Achadas as tuas palavras, logo as comi; as tuas palavras me foram gozo e alegria para o coração, pois pelo teu nome sou chamado, ó SENHOR, Deus dos Exércitos. Jeremias 15:16

domingo, 22 de junho de 2014

Aqueles que estão sem Cristo - 2ª Co 5:14-6:2

IPC em Pda. de Taipas
Noite de domingo, 22 de junho de 2014
Pr. Plínio Fernandes
Queridos irmãos, vamos ler 2ª aos Coríntios 5:14-6:2
14 Pois o amor de Cristo nos constrange, julgando nós isto: um morreu por todos; logo, todos morreram.  15 E ele morreu por todos, para que os que vivem não vivam mais para si mesmos, mas para aquele que por eles morreu e ressuscitou.  16 Assim que, nós, daqui por diante, a ninguém conhecemos segundo a carne; e, se antes conhecemos Cristo segundo a carne, já agora não o conhecemos deste modo.  17 E, assim, se alguém está em Cristo, é nova criatura; as coisas antigas já passaram; eis que se fizeram novas.  18 Ora, tudo provém de Deus, que nos reconciliou consigo mesmo por meio de Cristo e nos deu o ministério da reconciliação, 19 a saber, que Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não imputando aos homens as suas transgressões, e nos confiou a palavra da reconciliação.  20 De sorte que somos embaixadores em nome de Cristo, como se Deus exortasse por nosso intermédio. Em nome de Cristo, pois, rogamos que vos reconcilieis com Deus.  21 Aquele que não conheceu pecado, ele o fez pecado por nós; para que, nele, fôssemos feitos justiça de Deus.  6:1 E nós, na qualidade de cooperadores com ele, também vos exortamos a que não recebais em vão a graça de Deus 2 (porque ele diz: Eu te ouvi no tempo da oportunidade e te socorri no dia da salvação; eis, agora, o tempo sobremodo oportuno, eis, agora, o dia da salvação).
Há muitos anos eu li uma história (acho que aconteceu na “outra América”), sobre um casal de adolescentes que se apaixonou e desejava namorar. Mas a mocinha achava que o pai “era bravo” e não daria permissão para apresentar-lhe o rapaz, e temia que fosse colocado “um fim” no relacionamento dos dois.
Os dois estavam tão apaixonados que sentiam não poder viver um sem o outro, e decidiram fugir de casa. E fugiram. Aí começou a procura, e as fugas de um lugar para outro, durante meses. Mais do que todos, os pais do moço os estavam procurando desesperadamente. Procuraram muito, até que alguns meses depois, a jovem telefonou pra casa, e disse que queria voltar, pois uma tragédia havia acontecido: nas últimas semanas o rapaz havia adoecido gravemente, e veio a morrer.
Então ela foi recebida de volta, e os pais, em meio a muitas lágrimas contaram a ela o que acontecera: logo depois que eles fugiram, havia chegado o resultado de um exame médico que o rapaz havia feito, e uma séria enfermidade, que requeria tratamento imediato havia sido diagnosticada.
Eles, os pais, não queriam punir os filhos, mas trazê-os de volta, a fim de que eles pudessem viver como família, o jovem pudesse ser tratado, e o namoro autorizado. Mas aquela mocinha não conhecia ao seu pai o suficiente, e em seu entendimento achava que ele era um “homem bravo”, e em vez de falar com ele havia preferido fugir.
Eu penso, meus irmãos, que esta história ilustra a grande tragédia que se tornou o relacionamento do homem com Deus, depois que o pecado entrou na história humana. Depois que nossos primeiros pais pecaram no Jardim do Éden, a primeira coisa que eles fizeram foi se esconder de Deus; e Deus, a primeira coisa que fez logo em seguida à maldição da morte que o pecado trouxe, foi prometer que ele mesmo providenciaria o caminho da reconciliação.
No texto que temos diante de nós, a Escritura nos ensina que quando Jesus Cristo veio ao mundo, Deus estava nele, e através dele estava reconciliando consigo mesmo o mundo, não colocando sobre os homens a culpa das suas transgressões, mas fazendo com que Cristo levasse em si mesmo, sobre a cruz, o castigo pelos nossos pecados. Desta forma o pecado, que havia se tornado uma grande barreira entre nós e Deus, estava sendo destruído, e em Cristo o homem pecador estava sendo feito justiça de Deus.
E também nos ensina que, quando um pecador se arrepende e crê em Jesus, aceitando a graça que lhe é dada em Cristo, então ele é reconciliado com Deus, começa uma vida nova, um novo relacionamento com Deus.
Mas hoje eu desejo meditar com vocês sobre o que aprendemos aqui sobre o homem que não tem Cristo. O que o Espírito Santo nos ensina aqui é tem importância prática para a vida de cada um de nós:
Primeiro, porque, como disse Jesus, “uma árvore se conhece pelos frutos”[1], e ao examinarmos a nós mesmos à luz das verdades aqui contidas, podemos perceber se somos destas novas criaturas a respeito das quais o Espírito Santo fala.[2]
Depois, para aqueles que são crentes em Jesus é também importante porque nos ensina como nós devemos ver as pessoas que ainda não creem no Senhor, e como devemos agir diante disto.
E para os que ainda não são crentes também, pois ao serem ensinados naquilo que o Evangelho diz devem tomar uma atitude que tem repercussão em sua vida por “toda a eternidade”.
1. Os que estão sem Cristo são inimigos de Deus
Quando, no v. 17, o apóstolo Paulo escreve que “se alguém está em Cristo é nova criatura”, está implicitamente afirmando que existem pessoas que não estão em Cristo, isto é, estão afastadas dele, não estão unidas a ele pela fé que faz deles uma nova criação, e consequentemente não vivem para ele, nem conhecem o seu amor.
E a grande característica destas pessoas é que vivem num estado espiritual de inimizade contra Deus. Por isto é que Paulo usa várias vezes aqui a palavra “reconciliação”:
No v. 18, falando a respeito dos crentes, Paulo diz que Deus nos reconciliou consigo mesmo e nos confiou o ministério da reconciliação. Nos vs. 19 e 20 ele explica, dizendo que Deus estava em Cristo, e por meio de Cristo estava reconciliando o mundo consigo mesmo e confiando a nós a mensagem da reconciliação, de sorte que, aqueles que receberam a palavra da reconciliação agora se consideram embaixadores de Deus, exortando a todos os homens que também se reconciliem, que não recebam em vão a graça que é oferecida a todos.
Ora o que é reconciliação? É o “ato ou o efeito de reconciliar”, isto é, de fazerem voltar, uma para a outra, duas pessoas que estavam numa posição antagônica, em desacordo por alguma razão.
Se Deus estava em Cristo reconciliando consigo os homens, não imputando aos homens as suas transgressões, isto quer dizer que antes havia algo que criava inimizade entre ambos, que os impedia de estar juntos, e isto era o pecado.
E é exatamente assim, numa atitude de alma inimiga de Deus, que estão os homens que não conhecem a Jesus. São inimigos de Deus em seu entendimento:
Cl 1:21, 22
21 E a vós outros também que, outrora, éreis estranhos e inimigos no entendimento pelas vossas obras malignas, 22 agora, porém, vos reconciliou no corpo da sua carne, mediante a sua morte, para apresentar-vos perante ele santos, inculpáveis e irrepreensíveis...
Inimigos em seu entendimento, isto é, em sua maneira de pensar: vocês eram pessoas completamente opostas aos pensamentos de Deus. Ou como diz noutro lugar, o homem natural não aceita as coisas de Deus, porque lhe são loucura.[3]
Por exemplo, o homem que não tem Cristo não concorda com o que Deus diz a respeito do pecado. Primeiro, ele acha que muitas coisas que a Bíblia chama pecado não são pecado. Segundo, ele acha que mesmo sendo pecador, não é tão pecador assim que mereça ser condenado, pois pecar é próprio da natureza humana, e Deus não deve ser assim tão rigoroso. Então o homem sem Cristo tem prazer no pecado, pratica o pecado, brinca com o pecado, ri do pecado.
Amados, hoje em dia nós temos visto, espantados, a maneira como o pecado está sendo enaltecido em nossa nação. Como diz o profeta, ao mal chamam bem, e ao bem chamam mal.[4]
Então se deseja que sejam considerados criminosos os pais que, movidos pelo amor e instruídos pela Bíblia, dão umas palmadas no “bum-bum” dos filhos procurando discipliná-los, mas deseja-se permitir que criancinhas sejam assassinadas ainda no ventre da mãe, se as mães assim desejarem.
Afirma-se que declarar que o homossexualismo é pecado deve ser tido como homofobia e portanto crime, mas ao mesmo tempo permite-se que as pessoas depredem, incendeiem as propriedades dos outros, em nome da liberdade de expressão.
Se jovens se reúnem para usar drogas, fazer apologia do crime, praticar orgias, tudo o que se faz é fornecer preservativos.
Mas queridos, não pensemos que em tempos passados as coisas eram diferentes. Pois o que estamos vendo agora é nada mais do que o afloramento de pecados que há muito estavam sendo refreados pelas leis, agora se manifestando.
