Achadas as tuas palavras, logo as comi; as tuas palavras me foram gozo e alegria para o coração, pois pelo teu nome sou chamado, ó SENHOR, Deus dos Exércitos. Jeremias 15:16

domingo, 12 de julho de 2020

Quando a tristeza é grande demais - 2ª Co 2:1-11

3ª IPC de Guarulhos

Domingo, 12 de julho de 2020

Pr. Plínio Fernandes

Hoje, meus irmãos, eu quero meditar com vocês a respeito da vitória sobre a tristeza. Mas antes de prosseguir, quero fazer duas observações:

A primeira, é que não tenho como, aqui, fazer um extenso estudo sobre este assunto. Ele seria muito vasto. Mas depois do nosso estudo, eu quero sugerir alguns livros, que podem lhe ser muito úteis.[1]

A segunda observação é que eu particularmente tenho sido muito ajudado com a leitura de um deles, um livro chamado Superando a tristeza e a depressão com a fé, escrito por um pastor puritano chamado Richard Baxter. Eu devo muito a ele, para a minha vida particular, e quase tudo a ele nesta mensagem. Recomendo a sua leitura.

Vamos ao nosso texto, que se encontra em 2ª Co 2:1-11.

Isto deliberei por mim mesmo: não voltar a encontrar-me convosco em tristeza.  2 Porque, se eu vos entristeço, quem me alegrará, senão aquele que está entristecido por mim mesmo?  3 E isto escrevi para que, quando for, não tenha tristeza da parte daqueles que deveriam alegrar-me, confiando em todos vós de que a minha alegria é também a vossa.  4 Porque, no meio de muitos sofrimentos e angústias de coração, vos escrevi, com muitas lágrimas, não para que ficásseis entristecidos, mas para que conhecêsseis o amor que vos consagro em grande medida.  5 Ora, se alguém causou tristeza, não o fez apenas a mim, mas, para que eu não seja demasiadamente áspero, digo que em parte a todos vós;  6 basta-lhe a punição pela maioria.  7 De modo que deveis, pelo contrário, perdoar-lhe e confortá-lo, para que não seja o mesmo consumido por excessiva tristeza.  8 Pelo que vos rogo que confirmeis para com ele o vosso amor.  9 E foi por isso também que vos escrevi, para ter prova de que, em tudo, sois obedientes.  10 A quem perdoais alguma coisa, também eu perdoo; porque, de fato, o que tenho perdoado (se alguma coisa tenho perdoado), por causa de vós o fiz na presença de Cristo; 11 para que Satanás não alcance vantagem sobre nós, pois não lhe ignoramos os desígnios.

Quando eu era menino, de vez em quando ouvia uma música no rádio que dizia:

Tá todo mundo triste,

Cantando músicas tristes

E cada dia fica mais fácil cantar assim. [2]

Esta música fez considerável sucesso, pois falava de um tema recorrente na vida de todos os seres humanos, inclusive na experiência daqueles que conhecem a Jesus.

A tristeza é mais uma destas emoções inevitáveis neste mundo decaído.

Ela pode ser fruto, muitas vezes, das situações adversas, que acontecem na vida de todos os seres humanos.

– Algum contratempo financeiro, o sentir-se impotente diante dos problemas...

– Os desejos não realizados, as ansiedades...

– A perda de uma amizade, alguma calúnia, alguma traição de alguém em quem se confiava...

– Alguma enfermidade física, ou psicológica, ou uma mistura das duas, ou de todas as coisas...

Muitas vezes, tem-se dito que a carta de Paulo aos Filipenses pode ser chamada de “A Epístola da Alegria.”.

E com razão, pois nela, através de muitas alusões a esta abençoada atitude, o Apóstolo procura ali, incutir uma santa alegria nos corações de seus leitores.

E seguindo uma espécie de paralelismo, eu gostaria de sugerir que a 2ª Carta aos Coríntios poderia ser chamada de “A Epístola da Vitória sobre a Tristeza.”.

