu coração ferido a Cristo, e foi curada.
Recentemente nos encontramos de novo depois de uns trinta anos. Ela e sua família são crentes fervorosos e alegres.
Pois veja: na verdade não era somente ela querida senhora que não conseguia ir a Cristo por si mesma. A verdade é que ninguém pode vir a Cristo por si mesmo.
Veja as palavras de Jesus em Jo 6:44.
Ninguém pode vir a mim se o Pai, que me enviou, não o trouxer; e eu o ressuscitarei no último dia.
Todos os seres humanos, por causa dos seus pecados, estão incapacitados de vir a Cristo. Mas quando o Pai realiza a sua obra, aquele que está morto ressuscita; aquele que está cego enxerga; aquele que está surdo passa a ouvir. Até o louco volta a ter entendimento. Não é assim a nossa experiência? Não éramos todos mortos?
Mas Deus, sendo rico em misericórdia, e pelo grande amor que nos amou, nos deu vida juntamente com Cristo – pela sua graça fomos salvos.
Não éramos todos cegos? Pois o deus deste século cegava o nosso entendimento. Mas o Deus que disse: – Haja luz!, ele mesmo fez brilhar a luz da glória de Cristo em nossos corações.
Não éramos loucos, obscurecidos em nossos raciocínios vaidosos? Mas ele nos iluminou o entendimento.
Éramos duros de coração, mas ele tirou o coração de pedra a nos deu um coração de carne.
Jesus perdoa os pecados, cura os males que nos paralisam.
Talvez você aqui me ouvindo, esteja percebendo a necessidade do seu coração; dizendo consigo mesmo:
– Sou um coração necessitado. Tenho este e aquele pecado. Isto está corroendo minha alma e minha vida. Preciso perdão e salvação. Preciso Jesus.
Amado, se este é o seu caso, você não veio aqui sozinho. Você foi trazido por Deus. Foi trazido para ser livre. Para ser salvo. Para ser curado.
Talvez você seja até mesmo um crente no Senhor. Mas pode ser que haja pecados em sua vida. Coisas antigas. Venha a Jesus. Ele perdoa e cura.
3. E por último, desejo destacar os corações amorosos e crentes, dos amigos do paralítico
Amados, como disse Jesus, ninguém pode ir até ele se não for conduzido pelo Pai.
E o Pai se utiliza de muitas maneiras para levar alguém até seu Filho Jesus.  Pode usar circunstâncias, livros, acontecimentos, problemas.
Mas no mais das vezes, Deus se utiliza de gente. Deus usa a vida de pessoas crentes e amorosas, que não medem esforços para ajudar o seu próximo.
Como é o caso destes quatro homens, amigos do paralítico.
Eles creem em Jesus. Creem que o Senhor pode curar seu amigo.
Eles amam o paralítico. E não medem esforços para ajudá-lo.
Quando chegam a casa em que Jesus está, percebem ser muito difícil chegar até ele. Então alguém tem uma ideia, nada convencional.
Imagine você numa casa, uma reunião religiosa, a casa cheia, e de repente alguém começa a tirar as telhas pra descer até a sala. Ou fazendo isto numa igreja lotada.
Acho que a reação de uma pessoa comum seria a de se opor ao que estava acontecendo. Mas Jesus é extraordinário. E para os amigos deste homem valia a pena correr o risco.
Então, eles que não podem curar o homem, levam-no a quem pode.
Porque estes quatro são corações sensíveis, crentes, amorosos, que se compadecem da necessidade do seu amigo, e não medem esforços para levá-lo a Cristo, na esperança de que ele seja curado.
Este tipo de coração é o que Deus espera de nós, os que cremos em Jesus.
Se você continuar lendo sua Bíblia aqui em Marcos, a partir do v. 13, verá que ele nos conta sobre a conversão de Levi, também chamado Mateus.
E no seu Evangelho, Mateus também nos diz o que aconteceu logo em seguida à sua conversão.
Eu gostaria de ir ali com vocês.
