Pr. Plínio Fernandes
Amados
irmãos, vamos ler 2ª a Timóteo 2:1-14.
Tu, pois, filho meu, fortifica-te na graça que
está em Cristo Jesus. 2 E o que de minha parte ouviste através de
muitas testemunhas, isso mesmo transmite a homens fiéis e também idôneos para
instruir a outros. 3 Participa dos meus sofrimentos como bom soldado
de Cristo Jesus. 4 Nenhum soldado em serviço se envolve em negócios
desta vida, porque o seu objetivo é satisfazer àquele que o arregimentou. 5
Igualmente, o atleta não é coroado se não lutar segundo as normas. 6
O lavrador que trabalha deve ser o primeiro a participar dos frutos. 7
Pondera o que acabo de dizer, porque o Senhor te dará compreensão em todas as
coisas. 8 Lembra-te de Jesus Cristo, ressuscitado de entre os
mortos, descendente de Davi, segundo o meu evangelho; 9 pelo qual
estou sofrendo até algemas, como malfeitor; contudo, a palavra de Deus não está
algemada. 10 Por esta razão, tudo suporto por causa dos eleitos,
para que também eles obtenham a salvação que está em Cristo Jesus, com eterna
glória. 11 Fiel é esta palavra: Se já morremos com ele, também
viveremos com ele; 12 se perseveramos, também com ele reinaremos; se
o negamos, ele, por sua vez, nos negará; 13 se somos infiéis, ele
permanece fiel, pois de maneira nenhuma pode negar-se a si mesmo. 14 Recomenda estas coisas. Dá
testemunho solene a todos perante Deus, para que evitem contendas de palavras
que para nada aproveitam, exceto para a subversão dos ouvintes.
Em certa ocasião, quando nosso Senhor, Jesus Cristo, estava ensinando aos
discípulos sobre a natureza da igreja, ele disse o seguinte: “Eu edificarei a
minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela”.
Com isto, entre outras coisas ele quis dizer que, de geração em geração,
até que ele volte para julgar o mundo, existe uma guerra permanente entre a
igreja e as forças espirituais do mal.
A cada geração o diabo está em guerra contra o povo de Deus, e o povo de
Deus está em guerra contra o diabo.
À medida que a igreja prega o evangelho, o propósito dela é invadir o
território de Satanás e tirar os cativos do diabo, os que estão escravizados ao
pecado, tirar do império das trevas e traze-las para o reino do Filho de Deus.
E o propósito de Satanás, por sua vez, é o de, se não pode destruir a
igreja, pelo menos o de causar o máximo de baixas que ele puder no reino de
Deus.
Ora, se existe uma luta entre a igreja e o diabo, segue-se que também
existe a mesma luta, em nível individual, entre o diabo e cada crente.
Na carta aos Efésios escreveu que a nossa luta como crentes não é contra
seres humanos, mas contra os principados e potestades, contra as forças
espirituais do mal que agem neste mundo tenebroso.
Assim como Satanás luta contra a igreja na sua obra de implantação do reino
de Deus no coração dos homens, Satanás luta contra os crentes, para que o reino
de Deus não seja implantado em suas vidas.
Satanás tem por objetivos o destruir o reino de Deus em nossas casas, em
nossa vida individual, em nossa vida profissional, em nossa igreja.
Roubar, matar e destruir.
E por isto, diz a Palavra, cada um de nós deve se revestir de toda a
armadura espiritual que Deus nos concede.
Devemos tomar o capacete da salvação e com ele proteger nossa mente.
Devemos embraçar o escudo da fé e com ele proteger nosso coração contra as
flechas inflamadas do diabo.
Devemos calçar nossos pés com o evangelho da paz e com eles permanecer
firmes contra as investidas do inimigo.
Devemos nos cingir com a verdade e a couraça da justiça.
Devemos ter nas mãos a espada do Espírito, que é a Palavra de Deus.
Além disto, através da oração, devemos estar em contato constante com
Jesus, o nosso capitão, para dele recebermos instruções.
E de posse de toda esta armadura permanecer firmes, lutar com bravura e não
permitir que Satanás nos derrote.
Nós, a igreja, somos o exército de Deus na luta contra o mal.
Nós, os crentes, somos soldados do exército de Deus envolvidos diretamente
nesta guerra.
Para que um soldado permaneça firme e seja vitorioso, várias coisas são
indispensáveis:
Uma delas é o treinamento – por
isto o Senhor nos ensina por meio de sua Palavra qual deve ser todo o nosso
procedimento na luta.
