Achadas as tuas palavras, logo as comi; as tuas palavras me foram gozo e alegria para o coração, pois pelo teu nome sou chamado, ó SENHOR, Deus dos Exércitos. Jeremias 15:16

domingo, 28 de abril de 2013

O coração do homem bom - Mt 12:33-37


     Igreja Evangélica Presbiteriana
Domingo, 28 de abril de 2013
Pr. Plínio Fernandes
Queridos irmãos, eu quero ler dois textos com vocês
Mt 12:33-37
33 Ou fazei a árvore boa e o seu fruto bom ou a árvore má e o seu fruto mau; porque pelo fruto se conhece a árvore. 34 Raça de víboras, como podeis falar coisas boas, sendo maus? Porque a boca fala do que está cheio o coração. 35 O homem bom tira do tesouro bom coisas boas; mas o homem mau do mau tesouro tira coisas más. 36 Digo-vos que de toda palavra frívola que proferirem os homens, dela darão conta no Dia do Juízo; 37 porque, pelas tuas palavras, serás justificado e, pelas tuas palavras, serás condenado.
Lc 6:43-45
43 Não há árvore boa que dê mau fruto; nem tampouco árvore má que dê bom fruto. 44 Porquanto cada árvore é conhecida pelo seu próprio fruto. Porque não se colhem figos de espinheiros, nem dos abrolhos se vindimam uvas. 45 O homem bom do bom tesouro do coração tira o bem, e o mau do mau tesouro tira o mal; porque a boca fala do que está cheio o coração.
Já aconteceu de você ter certas impressões sobre uma pessoa, até que ela tenha começado a falar, e se revelado completamente diferente do que você imaginava? Às vezes uma pessoa aparenta ser tão boa, até que abra os lábios e comece a dizer o que pensa ou o que sente. Às vezes pode acontecer o contrário: interpretamos mal o comportamento de alguém, até que este alguém nos conte qual foi a sua motivação ao fazer certas coisas, ou o que está sentindo ou pensando. Então nós não somente compreendemos, mas também aprovamos.
As palavras revelam, em muito, o que as pessoas são por dentro: o que pensam, o que sentem, o que creem, as suas motivações, o porquê dos seus atos.
E também nos revelam diante dos outros.  Não estou me referindo àquelas palavras bem estudadas, ditas em ocasiões especiais, como na pregação de um sermão, ou no escrever um livro, mas às palavras que brotam espontaneamente de nossos lábios conforme as situações que a vida nos oferece. As coisas que dizemos em casa, onde quase não há restrições ao que podemos dizer.  As coisas que dizemos entre amigos, ou até mesmo aos “não tão amigos”, quando surge a oportunidade de falar o que pensamos. Inclusive aquelas palavras que dizemos quando estamos sozinhos, quando só Deus está vendo.
Foi por isto que Jesus disse, nos vs. 36 e 37 do nosso texto, que no Dia do Juízo, pelas nossas palavras seremos justificados, e pelas nossas palavras seremos julgados. Ele estava se dirigindo primeiramente aos fariseus que haviam falado contra ele coisas muito graves, e que traziam à tona como era o coração deles. Haviam dito que Jesus expulsava demônios pelo poder de Satanás.
Então Jesus disse que, falando daquela maneira, estavam revelando toda a maldade que havia neles. Que estavam pecando contra toda a luz que o Espírito de Deus colocava diante dos seus olhos, blasfemando contra o Espírito Santo, e assim, trazendo sobre si uma condenação que não poderia ser perdoada, nem aqui, nem na eternidade.
Então deveriam tomar cuidado, pois a boca fala do que está cheio o coração (v. 34). E para explicar melhor o que estava ensinando, o Senhor Deus usa duas ilustrações: a de uma árvore, cujos frutos podem ser bons ou maus. E a de uma caixa de tesouro, na qual podem ser guardadas, e dali tiradas, coisas boas ou coisas más.
A boca fala daquilo que está cheio o coração. Ao advertir os fariseus, o Senhor Jesus está nos ensinando a todos que devemos cuidar de nosso coração e de nossas palavras.
1º. Em sua correção aos fariseus, o Senhor Jesus faz distinção entre dois tipos de homens
Uma distinção que foi levado a fazer por causa da atitude dos fariseus, que falavam dele como sendo um endemoniado, ou pior, como um homem que deliberadamente agia de acordo com a vontade do Diabo.
1.1.  E estes homens que falavam assim, no v. 34 o Senhor chama “raça de víboras”, ou como diz a Bíblia Viva: “filhos de serpentes”.
Em outra ocasião ele disse sobre este mesmo tipo de pessoas que são filhos do Diabo. Quem são os filhos do Diabo, segundo as palavras de Jesus?
Vamos ler Jo 8:43-45
43 Qual a razão por que não compreendeis a minha linguagem? É porque sois incapazes de ouvir a minha palavra. 44 Vós sois do diabo, que é vosso pai, e quereis satisfazer-lhe os desejos. Ele foi homicida desde o princípio e jamais se firmou na verdade, porque nele não há verdade. Quando ele profere mentira, fala do que lhe é próprio, porque é mentiroso e pai da mentira. 45 Mas, porque eu digo a verdade, não me credes.
O apóstolo João, que estava ao lado de Jesus quando ele disse estas palavras, e aprendeu com ele, também comentou as implicações disto em sua primeira carta.
Vejamos também 1ª Jo 3:10
10 Nisto são manifestos os filhos de Deus e os filhos do diabo: todo aquele que não pratica justiça não procede de Deus, nem aquele que não ama a seu irmão.
Filho do Diabo, neste sentido, é todo aquele que rejeita a justiça segundo Deus, que rejeita a Jesus Cristo, que não aceita a verdade revelada pelo Espírito Santo, que não tem o coração transformado pelo amor de Deus. Era o caso dos fariseus, que embora tão religiosos rejeitavam a Deus.
De acordo com a Bíblia, há um sentido em que todos os homens são filhos de Deus. Porque todos fomos criados por ele, à sua imagem e semelhança. Mas existem homens que optaram por rejeitar o conhecimento de Deus e passaram a adorar à criação, e não ao Criador. São aqueles que não compreendem as coisas de Deus. Aqueles que não amam a verdade que Deus revela.
Então, por exemplo, em Romanos cap. 1, o apóstolo Paulo faz uma longa explanação ensinando que homens assim vão se afastando cada vez mais de Deus e de sua vontade, e o Senhor, por sua vez, os deixa entregues a si mesmos, à vaidade de seus corações, para cometerem toda sorte de pecados: homens que vivem na mentira, enganando e sendo enganados. Homens que se desviam para as relações sexuais contrárias à natureza; que adoram falsos deuses, que são rebeldes aos pais, violentos, e muitas outras coisas semelhantes.
Mas para que ninguém fique presumido em si mesmo, ele continua dizendo que, mesmo as pessoas que nascem e são educadas num ambiente religioso, com a Bíblia na mão, são assim: pecadoras por natureza.Nenhum homem, de si mesmo, é bom.
1.2. No entanto, para nossa surpresa, no v. 35 Jesus fala sobre certo tipo de homem a quem ele chama “bom”.
“O homem bom tira do tesouro bom coisas boas; mas o homem mau do mau tesouro tira coisas más”.
Esta expressão, “homem bom”, parece ser uma contradição ao que acabamos de dizer, e ao ensino bíblico de que não existe homem bom, pois todos somos pecadores injustos, todos nós temos o coração corrompido, e neste sentido não há homem que faça o bem. Em Marcos 10:18, dirigindo-se ao homem rico que não o conhecia realmente, Jesus pergunta: “Porque me chamas bom, sendo que somente Deus é bom”? Então, neste sentido, todos nós somos maus.
Mas como o mesmo Jesus, que no cap. 7 v. 11 havia declarado que todos somos maus, diz agora que existem “homens bons”? No contexto do ensino de Jesus, entendemos que o homem bom é aquele cujo coração foi iluminado pela verdade de Deus, e que não se fechou ao Espírito Santo, mas que se deixou transformar. Que, embora pecador, reconheceu seu pecado, sua necessidade de Deus, e abriu o coração para Deus.
Então seu coração se transformou no receptáculo das coisas de Deus. Se transformou, ou antes, foi transformado, num bom coração. É um homem que antes, naturalmente se sentia inclinado para uma vida de pecado, mas que agora que se uniu espiritualmente a Cristo tornou-se uma nova criação, e se inclina para as coisas do Espírito Santo. Um homem assim é descrito pelo Senhor como sendo bom. Em Rm 15:14, Paulo nos diz que os convertidos a Jesus tem o coração tomado pela bondade, e assim podem dizer o que é bom:
E certo estou, meus irmãos, sim, eu mesmo, a vosso respeito, de que estais possuídos de bondade, cheios de todo o conhecimento, aptos para vos admoestardes uns aos outros”.
2º. Jesus diz que as nossas palavras revelam o tipo de homem que somos
Na parte “b” do v. 33 nosso Senhor diz que “pelo fruto se conhece a árvore”. Ou como diz em Lucas, “não se colhem figos de espinheiros, nem se colhem uvas de abrolhos”. Mas a todos nós é evidente que o Senhor não está nos dando uma aula de botânica ou agricultura. Ele está se referindo ao nosso coração e às coisas que temos dentro dele.
Ao se dirigir aos fariseus, ele diz:
“Raça de víboras, como podeis falar coisas boas, sendo maus? Porque a boca fala do que está cheio o coração”.
E assim afirma que as palavras que saem de nossos lábios são fruto daquilo que somos interiormente, em nossas almas.
Agora, novamente o v. 35:
“O homem bom do bom tesouro tira coisas boas, mas o homem mau do mau tesouro tira coisas más”.
E Lucas expande inserindo a palavra “coração”, descrevendo ainda mais claramente:
“O homem bom, do bom tesouro do coração tira o bem, e o mau, do mau tesouro tira o mau”.
Assim, quando os fariseus diziam que Jesus fazia suas obras pelo poder de Satanás, revelavam a escuridão de seus corações. Por outro lado, com a boca se confessa a fé em Jesus para a salvação, e desta maneira se revela o agir do Espírito Santo no coração:
Vamos ler Rm 10:8-10
8 Porém que se diz? A palavra está perto de ti, na tua boca e no teu coração; isto é, a palavra da fé que pregamos. 9 Se, com a tua boca, confessares Jesus como Senhor e, em teu coração, creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos, serás salvo. 10 Porque com o coração se crê para justiça e com a boca se confessa a respeito da salvação.
Aqui está a maior de todas as coisas boas que podem transbordar do coração humano: a fé em Jesus Cristo, que se manifesta na confissão de que ele é Senhor. A boca fala do que está cheio o coração. Ela revela se o coração tem fé em Jesus.