Mt 9:9-13
Partindo Jesus dali, viu um homem chamado Mateus sentado na coletoria e disse-lhe: Segue-me! Ele se levantou e o seguiu.  10 E sucedeu que, estando ele em casa, à mesa, muitos publicanos e pecadores vieram e tomaram lugares com Jesus e seus discípulos.  11 Ora, vendo isto, os fariseus perguntavam aos discípulos: Por que come o vosso Mestre com os publicanos e pecadores?  12 Mas Jesus, ouvindo, disse: Os sãos não precisam de médico, e sim os doentes.  13 Ide, porém, e aprendei o que significa: Misericórdia quero e não holocaustos; pois não vim chamar justos, e sim pecadores ao arrependimento.
Mais uma vez nós vemos os estudiosos da Bíblia se opondo a Jesus. Mas o Senhor disse que eles não conheciam a vontade de Deus, e cita o profeta Oséias, dizendo:
– Vão e aprendam o que significa “misericórdia quero, e não holocaustos”.

Pois isto é o que Deus quer de nós. E é o que havia no coração daqueles quatro homens.
Queridos, existem muitas pessoas que estão doentes, paralisadas em seus pecados, mas corações misericordiosos podem ser instrumentos de Deus para serem levadas a Jesus e serem curados.
Conclusão e aplicação.
Nos escribas, vemos corações insensíveis, legalistas, duros, sem afeição, sem misericórdia, infelizes, sem conhecimento de Deus.
No paralítico, um coração necessitado, mas humilde, esperançoso e crente.
Nos quatro amigos, corações amorosos, misericordiosos e esforçados.
Cada um de nós pode se identificar com cada um destes tipos de coração. Pois todos nós carecemos de Jesus.
Examine o seu coração. Pois ele está relacionado a algum destes tipos. Talvez mais de um.
1. Se o seu coração está insensível, duro, se você é uma pessoa apenas preocupada consigo mesma, se você acha que religião é apenas feita de aparências externas, regras, se falta misericórdia dentro de você, então faça duas coisas: olhe para o espelho, e veja o rosto de uma pessoa muito carente da graça de Deus, cega em seu entendimento, pelo orgulho, pelo pecado, pela adoração de si mesmo. E olhe para Jesus, santo, justo, e misericordioso. Aprenda dele. Arrependa-se. Não seja como um escriba e fariseu. Então a alegria brotará em tua alma. A tua religião será glória para Deus e felicidade para o teu coração.
2. Talvez, nesta noite, você perceba o seu coração carente. Alma enferma, por causa dos seus pecados.
Venha a Jesus. Creia em Jesus. Confesse seus pecados a Jesus. Creia no seu amor revelado na cruz, quando ele se entregou pelos nossos pecados. Receba a salvação. E seja livre.
3. E por último, amados, que ao sair daqui esta noite, todos sejamos como estes quatro amigos. Levemos os necessitados a Jesus. Levemos em oração. Levemos em nossos corações. Levemos com o Evangelho. Levemos com nosso amor, com nossos esforços.
Que o Senhor use você na empresa em que você trabalha, na escola em que você estuda, entre os vizinhos, entre os colegas e conhecidos. Que o Senhor use a sua vida.


[1] Jo 5:14
[2] Dn 7:13, 14
[3] Jo 21;17
[4] Pv. 20:11
[5] Ed 7:8-10
[6] Sl 86:10

quinta-feira, 5 de julho de 2018

Um coração alegre - Fp 1:3, 4


3ª IPC de Guarulhos
Domingo, 1 de julho de 2018
Pr. Plínio Fernandes
Amados irmãos, vamos ler Filipenses 1:1-11
Paulo e Timóteo, servos de Cristo Jesus, a todos os santos em Cristo Jesus, inclusive bispos e diáconos que vivem em Filipos, 2 graça e paz a vós outros, da parte de Deus, nosso Pai, e do Senhor Jesus Cristo. 3 Dou graças ao meu Deus por tudo que recordo de vós, 4 fazendo sempre, com alegria, súplicas por todos vós, em todas as minhas orações, 5 pela vossa cooperação no evangelho, desde o primeiro dia até agora. 6 Estou plenamente certo de que aquele que começou boa obra em vós há de completá-la até ao Dia de Cristo Jesus. 7 Aliás, é justo que eu assim pense de todos vós, porque vos trago no coração, seja nas minhas algemas, seja na defesa e confirmação do evangelho, pois todos sois participantes da graça comigo.  8 Pois minha testemunha é Deus, da saudade que tenho de todos vós, na terna misericórdia de Cristo Jesus.  9 E também faço esta oração: que o vosso amor aumente mais e mais em pleno conhecimento e toda a percepção, 10 para aprovardes as coisas excelentes e serdes sinceros e inculpáveis para o Dia de Cristo, 11 cheios do fruto de justiça, o qual é mediante Jesus Cristo, para a glória e louvor de Deus.