Isto porque nela, diversas vezes o assunto tristeza é mencionado pelo apóstolo.

Mas não uma tristeza que vence. E sim, uma tristeza sobre a qual o crente em Jesus tem vitória.

Paulo não está falando aqui primeiramente sobre qualquer motivo de tristeza, mas especialmente pelas tristezas que nos sobrevêm pelo fato de sermos amados filhos de Deus, e que estamos vivendo num mundo em que as misérias do pecado e suas consequências ainda existem.

Mas as coisas que eu desejo destacar podem ser aplicadas num sentido mais amplo também.

É por isto, meus irmãos, que eu gostaria de meditar hoje com vocês, sobre este texto que acabamos de ler.

Depois de, nos vs. 1-5 das suas próprias tristezas, no seu relacionamento com os crentes de Corinto, tristezas que provinham de seu amor para com aquela igreja muitas vezes rebelde, mas ao mesmo tempo em que se deixava corrigir, nos vs. 7-11 Paulo orienta aqueles crentes em Jesus sobre como deveriam proceder para com um irmão que havia pecado grosseiramente a ponto de ser disciplinado pela igreja, mas que agora estava humildemente quebrantado.

Não sabemos se este irmão é o mesmo mencionado em 1ª aos Coríntios 5, e que havia cometido o pecado de imoralidade sexual. Quem exatamente ele era é de somenos importância, do contrário o Espírito Santo teria levado o apóstolo a ser mais específico.

O fato é que este irmão agora deveria ser restaurado.

Então, nos vs. 7 e 8 Paulo orienta:

De modo que deveis, pelo contrário, perdoar-lhe e confortá-lo, para que não seja o mesmo consumido por excessiva tristeza.  8 Pelo que vos rogo que confirmeis para com ele o vosso amor.

Leiamos também os vs. 10 e 11:

A quem perdoais alguma coisa, também eu perdoo; porque, de fato, o que tenho perdoado (se alguma coisa tenho perdoado), por causa de vós o fiz na presença de Cristo; 11 para que Satanás não alcance vantagem sobre nós, pois não lhe ignoramos os desígnios.

Note a orientação: aquele irmão agora precisava ser perdoado e receber os afetos dos seus irmãos em Cristo. Se isto não acontecesse, ele poderia ser consumido pela tristeza.

Seguindo, não muito fielmente, o esboço de Richard Baxter, vamos destacar três inferências da orientação de Paulo:

1.      A tristeza, mesmo por razões espirituais, pode ser excessiva.

Eu digo razões espirituais, pois como nos ensina a Bíblia, em se tratando de coisas espirituais, existem basicamente dois tipos de tristeza que podem entrar em nossos corações.

Vamos ler 2ª Co 7:10

Porque a tristeza segundo Deus produz arrependimento para a salvação, que a ninguém traz pesar; mas a tristeza do mundo produz morte.

Veja: há aquele que Paulo chama tristeza segundo Deus, e aquele que ele chama tristeza segundo o mundo.

A tristeza segundo o mundo, podemos dizer, é aquele que pode vir sobre nós por razões carnais, por não podemos satisfazer os nossos maus desejos, as nossas ambições pecaminosas.

Este tipo de tristeza é nocivo para nossas almas desde o começo, e precisamos lidar com ela o mais cedo possível, assim que a tivermos percebido.

As existe uma espécie de tristeza, ou tristezas, que são segundo Deus, espiritualmente saudáveis.

Como, por exemplo, as tristezas de Paulo ao escrever para os coríntios, em momentos em que eles estavam desobedecendo a Palavra de Deus, ou aquela tristeza descrita em Romanos cap. 7, em decorrência de seus sentimentos em relação ao pecado que nele habitava.

E existe, como mencionada aqui, a tristeza que nos sobrevêm como resultado do agir do Espírito de Deus em nossos corações, convencendo-nos dos nossos pecados, provocando arrependimento, conversão e vida.