A boca também revela aquilo com o qual o nosso coração se ocupa, as coisas que amamos, nas quais pensamos, com as quais ocupamos o nosso tempo. Não é assim? Se uma pessoa ama demais um determinado assunto, como política, ou esportes, ou moda, ou cinema, é destas coisas que ela gosta de falar. Se uma pessoa ama certo gênero de música, é deste gênero que ela gosta de cantar.
Naturalmente não estou dizendo que uma pessoa só fala de um assunto, mas que aquilo que amamos, cremos, pensamos, será isto que terá predominância em nossa vida, em nossa maneira de pensar, falar e agir.
Assim, as palavras revelam se uma pessoa tem um coração amoroso ou não; revelam se uma pessoa tem um coração generoso ou avarento; revelam se uma pessoa tem um coração humilde ou orgulhoso; se uma pessoa tem um coração puro, ou um coração malicioso; se é cheia de cobiça, amor ao dinheiro, sensual, ou se ama as coisas do céu; se é interesseira ou desprendida; se uma pessoa tem um coração grato ou infeliz; se uma pessoa é discreta ou inconveniente, respeitosa ou irreverente; se é crítica, condenadora, ou graciosa; se ela tem conhecimento de Deus, ou se vive de uma perspectiva apenas terrena; se é parecida com Jesus ou não.
Tudo o que se passa no coração transborda pelos lábios. Quanto mais uma pessoa tiver o coração cheio da graça de Deus, mais esta graça se revelará em suas palavras.
3º. O tipo de homem que somos, é aquele tipo de homem que cultivamos em nosso coração
Vamos considerar primeiro o v. 35:
“O homem bom do bom tesouro tira coisas boas”.
Esta palavra, “tesouro”, aqui significa “caixa onde se deposita coisas valiosas” [1], como quando nós pensamos na “arca do tesouro”. É usada, por exemplo, em Mateus 2:11, onde se diz que os magos, “abrindo os seus tesouros”, ofertaram ouro, incenso e mirra ao Senhor recém-nascido.
O bom tesouro, a boa caixa de coisas valiosas, então, é o bom coração onde foram depositadas coisas boas. Assim é que nós lemos em Lucas:
“O homem bom do bom tesouro do coração tira o bem, e o mau do mau tesouro tira o mal; porque a boca fala do que está cheio o coração”.
Agora, no v. 33 aqui de Mateus 12, Jesus diz:
“Ou fazei a árvore boa e o seu fruto bom, ou a árvore má e o seu fruto mau”.
Muitos comentaristas entendem que a palavra “fazer”, aqui, significa “considerar, declarar”, e interpretam que Jesus está afirmando: “Vocês consideram, ou declaram que uma árvore é boa ou má, de acordo com o seu fruto”.
Isto é possível. Mas em vista da segunda ilustração, que fala do bom tesouro do coração como algo que o homem deposita, e dali retira, isto é, faz transbordar pelos lábios, me parece que Jesus está usando a palavra “fazer” no sentido usual dela, que é o de “realizar, produzir alguma coisa”. Uma árvore pode ser bem cultivada, regada, adubada, podada, para que produza fruto de boa qualidade. Ou não: sua semente pode cair numa terra deserta e abandonada. O coração de um homem pode “ser feito, pode ser trabalhado” espiritualmente, ou não. Boas coisas podem ser depositadas nele, ou não.
Veja: há uma medida de graça, que o Senhor concede a todos os homens, no sentido de que cada ser humano recebe luz do céu para que possa saber que Deus existe, que ele é sábio, que ele é bondoso, que ele é poderoso, através das obras da criação. E há uma graça especial, pela qual ele se revela de modo claro em Jesus Cristo, não somente como Criador, mas também Redentor de todo aquele que crê.
Digo que estas obras da graça, tanto a graça comum a todos, como a graça especial, são as sementes da árvore. São as coisas valiosas que Deus coloca no coração dos homens. Mas a árvore precisa ser cultivada. Os dons da graça de Deus não podem ser negligenciados pelo homem, antes eles devem ser desenvolvidos.
Isto é verdade em qualquer área de nossa vida: física, intelectual, artística, espiritual, qualquer área de nossa vida. Por exemplo: se uma pessoa fizer exercícios físicos, então ela se desenvolverá fisicamente. Mas se não fizer, muitas de suas funções corporais ficarão aquém de suas possibilidades, e podem até atrofiar. Ou suponhamos que um estudante receba aulas de matemática, ou língua inglesa, ou qualquer outra matéria, e aprenda durante seu período na escola, e depois disto pratique sempre aquilo que aprendeu: ele não somente ficará no que aprendeu, mas se desenvolverá. O contrário também é verdade: se uma pessoa, depois de deixar a escola, não pratica a leitura, não escreve, acabará se esquecendo até mesmo do que tiver aprendido. Se uma pessoa recebe lições de piano e começa a praticar sempre, se tornará cada vez mais habilidosa. Do contrário, até o que recebeu se perderá.
E assim também nas coisas espirituais. Quanto mais uma pessoa recebe e se exercita naquilo que recebeu, mais coisas boas terá dentro de si. Mas se negligenciar o que tem recebido, até o que tem ela perderá. Se uma pessoa, em vez de cultivar a luz que recebeu de Deus, cultivar um espírito arrogante, malicioso, sensual, vaidoso, encrenqueiro, briguento, quanto mais cultivar, mais a árvore crescerá, mais o mau tesouro do coração se acumulará. Se, em vez de encher o seu coração com a Palavra de Deus, as doutrinas do Senhor, a bondade de Jesus, a alegria do Espírito Santo, a comunhão com a igreja, uma pessoa encher o seu coração com práticas ruins, se alimentar seu coração com uma religiosidade legalista carnal, se alimentar sua alma com pensamentos carnais, mundanos, então o seu coração transbordará de coisas ruins. E o que está no coração se manifestará, se derramará em seus lábios.
Ora os fariseus fizeram isto: não cultivaram o que é bom.  Usando as palavras de Lucas, quando João Batista pregou o batismo de arrependimento, “os fariseus e intérpretes da lei rejeitaram, quanto a si mesmos, os desígnios de Deus”.[2]  Eram “espirituais demais” para que precisassem se arrepender. E então quando veio Jesus, o orgulho plantado no coração deles floresceu e deu mais frutos: inveja, ira, hostilidade, agressividade, conspiração e morte.
Por outro lado, o Espírito Santo ensina o que o homem bom deve cultivar em seu interior:
Fp 4:8, 9
8 Finalmente, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é respeitável, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se alguma virtude há e se algum louvor existe, seja isso o que ocupe o vosso pensamento. 9 O que também aprendestes, e recebestes, e ouvistes, e vistes em mim, isso praticai; e o Deus da paz será convosco.
Quando um homem cultiva estas coisas, ele se torna cada vez mais parecido com Jesus. Eu tenho comigo que um dos exemplos mais bonitos desta renovação de coração, que faz os lábios transbordarem daquilo que é bom está no profeta Isaías. Ele é um exemplo e esperança para todos os homens.
Vamos ler Is 6:5-8
5 Então, disse eu: ai de mim! Estou perdido! Porque sou homem de lábios impuros, habito no meio de um povo de impuros lábios, e os meus olhos viram o Rei, o SENHOR dos Exércitos! 6 Então, um dos serafins voou para mim, trazendo na mão uma brasa viva, que tirara do altar com uma tenaz; 7 com a brasa tocou a minha boca e disse: Eis que ela tocou os teus lábios; a tua iniquidade foi tirada, e perdoado, o teu pecado. 8 Depois disto, ouvi a voz do Senhor, que dizia: A quem enviarei, e quem há de ir por nós? Disse eu: eis-me aqui, envia-me a mim.
Note como Isaías revelou o que ia no seu coração quando disse: “ai de mim! Estou perdido! Porque sou homem de lábios impuros...” Ele reconheceu sua impureza e a confessou a Deus. E como a confissão trás perdão, restauração, recomeço, o Senhor purificou os lábios, isto é, o coração de Isaías. A iniquidade dele foi retirada, o pecado perdoado. E de lábios impuros que tinha antes, Isaías passou a falar a Palavra de Deus.
Conclusão e aplicação
A boca fala daquilo que o coração está cheio!
Quando o Senhor Deus criou o Universo, ele o fez pelo poder de sua Palavra. E tudo o que Deus fizera era muito bom, porque o coração de Deus é cheio de bondade e sabedoria.
Mas o homem se tornou pecador e começou a praticar o mal. Então Deus enviou sua Palavra, o Verbo que veio e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade, a fim de nos salvar. Pelo mesmo poder da Palavra que disse “haja luz”, ele fez resplandecer a luz do seu conhecimento em nossos corações, e fomos feitos nova criação.[3]
Deus é assim: suas Palavras são o transbordar de todo o bem, justiça, amor, santidade, que existem em seu coração.
E por meio de sua Palavra encarnada, o Senhor Jesus, ele nos ensina que devemos ser como ele: que toda a maldade do pecado que habita em nós deve e pode ser superada por um poder maior, o poder do Espírito habitando em nosso coração, que muda o nosso coração, e faz dele um coração onde seja depositado e cultivado as coisas celestiais, coisas que venham a transbordar em nossos lábios.
Se o nosso coração for assim, então as palavras de Deus transbordarão por nosso intermédio: palavras de salvação em Jesus;  palavras de graça e perdão; palavras de justiça e paz; palavras de amor; palavras que edificam; palavras que santificam; palavras que abençoam; palavras que só não farão bem àqueles que as rejeitarem.
Vocês e eu temos esta bênção maravilhosa: a de poder, em união com Jesus pela fé, pelo Espírito Santo, aprender a ser como o Pai celestial; aprender e cultivar boas palavras através da Palavra de Deus nas Escrituras; através da humilde confissão de pecados, do pedir ao Senhor que nos livre da soberba.
Aprender falando entre nós com salmos, hinos e cânticos espirituais, aconselhando-nos uns aos outros, encorajando-nos uns aos outros, reconhecendo o valor uns dos outros, alegrando-nos uns aos outros, amando-nos uns aos outros, não somente aqui, mas também para com todos os crentes, e os que são de fora; aprender com ações de graças em nossos lábios, agradecendo a Deus em tudo, e por tudo.
Então aprendamos, para que Deus seja honrado e nos alegremos nele.