A carta aos Filipenses é belíssima joia, em meio aos imensuráveis tesouros da Palavra de Deus.
Ela faz imenso bem às nossas almas.
Uma das razões pelas quais ela nos enriquece é a maneira como Paulo nos apresenta o nosso Senhor Jesus Cristo.
Inspirado pelo Espírito, Paulo traz a nós a revelação de Jesus Cristo como servo de Deus: em obediência à vontade do Pai, nosso Salvador deixou sua glória nos mais altos céus, fez-se homem e viveu entre nós como um homem pobre, humilde, e que obedeceu ao Pai a ponto de morrer por nós. E por isto o Pai o honrou, e lhe deu um nome que está acima de todos os outros, para que todos o reconheçam como Senhor do Universo.
Outra razão pela qual esta carta nos abençoa é que nos ensina que a mesma atitude que houve em Cristo, nós também devemos desenvolver em nossa vida.
Uma coisa interessante é que o próprio Paulo não inicia esta carta, como faz em outras, apresentando-se como apóstolo de Jesus Cristo, recorrendo assim à sua autoridade. Aqui ele começa: “Paulo e Timóteo, servos de Jesus...” (v. 1).
E em toda a carta ele desenvolve este conceito, dando testemunho de si mesmo como alguém cuja vida foi completamente dedicada a fazer a vontade de Cristo, e ensinando que devemos cultivar o mesmo sentimento que houve também em Jesus.
Além destas coisas, também nos ensina como é enriquecedora, edificante e alegre, a comunhão com outros servos de Deus, isto é, da igreja. Nos mostra como, entre as melhores coisas nesta vida abençoada que temos, estão os nossos irmãos no Senhor.
Era isto o que sentia em relação aos filipenses: eles tinham uma relação de amizade muito grande, forte, duradoura, afetuosa e terna.
De modo que, como servo de Cristo, e amigo dos servos de Cristo, Paulo sentia-se o homem mais feliz e abençoado do mundo.
E também é desta felicidade que Paulo também fala desde os primeiros versículos, até o fim desta carta, descrevendo como enxergava a vida, de como seu coração era cheio de paz, de como ele era feliz em Jesus, e como ele queria que seus irmãos experimentassem também esta felicidade e paz.
Por isto, podemos dizer que a carta aos Filipenses nos ensina os segredos da felicidade.
Paulo fala deste segredo quando ora por eles, quando aconselha relembrando coisas que eles já sabiam, e usando sua própria atitude e comportamento como exemplo do que quer dizer.
Atitude e comportamento que Paulo tinha como frutos de sua imitação do próprio Senhor Jesus.
O que fazia de Paulo um homem feliz? Como é o coração de um servo de Cristo, que nisto encontra sua felicidade?
Isto é algo a respeito do qual somos ensinados nesta carta inteira, mas hoje eu desejo meditar com vocês somente a respeito de um aspecto: a imensa alegria que Paulo nutria em seu coração, a sua felicidade como servo de Deus.
Quanto a isto, há três observações que desejo fazer.
1. Paulo tinha um coração agradecido, alegre no Senhor
Nos vs. 3-11, Paulo está contando aos seus queridos irmãos como orava por eles. Ele descreve não somente as coisas que pedia a Deus em favor deles, mas também as atitudes que governavam o seu coração.