Ou disciplinando-nos por sua Palavra, ou pela igreja ou irmãos chegados, ou pelas circunstâncias da vida.

Foi o caso do Rei Davi, conforme ele escreveu nos Salmos 32, 38, e em outros lugares.

Foi o caso de Pedro, que depois de haver negado ao Senhor, caindo em si, arrependeu-se sob o olhar de Jesus, e chorou amargamente. [3]

Foi o caso do irmão a respeito de quem Paulo está escrevendo aqui em 2ª Co 2.

São tristezas espirituais, provocadas pelo Espírito de Deus: ora pelos pecados e aflições da igreja, ora pelos nossos próprios pecados.

Mas note: falando pelo Espírito, Paulo diz que agora este irmão deveria ser perdoado, para que não fosse consumido pela tristeza excessiva.

Isto nos leva à segunda consideração...

2.  Mesmo por razões espirituais, a tristeza excessiva não é saudável: ela se torna destrutiva

Vamos ler novamente o v. 7?

De modo que deveis, pelo contrário, perdoar-lhe e confortá-lo, para que não seja o mesmo consumido por excessiva tristeza.

Se este irmão não fosse agora perdoado e confortado, a tristeza excessiva o consumiria.

A palavra “consumir” tem o sentido de “engolir, tragar, destruir”.

Imagine alguém sendo engolido e levado por uma onda gigantesca, ou por um grande peixe.

Quando a tristeza é grande demais, prolongada, descomunal, ela se torna terrivelmente destrutiva, paralisante.

Nesta sexta-feira eu soube de um homem que foi caluniado, e a tristeza foi tão grande que ele jogou-se nos trilhos de um trem, buscando a própria morte.

Mas mesmo que uma pessoa não chegue a este ponto, a tristeza, mesmo por arrependimento, pode ser tão grande que o crente esmorece em sua fé.

Perde o vigor para orar, para louvar, para testemunhar, para servir ao Deus a quem ama e por quem foi salvo.

Perde as alegrias da vida em família ou em meio ao povo de Deus, a alegria do trabalho secular.

E meus irmãos, não é esta a intenção de Deus quando ele contende conosco por causa dos nossos pecados; ao contrário, é produzir vida.

Vamos ler Is 57:15-19

Porque assim diz o Alto, o Sublime, que habita a eternidade, o qual tem o nome de Santo: Habito no alto e santo lugar, mas habito também com o contrito e abatido de espírito, para vivificar o espírito dos abatidos e vivificar o coração dos contritos.  16 Pois não contenderei para sempre, nem me indignarei continuamente; porque, do contrário, o espírito definharia diante de mim, e o fôlego da vida, que eu criei.  17 Por causa da indignidade da sua cobiça, eu me indignei e feri o povo; escondi a face e indignei-me, mas, rebelde, seguiu ele o caminho da sua escolha.  18 Tenho visto os seus caminhos e o sararei; também o guiarei e lhe tornarei a dar consolação, a saber, aos que dele choram.  19 Como fruto dos seus lábios criei a paz, paz para os que estão longe e para os que estão perto, diz o SENHOR, e eu o sararei.

Note o v. 16:

Em seu amor e santidade, o Senhor, alto, santo, sublime, contende indignado conosco.

Mas a sua indignação não é contínua.

Se assim fosse, ele diz, o nosso espírito não resistiria, o fôlego de vida que ele criou em nós.

E ele não quer destruir o fôlego de vida que ele criou.

Mas têm alguém que quer nos destruir.

Vamos ler Jo 10:10 e 11

O ladrão vem somente para roubar, matar e destruir; eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância.  11 Eu sou o bom pastor. O bom pastor dá a vida pelas ovelhas.

O Senhor Jesus, o Filho de Deus, o autor da vida, veio para nos dar vida abundante. E para isto deu sua vida por nós, na cruz.