[1] Friberg, Analytical Greek Lexicon
[2] Lc 7:30
[3] 2ª Co 4:6, 7; 2ª Co 5:17

sexta-feira, 26 de abril de 2013

Semelhantes ao Pai - Mt 5:38-48


Igreja Evangélica Presbiteriana
Domingo, 10 de junho de 2012
Pr. Plínio Fernandes
Queridos irmãos, vamos ler Mateus 5:38-48
38 Ouvistes que foi dito: Olho por olho, dente por dente. 39 Eu, porém, vos digo: não resistais ao perverso; mas, a qualquer que te ferir na face direita, volta-lhe também a outra; 40 e, ao que quer demandar contigo e tirar-te a túnica, deixa-lhe também a capa. 41 Se alguém te obrigar a andar uma milha, vai com ele duas. 42 Dá a quem te pede e não voltes as costas ao que deseja que lhe emprestes. 43 Ouvistes que foi dito: Amarás o teu próximo e odiarás o teu inimigo. 44 Eu, porém, vos digo: amai os vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem; 45 para que vos torneis filhos do vosso Pai celeste, porque ele faz nascer o seu sol sobre maus e bons e vir chuvas sobre justos e injustos. 46 Porque, se amardes os que vos amam, que recompensa tendes? Não fazem os publicanos também o mesmo? 47 E, se saudardes somente os vossos irmãos, que fazeis de mais? Não fazem os gentios também o mesmo? 48 Portanto, sede vós perfeitos como perfeito é o vosso Pai celeste.
A “sede de justiça”, no sentido comum desta expressão, é um sentimento universal entre o gênero humano, neste mundo cheio de pecado. Quando uma pessoa, por maldade, tira a vida de outra, nós sentimos que ela deve ser punida. Ou quando uma pessoa assalta, ou sequestra, ou violenta outra, o nosso desejo é que ela seja punida por causa disto. E não é um sentimento errado, meus irmãos. Tanto que na lei do Senhor, dada por intermédio de Moisés, havia instruções neste sentido para os juízes de Israel:
Êx 21:22-25
22 Se homens brigarem, e ferirem mulher grávida, e forem causa de que aborte, porém sem maior dano, aquele que feriu será obrigado a indenizar segundo o que lhe exigir o marido da mulher; e pagará como os juízes lhe determinarem. 23 Mas, se houver dano grave, então, darás vida por vida, 24 olho por olho, dente por dente, mão por mão, pé por pé, 25 queimadura por queimadura, ferimento por ferimento, golpe por golpe.
Estas instruções são repetidas em Levítico 24 e em Deuteronômio 19. À luz da Bíblia como um todo, podemos notar que havia várias razões para que estas disposições fossem estabelecidas na lei:
Entre elas, a santidade da vida: ninguém tem o direito de tirar a vida de outro ser humano impunemente, pois o homem foi criado à imagem de Deus. Então Deus estabeleceu que, se alguma pessoa assassinasse outra, deveria pagar com a sua própria vida. Se alguém ferisse a outra pessoa, deveria pagar por isto, recebendo, em si mesmo, algo equivalente ao mal que fizera.
Além disto, estas leis foram dadas também para a proteção da sociedade. Ainda que uma pessoa, individualmente, seja de valor inestimável, se esta pessoa for destrutiva, então a sociedade, através das autoridades instituídas, tem o direito de puni-la, para que ela não cause danos maiores.
E também estas leis dadas por Deus tinham o propósito de refrear os sentimentos de vingança, fazendo que a pessoa que cometesse males recebesse a exata retribuição, pois na antiguidade, como em muitos lugares até hoje, o sentimento de vingança faz com que não somente o culpado seja castigado além da medida, mas muitas vezes também seus familiares.
Então o Senhor Deus deu autoridade aos juízes em Israel, para que penalizassem os culpados de praticar o mal. Mas os escribas e fariseus, também nestes mandamentos haviam interpretado a vontade de Deus de maneira errada, e transferiram estas ordenanças, que diziam respeito às autoridades, para o terreno pessoal. E de um mandamento de Deus que visava produzir uma sociedade mais justa, fizeram uma desculpa para extravazar sua própria maldade.
Assim, se alguém lhes fizesse algum mal, ou eles assim pensassem, viam no mandamento uma sanção de Deus para se vingarem de seus desafetos, usando a Bíblia: “Olho por olho, dente por dente”.
Da mesma maneira haviam desvirtuado outro mandamento do Antigo Testamento, este sim, que dizia respeito aos relacionamentos pessoais. Pois Deus havia dito: “Amarás ao teu próximo como a ti mesmo” .[1] Mas os escribas e fariseus acrescentaram: “e odiarás ao teu inimigo”, coisa que o Senhor nunca havia ordenado.
Assim, nestas duas últimas ilustrações de Jesus sobre a maneira como os escribas e fariseus, com suas interpretações e tradições humanas, distorciam a lei e os profetas, colocando-se longe da vontade do Senhor, ele mais uma vez nos mostra qual a intenção de Deus para nossa vida.
E nestas duas ilustrações o Senhor, por assim dizer, chega como que ao cume do Sermão do Monte. Pois se formos praticantes do que ele nos ensina aqui, estamos mais do que nunca vivendo no nível espiritual que ele deseja para nós. Na verdade, diz Jesus, se fizermos estas coisas, estaremos sendo, neste sentido, filhos do céu, semelhantes a Deus, perfeitos como é perfeito nosso Pai celestial. E as coisas ensinadas aqui, irmãos, assim como em todas as outras, ninguém as demonstrou em sua vida também, mais do que o próprio Senhor Jesus.
Para que sejamos semelhantes ao Deus que se fez carne, e assim ao Pai celestial, temos aqui duas orientações:
1. Devemos conscientemente nos desarmar de todo o espírito de ódio
Leiamos novamente o v. 38
Ouvistes que foi dito: Olho por olho, dente por dente”.
Tomando estas palavras como dirigidas a si mesmos, os escribas e fariseus diziam e ensinavam que temos o direito de nos vingar daqueles que nos prejudicam. É preciso enfatizar que a lei e os profetas jamais ensinaram desta maneira[2]; ao contrário, ensinaram que este mandamento não se aplica aos relacionamentos pessoais.
Por exemplo Pv 24:28:
“Não digas: Como ele me fez a mim, assim lhe farei a ele; pagarei a cada um segundo a sua obra”.
Esta é uma dos muitos textos em que Deus nos diz que devemos tratar o nosso próximo do mesmo modo que desejamos ser tratados. Não desejamos que Deus nos trate segundo os nossos pecados, mas de acordo com a sua graça e misericórdia. Assim também devemos tratar ao nosso semelhante. Como disse Jesus em Mateus 7:12, “esta é a lei e os profetas”.
Mt 5:39-42
39 Eu, porém, vos digo: não resistais ao perverso; mas, a qualquer que te ferir na face direita, volta-lhe também a outra; 40 e, ao que quer demandar contigo e tirar-te a túnica, deixa-lhe também a capa. 41 Se alguém te obrigar a andar uma milha, vai com ele duas. 42 Dá a quem te pede e não voltes as costas ao que deseja que lhe emprestes.
Jesus descreve quatro tipos de situação que têm todas uma coisa em comum – o fato de alguém estar usando de má fé para conosco:
Se alguém te ferir na face direita...
Isto não quer dizer somente violência física. Às vezes nós usamos a expressão “dar a cara prá bater”, com isto significando ter que suportar ofensas, incompreensão, agressões verbais e emocionais, sofrer humilhações. Por isto em Lamentações 3:30 o profeta Jeremias diz ao que está passando provações: “Dê a face ao que o fere. Farte-se de afronta”. Isto é, suporte as ofensas.