Outra são as armas: por isto o
Senhor nos dota de toda a armadura e armas espirituais necessárias para as
batalhas diárias.
E outra delas, aquela a respeito
da qual vamos meditar nesta noite é a atitude: se um soldado vai para a guerra
com a atitude errada ela não irá se portar como soldado, e suas chances de
vencer serão reduzidas ao mínimo.
É por isto que Paulo, ao escrever
a Timóteo, um desencorajado pastor, diz que ele precisava ter a atitude de um
soldado de Cristo.
vs. 3 e 4
Participa dos meus sofrimentos como bom soldado de
Cristo Jesus. 4 Nenhum
soldado em serviço se envolve em negócios desta vida, porque o seu objetivo é
satisfazer àquele que o arregimentou.
Agora note, no v. 14, que estas palavras não foram dirigidas somente a
Timóteo, mas a toda a igreja.
Recomenda estas coisas. Dá testemunho solene a todos perante Deus, para que
evitem contendas de palavras que para nada aproveitam, exceto para a subversão
dos ouvintes.
Estas coisas, portanto, são para
Timóteo, são para a igreja, são para todos os crentes. São para cada um de nós.
Pois cada um de nós é um soldado de Cristo.
O que o Espírito Santo nos
recomenda, ou nos ensina, sobre a nossa atitude como soldados de Cristo? Que
postura nós devemos ter?
1.
Como soldados de Jesus, estejamos dispostos a sofrer por ele – v. 3
Agora, vejamos o cap. 1:11, 12:
Para o qual eu fui designado pregador, apóstolo e
mestre 12 e, por isso, estou sofrendo estas coisas; todavia, não me
envergonho, porque sei em quem tenho crido e estou certo de que ele é poderoso
para guardar o meu depósito até aquele Dia.
Por isto, isto é, pelo fato de
que, como soldado de Cristo, eu fui designado pregador, apóstolo e mestre,
estou sofrendo de várias maneiras, mas não me envergonho, pois sei que há uma
recompensa.
Vamos ver algumas maneiras como
Paulo estava sofrendo?
Cap. 2:8, 9
Lembra-te de Jesus Cristo, ressuscitado de entre
os mortos, descendente de Davi, segundo o meu evangelho; 9 pelo qual
estou sofrendo até algemas, como malfeitor; contudo, a palavra de Deus não está
algemada.
Cap. 3:10-12
Tu, porém, tens seguido, de perto, o meu ensino,
procedimento, propósito, fé, longanimidade, amor, perseverança, 11
as minhas perseguições e os meus sofrimentos, quais me aconteceram em
Antioquia, Icônio e Listra, -- que variadas perseguições tenho suportado! De
todas, entretanto, me livrou o Senhor. 12
Ora, todos quantos querem viver piedosamente em Cristo Jesus serão perseguidos.
Cap. 4:9, 10
Procura vir ter comigo depressa. 10 Porque Demas, tendo amado o
presente século, me abandonou e se foi para Tessalônica; Crescente foi para a
Galácia, Tito, para a Dalmácia.
Cap. 4:14
Alexandre, o latoeiro, causou-me muitos males; o
Senhor lhe dará a paga segundo as suas obras.
Cap. 4:16
Na minha primeira defesa, ninguém foi a meu favor;
antes, todos me abandonaram. Que isto não lhes seja posto em conta!
Cap. 4:13
Quando vieres, traze a capa que deixei em Trôade,
em casa de Carpo, bem como os livros, especialmente os pergaminhos.
Preso, como se fosse um criminoso, abandonado por uns, traído por outros,
por outros perseguido, com frio, sentindo-se solitário.
Quando um soldado está numa
guerra ele enfrenta, e precisa suportar, todo tipo de hostilidade: do exército
inimigo, as intempéries da natureza, a fome, o cansaço, suas limitações
físicas.
O soldado de Cristo sofre, e
precisa suportar sua luta contra o mal: as artimanhas mil de Satanás, as
astutas ciladas do diabo, as fraquezas de sua carne.
Mas ele não desiste.
Cap. 4:17
Mas o
Senhor me assistiu e me revestiu de forças, para que, por meu intermédio, a
pregação fosse plenamente cumprida, e todos os gentios a ouvissem; e fui
libertado da boca do leão.
E da mesma forma que ele não desiste, encoraja outros a não desistirem.
Timóteo, participa também.
Cap. 1:7
Porque Deus não nos tem dado espírito de covardia,
mas de poder, de amor e de moderação.
É este espírito que nos leva a ser depreendidos das coisas deste mundo,
pois...