Mas estas coisas, a promiscuidade, os vícios, a cobiça, o ódio, o engano, a mentira, a malícia, a maledicência, as detestáveis idolatrias, o orgulho, a vaidade, sempre fazem parte do coração do homem que não tem Deus. Apenas ficam ali, escondidos, refreados, como uma fera numa jaula, e no momento em que a porta é aberta, salta imediatamente. Pois os homens sem Cristo são inimigos de Deus em sua própria natureza
Rm 8:7, 8
7 Por isso, o pendor da carne é inimizade contra Deus, pois não está sujeito à lei de Deus, nem mesmo pode estar.  8 Portanto, os que estão na carne não podem agradar a Deus...
E ainda Tg 4:4
Infiéis, não compreendeis que a amizade do mundo é inimiga de Deus? Aquele, pois, que quiser ser amigo do mundo constitui-se inimigo de Deus.
E por “mundo” Tiago quer dizer este sistema de pensamentos, de valores, de desejos, este modo de vida que se opõe à Palavra de Deus: por um lado, a alienação em relação aos mandamentos de Deus, à sua vontade revelada na Bíblia, uma falta de desejo de Deus, das coisas de Deus; falta de amor para com Deus.
Por outro lado, o amor pelo dinheiro, pelos bens materiais, os prazeres sexuais fora do casamento, a inveja, os ciúmes, a violência, as feitiçarias, e coisas semelhantes a estas.
Agora, veja o que acontece quando uma pessoa vive assim, inimiga das coisas de Deus: o profeta Isaías disse que foi isto o que aconteceu com muitos israelitas na antiguidade.
Is 63:10
Mas eles foram rebeldes e contristaram o seu Espírito Santo, pelo que se lhes tornou em inimigo e ele mesmo pelejou contra eles.
Querido, você sabe o que é ter um inimigo? E não é uma coisa terrível? Você sabe que Satanás é inimigo de nossas almas, não sabe? E que se dependesse de Satanás, cada um de nós já estaria no inferno, não é?
Mas quão pior do que isto é ter a Deus como inimigo. Não queira ter o Espírito Santo como teu inimigo.
Mas é justamente assim que estão todos os homens que não creem em Jesus.
Não queira permanecer debaixo da ira de Deus. Não queira Deus como teu inimigo.
Mas, então, como escapar desta ira?
Sabendo também que aqueles que ainda estão sem Cristo...
2. São amados de Deus
Que coisa tremenda! O Deus cujo caráter santo o faz arder em ira contra o pecador, que o faz voltar as costas para o que pratica o mal, e que o faz exigir o merecido castigo pelos seus pecados, pela mesma santidade ama o pecador, e deseja reconciliação.
Por isto, em sua imensa sabedoria, justiça, poder e amor, providenciou um meio através do qual o pecador fosse castigado, e ao mesmo tempo fosse justificado, perdoado e absolvido por todos os seus crimes contra a santidade.
Deus providenciou sofrer em si mesmo, na pessoa de Jesus Cristo, o castigo que era nosso.
v. 21
Aquele que não conheceu pecado, ele o fez pecado por nós; para que, nele, fôssemos feitos justiça de Deus
Não consigo imaginar uma expressão mais forte do que esta.
Jesus, como aquele que assumiu o nosso lugar diante do Pai, como nosso representante, não foi somente considerado pecador em nosso lugar, mas “foi feito pecado”, como se nele estivesse encarnada toda a maldade da humanidade, como se todos os pecados dos homens, ele mesmo os tivesse cometido.
E desta maneira, em nosso lugar, ali na cruz ele sofreu toda a ira de Deus contra nós.
Qual a razão? Qual a grande motivação que levou o Pai a fazer de seu santo Filho, Jesus Cristo, pecado em nosso lugar?
Embora o texto aqui já esteja nos dizendo implicitamente, eu quero também citar o que o mesmo Paulo escreveu em Romanos capítulo 5.
Rm 5:8-10
8 Mas Deus prova o seu próprio amor para conosco pelo fato de ter Cristo morrido por nós, sendo nós ainda pecadores.  9 Logo, muito mais agora, sendo justificados pelo seu sangue, seremos por ele salvos da ira.  10 Porque, se nós, quando inimigos, fomos reconciliados com Deus mediante a morte do seu Filho, muito mais, estando já reconciliados, seremos salvos pela sua vida.
Fomos salvos da ira de Deus por causa do sangue de Jesus derramado na cruz. Fomos reconciliados com Deus mediante a morte do seu Filho. E a grande razão pela qual Cristo morreu por nós, é o mesmo Deus que estava irado conosco, também nos amou, e nos deu seu Filho mesmo sendo nós seus inimigos.
Para que entendamos um pouco melhor a ira da qual Jesus estava nos livrando ao morrer na cruz, eu gostaria de colocar duas passagens nos evangelhos, lado a lado. Nas duas passagens nós temos palavras de Jesus:
Jo 3:16
Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.
Mt 10:28
Não temais os que matam o corpo e não podem matar a alma; temei, antes, aquele que pode fazer perecer no inferno tanto a alma como o corpo.
Na passagem de João, Jesus nos fala do grande amor de Deus. Ele nos amou com tanta intensidade que nos deu seu Filho, para que todo aquele que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna.
Agora, o que significa “perecer”? A resposta está na segunda passagem, em Mateus: perecer significa ser lançado no inferno. Aquele que pode fazer perecer no inferno, tanto a alma como o corpo, é o próprio Deus.
Assim sendo, como escapar da ira de Deus? Fugindo para o amor de Deus por meio da fé em Jesus, pois todo aquele que nele crer, não perece, não será lançado no inferno, mas entrará no reino dos céus; terá a vida eterna. Inimigos de Deus, rebeldes contra Deus, mas convidados, de braços abertos, a que se convertam a Deus.
Isto nos conduz ao nosso último ponto...
3. Os homens que estão sem Cristo precisam se reconciliar com Deus
No v. 18 Paulo escreve que Deus nos deu o ministério da reconciliação, e no 19, a palavra da reconciliação. Por isto exorta e pede que os homens se reconciliem.
Agora, no cap. 6 ele diz mais duas coisas: No v. 1 ele diz que esta palavra de exortação é uma revelação da graça de Deus que não deve ser recebida em vão, e no v. 2 que quando esta mensagem vem a nós, é o tempo em que Deus está visitando e dando a oportunidade de ser salvos.
Mas então, como é recebida esta reconciliação? A Bíblia toda nos ensina isto.
Mas neste momento quero ilustrar com o ensino de Jesus. Ele nos diz, por exemplo, que a reconciliação dos homens com Deus pode ser comparada a festa de casamento do filho de um grande rei, para a qual o pai convidou todos do seu reino, maus e bons. Todos podiam entrar, mas deviam estar vestidos com roupas de festa de casamento. Mas um dos convidados quis entrar sem estar devidamente vestido, e então não pode, e foi lançado fora, na noite escura.[5]
Assim, para que uma pessoa entre no reino dos céus ela precisa estar devidamente vestida.
Ap 22:14
Bem-aventurados aqueles que lavam as suas vestiduras no sangue do Cordeiro, para que lhes assista o direito à árvore da vida, e entrem na cidade pelas portas.
Em outras palavras, reconciliar-se com Deus significa lavar-se de seus pecados no sangue de Jesus, isto é, aceitar a salvação de Deus, a graça de Deus que é oferecida no Evangelho. Significa reconhecer seu estado de inimizade e pecado contra Deus e arrepender-se, crer em Jesus, ser lavado de suas imundícias.
E não há pecador que não possa ser purificado de toda a sua sujeira.
1ª Co 6:9-11
9 Ou não sabeis que os injustos não herdarão o reino de Deus? Não vos enganeis: nem impuros, nem idólatras, nem adúlteros, nem efeminados, nem sodomitas, 10 nem ladrões, nem avarentos, nem bêbados, nem maldizentes, nem roubadores herdarão o reino de Deus.  11 Tais fostes alguns de vós; mas vós vos lavastes, mas fostes santificados, mas fostes justificados em o nome do Senhor Jesus Cristo e no Espírito do nosso Deus.
Os homens que estão sem Cristo precisam receber a graça que Deus oferece a todos, e se a receberem, serão transformados em nova criação, em amigos de Deus, herdeiros da vida eterna.
Conclusão
Eu gostaria de concluir citando as palavras de Jesus em João 3:36:
Por isso, quem crê no Filho tem a vida eterna; o que, todavia, se mantém rebelde contra o Filho não verá a vida, mas sobre ele permanece a ira de Deus.
Estas são as coisas que o Espírito Santo afirma sobre aqueles que ainda não estão unidos a Deus por meio da fé em Jesus: são inimigos de Deus em seu entendimento, e em sua natureza pecadora estão debaixo da ira de Deus. Mas também são amados por Deus, de tal modo que Deus enviou seu Filho a fim de salvar a todo aquele que crer. Agora, tudo o que precisam fazer é reconciliar-se com Deus, receber a graça de Deus que lhes é oferecida.