Ao que demandar contigo e tirar-te e túnica, deixa-lhe também a capa.
Os judeus pobres, em sua maioria, tinham apenas duas vestimentas: uma túnica e uma capa. A túnica, fazendo uma comparação, servia de calça e camisa, ou vestido, e a capa servia de cobertura, como as nossas blusas. Mas também de cama e cobertor muitas vezes. Túnica e capa são coisas básicas, sem luxo. Se alguém quiser tirar a tua camisa, dê-lhe também a blusa...
Os soldados romanos tinham o direito de a qualquer momento obrigar um judeu a transportar sua bagagem por uma milha (cerca de 1,5 Km). Imagine o sentimento de opressão, ultraje, humilhação que poderia sentir um judeu diante de uma situação assim.
Mas o Senhor diz:
Se alguém te obrigar a andar uma milha, vai com ele duas...
Dá a quem te pede, e não voltes as costas ao que deseja que lhe emprestes...
A Bíblia deixa claro, irmãos, que estas palavras de Jesus não devem ser interpretadas de maneira literal, como se cada vez que vemos alguém sendo perverso não tenhamos que fazer nada. Por exemplo, quando em Antioquia, o apóstolo Paulo viu o apóstolo Pedro agindo com dissimulação, ele o repreendeu (a palavra é resistiu – a mesma usada por Jesus aqui, quando ele diz: não resistais); resistiu a Pedro face a face, para corrigi-lo de sua atitude errada; atitude que estava distorcendo o Evangelho e prejudicando a igreja (Gl 2:11).
Quando alguém prejudica a igreja, a nossa família, a sociedade ou a qualquer pessoa, precisamos, dentro da nossa esfera de ação, resistir-lhe. Se virmos alguém tentar cometer um crime e estiver ao nosso alcance, devemos resistir-lhe, seja chamando a polícia, seja impedindo pessoalmente.
Por exemplo, se uma criança é abusada sexualmente, então ela deve contar a alguma autoridade que possa tomar providência. Se nós ficamos sabendo devemos fazer isto. Da mesma forma a mulher que sofre violência do marido. Reagir em situações assim não é pecado: é dever. Omissão é que seria pecado. [3] Ou o empregado que sofre abusos da parte do patrão, e com isto não somente ele, mas toda a sua família é prejudicada. Se ele se queixar perante o governo ou sindicato isto não é pecado: é dever, sem que com isto esteja se vingando.
As leis civis são dadas para a proteção da sociedade. Em Romanos 13 o Espírito Santo nos diz que as autoridades do mundo são ministros de Deus na área secular. Da mesma maneira, dar a quem nos pede não significa que somos obrigados a dar dinheiro para alguém se embriagar ou fazer qualquer outra coisa má.  Tampouco significa tirar de nossa família para dar a quem pede só porque sabe que nosso coração é aberto. Não significa fazer tudo o que as outras pessoas querem.
Mas o que Jesus quer dizer com estas ilustrações é isto: não seja uma pessoa vingativa, não seja malicioso, não tenha o coração fechado. Seja humilde, mesmo quando estiver sendo maltratado. Não revide. Seja um homem de paz. Não seja mesquinho, não seja apegado às coisas deste mundo; tenha um coração generoso. Não seja apegado nem a si mesmo.
Meus irmãos, com toda a certeza ninguém demonstrou isto de forma mais evidente em sua vida do que o próprio Senhor Jesus. E Pedro nos chama para que imitemos o exemplo do Senhor.
1ª Pe 2:20-23
20 Pois que glória há, se, pecando e sendo esbofeteados por isso, o suportais com paciência? Se, entretanto, quando praticais o bem, sois igualmente afligidos e o suportais com paciência, isto é grato a Deus. 21 Porquanto para isto mesmo fostes chamados, pois que também Cristo sofreu em vosso lugar, deixando-vos exemplo para seguirdes os seus passos, 22 o qual não cometeu pecado, nem dolo algum se achou em sua boca; 23 pois ele, quando ultrajado, não revidava com ultraje; quando maltratado, não fazia ameaças, mas entregava-se àquele que julga retamente.
Veja o que Pedro diz: se você faz o que é bom, anda nos caminhos do Senhor, mas está sendo afligido e suporta com paciência, isto agrada a Deus. Agrada a Deus porque você está seguindo o exemplo de Jesus, seguindo os passos de Jesus. Quando Jesus era ofendido, não revidava com ofensa. Não insultava qualquer pessoa, não maltratava quem quer que fosse, não humilhava qualquer pessoa.
Você já foi maltratado por alguém, seja por palavras, seja fisicamente? Já foi difamado por alguém? Como é que você reage? Quando alguém te ofende, no trânsito, por exemplo, ou no trabalho, ou na escola, ou mesmo em casa, qual é a vontade que dá? Não é de revidar? Mas como fazia Jesus? Como Jesus fez quando cuspiram em seu rosto? Como reagiu quando zombaram dele? Que maldições ele lançou sobre os que o puseram na cruz?
Em todo o tempo ele foi humilde, paciente e sofredor. Não com pena de si mesmo “por sofrer tanto”. Jesus nunca teve pena de si mesmo. Nunca nutriu autocomiseração. Nunca disse: “ninguém me compreende”. Ao contrário, as vezes em que Jesus chorou foi por compaixão dos pecadores.  Por isto, amados, quando alguém nos maltrata, usa de má fé, não é de nós mesmos que devemos ter compaixão, mas entender que esta pessoa precisa de nossa oração.
2. Devemos conscientemente nos revestir de um espírito de amor
Mt 5:43-48
43 Ouvistes que foi dito: Amarás o teu próximo e odiarás o teu inimigo. 44 Eu, porém, vos digo: amai os vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem; 45 para que vos torneis filhos do vosso Pai celeste, porque ele faz nascer o seu sol sobre maus e bons e vir chuvas sobre justos e injustos. 46 Porque, se amardes os que vos amam, que recompensa tendes? Não fazem os publicanos também o mesmo? 47 E, se saudardes somente os vossos irmãos, que fazeis de mais? Não fazem os gentios também o mesmo? 48 Portanto, sede vós perfeitos como perfeito é o vosso Pai celeste.
Enfatizemos: da mesma maneira como o Antigo Testamento nunca ensinou a vingança, jamais ordenou ou ensinou o ódio pelo inimigo.
Êx 23:4, 5
4 Se encontrares desgarrado o boi do teu inimigo ou o seu jumento, lho reconduzirás. 5 Se vires prostrado debaixo da sua carga o jumento daquele que te aborrece, não o abandonarás, mas ajudá-lo-ás a erguê-lo.
Poderíamos parafrasear: “Se você encontrar alguma coisa que o teu inimigo perdeu, leve-a até ele. Se você estiver passando e aquele que te odeia estiver com o carro sem gasolina, dê uma carona até o posto, se estiver com o pneu furado, ajude a consertar...”
Pv 25:21, 22
21 Se o que te aborrece tiver fome, dá-lhe pão para comer; se tiver sede, dá-lhe água para beber, 22 porque assim amontoarás brasas vivas sobre a sua cabeça, e o SENHOR te retribuirá.
O escritor de Provérbios nos faz duas promessas no v. 22:
Primeira: fazendo assim, promovendo o bem do nosso inimigo, estamos amontoando brasas vivas sobre a cabeça dele, quer dizer, a consciência dele não estará tranquila. Quem sabe através disto não alcançaremos seu coração?
Um pastor que eu conheci me contou que em sua igreja havia um irmão que simplesmente o maltratava, sem que houvesse uma razão aparente. Então ele orou: “Senhor, me ajuda a demonstrar amor por este irmão”. Alguns dias depois a esposa deste irmão ficou enferma, e hospitalizada. O pastor foi visitá-la, e quando chegou ao hospital, a irmã havia recebido alta, e poderia ir para casa. O pastor se dispôs a levá-la, e ao saírem do hospital, quando estavam entrando no carro, o marido dela chegou. Vendo o cuidado do pastor com sua esposa, aquele irmão passou a ter grande afeição e amizade com o pastor.