Veja: no v. 6, Paulo demonstra ter um coração confiante em relação à obra de Deus na vida dos crentes.
Nos vs. 7 e 8, palavras como “vos trago em meu coração”, “saudade que tenho de vós”, “terna misericórdia”, falam a nós de um coração amoroso.
Mas eu desejo me voltar esta noite para o texto que lemos no início, nos vs. 3 e 4:
vs. 3 e 4 – Dou graças ao meu Deus por tudo que recordo de vós, 4 fazendo sempre, com alegria, súplicas por todos vós, em todas as minhas orações...
Alegria é uma das palavras recorrentes nesta carta. Aparece umas dezesseis vezes.
E era também uma disposição de coração que simplesmente governava todo o comportamento de Paulo, que permeava tudo quando ele fazia, que controlava toda a sua vida.
E é também um dos sentimentos, uma das atitudes de coração mais importantes da nossa vida.
Como disse Neemias, “a alegria do Senhor é a nossa força”.[1]
Sabemos isto. Uma pessoa alegre, feliz, é forte.
Tem ânimo para trabalhar, para enfrentar os problemas que a vida oferece.
Ela enxerga os problemas como oportunidades de crescimento, de vitória; ela abençoa outras com a sua felicidade, encoraja, conforta, transmite entusiasmo.
E Paulo era um homem assim.
Veja, por exemplo, o v. 1:18:
Todavia, que importa? Uma vez que Cristo, de qualquer modo, está sendo pregado, quer por pretexto, quer por verdade, também com isto me regozijo, sim, sempre me regozijarei.
Desde o v. 12, Paulo está falando sobre sua prisão.
Mas ele diz que, uma vez preso muita gente estava pregando o evangelho, e não poucos eram o que estavam pregando por motivos errados. Estavam pregando por inveja, querendo com isto que Paulo ficasse triste.
Mas ele diz: – “Não faz mal. Contanto que Cristo esteja sendo anunciado, vou me alegrar com isto”.
No cap. 2:2 ele faz um pedido aos filipenses: completai, isto é, aumentem ainda mais a minha alegria, pensando a mesma coisa, tendo o mesmo amor, sendo unidos de alma...
No cap. 4:10 ele diz: – “Alegrei-me, sobremaneira, no Senhor, porque mais uma vez vocês renovaram seus cuidados para comigo”. Isto porque os filipenses, sabendo que o apóstolo estava preso na cidade de Roma, enviaram a ele uma oferta para o seu sustento.
Então fossem circunstâncias agradáveis, fossem circunstâncias desagradáveis, Paulo lidava com elas com alegria no coração.
2. Por isto também aqui o apóstolo enfatiza que devemos ter a mesma atitude alegre que havia nele:
3:1 – Quanto ao mais, irmãos meus, alegrai-vos no Senhor. A mim, não me desgosta e é segurança para vós outros que eu escreva as mesmas coisas.
4:4 – Alegrai-vos sempre no Senhor; outra vez digo: alegrai-vos.
Isto não quer dizer que não haja lugar para tristeza no coração do crente.
Vamos ler cap. 2:26, 27 – Aqui Paulo está falando sobre Epafrodito, o irmão que levou a oferta:
26 visto que ele tinha saudade de todos vós e estava angustiado porque ouvistes que adoeceu. 27 Com efeito, adoeceu mortalmente; Deus, porém, se compadeceu dele e não somente dele, mas também de mim, para que eu não tivesse tristeza sobre tristeza.
Vamos ler também 3:18
Pois muitos andam entre nós, dos quais, repetidas vezes, eu vos dizia e, agora, vos digo, até chorando, que são inimigos da cruz de Cristo.
Somos seres humanos, vivendo num mundo decaído; estamos sujeitos a contrariedades. Coisas como enfermidades, sejam nossas, ou de alguém que amamos, saudades, preocupações, pecados, nos magoam, trazem pesares.
O fato de haver falsos crentes, falsos mestres também. E muitas outras coisas nos levam às lágrimas.
Mas então, como podemos ser pessoas alegres, se existem coisas que nos entristecem?