Aplicação
Diante destas verdades...
1. Cada ser humano precisa examinar seu coração, seus pensamentos, a sua alma: em meu entendimento, em meus sentimentos, já me reconciliei com Deus?
Já me converti dos meus maus caminhos? Já lavei minhas vestiduras, já purifiquei minha alma no sangue de Jesus? Já sou uma nova criação? A vida de pecado já ficou para trás?
E se a resposta a estas perguntas for positiva...
2.1. Viver de acordo com isto: como amigos de Deus, que amam seus caminhos, sua Palavra, que confiam em Jesus, que lhe seguem e obedecem em amor
2.2. Mas também pensar com muito amor, com zelo e desejo pela salvação dos que ainda não creem.
Pois ainda que amados, estão sob a ira de Deus. Então preguemos, e exortemos, e roguemos que se arrependam. Pois somos embaixadores de Deus.
3. Por último, se, ao examinar-se a si mesmo, alguém perceber que ainda não na uma nova criação, mas que se mantém rebelde contra o Filho de Deus...
Precisa crer. E o dia da oportunidade é hoje, a hora da visitação divina é hoje. Porque você se perderia? Porque jogar fora a graça de Deus? Reconcilie-se com Deus. Lave-se no sangue de Jesus. Se não, no reino de Deus você não entrará.



[1] Mt 7:20
[2] 2ª Co 13:5
[3] 1ª Co 2;14
[4] Is 5:20
[5] Mt 22:1-14

domingo, 15 de junho de 2014

Aqueles que estão em Cristo - 2ª Co 5:14-21

IPC em Pda. de Taipas
Domingo, 15 de junho de 2014
Pr. Plínio Fernandes
Queridos irmãos, vamos ler 2ª Co 5:14-21
14 Pois o amor de Cristo nos constrange, julgando nós isto: um morreu por todos; logo, todos morreram.  15 E ele morreu por todos, para que os que vivem não vivam mais para si mesmos, mas para aquele que por eles morreu e ressuscitou.  16 Assim que, nós, daqui por diante, a ninguém conhecemos segundo a carne; e, se antes conhecemos Cristo segundo a carne, já agora não o conhecemos deste modo.  17 E, assim, se alguém está em Cristo, é nova criatura; as coisas antigas já passaram; eis que se fizeram novas.  18 Ora, tudo provém de Deus, que nos reconciliou consigo mesmo por meio de Cristo e nos deu o ministério da reconciliação, 19 a saber, que Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não imputando aos homens as suas transgressões, e nos confiou a palavra da reconciliação.  20 De sorte que somos embaixadores em nome de Cristo, como se Deus exortasse por nosso intermédio. Em nome de Cristo, pois, rogamos que vos reconcilieis com Deus.  21 Aquele que não conheceu pecado, ele o fez pecado por nós; para que, nele, fôssemos feitos justiça de Deus.
Você já ouviu falar que comer manga e beber leite juntos é uma mistura perigosa? Quando era menino, foi o que me ensinaram, e então, só de pensar que isto um dia poderia acontecer comigo, por algum acidente, eu já sentia dor de estômago.
Mas um dia uma amiga estava preparando um suco de manga, e perguntou se eu preferia com leite ou com água. Eu achei estranho e perguntei: “Mas com leite não faz mal?”.
Ao que ela respondeu: “Não. Eu nunca ouvi falar. E prefiro com leite”.
E preparou com leite. E que delícia... E eu havia ficado tanto tempo sem aproveitar uma coisa tão gostosa, só porque pensava que não podia.
Cada um de nós fala e age de acordo com aquilo que acredita, quer as nossas crenças seja certas ou erradas.
Se você pensa que determinado alimento te faz mal, então você o evita. Se uma pessoa pensa que é amada, então ela se sente confortável em meio às pessoas que a amam, mas se ela pensa ser desprezada... Se ao sair de casa você pensa que irá chover, então você leva o guarda-chuva, e assim por diante, em tudo na vida. Daí a importância de conduzir nossos pensamentos àquilo que é verdade, e muito mais especialmente no que diz respeito às coisas espirituais, as coisas de Deus.
No texto que temos diante dos nossos olhos, o apóstolo Paulo nos diz que houve uma época em sua vida que ele não pensava nas coisas de acordo com uma perspectiva espiritual. Mais especificamente, ele está dizendo que antes de conhecer ao Senhor, o que ele pensava sobre Cristo e sobre as outras pessoas era fruto de um conhecimento distorcido, carnal, isto é, não tinha uma visão espiritual.
Mas agora é diferente, ele diz:
“Se antes conhecemos a Cristo segundo a carne, agora já não é assim que o conhecemos. Aliás, de agora em diante, a ninguém conhecemos segundo a carne...”
Em nosso estudo anterior nós consideramos que aquele que está em Cristo, pensa sobre Jesus, não de um ponto de vista carnal, mas de um ponto de vista ensinado pelo Espírito Santo. Aquele que é ensinado pelo Espírito de Deus entende que, por causa do grande amor com que Deus nos amou, ele estava em Cristo, reconciliando consigo o mundo, e não imputando aos homens as suas transgressões (v. 19).
Hoje eu desejo meditar com vocês sobre um segundo assunto: o que o Espírito Santo diz sobre nós, os que estamos em Cristo.
De todas as coisas maravilhosas que ele nos diz na Bíblia, eu desejo destacar três, que são manifestas neste texto.
1. O Espírito Santo nos ensina que nós, os que estamos unidos a Jesus por meio da fé, somos nova criação
v. 17
E, assim, se alguém está em Cristo, é nova criatura; as coisas antigas já passaram; eis que se fizeram novas.  
A NVI traduz muito bem o texto quando afirma: “é nova criação”, isto é, aquele que está em Cristo, não somente é uma nova criatura, mas também pertence a uma nova ordem, novos céus e nova terra, o reino do céu que por meio de Cristo já está se revelando, e que se manifestará em toda a plenitude quando Jesus voltar.
Aqueles que estão em Cristo são novas criaturas, porque em cada um deles foi realizada uma transformação espiritual tão grande que Jesus a descreve como sendo nada menos que um novo nascimento, um renascimento espiritual.
Jo 3:3-7
3 A isto, respondeu Jesus: Em verdade, em verdade te digo que, se alguém não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus.  4 Perguntou-lhe Nicodemos: Como pode um homem nascer, sendo velho? Pode, porventura, voltar ao ventre materno e nascer segunda vez?  5 Respondeu Jesus: Em verdade, em verdade te digo: quem não nascer da água e do Espírito não pode entrar no reino de Deus.  6 O que é nascido da carne é carne; e o que é nascido do Espírito é espírito.  7 Não te admires de eu te dizer: importa-vos nascer de novo.
Jesus diz a este homem, Nicodemos: “Para que alguém possa entrar no reino do céu ele precisa nascer de novo”.
“Mas Senhor”, pergunta Nicodemos, “como isto pode acontecer? O Senhor está dizendo que para uma pessoa ser salva ela precisa voltar ao ventre materno, reencarnar?”.
“Não estou falando deste tipo de nascimento, de renascer fisicamente. Estou falando de um renascimento espiritual, produzido pelo arrependimento que a água do batismo simboliza, estou falando de um nascimento produzido pelo Espírito de Deus”.
Esta transformação espiritual da qual Jesus diz ser a condição sem a qual ninguém pode entrar no reino de Deus é uma promessa antiga das Escrituras.
Ez 36:26, 27
26 Dar-vos-ei coração novo e porei dentro de vós espírito novo; tirarei de vós o coração de pedra e vos darei coração de carne.  27 Porei dentro de vós o meu Espírito e farei que andeis nos meus estatutos, guardeis os meus juízos e os observeis.
“Darei a vocês”, disse Deus, “um coração novo”.
“Vou tirar de vocês este coração duro, que resiste à minha vontade, que se fecha para minha palavra, e vou dar a vocês um coração vivo, sensível à minha voz”.
“Vou dar a vocês um espírito renovado, porque colocarei dentro de vocês o meu Espírito, e então vocês andarão nos meus caminhos, e irão obedecer à minha lei”.
Novo nascimento . Novo coração. Novo espírito. Nova criação, na qual novas coisas assumem o seu lugar. E assim que, este novo homem aprende do Espírito um novo modo de viver, no sentido de que agora ele se despoja do que é velho, daquilo que se corrompe pelos desejos enganosos do pecado, e se renova no espírito do seu entendimento.
Aquele que mentia, agora passa a falar a verdade. Aquele que roubava, agora trabalha, faz com as mãos o que é bom e auxilia os necessitados. Aquele cujos lábios eram cheios de palavras torpes, que praguejava, que maldizia, que caluniava, agora abençoa e edifica ao seu semelhante através daquilo que fala. Aquele que era de gênio violento agora se torna doce, meigo e gentil, sem ser fraco e acovardado, mas é guiado pelo Espírito de amor, força e moderação. As coisas da velha criação vão ficando cada vez mais no passado, e as coisas do reino do céu vão se tornando a “verdadeira realidade” desta nova criatura.