Segunda promessa: mesmo que ele, o nosso inimigo, nunca mude, o Senhor nos recompensará. Pois estamos vivendo de modo agradável a Deus. E o apóstolo Paulo acrescenta mais uma promessa: ele diz que quando fazemos isto, aí sim é que estamos vencendo o verdadeiro mal.
Vejamos o comentário que ele faz sobre este texto:
Rm 12:17-21
17 Não torneis a ninguém mal por mal; esforçai-vos por fazer o bem perante todos os homens; 18 se possível, quanto depender de vós, tende paz com todos os homens; 19 não vos vingueis a vós mesmos, amados, mas dai lugar à ira; porque está escrito: A mim me pertence a vingança; eu é que retribuirei, diz o Senhor. 20 Pelo contrário, se o teu inimigo tiver fome, dá-lhe de comer; se tiver sede, dá-lhe de beber; porque, fazendo isto, amontoarás brasas vivas sobre a sua cabeça.21 Não te deixes vencer do mal, mas vence o mal com o bem.
Note: no v. 21 ele diz que esta é a maneira de vencermos o mal. Você vence o mal porque não faz a vontade do diabo, e sim a vontade do Espírito Santo. Você exibe o fruto do Espírito em sua vida. Você vence o mal porque o teu coração tem paz. Vence o mal porque cresce espiritualmente. Vence o mal porque se torna semelhante a Jesus.
Então Jesus nos ensina: “Não odeie. Ame os seus inimigos e ore por eles”.
Lc 6:27, 28
27 Digo-vos, porém, a vós outros que me ouvis: amai os vossos inimigos, fazei o bem aos que vos odeiam; 28 bendizei aos que vos maldizem, orai pelos que vos caluniam.
Veja – se você, como Jesus na cruz, orar para que o Senhor perdoe os que lhe fazem mal, duas consequências práticas acontecerão:
Primeira: você será incapaz de se vingar; ao contrário, sempre que você tiver oportunidade, você fará o bem para esta pessoa. Dará de beber ao que tem sede; dará de comer ao que tem fome. Falará bem dele. Entregará o que ele tiver perdido. Ajudará em suas dificuldades.
Segunda: leiamos Lc 6:32-36
32 Se amais os que vos amam, qual é a vossa recompensa? Porque até os pecadores amam aos que os amam. 33 Se fizerdes o bem aos que vos fazem o bem, qual é a vossa recompensa? Até os pecadores fazem isso. 34 E, se emprestais àqueles de quem esperais receber, qual é a vossa recompensa? Também os pecadores emprestam aos pecadores, para receberem outro tanto. 35 Amai, porém, os vossos inimigos, fazei o bem e emprestai, sem esperar nenhuma paga; será grande o vosso galardão, e sereis filhos do Altíssimo. Pois ele é benigno até para com os ingratos e maus.36 Sede misericordiosos, como também é misericordioso vosso Pai.
Os pecadores, diz Jesus, vivem fazendo o bem para aqueles que lhes fazem o bem. Mas não faça assim, diz Jesus. Seja diferente do mundo, semelhante ao Pai celestial, e terá uma recompensa no céu. Jesus viveu assim. Ele nunca odiou, nunca revidou, nunca respondeu com ultraje. Ele sempre viveu em amor e ministrou amor, até à morte.
Aliás, ele nunca demonstrou tanto amor como quando estava na cruz, sendo humilhado, maltratado, sofrendo em si mesmo todo o ódio do mundo e do inferno. E porque ele fez assim? Será que Jesus era um covarde? Por certo que não! Será que ele não poderia chamar doze legiões de anjos e no mesmo instante os seus inimigos serem derrotados? Não poderia fazer chover fogo do céu? Poderia.
Mas era preciso mais poder para resistir a estas tentações do que para destruir os que o ofendiam e maltratavam. Assim como é preciso mais poder interior, mais domínio próprio e paz interior para não reagir do que para responder à altura (neste caso, descendo para ficar igual ao que nos ofende).
Onde foi que Jesus encontrou forças para isto? Em Isaías nós aprendemos qual era o segredo do Senhor, numa passagem profética muito bonita:
Is 50:4-10
4 O SENHOR Deus me deu língua de eruditos, para que eu saiba dizer boa palavra ao cansado. Ele me desperta todas as manhãs, desperta-me o ouvido para que eu ouça como os eruditos.5 O SENHOR Deus me abriu os ouvidos, e eu não fui rebelde, não me retraí. 6 Ofereci as costas aos que me feriam e as faces, aos que me arrancavam os cabelos; não escondi o rosto aos que me afrontavam e me cuspiam.7 Porque o SENHOR Deus me ajudou, pelo que não me senti envergonhado; por isso, fiz o meu rosto como um seixo e sei que não serei envergonhado.8 Perto está o que me justifica; quem contenderá comigo? Apresentemo-nos juntamente; quem é o meu adversário? Chegue-se para mim.9 Eis que o SENHOR Deus me ajuda; quem há que me condene? Eis que todos eles, como um vestido, serão consumidos; a traça os comerá.10 Quem há entre vós que tema ao SENHOR e que ouça a voz do seu Servo? Aquele que andou em trevas, sem nenhuma luz, confie em o nome do SENHOR e se firme sobre o seu Deus.
Se você observar o título que é dado a este capítulo em nossas Bíblias, lerá que ele está falando de Jesus, o Servo de Javé. O Servo do Senhor, ultrajado, mas fiel. É o Senhor Jesus quem está falando através do profeta.
“Eu suportei a aflição porque o Senhor meu Deus está comigo e me ajuda”.
“A cada manhã eu tenho comunhão com Deus; a cada manhã ele me ensina, ele me aconselha, e assim eu posso ajudar os que sofrem”.
“E não somente isto: porque eu ouço ao Senhor, porque a cada manhã ele está comigo, porque ele me ajuda, eu posso suportar o sofrimento, eu não me sinto envergonhado”.
E termina convidando a que ouçamos a sua voz, que confiemos nele mesmo quando em trevas.
O segredo de Jesus, para suportar as afrontas com paciência, sem vingança, para andar a segunda e terceira milhas, para amar sempre, até o fim, era a sua comunhão com Deus, pela meditação nas Escrituras e pela oração.
Conclusão e aplicação
Da mesma forma somos chamados a viver como Jesus: em comunhão diária com o Pai.
Nós somos pecadores perdoados, redimidos que vão morar no céu. Mas ainda estamos na terra; numa terra de pecado, onde muitas vezes temos que suportar, além das nossas próprias fraquezas, as fraquezas e iniquidades daqueles que nos cercam.
Muitas vezes, como fizeram até com o Senhor Jesus, as pessoas pecam contra nós. Muitas vezes nos odeiam e nos consideram seus inimigos. Muitas vezes falam o que não deveriam, fazem o que não deveriam, torcem o que dizemos, abusam do que é direito, se comportam de modo injusto.
E isto pode dar ocasião a que o nosso senso de justiça, mesclado ao pecado que ainda reside em nós, dê lugar ao sentimento de ódio e vingança. Mas não fomos destinados para isto. Fomos destinados a ser parecidos com Jesus, e assim imitadores do Pai celestial, que derrama sua bondade sobre todos, que dá o sol e a chuva para os justos e os injustos.
Somente Deus pode retribuir a injustiça de maneira justa. Então deixemos em suas mãos toda a vingança. Não nos vinguemos a nós mesmos. A maneira de sermos justos é não nos vingando de ninguém, por nada, mas amando. Se vivermos assim, estamos honrando o nome daquele a quem chamamos de Pai.
Medite nestas coisas. Nós vivemos de acordo com aquilo que pensamos.