2.
Como soldados de Jesus, não nos envolvamos com os negócios desta vida – v. 4a
Certo homem de Deus escreveu que,
para os crentes, “este mundo não é um parque de diversões, mas um campo de
batalha”.
A grande tragédia atual, meus
irmãos, é que muitos cristãos estão pensando exatamente ao contrário: querem se
divertir, querem fazer festa, querem ganhar muito dinheiro, querem satisfazer
os desejos da carne, à semelhança daqueles que não conhecem a Cristo.
Comportam-se como aqueles que
dizem: “Comamos e bebamos, porque amanhã
morreremos”.
Comportam-se como gente que não
crê nas indescritíveis alegrias da vida eterna.
Então se envolvem com as coisas
deste mundo, e pensam em Deus mais como alguém que os ajudará a satisfazer seus
desejos, e não como a sua grande razão de existir.
Mas, por outro lado, será que
Deus está nos dizendo que o crente, como soldado de Cristo, deve se tornar um
asceta, um monge isolado que não deve se casar, para que possa se dedicar só à
pregação da Palavra?
Ou que não pode ter amigos,
passear, ou se alegrar de forma alguma com as coisas boas desta vida?
É certo que não está dizendo
isto.
Pois os primeiros discípulos,
mesmo tendo deixado tudo para seguir a Jesus, continuaram a ter suas famílias
de modo muito natural e ordenado.
E nestas cartas pastorais o
próprio Paulo instrui não somente à igreja, mas também que os líderes das
igrejas devem ser pessoas que cuidam bem de suas famílias.
E também ensina que se Deus nos
dá as coisas boas desta vida é para que nos alegremos e partilhemos daquilo que
temos com outras pessoas.
Mas o que Paulo este dizendo é o
mesmo que Jesus ensina em muitos lugares do evangelho: onde está o teu tesouro,
aí está também o teu coração.
Portanto, se o nosso coração
estiver em Jesus, se o Senhor for a nossa riqueza, se o nosso tesouro estiver
no céu, então as coisas desta vida serão secundárias, e poderemos servir a
Jesus desembaraçadamente.
3.
Como soldados de Jesus, o nosso grande objetivo é satisfazer o nosso capitão –
v. 4b
De acordo com Paulo, quando uma pessoa é arregimentada para o serviço
militar, ela passa a ter um único grande objetivo: satisfazer ao seu
comandante.
A missão do soldado é trabalhar sob as ordens de seu general, é alcançar os
objetivos dele.
Nós vemos isto ilustrado nas palavras daquele centurião romano cujo
empregado Jesus curou, conforme registrado em Mt 8 (centuriões eram oficiais do
exército que tinham cem homens sob o seu comando).
Mt 8:5-10
Tendo Jesus entrado em Cafarnaum,
apresentou-se-lhe um centurião, implorando: 6 Senhor, o meu criado
jaz em casa, de cama, paralítico, sofrendo horrivelmente. 7 Jesus lhe disse: Eu irei
curá-lo. 8 Mas o centurião
respondeu: Senhor, não sou digno de que entres em minha casa; mas apenas manda
com uma palavra, e o meu rapaz será curado.
9 Pois também eu sou homem sujeito à autoridade, tenho
soldados às minhas ordens e digo a este: vai, e ele vai; e a outro: vem, e ele
vem; e ao meu servo: faze isto, e ele o faz.
10 Ouvindo isto, admirou-se Jesus e disse aos que o seguiam:
Em verdade vos afirmo que nem mesmo em Israel achei fé como esta.
Veja a compreensão deste centurião, a respeito do
que significa ser um soldado:
Para expressar o reconhecimento que ele tinha da autoridade de Jesus,
aquele centurião disse ao Senhor que ele nem precisava ir até onde o seu
empregado estava, que bastava uma ordem de Jesus, e o seu empregado iria sarar.
O centurião sabia disto porque ele mesmo era um homem que vivia debaixo de
autoridade, e bastava que o seu superior desse uma ordem que ele imediatamente
obedecia.
E da mesma forma, bastava que ele desse uma ordem aos seus subalternos, e
eles imediatamente obedeciam.
Um soldado, portanto, é uma pessoa que está à disposição de seu comandante.
É uma pessoa que ouve seu comandante dizer: “Venha”, e ele vem.
Se o comandante diz: “Vá”, ele
vai.
Se diz: “Faça isto, e não aquilo”,
ele obedece.
E este soldado romano, veja o conceito que ele tinha da autoridade de
Jesus.