Mas também existe o ladrão de nossas almas, que deseja somente roubar, matar e destruir. Este alguém é Satanás.

Irmão, entenda: se você está sendo consumido pela tristeza, seja por desejos mundanos, seja pela consciência dos seus pecados, se você está vivendo dominado pela angústia, se você está se sentindo desmotivado e derrotado, isto não vem de Deus.

Deus não quer isto para você. Quem quer é o Diabo.

Vamos de novo ao v. 11:

Que ele seja perdoado, e consolado, e amado (vs. 7 e 8) e eu também perdoo (v. 10)...

...para que Satanás não alcance vantagem sobre nós, pois não lhe ignoramos os desígnios.

Se aquele irmão não fosse restaurado, quem teria vantagem seria o inimigo, por duas razões:

Primeira, aquele irmão definharia, seria consumido.

Segunda, a igreja, que deve ser um instrumento de Deus para a transmissão de vida, se tornaria num instrumento de Satanás, fazendo perecer alguém por quem Cristo morreu.[4]

E isto nos conduz à terceira consideração...

3. A tristeza espiritual, quando excessiva, precisa ser combatida e vencida

Pois o Espírito Santo diz que “o choro pode durar uma noite, mas a alegria vem pela manhã”. [5]

E também ordena:

Não vos entristeçais... pois a alegria do Senhor é vossa força. [6]

O mesmo Pai bondoso, que nos fere por amor de nossas almas, também nos restaura.[7]

Eu tenho destacado aqui no texto, a instrução de Paulo no sentido de que a igreja deveria restaurar o crente quebrantado, a fim de que sua tristeza excessiva não o consumisse.

Isto mostra a importância do “papel terapêutico da igreja na cura das almas”, e por inferência dos crentes, nas vidas uns dos outros.

Eu quero, quanto a isto, fazer três considerações finais:

Primeiramente, que nós precisamos combater a tristeza excessiva na nossa própria vida, ouvindo o que Deus nosso Pai e Consolador nos diz.

Lembre-se do mandamento dado ao profeta, a fim de que proclame aos que choram:

Is 40:1, 2 – Consolai, consolai o meu povo, diz o vosso Deus.  2 Falai ao coração de Jerusalém, bradai-lhe que já é findo o tempo da sua milícia, que a sua iniquidade está perdoada e que já recebeu em dobro das mãos do SENHOR por todos os seus pecados.

Palavras que se cumpriram na vinda de Jesus, como ensinam os Evangelhos.

Lembre-se de Isaías 12:1

Orarás naquele dia: Graças te dou, ó SENHOR, porque, ainda que te iraste contra mim, a tua ira se retirou, e tu me consolas.

Lembra-se das palavras de Jesus:

Mt 5:4 – Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados.

Leve ao Senhor, que te consola, todas as tuas tristezas.

Fale tudo para ele: confesse seus pecados dos quais você se arrepende. E confesse os pecados que você ama. Confesse as suas lutas, os seus medos, as suas tentações. Confesse suas iras, suas covardias. Confesse tudo. E espere nele.

Hoje eu estava me lembrando do profeta Elias, conforme aquela passagem em que Tiago está nos encorajando a orar, e toma Elias como nosso exemplo, dizendo assim:

Tg 5:17 e 18 – Elias era homem semelhante a nós, sujeito aos mesmos sentimentos, e orou, com instância, para que não chovesse sobre a terra, e, por três anos e seis meses, não choveu.  18 E orou, de novo, e o céu deu chuva, e a terra fez germinar seus frutos.

Quando Tiago diz que Elias era homem semelhante a nós, sujeito aos mesmos sentimentos, está se referindo ao fato de que Elias também ficava deprimido, também se acovardava, às vezes até queria morrer, também ficava irado.

E Tiago diz que Deus o ouviu. Então esta frase me veio à mente:

– Deus ouve também os deprimidos.