[1] Lv 19:18
[2] Contra a interpretação de muitos, por exemplo, A Bíblia Viva, que entende que Jesus está se contrapondo à lei de Moisés, e não ao ensino dos escribas e fariseus
[3] Pv 24:11, 12

quinta-feira, 25 de abril de 2013

A primeira visão - Dn 7


Igreja Evangélica Presbiteriana

Domingo, 20 de novembro de 2011

Pr. Plínio Fernandes

1 No primeiro ano de Belsazar, rei da Babilônia, teve Daniel um sonho e visões ante seus olhos, quando estava no seu leito; escreveu logo o sonho e relatou a suma de todas as coisas.

Em nosso estudo anterior, consideramos os caps. 7 a 12 de Daniel como um todo, apresentando-os como uma série de quatro profecias apocalípticas, e nos dedicamos a explicar o significado geral delas.

Vimos que elas nos ensinam sobre o crescimento e triunfo do reino de Deus sobre as forças espirituais do mal no cenário da salvação individual, da história mundial e por toda a eternidade.

Seu propósito é que conheçamos mais de Deus e de seus planos, a fim de que sejamos espiritualmente fortes e atuantes.

Em nosso estudo de hoje, vamos, então, meditar sobre a primeira visão de Daniel.

Para facilitar nossa compreensão, observemos que a visão é dividida em duas partes principais:

Primeira parte, do v. 2 ao 15 – os quatro animais.

A segunda parte, do v. 16 ao 28 – A interpretação da visão.

A primeira parte, por sua vez, pode ser dividida em quatro assuntos:

1.      A visão os quatro animais (vs. 2-8). A segunda parte da visão nos diz que são quatro reis, ou reinos (vs. 17 e 23).

2.      O trono de Deus e o seu juízo sobre os quatro reinos (vs. 9-12).

3.      O reino entregue ao Filho do Homem (vs. 13 e 14).

4.      E o quarto animal.

As duas partes terminam contando como Daniel se sentiu (v. 15 e 28).

v. 15 – Quanto a mim, Daniel, o meu espírito foi alarmado dentro de mim, e as visões da minha cabeça me perturbaram.

v. 28 – Aqui, terminou o assunto. Quanto a mim, Daniel, os meus pensamentos muito me perturbaram, e o meu rosto se empalideceu; mas guardei estas coisas no coração.

Me parece, irmãos, que estes dois versículos, ao nos dizerem qual foi o grande impacto que a visão causou no espírito de Daniel, estão também apontando para o assunto principal, o que mais chamou a atenção do profeta.

Este assunto principal é destacado pelo próprio Daniel, a partir do v. 19:

Então, tive desejo de conhecer a verdade a respeito do quarto animal, que era diferente de todos os outros, muito terrível, cujos dentes eram de ferro, cujas unhas eram de bronze, que devorava, fazia em pedaços e pisava aos pés o que sobejava

Segundo esta linha de raciocínio, o assunto principal, o que tomou a mente de Daniel e o deixou alarmado, foi a revelação sobre o quarto animal.

Para facilitar a compreensão, eu gostaria de apresentar este resumo através de uma tabela:


Então, vejamos rapidamente o que o texto nos diz sobre a visão como um todo, e depois vamos destacar o quarto reino.

1. Os quatro animais são quatro reinos

Leiamos os versículos 2 a 8:

2 Falou Daniel e disse: Eu estava olhando, durante a minha visão da noite, e eis que os quatro ventos do céu agitavam o mar Grande. 3 Quatro animais, grandes, diferentes uns dos outros, subiam do mar. 4 O primeiro era como leão e tinha asas de águia; enquanto eu olhava, foram-lhe arrancadas as asas, foi levantado da terra e posto em dois pés, como homem; e lhe foi dada mente de homem. 5 Continuei olhando, e eis aqui o segundo animal, semelhante a um urso, o qual se levantou sobre um dos seus lados; na boca, entre os dentes, trazia três costelas; e lhe diziam: Levanta-te, devora muita carne. 6 Depois disto, continuei olhando, e eis aqui outro, semelhante a um leopardo, e tinha nas costas quatro asas de ave; tinha também este animal quatro cabeças, e foi-lhe dado domínio. 7 Depois disto, eu continuava olhando nas visões da noite, e eis aqui o quarto animal, terrível, espantoso e sobremodo forte, o qual tinha grandes dentes de ferro; ele devorava, e fazia em pedaços, e pisava aos pés o que sobejava; era diferente de todos os animais que apareceram antes dele e tinha dez chifres. 8 Estando eu a observar os chifres, eis que entre eles subiu outro pequeno, diante do qual três dos primeiros chifres foram arrancados; e eis que neste chifre havia olhos, como os de homem, e uma boca que falava com insolência.

Assim como Daniel, você deve ter ficado impressionado com esta visão.

Daniel estava diante de um mar sem limites, agitado por ventos que vinham dos quatro pontos cardeais.

Enquanto ele olhava, daquele mar agitado emergiram quatro criaturas terríveis, que ele só podia descrever como animais.

Mas não eram animais no sentido comum da palavra.

Daniel diz que as quatro criaturas eram “como”, ou “semelhantes” a animais, isto é, lembravam a aparência deles.

Assim, o primeiro deles era como um leão; um leão que tinha asas como águia. Mas enquanto Daniel observava, este animal ficou sobre dois pés, como um homem, e foi lhe dada a mente de homem.

O segundo animal era parecido com um urso, que tinha três costelas na boca. Da mesma forma ele foi colocado sobre duas patas, erguendo-se de lado, e lhe foi dada esta ordem: levanta-te, devora muita carne.

O terceiro animal era semelhante a um leopardo, e ele não tinha duas, mas quatro asas, e quatro cabeças, e foi-lhe dado domínio.

E o quarto animal era praticamente indescritível. Ele não se parecia com nenhum outro.

Era muito forte. Espantoso. Tinha dentes de ferro, e com estes dentes devorava tudo o que estava na frente, e o que não devorava fazia em pedaços, e pisava em cima.

Este grande, forte e terrível animal tinha dez chifres.

Enquanto Daniel olhava, viu surgir entre eles mais um chifre, menor, mas que rompeu com tanta força de arrancou três chifres do lugar.

Este chifre tinha olhos e boca, e falava como um homem, falava com insolência, falava com atrevimento.

Há outras coisas em comum, além do fato de serem animais estranhos:

É que são dominadores, predadores, destruidores e fortes.

Para que nós saibamos o que eles significavam nós precisamos ler o v. 17, onde um ser celestial explica para Daniel:

 - Estes grandes animais, que são quatro, são quatro reis que se levantarão da terra.

Que reinos específicos esta visão está retratando?

A maior parte, senão todos os intérpretes, entendem que se tratam, em primeiro lugar, dos mesmos quatro reinos descritos no sonho de Nabucodonosor, no cap. 2, quando ele sonhou com aquela grande estátua cuja cabeça era feita de ouro.

No sonho de Nabucodonosor, os quatro materiais que compunham a estátua representavam quatro reinos sucessivos: o babilônico, o medo-persa, o grego e o romano.

Da mesma forma, embora não entendamos o significado de cada detalhe, há indicações no texto que nos fazem entender que aqui se trata dos mesmos reinos.

O v. 4 nos diz que o primeiro animal era como um leão que tinha asas como de águia. Ele foi colocado sobre dois pés, e foi-lhe dada mente de homem.

Porque entendemos ser uma representação da Babilônia?

O leão e a águia são animais caçadores, predadores: assim era a Babilônia nos primeiros temos do grande reino, como vemos nos livros históricos e proféticos da Bíblia.