Eu conheci um jovem que antes de se converter ao Senhor tinha o hábito de mentir. Mentia sem necessidade (se é que em algum momento a mentira é necessária), à toa, por hábito. Mas um dia Jesus transformou sua vida, e ele descobriu que a mentira não faz parte do modo de vida de um crente em Jesus.
Então, certa ocasião, na casa de uma irmã, ele estava conversando com o seu pastor, depois do culto. E disse uma mentira ao pastor, e nem percebeu na hora. Mas depois, enquanto ia para casa caiu em si, e ficou muito atribulado. Antigamente ele teria mentido e não haveria problema algum. Mas agora já não era assim.
No dia seguinte, quando na igreja, o pastor pediu que aquele jovem orasse pedindo a bênção de Deus para o estudo bíblico que iriam fazer. Antes de orar, ele dirigiu a palavra ao pastor na presença de todos os que ali estavam dizendo: “Pastor, eu vou orar. Mas antes eu gostaria de dizer uma coisa: ontem à noite quando estávamos conversando eu disse ‘tal coisa para o senhor’, e era mentira. Agora que eu estou em Cristo quero aprender a não mentir mais; por isto estou te confessando o meu pecado e peço que o senhor me desculpe”.
O pastor respondeu: “É claro que está desculpado”. E aquele jovem crente então orou, feliz por estar começando a viver de acordo com a vontade de Deus.
Algum tempo depois ele estava em outro lugar conversando com o pastor novamente, e sabe o que foi que aconteceu? Ele tornou a mentir. Mas desta vez percebeu na hora, e disse: “Êpa. Pastor, o que eu acabei de te falar é mentira. Por favor, me perdoe”.
E assim ele foi aprendendo, não somente nesta, mas em muitas outras coisas, a crescer por dentro: a crescer em humildade, amor, verdade, compaixão, justiça, crescer segundo a imagem de Jesus Cristo.
2. Aqueles que estão em Cristo têm um novo relacionamento com Deus: um relacionamento de amor e amizade
No v. 14, lemos que
“o amor de Cristo nos constrange, de modo que nós entendemos assim: um, isso é, Jesus, morreu por todos; logo, todos morreram...”.
A palavra “constranger” aqui tem o sentido de “cercar por todos os lados”. Por isto a NTLH diz: “o amor de Cristo nos domina”. Entendemos que o Senhor deu sua vida na cruz por causa do seu grande amor por nós. E assim, inundados e maravilhados, plenos de alegria pelo conhecimento deste amor, “ficamos sem saída”, nós o amamos também.
No v. 18 aprendemos que “Deus, nos reconciliou consigo mesmo por meio de Cristo...”.
A palavra “reconciliação” trás a ideia de que duas pessoas antes eram inimigas, e estavam, por assim dizer, “de costas viradas uma para a outra”, mas que então se voltaram, e agora têm um relacionamento de amizade. Como o Espírito Santo testemunha sobre Deus e Moisés, quando diz que “o Senhor falava a Moisés face a face, como qualquer (homem) fala com o seu amigo” (Êx 33:11). Agora, de inimigos de Deus, fomos reconciliados, temos paz com ele.
E no v. 21 somos ensinados que Cristo, que não conheceu pecado, isto é, que nunca cometeu pecado algum, Deus o fez pecado em nosso lugar, para que nele nós fossemos feitos justiça de Deus.
Veja quanta coisa foi feita na cruz, porque nela Jesus assumiu o nosso lugar! Toda a nossa situação anterior de medo de Deus, de morte, separação, inimizade e injustiça foi invertida: se ele morreu por nós, então ali na cruz nós morremos também – morreu o velho homem. E se morreu o velho homem, inimigo de Deus, agora o novo homem é amigo de Deus; tem paz com ele e ama caminhar com ele. Se morreu o pecador, agora vive aquele que foi feito justiça de Deus.
Irmão, é assim que o Espírito Santo nos vê em Cristo: ele não nos vê como pecadores inimigos, rebeldes, mas como filhos amados, justificados, reconciliados.
E é assim que também devemos nos ver a nós mesmos, e também uns aos outros. Se nós nos vemos como amigos de Deus, amados e justificados, é deste modo que seremos inclinados a viver.
Além disto, com que graça maravilhosa nos relacionamos uns com os outros se vemos nossos irmãos da mesma maneira. Em outro lugar a Escritura descreve a doçura dos relacionamentos nos quais esta consciência se faz presente:
Cl 3:12-17
12 Revesti-vos, pois, como eleitos de Deus, santos e amados, de ternos afetos de misericórdia, de bondade, de humildade, de mansidão, de longanimidade.  13 Suportai-vos uns aos outros, perdoai-vos mutuamente, caso alguém tenha motivo de queixa contra outrem. Assim como o Senhor vos perdoou, assim também perdoai vós; 14 acima de tudo isto, porém, esteja o amor, que é o vínculo da perfeição.  15 Seja a paz de Cristo o árbitro em vosso coração, à qual, também, fostes chamados em um só corpo; e sede agradecidos.  16 Habite, ricamente, em vós a palavra de Cristo; instruí-vos e aconselhai-vos mutuamente em toda a sabedoria, louvando a Deus, com salmos, e hinos, e cânticos espirituais, com gratidão, em vosso coração.  17 E tudo o que fizerdes, seja em palavra, seja em ação, fazei-o em nome do Senhor Jesus, dando por ele graças a Deus Pai.
Veja: o texto é claro em mostrar que a igreja de Deus não é uma família de pessoas que já alcançaram a plena maturidade espiritual. Estamos todos aprendendo de Cristo. Às vezes pecamos uns contra os outros. Às vezes pecamos contra Deus. Às vezes não entendemos as coisas. Por isto ele diz que às vezes há necessidade de perdoarmos uns aos outros.
Mas o que predomina nos relacionamentos daqueles que se entendem como eleitos de Deus, santos e amados, é o amor, a ternura, a misericórdia, a humildade, a paciência, a mansidão, a gratidão, a paz de Cristo nos corações, as conversas abençoadoras e edificantes. É o mesmo clima de amor que existe entre os filhos e o Pai celestial.
Como diz a canção:
Há um clima, uma esfera de amor, uma força que se move entre nós
Algo novo Deus está por fazer com este povo a quem muito quer bem
Não é desta maneira que o apóstolo Paulo pensava sobre as muitas igrejas a quem escreveu? E sobre as quais escreveu? Veja: as cartas de Paulo revelam que as igrejas de Deus eram muito imperfeitas, tanto no conhecimento como na pratica da vida cristã. Então ele precisava instruir muito, corrigir muito, orar muito, admoestar muito.
Agora, se você ler suas cartas às igrejas, verá a maneira como ele lidava com os pecados, os erros doutrinários, por vezes até chorando, por vezes até bravo, mas sem deixar de reconhecer que apesar de todas as suas falhas, as pessoas para quem escrevia eram irmãos em Cristo. Então ele descrevia e corrigia os erros, mas ao mesmo tempo reconhecia os pontos fortes, e todo o bem que havia em cada uma das igrejas.
Assim, via de regra, Paulo passa um bom tempo, em suas cartas, antes de ensinar como as pessoas devem viver em Cristo, ensinando quem elas já são em Cristo, para somente depois, à luz do que elas são, como devem viver.
Vejam o afeto, a gratidão, o carinho, o respeito pela obra de Deus na vida destas pessoas com que ele começa as suas cartas, e como este mesmo carinho e reconhecimento da graça de Deus permanece em todo o tempo.
Agora, sabe o irmão que está ao seu lado? E cada um de nós que aqui está hoje?
E sabe aquele irmão que às vezes é tão infantil?
Sabe também aqueles irmãos de persuasão batista? E aqueles irmãos arminianos? E aqueles irmãos pentecostais? E aqueles irmãos europeus, e os irmãos africanos, pessoas de culturas tão diferentes da nossa...
Eles podem pensar certas coisas de maneira bem diferente de nós. Podem ter um modo de se expressar diferente do nosso. Mas aqueles irmãos têm uma coisa em comum conosco: eles pertencem ao Senhor, e somos todos uma grande e abençoada família, e somos todos chamados filhos de Deus.
Devemos pensar sobre nós como amados de Deus, amigos de Deus, justiça de Deus.
3. Aqueles que estão em Cristo agora vivem para Deus
vs. 14, 15
14 Pois o amor de Cristo nos constrange, julgando nós isto: um morreu por todos; logo, todos morreram.  15 E ele morreu por todos, para que os que vivem não vivam mais para si mesmos, mas para aquele que por eles morreu e ressuscitou
Quando nós lemos a respeito da História da Igreja, qualquer área que seja, temos uma imensurável de histórias inspiradoras, de homens, mulheres e muitas vezes grupos imensos de pessoas que foram capazes de sofrer e dar sua vida pelo bom nome de Jesus. Gente da qual o mundo não era digno.
Todavia, ainda que nem todos os crentes sejam colocados em situações nas quais o seu amor a Deus é selado com o martírio, o fato é que nenhum crente em Jesus vive para si. Nenhum de nós, por quem Jesus morreu, vive para si mesmo, mas agora vive para Deus. É assim que o Espírito Santo quer que vejamos a nós mesmos, e também uns aos outros.