Ele reconhecia que Jesus é aquele que tem toda a autoridade no céu e na
terra.
Pois bastava que Jesus desse uma palavra de ordem, mesmo à distância, que
até a enfermidade que havia em seu criado obedeceria ao mandamento de Jesus, e
deixaria de existir.
Diante disto, nosso Senhor faz um grande elogio a este soldado.
“Aqui está um homem de fé”, diz o Senhor; “nem mesmo entre o povo de Israel encontrei um homem que tivesse uma fé
como esta”.
E curou ao criado do centurião.
Assim nós precisamos nos ver como soldados de Cristo: homens e mulheres que
estamos à disposição de Jesus, para fazer sua vontade.
Pessoas cujo propósito na vida é satisfazer ao nosso general.
Pessoas que, como aquele centurião romano, reconhecem a Jesus Cristo como o
comandante supremo de suas vidas.
Ora, num exército, nem todos os soldados estão no mesmo lugar ao mesmo
tempo. E também cada um dos soldados não está em todos os lugares ao mesmo
tempo.
Os soldados estão distribuídos nos mais diversos lugares, conforme o
comandante os dispõe.
Alguns são colocados na linha de frente, outros nos flancos, outros
protegendo a retaguarda.
Alguns são responsáveis pelas provisões, outros cuidam dos feridos, outros
são mensageiros.
O que compete a eles é que estejam no lugar designado pelo comandante, e
seguindo as ordens do comandante.
Da mesma forma, nós, os soldados de Cristo, somos destacados para os mais
diversos lugares, mas todos estamos colocados para cumprir a missão de servir a
Cristo.
Como soldados em guerra, somos colocados para batalhar por Jesus, e
conquistar territórios para ele.
Para que pessoas sejam conquistadas para ele.
Para que territórios sejam ganhos para o seu reino.
Para fincar a sua bandeira.
Nada deve trazer mais satisfação ao coração de Cristo do que o ganharmos
almas para seu reino.
Como soldados, também somos colocados para defender os territórios
conquistados para ele, e assegurar que sua vontade seja feita, quer em nossa
vida quer na vida daqueles que Deus coloca sob a nossa esfera de ação.
E como bom soldados de Cristo, nossa primeira atitude é ficar à sua
disposição.
Alguns ele quer na linha de frente, pregando o evangelho em tempo integral,
outros, testemunhando nos lugares em que estudam, ou trabalham, ou diante dos
vizinhos.
Alguns ele capacita para as batalhas na oração.
Seja em casa, seja no trabalho secular, seja na vizinhança, seja na igreja,
somos soldados de Cristo.
Devemos ser imitadores de Paulo, que desde o dia de sua conversão sempre
tinha esta disposição mental: “Senhor,
que queres que eu faça?”.
E seguir às ordens de nosso comandante, para que o diabo não prevaleça
sobre nós.
Conclusão
e aplicação
Amado irmão, você é um soldado de
Cristo?
Quais são os seus objetivos?
Um soldado de Cristo não pode se
envolver com as coisas desta vida. Quais são as coisas com as quais você está
envolvido? Será que você não está envolvido em coisas que embaraçam a sua vida
com Jesus?
Às vezes as pessoas se envolvem
em negócios pecaminosos, que prejudicam a sua vida espiritual, isto é, o seu
relacionamento com Deus.
Às vezes se envolvem com negócios
que podem não ser, em princípio pecaminosos, mas que se tornam uma espécie de
ídolo, e colocam acima de qualquer coisa, inclusive deixando de buscar em
primeiro lugar o reino de Deus e sua justiça.
Às vezes se envolvem com
amizades, ou namoros, que se tornam em coisas que ocupam o coração de tal forma
que os impedem de servir a Deus em primeiro lugar.
Um soldado de Cristo deve ser uma
pessoa disposta a sofrer, como alguém que sabe estar numa guerra contra as
forças espirituais do mal.
Disposta a sofrer em sua luta
contra as tentações.
Disposta a sofrer pela igreja de
Jesus.
Disposta a sofrer incompreensão,
perseguições, privações e provações.
Você está disposto a sofrer por
causa de Cristo? E pela causa de Cristo na terra?
Um soldado de Cristo tem um
grande objetivo na vida: satisfazer a Jesus Cristo.
Qual é o seu grande objetivo?
Satisfazer a quem? A Jesus, ou a
si mesmo? A Jesus, ou um ser humano qualquer?
Como bom soldado de Cristo, tenha
o grande objetivo de servir a ele. Esteja disposto a sofrer por ele, envolva-se
de corpo e alma com os negócios dele.