Em Jr 49:19-22, quando o castigo de Edom é profetizado, o Senhor diz que o seu mensageiro contra eles, isto é, a Babilônia, subiria contra eles como um leãozinho que sai da floresta para atacar, que seria como águia estendendo as suas asas.

O leão com asas de águia é um símbolo bem conhecido entre os arqueólogos, que escavam as ruínas da antiga Babilônia.


Se aqui, como no caso do cap. 2, o primeiro reino é o Babilônico, então segue-se que os demais devem ser também os mesmos daquele capitulo, e conforme veremos posteriormente, as próximas visões de Daniel retornarão a este tema.

O segundo e o terceiro reinos serão o tema da visão no cap. 8.

E o quarto reino trás muitas desenvolturas, que culminarão nas grandes perseguições sob os imperadores romanos.

Mas ao mesmo tempo aponta para o final dos dias presentes.

Pois, ao mesmo tempo em que representam estes quatro reinos específicos, nós podemos ver aqui vislumbres de coisas que também se referem a tempos mais distantes, para frente.

Então vamos continuar a leitura.

Vs. 9 e 10:

9 Continuei olhando, até que foram postos uns tronos, e o Ancião de Dias se assentou; sua veste era branca como a neve, e os cabelos da cabeça, como a pura lã; o seu trono eram chamas de fogo, e suas rodas eram fogo ardente. 10 Um rio de fogo manava e saía de diante dele; milhares de milhares o serviam, e miríades de miríades estavam diante dele; assentou-se o tribunal, e se abriram os livros.

Você deve ter percebido a semelhança entre este texto e as visões de João em Apocalipse cap. 1 – ali ele descreve Jesus com esta aparência.

Mas conforme veremos no v. 13, aqui Daniel está diante do trono de Deus, chamado o Ancião de Dias.

Me parece ser uma referência ao fato de que Deus é “o ser mais velho que existe” (é claro que este meu jeito é um modo muito desajeitado de falar, que só revela minha enorme limitação em compreender a glória daquele que está sendo descrito por Daniel).

O Ancião de Dias estava assentado em seu trono glorioso, feito de chamas de fogo.

Era um trono de julgamento; e então se abriram livros.

Mais uma vez nós somos deparados com a semelhança do Apocalipse de João.

Ap 20:12-15  

12 Vi também os mortos, os grandes e os pequenos, postos em pé diante do trono. Então, se abriram livros. Ainda outro livro, o Livro da Vida, foi aberto. E os mortos foram julgados, segundo as suas obras, conforme o que se achava escrito nos livros.  13 Deu o mar os mortos que nele estavam. A morte e o além entregaram os mortos que neles havia. E foram julgados, um por um, segundo as suas obras.  14 Então, a morte e o inferno foram lançados para dentro do lago de fogo. Esta é a segunda morte, o lago de fogo.  15 E, se alguém não foi achado inscrito no Livro da Vida, esse foi lançado para dentro do lago de fogo.

Segundo entendo, João está claramente revelando para nós o que se refere ao dia do juízo final, na volta de Jesus.

Será o dia em que cada ser humano comparecerá diante de Deus para receber o veredito final sobre a sua situação pela eternidade. Cada ser humano sendo julgado diante de Deus, de acordo com as suas obras conforme registradas nos livros de Deus.

É um jeito antigo de dizer que cada uma das nossas ações está perante os olhos de Deus, e que para cada uma delas existe um valor moral; bom ou mau, santo ou profano, justo ou ímpio.

Deus nos julgará a cada um de nós, segundo as nossas obras, pois elas mostram a qualidade de vida que existe em nossa alma.

Se nosso coração é um lugar onde Jesus habita e governa, nossas obras tendem a ser conforme a vontade de Deus. E com isto o nosso nome é escrito no livro da vida.

Mas se o nosso coração é governado pelo pecado, nossas obras testemunham isto. Por isto Apocalipse também diz que quando morremos as nossas obras nos seguem pela eternidade.

Ora, o texto nos diz que se alguém não teve o seu nome escrito no livro da vida, este alguém foi lançado no lago de fogo.

Isto nos faz voltar ao texto de Daniel.

2. Ele está nos falando de um juízo também, o juízo de Deus sobre os reinos do mundo.

Os vs. 11 e 12 nos dizem o que aconteceu quando os livros foram abertos

 11 Então, estive olhando, por causa da voz das insolentes palavras que o chifre proferia; estive olhando e vi que o animal foi morto, e o seu corpo desfeito e entregue para ser queimado. 12 Quanto aos outros animais, foi-lhes tirado o domínio; todavia, foi-lhes dada prolongação de vida por um prazo e um tempo.

Depois do juízo, os quatro reinos perderam o seu domínio.

Embora houvesse ainda algum resquício dos reinos da terra, foi tirado deles o domínio, e o juízo contra o quarto reino, do qual saiu o rei que falava atrevidamente, foi julgado de modo especialmente rigoroso.

Ele foi entregue para ser queimado

E o que aconteceu quando o domínio foi tirado dos reinos?

3. O reino foi entregue ao Filho do Homem

vs. 13 e 14:

13 Eu estava olhando nas minhas visões da noite, e eis que vinha com as nuvens do céu um como o Filho do Homem, e dirigiu-se ao Ancião de Dias, e o fizeram chegar até ele. 14 Foi-lhe dado domínio, e glória, e o reino, para que os povos, nações e homens de todas as línguas o servissem; o seu domínio é domínio eterno, que não passará, e o seu reino jamais será destruído.

Daniel viu alguém, não parecido com um animal medonho, destruidor, predador. Viu alguém parecido com um ser humano.

Este Filho do Homem aproximou-se do Ancião de Dias, e a ele foi dado o domínio sobre todos os povos, línguas, nações. E se tornou um rei eterno, cujo império jamais findará.

Acho que você já relacionou isto com outro lugar da Escritura.

Vamos ler Mateus 24:29, 30

29 Logo em seguida à tribulação daqueles dias, o sol escurecerá, a lua não dará a sua claridade, as estrelas cairão do firmamento, e os poderes dos céus serão abalados.  30 Então, aparecerá no céu o sinal do Filho do Homem; todos os povos da terra se lamentarão e verão o Filho do Homem vindo sobre as nuvens do céu, com poder e muita glória.

Você sabe que esta expressão, Filho do homem, é uma das preferidas de Jesus, para se referir a si mesmo na sua qualidade de Messias, o nosso Salvador.

Só nos evangelhos ela aparece cento e quarenta vezes, em oitenta versículos.

E aqui Jesus está falando sobre o dia em que voltará para julgar o mundo.

Então vemos, meus irmãos: ao mesmo tempo em que a visão dos reinos começa com os antigos reinos da terra, que foram julgados por Deus, aponta para os tempos do fim, e mostra os tempos da vinda de Jesus para o juízo final.

Na vinda de Jesus, não somente ele, mas também os escolhidos de Deus se tornarão, com o seu Senhor e Salvador, os herdeiros do reino eterno.

Vejamos Mt 25:34, o que Jesus rei dirá aos seus amados:

Então, dirá o Rei aos que estiverem à sua direita: Vinde, benditos de meu Pai! Entrai na posse do reino que vos está preparado desde a fundação do mundo.

Os vs. 15 a 18 de Daniel 7 resumem o significado da visão:

15 Quanto a mim, Daniel, o meu espírito foi alarmado dentro de mim, e as visões da minha cabeça me perturbaram. 16 Cheguei-me a um dos que estavam perto e lhe pedi a verdade acerca de tudo isto. Assim, ele me disse e me fez saber a interpretação das coisas: 17 Estes grandes animais, que são quatro, são quatro reis que se levantarão da terra. 18 Mas os santos do Altíssimo receberão o reino e o possuirão para todo o sempre, de eternidade em eternidade.

Como eu já disse, em grande medida estas coisas já tinham sido profetizadas no sonho de Nabucodonosor.

Mas agora havia um elemento novo:

Os desdobramentos todos que aconteceriam no quarto reino, do qual surgiria um rei que falaria muitas blasfêmias. Este chifre pequeno estava incomodando em extremo a Daniel.

Ele sabia que ele implicava conflito, sofrimento para o povo santo.

E é à explicação do seu significado que se dedica a maior parte da interpretação, e nos fala do inimigo do povo de Deus.