Rm 14:7-9
7 Porque nenhum de nós vive para si mesmo, nem morre para si.  8 Porque, se vivemos, para o Senhor vivemos; se morremos, para o Senhor morremos. Quer, pois, vivamos ou morramos, somos do Senhor.  9 Foi precisamente para esse fim que Cristo morreu e ressurgiu: para ser Senhor tanto de mortos como de vivos.
Paulo está dizendo estas coisas com o propósito de conduzir o entendimento dos crentes a respeitarem as diferenças uns os outros. Desde o começo do capítulo ele escreve que a respeito de certas coisas, que não são a essência da vida cristã: os crentes têm diferentes maneiras de pensar e de agir; diz que alguns são mais fortes, outros mais fracos.
Então alguns irmãos pensam que certos alimentos são proibidos. Mas outros crentes não pensam da mesma forma (v. 2). Alguns fazem diferenças entre dias e dias: para outros todos os dias são iguais (v. 5). Mas Paulo diz: se alguém faz diferença, é para servir ao Senhor que está fazendo (v. 6). Se alguém não faz, é porque para ele tudo é de Deus. O que importa é que nenhum de nós vive mais para si mesmo. Todos vivemos para o Senhor.
Então, que não nos julguemos uns aos outros, não condenemos uns aos outros (v. 13), que não coloquemos tropeço na vida uns dos outros (v. 15), mas que nos amemos e nos edifiquemos uns aos outros (cap. 15).
Uma coisa é certa: aquele que é nova criatura tem como o propósito de sua vida o viver para Deus, e não para o seu próprio ego.
Conheci um jovem que certa ocasião estava ensinando outro a evangelizar pessoalmente. E neste propósito eles iam a um campus universitário, onde todos os dias se aproximavam de alguém e pregavam o evangelho. Certo dia, quando ali estavam, este jovem estava se sentindo muito deprimido, e não queria falar com ninguém.
Mas então orou confessando a Deus: “Senhor, não estou com vontade de falar de Jesus...”
Então este texto veio à sua mente: “Estou crucificado com Cristo, logo já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim...” (Gl 2:20).
E o pensamento: “Morto tem vontade?”.
Ele respondeu: “Não”. E se levantou e pôs-se a evangelizar com seu discípulo.
No dia seguinte, o jovem que estava aprendendo disse: “Meu irmão, eu sempre te vejo evangelizando com muito amor, mas a maneira como você estava fazendo ontem excedeu em muito a todas as outras ocasiões”.
Quando uma pessoa conhece o amor de Cristo, quando ela tem com Deus um relacionamento de amizade, então ela é capaz de coisas extraordinárias, pois o velho homem está morto.
Conheci um jovem universitário, que estava participando de um acampamento em Manaus (hoje ele é pastor naquela cidade).
Certa noite, no culto, o pregador disse aos irmãos:
“Hoje eu não pretendo pregar. Quero apenas lembrar a vocês o que Paulo escreveu aos coríntios sobre os crentes da Macêdonia, que se entregaram a si mesmos, primeiramente a Deus, e depois aos irmãos, despojando-se até de seus bens para ajudar as igrejas pobres da Judéia” (1ª Co 8:1-5).
“Eu simplesmente gostaria de fazer um apelo: ‘Quem deseja imitar aqueles irmãos, entregando-se completamente a Deus’?”.
“Quem deseja entregar a Deus sua vida, com tudo o que tem? Seus dons, seus talentos naturais, seus bens materiais, seu dinheiro, sua posição social, sua saúde, seu tempo”?
“Quem deseja entregar-se em amor pela igreja, pela evangelização do mundo? Quem deseja dedicar-se completamente a amar a noiva do Senhor Jesus?”.
“E se você deseja fazer isto, eu quero convidá-lo a se ajoelhar, e vamos ter um período de oração, no qual vamos entregar a Deus tudo o que somos, e tudo o que temos”.
E depois de cantarmos “Nas estrelas”, sob aquele lindo céu estrelado da floresta amazônica, cada um daqueles irmãos que ali estava se ajoelhou, e tivemos um período de intensas orações de entrega de vidas ao Senhor.
Depois, os irmãos que desejaram fizeram uma coisa: tomaram de seus pertences algo que lhes era importante, e deu a outro irmão, como símbolo de sua entrega a Deus.
Mas aquele irmão a quem eu me referi, naquela noite estava se sentindo chamado por Deus para dedicar toda a sua vida ao ministério da pregação. E ele se levantou e contou o que desejava fazer, e fez: iria sair do apartamento em que estava e iria morar na república da universidade, para pregar ali aos estudantes.
 “Então”, ele disse, “eu vou me desfazer de todos os meus móveis. Alguém aqui precisa de uma geladeira? Alguém precisa de um fogão? De um sofá? De um dormitório?”.
E simplesmente foi distribuindo tudo o que tinha. E do outro lado, irmãozinhos humildes, que não tinham recursos, ganharam bens que lhes foram tão preciosos. Algum tempo depois ele se dedicou ao ministério pastoral.
Não são todos os crentes a quem Deus orienta desta maneira, mas a todos os crentes Deus pede: entregue-se a mim, com tudo o que você é, com tudo o que você tem.
E aqueles que são crentes entregam-se assim ao Senhor, pois quando uma pessoa conhece o amor de Cristo, quando ela tem com Deus um relacionamento de amizade, então ela é capaz de coisas extraordinárias, pois agora Cristo vive nele, fala por seus lábios, ama com o seu coração, age com suas mãos e pés.
Conclusão e aplicação
Em Romanos 8, a Escritura diz que se nossos pensamentos forem dirigidos pela carne caminhamos para a morte; mas se forem dirigidos pelo Espírito, caminhamos para a vida e paz. E de acordo com o Espírito Santo, de que maneira devemos pensar a nosso respeito, e de cada crente em Jesus, de maneira que sejamos conduzidos à vida e paz?
1. Que somos nova criação
Deus nos diz que é assim, e por meio da confiança na palavra de Deus nós devemos aceitar alegremente esta verdade.
Quando vierem as tentações, as insistências da carne e do diabo no sentido de que pequemos, quando surgirem as dúvidas, os dardos inflamados do inimigo contra nossas almas, afirmemos confiantemente:
Eu nasci de novo. Eu sou nova criatura. O meu velho homem já foi crucificado com Cristo, e agora já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim.
Estas coisas eu digo para que vocês não pequem, mas se alguém pecar, não fique prostrado.
Temos um advogado diante do Pai: Jesus Cristo, o justo, ele é a expiação pelos nossos pecados.
Então simplesmente confesse, continue a confiar na graça de Deus e entregue o seu caminho ao Senhor.
Pense da mesma maneira sobre cada irmão em Cristo.
2. Da mesma maneira, o Espírito diz, e nós nos devemos ver assim: eleitos de Deus, amados, reconciliados, justificados.
E cada irmão nosso também. Pensemos o melhor dos nossos irmãos.
Ah!... Como eu fico triste quando vejo nalgum meio de comunicação os crentes falando mal de seus irmãos, por seus erros, por seus pecados.
Se Paulo estivesse aqui hoje, será que ele escreveria cartas às igrejas nos mesmos termos descaridosos com os quais muitos pretensos apologistas da boa doutrina escrevem, escarnecendo e ridicularizando daqueles que erram, ou dos quais apenas discordam?
Será que Paulo não escreveria com firmeza, mas ao mesmo tempo amor e doçura, procurando ensinar e abençoar aqueles que estão errados? E será também que Paulo não reafirmaria as coisas boas que estes crentes fazem? E não diríamos o mesmo em relação aos irmãos próximos de Paulo?
Então, se você vir algum irmão se comportando como se ainda fosse “velha criatura”, creia que assim como Deus é fiel na sua vida, e está trabalhando em seu coração e te edificando, ele também é fiel em toda a sua igreja, e em cada um dos seus escolhidos.
Ore pelo irmão que erra. Encha-se daquele conhecimento e bondade que Deus concede a todos os seus filhos, e munido de uma sabedoria mansa, pacífica, plena de bons frutos, seguindo a verdade em amor, corrija, ensine, admoeste, chore se necessário. Mas não fale mal dos seus irmãos, pois o Senhor deles e nosso não gosta. Ame os que invocam o nome de Jesus.
3. Nós não nos pertencemos a nós mesmos, não vivemos para nós mesmos.
Quer vivamos, quer morramos, somos do Senhor.
Viva de acordo com isto: que os seus dons não sejam para o seu proveito, para a tua glória, mas para a edificação da igreja de Deus, para a glória de Deus. Nada faça com o fim de ser reconhecido, mas para a glória de Deus. Que os teus bens estejam colocados à disposição de Deus, o teu tempo, tudo o que você é, tudo o que você tem, ofereça ao Senhor.

Glória a Deus. Creiamos nisto. Falemos desta maneira. Vivamos desta maneira, pois é assim que o Espírito Santo fala a nosso respeito.