Entendendo que estas coisas são passageiras. Deus nos diz que a tristeza tem que ser passageira. Estas coisas não podem nos dominar, não podem tornar o nosso coração enfermo, sem motivações para viver. Ele diz que o choro pode durar uma noite, mas a alegria vem pela manhã. [2]
E que, mesmo em meio às tristezas, podemos nos alegrar no Senhor.
Alguns anos atrás eu li uma mensagem do Pr. Russel Shedd, na qual ele falava sobre a paz de Deus.
E ele usou uma ilustração que acho pertinente aqui.
Ele perguntou: como podemos experimentar a paz de Deus num mundo tão cheio de pecados, tribulações e conflitos?
Imagine um pequeno peixe nadando nas profundas águas de um oceano.
O peixinho está nadando calmamente, sentindo-se tranquilo e seguro. Agora imagine um navio imenso, na superfície. Mas lá em cima, as águas estão agitadas pelo vento, e o imenso navio é agitado também, por causa da tempestade.
O servo de Cristo é como aquele pequenino peixinho, abrigado no imenso amor de Deus. As águas turbulentas, as tormentas, podem estar acontecendo. Mas no coração de Deus o crente em Jesus está seguro e em paz.
E isto nos conduz à terceira observação que desejo fazer:
3. Como podemos nos alegrar assim, mesmo em meio a todas as tristezas deste mundo de agora? Quando é que temos esta capacidade?
Em cada capítulo desta carta Paulo nos revela o segredo:
1. Quando “Cristo é a nossa vida”
1:21 – Porquanto, para mim, o viver é Cristo, e o morrer é lucro.
Paulo diz isto porque, de acordo com as leis romanas, ele poderia até ser condenado à morte por pregar o Evangelho de Cristo.
Mas ele diz: – “Se estou aqui nesta vida, vivo com Cristo, e para Cristo. Não vivo para mim mesmo. E se eu morrer, vou sair ganhando, pois estarei para sempre com Cristo”.
Por isto ele já havia dito antes: – Se Cristo está sendo anunciado, mesmo que com isto estejam querendo me entristecer, não importa, eu me alegrarei.
Então veja: se Cristo é a sua razão de viver, se você vive em comunhão com ele e para ele, não importa o que aconteça, você será uma pessoa feliz.
2. Além disto, temos a capacidade de nos alegrar no Senhor quando Cristo é o nosso exemplo
Fp 2:5 – Tende em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus...
E segue dizendo que o Senhor Jesus abriu mão de si mesmo, de sua glória, não se apegou aos seus direitos como Deus, mas assumiu a forma humana, de um servo humilde e obediente a Deus, pelo que o Pai o exaltou acima de tudo e de todos.
Assim, pois, da mesma forma que Jesus, devemos ser obedientes à vontade de Deus, fazendo tudo sem murmurações nem contendas, não colocando o nosso próprio “eu” em primeiro lugar, mas aquilo que glorifica a Deus, que abençoa os nossos irmãos.
Pois Cristo, que é a nossa razão de viver, também é o nosso exemplo.
3. Também aprendemos a nos alegrar no Senhor quando Cristo é o nosso alvo.
3:12-14 – Não que eu o tenha já recebido ou tenha já obtido a perfeição; mas prossigo para conquistar aquilo para o que também fui conquistado por Cristo Jesus. 13 Irmãos, quanto a mim, não julgo havê-lo alcançado; mas uma coisa faço: esquecendo-me das coisas que para trás ficam e avançando para as que diante de mim estão, 14 prossigo para o alvo, para o prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus.
Você se alegra no Senhor quando aprende a deixar certas coisas do passado onde elas devem ficar: no passado.
Existem certas coisas das quais nunca devemos nos esquecer; como disse Jeremias, “Quero trazer à memória aquilo que me dá esperança”: a bondade do Senhor, as suas misericórdias, as obras de Deus em nossa vida, o perdão dos pecados, a sua salvação, a sua providência, os seus feitos no passado. [3]
E assim como Paulo não podemos também esquecer as coisas boas que as outras pessoas fazem a nós.