4. O inimigo de Deus e do seu povo

Vs. 19 a 28

19 Então, tive desejo de conhecer a verdade a respeito do quarto animal, que era diferente de todos os outros, muito terrível, cujos dentes eram de ferro, cujas unhas eram de bronze, que devorava, fazia em pedaços e pisava aos pés o que sobejava; 20 e também a respeito dos dez chifres que tinha na cabeça e do outro que subiu, diante do qual caíram três, daquele chifre que tinha olhos e uma boca que falava com insolência e parecia mais robusto do que os seus companheiros. 21 Eu olhava e eis que este chifre fazia guerra contra os santos e prevalecia contra eles, 22 até que veio o Ancião de Dias e fez justiça aos santos do Altíssimo; e veio o tempo em que os santos possuíram o reino. 23 Então, ele disse: O quarto animal será um quarto reino na terra, o qual será diferente de todos os reinos; e devorará toda a terra, e a pisará aos pés, e a fará em pedaços. 24 Os dez chifres correspondem a dez reis que se levantarão daquele mesmo reino; e, depois deles, se levantará outro, o qual será diferente dos primeiros, e abaterá a três reis. 25 Proferirá palavras contra o Altíssimo, magoará os santos do Altíssimo e cuidará em mudar os tempos e a lei; e os santos lhe serão entregues nas mãos, por um tempo, dois tempos e metade de um tempo. 26 Mas, depois, se assentará o tribunal para lhe tirar o domínio, para o destruir e o consumir até ao fim. 27 O reino, e o domínio, e a majestade dos reinos debaixo de todo o céu serão dados ao povo dos santos do Altíssimo; o seu reino será reino eterno, e todos os domínios o servirão e lhe obedecerão. 28 Aqui, terminou o assunto. Quanto a mim, Daniel, os meus pensamentos muito me perturbaram, e o meu rosto se empalideceu; mas guardei estas coisas no coração.

Tenho comigo que estamos aqui diante de uma das primeiras descrições do sofrimento que o povo de Deus irá experimentar especialmente nos dias antecedentes à volta de Jesus.

Durante todas as épocas do presente século, muitos reis se levantaram contra o povo de Deus, especialmente nos dias do império romano, este quarto reino do qual britaram muitos outros, e sempre em antagonismo ao povo santo.

Nos dias de hoje, em muitas nações, a igreja é perseguida.

A lista de sofrimentos na atualidade não teria fim.

Mas nos últimos dias a perseguição será extremamente difícil.

Leiamos 2ª Ts 2:1-12

1 Irmãos, no que diz respeito à vinda de nosso Senhor Jesus Cristo e à nossa reunião com ele, nós vos exortamos  2 a que não vos demovais da vossa mente, com facilidade, nem vos perturbeis, quer por espírito, quer por palavra, quer por epístola, como se procedesse de nós, supondo tenha chegado o Dia do Senhor.  3 Ninguém, de nenhum modo, vos engane, porque isto não acontecerá sem que primeiro venha a apostasia e seja revelado o homem da iniquidade, o filho da perdição,  4 o qual se opõe e se levanta contra tudo que se chama Deus ou é objeto de culto, a ponto de assentar-se no santuário de Deus, ostentando-se como se fosse o próprio Deus.  5 Não vos recordais de que, ainda convosco, eu costumava dizer-vos estas coisas?  6 E, agora, sabeis o que o detém, para que ele seja revelado somente em ocasião própria.  7 Com efeito, o mistério da iniquidade já opera e aguarda somente que seja afastado aquele que agora o detém;  8 então, será, de fato, revelado o iníquo, a quem o Senhor Jesus matará com o sopro de sua boca e o destruirá pela manifestação de sua vinda.  9 Ora, o aparecimento do iníquo é segundo a eficácia de Satanás, com todo poder, e sinais, e prodígios da mentira,  10 e com todo engano de injustiça aos que perecem, porque não acolheram o amor da verdade para serem salvos.  11 É por este motivo, pois, que Deus lhes manda a operação do erro, para darem crédito à mentira, 12 a fim de serem julgados todos quantos não deram crédito à verdade; antes, pelo contrário, deleitaram-se com a injustiça.

Não temos tempo aqui para explicar cada detalhe deste texto. Queremos apenas destacar algumas características deste chefe supremo da iniquidade, o filho da perdição, que se manifestará pouco tempo antes da vinda de Jesus.

Ele vai se colocar, aos olhos dos homens, no lugar de Deus.

E sua influência sobre a humanidade de modo geral vai ser muito eficaz, porque ele estará agindo pelo poder de Satanás, fazendo coisas grandiosas, milagres, prodígios da mentira.

Não é difícil imaginar isto, pois, ao mesmo tempo em que estão surgindo pregadores do ateísmo nos dias de hoje, está também se exaltando as capacidades psíquicas do ser humano.

Pelo poder de sua mente, pelo poder de sua vontade e de suas palavras, o homem pode realizar milagres.

Estamos nos dias da operação do erro, em que os homens lutam pelo direito de usar drogas, se sodomizarem, praticarem o aborto.

Agora, meus irmãos, prestem atenção nos vs. 11 a 13 – tudo isto é julgamento de Deus.

10 e com todo engano de injustiça aos que perecem, porque não acolheram o amor da verdade para serem salvos.  11 É por este motivo, pois, que Deus lhes manda a operação do erro, para darem crédito à mentira,  12 a fim de serem julgados todos quantos não deram crédito à verdade; antes, pelo contrário, deleitaram-se com a injustiça.

Então, como parte deste julgamento de Deus sobre um mundo incrédulo, vai aparecer um homem se colocando no lugar de Deus, que eleva o homem à posição de Deus, seguindo os moldes de Satanás, e vão acreditar nele, e os crentes padecerão muita perseguição.

Como está escrito em Daniel, ele proferirá palavras insolentes contra o Altíssimo, magoará os santos do Altíssimo, mudará os tempos, a lei, e os santos lhes serão entregues nas mãos.

Enquanto Jesus não voltar, os tempos presentes para o povo de Deus são tempos difíceis, na igreja e fora da igreja.

Mas, especialmente quando Jesus estiver para voltar, será uma grande tribulação.

Por isto Daniel ficou alarmado em seu coração.

Conclusão e aplicação

Assim, a visão do cap. 7, seguindo o propósito da literatura apocalíptica, aponta para o tempo do fim, apresentando como dias difíceis, de sofrimento, nos quais o mal parece estar prevalecendo, mas que ainda assim, estão sob o controle de Deus.

Mostra que tudo quanto acontece, em última análise, está sob o governo de Deus, e que resultará em bênção e vitória para o povo santo.

Seu propósito é que em meio a todas as adversidades, sejamos um povo espiritualmente forte, que conhece a Deus e nele confia.

Eu tenho nas mãos um exemplar da revista Cristianismo Hoje. É o número 25, de outubro novembro de 2011.

Na pág. 8, há uma notícia sobre a oposição de alguns pais a que as crianças orem numa escola em Brasília.

Na pág. 10, uma notícia sobre a luta de uma missionária, Márcia Suzuki, que está enfrentando uma batalha judicial movida contra ela pela Associação Brasileira de Antropologia, pois ela é contra a prática de algumas tribos indígenas, de sacrificar crianças consideradas malditas, por terem nascido com algum defeito. Em 2005, com a ajuda dos pais destas crianças, a ONG que ela dirige resgatou algumas crianças condenadas à morte, e os antropólogos a acusam de destruir a cultura indígena.

Na pág. 23, leio sobre o pastor Youcef Nadarkhani, condenado à morte no Irã.

Nas págs. 29-31, temos notícias de um movimento que começou na Europa, tem crescido muito na América do Norte, e que também chegou ao Brasil e está crescendo: o movimento ateísta.

Em nosso país existe uma sociedade chamada ATEA (Associação Brasileira dos Ateus e Agnósticos).

Eles se utilizam de outdoors, panfletos e outros meios de propaganda.

Um deles estampa duas fotografias; uma de Hitler e outra de Charles Chaplin.

Sob a figura de Chaplin, está escrito: não acredita em Deus.

Sob a de Hitler, eles dizem: acredita em Deus.

Estas coisas são apenas alguns destaques de uma revista cristã, para dizer a vocês que vivemos num mundo hostil ao evangelho.

Os exemplos seriam infinitos.

Mas que está sob o controle de Deus.

Algumas implicações disto:

1.      Para o crente, como dizia Tozer, o mundo é um campo de batalha; não é um parque de diversões. Então se você quiser ir para o céu, não brinque de ser crente.

2.      Seja santo, seja forte, não seja um crente frouxo. Não faça pacto com o mundo. Não faça aliança com o diabo.

3.      Pois o dia do julgamento deste mundo está chegando, e o diabo sabe disto. Ele tem pouco tempo, e está preparando o cenário para atacar o povo de Deus como nunca aconteceu antes.

4.      E quanto mais você vê que os sinais se aproximam, creia na Bíblia, ore, persevere, seja fiel, pois haverá recompensa para os fiéis



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