segunda-feira, 2 de junho de 2014

O que o Espírito Santo nos ensina sobre Cristo - 2ª Co 5:14-6:2

IPC em Pda. de Taipas
Domingo, 01 de junho de 2014
Pr. Plínio Fernandes
Meus amados, vamos ler 2ª aos Coríntios 5:14-6:2
14 Pois o amor de Cristo nos constrange, julgando nós isto: um morreu por todos; logo, todos morreram.  15 E ele morreu por todos, para que os que vivem não vivam mais para si mesmos, mas para aquele que por eles morreu e ressuscitou.  16 Assim que, nós, daqui por diante, a ninguém conhecemos segundo a carne; e, se antes conhecemos Cristo segundo a carne, já agora não o conhecemos deste modo.  17 E, assim, se alguém está em Cristo, é nova criatura; as coisas antigas já passaram; eis que se fizeram novas.  18 Ora, tudo provém de Deus, que nos reconciliou consigo mesmo por meio de Cristo e nos deu o ministério da reconciliação, 19 a saber, que Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não imputando aos homens as suas transgressões, e nos confiou a palavra da reconciliação.  20 De sorte que somos embaixadores em nome de Cristo, como se Deus exortasse por nosso intermédio. Em nome de Cristo, pois, rogamos que vos reconcilieis com Deus.  21 Aquele que não conheceu pecado, ele o fez pecado por nós; para que, nele, fôssemos feitos justiça de Deus. 6:1 E nós, na qualidade de cooperadores com ele, também vos exortamos a que não recebais em vão a graça de Deus 2 (porque ele diz: Eu te ouvi no tempo da oportunidade e te socorri no dia da salvação; eis, agora, o tempo sobremodo oportuno, eis, agora, o dia da salvação).
Nos vs. 16 e 17, o apóstolo Paulo faz um contraste entre aquilo que ele, e cada um de nós, crentes em Jesus, éramos antes de Cristo se revelar a nós, e agora que o conhecemos. É um contraste tão grande que ele chega a dizer: “Se alguém está em Cristo, é uma nova criatura. As coisas antigas já passara; eis que se fizeram novas”.
Na vida daquele que está em Cristo, tudo é novo; tudo é diferente. Sem Jesus, uma pessoa vive para si mesma. Mas quando ela está em Cristo, então passa viver para Deus. Quando uma pessoa está sem Cristo, em seu entendimento e em seu modo de vida, ela se opõe à lei de Deus, e não tem prazer em fazer a vontade dele; mas quando está em Cristo, então é reconciliada com Deus. E até a sua maneira de pensar sobre si mesma, e sobre outras pessoas, se torna outra.
Mas tudo começa quando ela tem um novo conhecimento de Cristo. Porque, vejamos novamente o v. 16:
Assim que, nós, daqui por diante, a ninguém conhecemos segundo a carne; e, se antes conhecemos Cristo segundo a carne, já agora não o conhecemos deste modo.
- “De agora em diante já não conhecemos a qualquer pessoa, de um ponto de vista humano”.
- “E o mesmo em relação a Cristo: se antigamente nós conhecemos a Cristo de acordo com a carne, agora já não é assim que o conhecemos”.
O que Paulo quer dizer com esta frase ,“segundo a carne”, ou “de acordo com a carne”? E agora que já não conhece a Cristo de acordo com a carne, como é este conhecimento? Acho que se lermos também outras passagens isto se torna mais claro:
Rm 7:14
Porque bem sabemos que a lei é espiritual; eu, todavia, sou carnal, vendido à escravidão do pecado.
Rm 8:4
...a fim de que o preceito da lei se cumprisse em nós, que não andamos segundo a carne, mas segundo o Espírito.
Rm 8:8, 9
Portanto, os que estão na carne não podem agradar a Deus.  9 Vós, porém, não estais na carne, mas no Espírito, se, de fato, o Espírito de Deus habita em vós. E, se alguém não tem o Espírito de Cristo, esse tal não é dele.
Conforme podemos notar, nestes vs. Paulo está fazendo um contraste entre aquilo que é carnal e aquilo que é espiritual. O homem, considerado em sua natureza caída, é um ser carnal, em contraste com a lei de Deus, que é espiritual. Quem está na carne, isto é, quem vive de acordo com a natureza humana decaída, pecadora, não pode agradar a Deus. Mas quando o Espírito de Deus, que também é chamado Espírito de Cristo, vem habitar no coração de uma pessoa, então ela já não está mais “na carne”, e sim, no Espírito.
Agora vamos ler mais outra passagem:
1ª Co 2:12
Ora, nós não temos recebido o espírito do mundo, e sim o Espírito que vem de Deus, para que conheçamos o que por Deus nos foi dado gratuitamente.
Assim, quando Paulo diz: “A ninguém mais conhecemos segundo a carne”, está se referindo ao fato de que se alguém está Cristo, sendo uma nova criatura, já não anda segundo a maneira de se entender a vida, as pessoas, do ponto de vista de um homem pecador; mas que agora, sendo ensinado pelo Espírito Santo, está aprendendo a pensar nas coisas de acordo com o ponto de vista de Deus.
E inclusive em relação a Cristo: “Antes”, ele diz, “eu conhecia a Jesus de acordo com o ponto de vista humano; mas agora já não o conheço assim; agora, que sou ensinado pelo Espírito, conheço a Cristo segundo o ponto de vista de Deus”.
E aqui em nosso texto básico existem várias coisas que ele fala sobre Cristo que nos são ensinadas pelo Espírito Santo.
Eu quero mencionar quatro delas... O Espírito Santo nos ensina que...
1. Deus estava em Cristo
Vejamos novamente o v. 19
A saber, Deus estava em Cristo...
Algumas pessoas preferem entender estas palavras como Paulo dizendo meramente que, assim como nós estamos unidos a Cristo, como diz o v. 17, assim também Deus e Cristo estavam unidos, em plena comunhão, e trabalhando para a nossa salvação.
Entendem que Deus estava agindo através de Cristo, como um homem usado por ele, assim como fez com Moisés, tirando o povo do Egito, ou por meio dos profetas enviando suas mensagens.
E é claro que Deus estava unido a Cristo, e agindo por meio de Cristo. Mas o sentido pleno é muito maior do que isto. Pois a Bíblia nos diz que Cristo não foi apenas um servo usado por Deus.
Vamos ler outras passagens:
Cl 2:8, 9
8 Cuidado que ninguém vos venha a enredar com sua filosofia e vãs sutilezas, conforme a tradição dos homens, conforme os rudimentos do mundo e não segundo Cristo; 9 porquanto, nele, habita, corporalmente, toda a plenitude da Divindade.
Mais uma vez um contraste, e aqui entre as filosofias, as tradições e as sutilezas dos homens, de um lado, e Cristo, do outro; entre o mundo, de um lado, e Cristo, do outro. Em Cristo, ele diz, Deus habita corporalmente em “toda a sua plenitude”. E isto está em harmonia com os ensinos do próprio Senhor Jesus.
Jo 14:6-8
 6 Respondeu-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim.  7 Se vós me tivésseis conhecido, conheceríeis também a meu Pai. Desde agora o conheceis e o tendes visto.  8 Replicou-lhe Filipe: Senhor, mostra-nos o Pai, e isso nos basta.  9 Disse-lhe Jesus: Filipe, há tanto tempo estou convosco, e não me tens conhecido? Quem me vê a mim vê o Pai; como dizes tu: Mostra-nos o Pai?
Jo 10:27-30
27 As minhas ovelhas ouvem a minha voz; eu as conheço, e elas me seguem.  28 Eu lhes dou a vida eterna; jamais perecerão, e ninguém as arrebatará da minha mão.  29 Aquilo que meu Pai me deu é maior do que tudo; e da mão do Pai ninguém pode arrebatar.  30 Eu e o Pai somos um.
Cada frase de Jesus aqui é cheia de importância quanto a este assunto:
“Ninguém vem” – e não “ninguém vai ao Pai”, pois, como diz também diz no v. 10, “eu estou no Pai, e o Pai está em mim”.
“Quem conhece ao mim conhece o Pai; quem vê a mim vê o Pai”.
“As minhas ovelhas estão na minha mão, e na mão do Pai, de ninguém pode tirá-las. Pois eu e o Pai somos um”.
Deus estava em Cristo. É assim que o Espírito Santo tem nos ensinado, e é assim que nós aprendemos dele.
2. Deus estava em Cristo, reconciliando consigo o mundo
Ainda o v. 19:
Deus estava em Cristo, reconciliado consigo o mundo, não imputando aos homens as suas transgressões...
Quando Deus criou nossos primeiros pais, lá no Jardim do Éden, “escreveu” a norma da sua lei em sua consciência, no sentido de que o homem, feito à imagem e semelhança de Deus, foi criado para glorificar ao seu criador, amá-lo, alegrar-se nele, e amar também ao seu semelhante.
Mas a natureza humana, desde que nossos primeiros pais, Adão e Eva, pecaram, tornou-se pecadora também, e por isto sempre contrária à lei do Senhor, que estava primeiramente gravada nela mesma, em sua própria consciência, e depois foi expressa na revelação especial da Palavra de Deus.