Mas há coisas que precisamos esquecer; isto é, todas aquelas coisas que nos tiram a alegria; que impedem o nosso progresso na fé, em nossa caminhada à perfeição em Cristo, que nos causam iras, aflições, devemos esquecer.
E aquilo que for bom, louvável, virtuoso, de boa fama, seja isto que ocupe o nosso pensamento.
Cristo deve ser o nosso objetivo de vida: conhecê-lo cada vez mais, o seu poder, o seu amor, e ser cada vez mais parecido com ele.
4. E por último, se Cristo é o nosso alvo, ele também é a nossa força.
4:11-13 – Digo isto, não por causa da pobreza, porque aprendi a viver contente em toda e qualquer situação. 12 Tanto sei estar humilhado como também ser honrado; de tudo e em todas as circunstâncias, já tenho experiência, tanto de fartura como de fome; assim de abundância como de escassez; 13 tudo posso naquele que me fortalece.
Então veja: quando Paulo escreveu esta carta, estava preso. Muitos estavam pregando o evangelho, não por amor, mas por motivações erradas. Seu querido irmão Epafrodito ficou muito enfermo, a ponto de quase morrer. Paulo estava passando por privações.
Mas ainda que estas coisas, em si mesmas, fossem entristecedoras, nada disto tirou a sua alegria no Senhor.
E os filipenses sabiam disto: dez anos antes, quando Paulo e Silas estavam pregando o Evangelho em Filipos, um dia foram acusados perante as autoridades romanas. Então, presos, açoitados e lançados no interior do cárcere.
Por volta da meia noite, costas machucadas, sujos, vestes rasgadas, famintos, acorrentados, o que Paulo e Silas estavam fazendo? Cantando louvores a Deus. Naquela mesma noite o carcereiro que guardava Paulo, e toda a sua família, creram em Jesus e foram salvos.
Eles sabiam que as coisas difíceis desta vida não podem tirar a alegria de viver de um servo de Cristo.
Assim como este tipo de coisas também não deve tirar a nossa alegria de viver. Pois Cristo, o nosso Deus e Salvador, é a nossa vida, o nosso exemplo, o nosso alvo, a nossa força.
Conclusão e aplicação
Amados, quando descreve a imensa alegria que “carregava no peito”, como um modo de vida, independente das tristezas, das dificuldades que suportava na vida, não estava falando de algo novo.
Pois a mesma vigorosa alegria pôde ser vista no testemunho bíblico sobre centenas de homens e mulheres, que honraram a Deus com uma vida cheia de fé.
Acima de tudo, a vigorosa alegria que pôde ser vista no próprio Senhor Jesus Cristo, o nosso Salvado.
Na noite anterior ao dia de sua crucificação, quando seus discípulos o ouviram dizer que sua alma estava profundamente triste até à morte[4], também ouviram-no, ao descrever a comunhão entre eles, que estava falando destas coisas para que a sua alegria também estivesse nos corações de seus amados.[5]
E estas coisas foram escritas para que saibamos: a alegria que nossos antepassados na fé conheciam, a alegria que há em Cristo Jesus, é a mesma que Deus deseja que seja nossa, a cada dia.
Amado, Cristo é a tua vida: Ele é o autor da tua vida, porque ele é o teu criador. E também o teu redentor, que te concede vida em abundância.[6] Você é uma pessoa “que tem uma alma, e uma alma salva”. Ele é a tua razão de ser, o teu motivo de existir, aqui e na eternidade.
Cristo é o teu exemplo, para que você cresça espiritualmente, à imagem de Deus, para a qual você foi criado. Ele é o teu alvo. Ele é a tua força.
Se Cristo é tudo para você, não deixe que as tristezas desta vida o dominem; não permita que governem o teu coração, que desestruturem a tua existência. Seja feliz em Jesus. Tenha um coração alegre no Senhor, pois a alegria do Senhor é a tua força.





[1] Ne 8:10
[2] Sl 30:5
[3] Lm 3:2 e segs.
[4] Mt 26:38
[5] Jo 15:11
[6] Jo 10:10

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