Por causa desta oposição que agora é inerente ao ser humano, Paulo escreve que a carne é inimiga de Deus, que não está, e nunca estará sujeita à lei de Deus, e por isto mesmo a ira de Deus permanece sobre todos os homens.
Então, o homem sem Cristo inventa suas próprias religiões, cria seus próprios deuses, levanta os ídolos de seu próprio coração, mente, inveja, odeia, difama, desobedece aos pais, adultera, pratica toda sorte de impureza sexual, comete desonestidades, rouba, usa drogas, perverte as relações naturais, e muitas coisas semelhantes a estas. A natureza humana está em inimizade contra Deus, e Deus irado com o homem.
Mas o mesmo Deus que se ira, também é um Deus que ama. Deus ama pecadores, e enviou Jesus ao mundo para que, em Cristo, os homens fossem em reconciliados com ele.
Nos dias de sua encarnação, o que lemos nos evangelhos são muitas histórias de pessoas que estavam vivendo em caminhos de pecado, sofrimento, dor e morte, mas que foram reconciliadas, trazidas de volta para Deus, mediante Jesus Cristo, que veio ao encontro delas como um pastor que procura suas ovelhas quando elas se perdem.
Por exemplo:
Jo 8:10, 11
10 Erguendo-se Jesus e não vendo a ninguém mais além da mulher (a mulher que tinha sido apanhada em flagrante adultério), perguntou-lhe: Mulher, onde estão aqueles teus acusadores? Ninguém te condenou?  11 Respondeu ela: Ninguém, Senhor! Então, lhe disse Jesus: Nem eu tampouco te condeno; vai e não peques mais.
Lc 19:7-10
7 Todos os que viram isto murmuravam, dizendo que ele se hospedara com homem pecador.  8 Entrementes, Zaqueu se levantou e disse ao Senhor: Senhor, resolvo dar aos pobres a metade dos meus bens; e, se nalguma coisa tenho defraudado alguém, restituo quatro vezes mais.  9 Então, Jesus lhe disse: Hoje, houve salvação nesta casa, pois que também este é filho de Abraão.  10 Porque o Filho do Homem veio buscar e salvar o perdido.
Lc 15:1, 2
Aproximavam-se de Jesus todos os publicanos e pecadores para o ouvir.  2 E murmuravam os fariseus e os escribas, dizendo: Este recebe pecadores e come com eles.
Veja o tipo de pessoas que se aproximavam de Jesus: uma mulher adúltera, (e não foi a única, pois muitas outras prostitutas foram convertidas); Zaqueu, um cobrador de impostos corrupto (e não foi o único, pois Mateus, um dos apóstolos, também o fora, e muitos outros da mesma estirpe).
O texto de Lucas 15 resume bem: os publicanos e pecadores eram as pessoas que mais se sentiam atraídas por Jesus.
E o que ele lhes dizia: “Eu não te condeno. De agora em diante, ‘vida nova’. Não peques mais... Hoje veio salvação a esta casa, pois para isto é que eu vim, para buscar e salvar o perdido...”.
Jesus tinha o coração aberto, e amava estas pessoas. E de tal forma estas pessoas eram atraídas, que os escribas e fariseus se ressentiam e ficavam irados com ele, e reclamavam: “ele recebe pecadores, e come com eles”.
Mas o que os escribas e fariseus não percebiam é que esta pretensa santidade que eles tinham, e que os fazia ficar longe dos “pecadores”, era justamente mais uma forma de transgressão, uma terrível forma de orgulho humano.
E que por isto também estavam pecando contra Deus. Aliás, as palavras mais fortes de Jesus contra o pecado são justamente em oposição a este orgulho dos fariseus. Eu quero ler com vocês alguns versículos em Mateus 23 (não temos como apreciar todo este capítulo agora – vamos apenas ler alguns versículos que nos ajudam a entender a grandeza dos pecados dos fariseus aos olhos do Senhor)
Mt 23:2 nos ajuda a entender a posição deles na religião israelita:
Na cadeira de Moisés, se assentaram os escribas e os fariseus.
Eram os que ocupavam o lugar de ensino das Escrituras em Israel. Os professores da Bíblia. Não estavam entre as prostitutas, nem entre os pecadores de modo geral. Mas isto não quer dizer que não pecavam. Ao contrário, aos olhos de Jesus eram piores do que os outros, pois eles mesmos não praticavam as coisas que ensinavam. E além disto, se entendiam como gente de bem, que estava indo pro céu, mas estavam indo pro inferno, enquanto que os outros, se quisessem no céu, tinham que “entrar no mesmo esquema que o deles”. E Jesus é veemente contra eles:
Mt 23:13
Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas, porque fechais o reino dos céus diante dos homens; pois vós não entrais, nem deixais entrar os que estão entrando!
“O reino de Deus não é comida nem bebida, mas alegria, justiça e paz no Espírito Santo” (Rm 14:17). Não é feito de coisas nem aparências exteriores, mas está dentro do coração que conhece a Deus (Lc 17:21). Mas os fariseus não entendiam e não conheciam nada disto: a religião deles era triste, injusta, não dava paz ao coração de ninguém. Eles não conheciam o verdadeiro reino do céu; não entravam, e ainda atrapalhavam os pecadores que desejavam entrar, com suas imposições humanas e carnais.  
Mt 23:15
Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas, porque rodeais o mar e a terra para fazer um prosélito; e, uma vez feito, o tornais filho do inferno duas vezes mais do que vós!
Mt 23:23
Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas, porque dais o dízimo da hortelã, do endro e do cominho e tendes negligenciado os preceitos mais importantes da Lei: a justiça, a misericórdia e a fé; devíeis, porém, fazer estas coisas, sem omitir aquelas!
Mt 23:33
Serpentes, raça de víboras! Como escapareis da condenação do inferno?
O que pretendo com isto, irmãos, é duas coisas:
A primeira, demonstrar que, sem Cristo, todas as pessoas, desde os pecadores mais notórios, até os religiosos mais apegados à Bíblia, são pecadores perdidos.  E aos olhos de Jesus, um religioso orgulhoso está mais perto do inferno do que uma “mulher da vida”, pois pelo menos “a mulher da vida” tem mais consciência de seus pecados, enquanto que o religioso muitas vezes é justo aos seus próprios olhos, e não acha que precisa se arrepender.
Mas a segunda coisa que desejo demonstrar é que Deus estava em Cristo, reconciliando consigo mesmo todo tipo de pecadores, até mesmo os fariseus. O homem em cujo escrito estamos meditando hoje é o maior de todos os exemplos:
Fp 3:4-7
4 Bem que eu poderia confiar também na carne. Se qualquer outro pensa que pode confiar na carne, eu ainda mais: 5 circuncidado ao oitavo dia, da linhagem de Israel, da tribo de Benjamim, hebreu de hebreus; quanto à lei, fariseu, 6 quanto ao zelo, perseguidor da igreja; quanto à justiça que há na lei, irrepreensível.  7 Mas o que, para mim, era lucro, isto considerei perda por causa de Cristo.
Um dia este fariseu teve um encontro com Cristo, e quando o conheceu, então deixou de lado toda a confiança em sua justiça própria, em sua religiosidade, em sua posição, deixou de lado todo o seu orgulho, a sua atitude arrogante de condenação ao resto da humanidade, e converteu-se ao Senhor. Deus, que estava em Cristo, é maravilhoso. Ele salva até fariseus. Glória a Deus.
A ira de Deus está sobre todos os homens, mas somente se estão sem Cristo. Todos os homens que estão em Cristo, são reconciliados com Deus, e sobre eles Deus não atribui as suas transgressões.
Isto também é algo que o Espírito Santo nos tem ensinado, e que nós aceitamos de coração.
3. Deus estava em Cristo, reconciliando consigo o mundo, mediante a sua morte
Isto é, mediante a morte de Jesus Cristo.
v. 14
Pois o amor de Cristo nos constrange, julgando nós isto: um morreu por todos; logo, todos morreram
v. 21
Aquele que não conheceu pecado, ele o fez pecado por nós; para que, nele, fôssemos feitos justiça de Deus.
Irmãos, que coisa gloriosa: Desde os tempos antigos, o Espírito do Senhor sempre contendeu com os homens, chamando-os a se reconciliarem com Deus. Desde os profetas de Israel, e bem antes deles até, nos dias de Noé, e antes, sempre houve uma palavra de perdão, uma oferta de amor, uma chamada ao arrependimento e à reconciliação, mesmo que os pecados dos homens fossem “como a escarlate”. Também “nos dias de sua carne”, antes de ser crucificado, o Senhor Jesus convidava aos pecadores cansados e oprimidos, que viessem a ele.
Mas desde a antiguidade, Deus já havia estabelecido que, se o castigo dos nossos pecados, isto é, a morte eterna, não cairia sobre nós, e que nós seríamos reconciliados, deveria cair sobre alguém, isto é, Deus já havia estabelecido que o castigo dos nossos pecados cairia sobre ele mesmo, na pessoa de seu Filho.
Por isto é que Pedro diz que Jesus é o cordeiro de Deus, cujo sacrifício mediante o qual nós fomos resgatados é conhecido desde antes da criação do mundo (1ª Pe 18-20).
Vamos ler também Cl 1:21, 22
21 E a vós outros também que, outrora, éreis estranhos e inimigos no entendimento pelas vossas obras malignas, 22 agora, porém, vos reconciliou no corpo da sua carne, mediante a sua morte, para apresentar-vos perante ele santos, inculpáveis e irrepreensíveis.
Ele nos reconciliou consigo mesmo mediante a morte de Jesus em nosso lugar.
Eu me lembro de uma estória que li alguns anos atrás. Contava de um jovem que um dia, viajando por um deserto, assaltou um morador da região, e durante o assalto o assassinou. Então, enquanto fugia, entrou na tenda de um chefe beduíno, e pediu abrigo. O chefe começou a conversar com o jovem, que acabou confessando o que fizera. O chefe se compadeceu do jovem, que com os seus graves crimes acabara por estragar toda a sua vida, e prometeu que lhe abrigaria, e o ajudaria a reconstruir sua vida.
Minutos depois chegou a polícia local. E contaram que estavam perseguindo um ladrão e assassino. O chefe então disse que o homem que estavam procurando estava em sua tenda, e sob o seu abrigo. Que ele se responsabilizava por ele, e que o ajudaria a reconstruir a vida. Ao que os policiais responderam: “Mas o homem que ele matou era o seu filho”.
E o chefe, comovido de amor e justiça respondeu: “Pois então eu cuidarei dele, e o adotarei no lugar do meu filho”.
Amados, ainda que de uma forma muito imperfeita, esta estória ilustra o que Deus fez por nós: foram os nossos pecados que levaram Jesus à morte na cruz. Mas também mediante a morte de Jesus nós fomos feitos filhos de Deus.
4. Deus estava em Cristo, reconciliando com sigo o mundo mediante a sua morte, por amor a nós
Há três afirmações nos escritos de João acerca da natureza essencial de Deus que podemos nos lembrar neste contexto: Em João capítulo 4 ele diz que Deus é Espírito, e por isto a adoração que ele deseja deve ser espiritual e de coração (Jo 4:24). Em 1ª João 1:5 ele diz que Deus é luz, e isto quer dizer que ele é a fonte de todo o bem. E em 1ª João 4:8 ele diz que Deus é amor.
Nada do que ele faça é sem este amor que “faz parte” de sua própria natureza. Assim que Paulo, ao meditar que em Cristo Deus veio ao mundo, viveu entre nós numa condição de humildade e sofrimento, ao considerar que em tudo o que Jesus fez e falou estava agindo com misericórdia e compaixão, a fim de buscar e salvar o que estava perdido, ao entender que na cruz o Senhor Jesus estava dando a sua vida por nós, que ele foi feito pecado por nós, para que nele fossemos feitos justiça de Deus, ele entende que este foi o maior de todos os atos de amor que Deus fez em nosso favor.
Chegou à conclusão de que Deus é por nós, e se Deus é por nós, ninguém será contra nós; de que nada, nem ninguém poderá nos separar do amor de Deus que está em Jesus Cristo. Quero ler duas passagens:
Rm 5:8
Mas Deus prova o seu próprio amor para conosco pelo fato de ter Cristo morrido por nós, sendo nós ainda pecadores.
Gl 2:20
Estou crucificado com Cristo; 20 logo, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim; e esse viver que, agora, tenho na carne, vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou e a si mesmo se entregou por mim.
Veja: todos nós, por causa do pecado com o qual nascemos, éramos por natureza, contrários às coisas de Deus. Não amávamos a sua lei. E então Deus, se decidisse que não nos salvaria, mas nos deixaria entregues aos nossos próprios pecados, estaria sendo completamente justo. Ele não tinha a obrigação de nos salvar.
Mas penso, meus irmãos, que embora Deus, por assim dizer, “não tivesse a obrigação legal de nos salvar”, ele não poderia fazer de outro modo, uma vez que nos amou. A sua natureza amorosa não poderia deixar de nos enviar seu Filho, assim como um homem amoroso não consegue deixar de fazer o bem a quem ama. E Cristo, por que ele e o Pai “são um” também não faria de outro modo.
Se Deus é verdadeiro e fiel, seu amor é verdadeiro e fiel; se Deus é perfeito, seu amor é perfeito; se Deus é eterno, seu amor é eterno.
Mais, uma vez: é assim que o Espírito Santo ensina, e testifica no coração daqueles que estão em Cristo.
Conclusão
Se antes conhecemos a Cristo segundo a carne, já não é assim que o conhecemos agora, pois nós temos recebido o Espírito que vem de Deus, para que conheçamos o que por Deus nos tem sido dado gratuitamente.
E o Espírito nos ensina que Deus estava em Cristo, nos reconciliando com ele mesmo, não atribuindo a nós as nossas transgressões, mas fazendo cair sobre ele as nossas injustiças, para que nele fossemos feitos justiça de Deus.
E a grande razão pela qual ele fez isto está no fato de que Deus é amor, e nos amou assim.
Aplicação
Primeiramente, eu quero me dirigir a você, que já tem sido ensinado pelo Espírito Santo, e tem conhecido a Jesus desta maneira:
Se Deus estava em Cristo, então você pode conhecer a Deus, cada vez mais, olhando para Jesus Cristo: procure conhecer a Deus, mais e mais. Leia as Escrituras. Medite nelas, pois são elas que nos dão testemunho de Jesus. Ouça a voz do Espírito nas Escrituras. Veja como é Deus, o que lhe agrada, e sirva a Jesus, e adore a Jesus.
Se Deus estava em Cristo, reconciliando você com ele, então você pode viver uma vida de amigo de Deus, de comunhão com Deus. Saiba que nenhuma condenação há sobre você, que todos os seus pecados já foram perdoados. Tenha paz com Deus mediante a fé em Jesus Cristo.
Se Deus estava em Cristo reconciliando você com ele através da morte de Jesus, então confie no sangue de Jesus. Você não precisa “nada além do sangue de Jesus para ser purificado”. Confie na fidelidade de Deus. Confie no amor de Deus. Desfrute do amor de Deus, viva no amor de Deus. Deixe que o amor de Deus te constranja, isto é, que te cerque de todos os lados, e viva inundado pelo amor de Deus, em todas as circunstâncias. Nada irá separar você do amor de Deus que está em Cristo Jesus. E em amor, viva para aquele que por você morreu e ressuscitou.
Agora, eu quero me dirigir a você, que ainda não tem este conhecimento de Cristo, tal como o Espírito Santo ensina:
Pode ser que haja aqui alguém que não acredita que Jesus Cristo é a encarnação de Deus.E se não acredita nisto, então também não acredita nas demais coisas que eu disse, mas pensa em Jesus apenas como um grande homem, ou um grande mestre, ou um grande exemplo a ser seguido. E neste caso ainda está em inimizade contra Deus, e é por natureza “um filho da ira”.
Mas se assim for, veja como é grande a oportunidade que Deus lhe dá nesta hora:
vs. 18 e segs.
18 Ora, tudo provém de Deus, que nos reconciliou consigo mesmo por meio de Cristo e nos deu o ministério da reconciliação, 19 a saber, que Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não imputando aos homens as suas transgressões, e nos confiou a palavra da reconciliação.  20 De sorte que somos embaixadores em nome de Cristo, como se Deus exortasse por nosso intermédio. Em nome de Cristo, pois, rogamos que vos reconcilieis com Deus.  21 Aquele que não conheceu pecado, ele o fez pecado por nós; para que, nele, fôssemos feitos justiça de Deus. 6:1 E nós, na qualidade de cooperadores com ele, também vos exortamos a que não recebais em vão a graça de Deus 2 (porque ele diz: Eu te ouvi no tempo da oportunidade e te socorri no dia da salvação; eis, agora, o tempo sobremodo oportuno, eis, agora, o dia da salvação).
Sim, as mesmas coisas que Paulo disse de si mesmo, eu posso também dizer de mim e de você nesta hora:
Eu sou um embaixador de Deus, e estou falando em nome de Cristo, como se Deus estivesse aqui pessoalmente, falando por meu intermédio. E Deus diz que na cruz de Jesus ele já fez tudo o que é necessário para que você seja salvo. Em Cristo, Deus te perdoa de todo o vício, de toda a mentira, de toda a prostituição, de todo adultério, de toda a pornografia, de toda a malícia, de toda a idolatria, ou feitiçaria, de todo o mal que você tiver feito.

Mas há uma coisa que você deve fazer: reconcilie-se com Deus. Deixe os seus pensamentos errados, deixe seus caminhos errados, deixe de ser o dono de sua própria vida. Creia em Jesus e reconcilie-se com Deus. Não receba em vão esta graça de Deus que lhe está sendo oferecida. “Venha a Cristo, sem demora”. Então serão cancelados os seus pecados, e você será uma nova criatura.
▲Topo