Irmão, frequentemente, quando estamos tristes, pensamos que Deus não está nos ouvindo. Mas isto não é verdade. Ele ouve.

Vejamos 2ª Co 1:3 e 4:

Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai de misericórdias e Deus de toda consolação!  4 É ele que nos conforta em toda a nossa tribulação, para podermos consolar os que estiverem em qualquer angústia, com a consolação com que nós mesmos somos contemplados por Deus.

Segundo: também combatamos a tristeza excessiva em nossa vida, considerando os nossos irmãos como fonte de consolo.

Como temos destacado, a igreja de Corinto foi orientada pelo apóstolo Paulo a perdoar, consolar e demonstrar afeto pelo irmão abatido.

Da mesma forma, cada um de nós deve se deixar confortar pelos queridos amigos que o Senhor nos dá, entendendo que são instrumentos de Deus.

2ª Co 7:6 e 7 – Porém Deus, que conforta os abatidos, nos consolou com a chegada de Tito; 7 e não somente com a sua chegada, mas também pelo conforto que recebeu de vós, referindo-nos a vossa saudade, o vosso pranto, o vosso zelo por mim, aumentando, assim, meu regozijo.

O grande apóstolo Paulo não tinha dificuldade alguma em admitir o quanto era carente, e abençoado pela companhia, pela amizade e pela afeição dos seus irmãos em Cristo.

Na carta aos Colossenses ele diz que certos irmãos, que cooperavam com ele, eram seu lenitivo. [8]

Através dos meus anos como crente tenho tido a mesma alegria, a de ter irmãos fiéis, amorosos, que ficaram comigo nas minhas tristezas.

Se você tem alguém assim, mesmo que seja apenas um, aproveite. Se não tem, preste atenção à sua volta, peça ao Senhor.

E por último, consideremos agora que Deus nos consola, a fim de que nós, por nossa vez, possamos consolar a outros.

Como já lemos no cap. 1:3 e 4, que uma vez consolados por Deus, podemos consolar a outros.

E como temos visto que a igreja deveria fazer, no cap. 2: perdoar, consolar, e assim confirmar o seu amor.

Você já viu pessoas que dizem mais ou menos assim:

– Olha, eu perdoo, mas por favor, fique longe...!?

Não é o tipo de perdão que restaura, não é mesmo?

E a igreja, e nós, não devemos agir assim para que Satanás não leve vantagem sobre nós, nem sobre os aflitos de coração.

Então, cada um de nós, seja perdoador, compassivo, restaurador, gentil, ministrando palavras de vida, dando aos quebrantados a chance de renascer na nossa vida. Sejamos instrumentos de cura.

Conclusão e aplicação

Vamos recordar?

A tristeza poder ser excessiva, mesmo por boas razões espirituais.

A tristeza, quando excessiva, torna-se destrutiva.

A tristeza excessiva deve ser combatida e vencida, em nossas próprias vidas e nas vidas dos nossos irmãos; na comunhão com Deus e com uns com os outros.

 

 

 



[1] Livros sugeridos:

D. Martin Lloyd-Jones – Depressão Espiritual. São Paulo, Editora PES, 3ª edição, 2017.

John Pipper – Quando a Escuridão não Passa: vivendo com esperança em Deus em meio à depressão. São Paulo, Editora Vida Nova, 2019.

Richard Baxter – Superando a tristeza e a depressão com a fé.  São Paulo, Editora Vida Nova, 2015.

Wilson Porte Jr. – Depressão e Graça. São José dos Campos, Editora FIEL, 2016.

Zack Eswine – A depressão de Spurgeon: esperança realista em meio à angústia. São José dos Campos, Editora FIEL, 2015.

[2] Zé Rodrix e a Agência de Mágicos, Muito Triste (Rio de Janeiro, Odeon, 1974).

[3] Lc 22:61, 62

[4] Usando a linguagem de Paulo em Rm 14:15

[5] Sl 30:5

[6] Ne 8:10

[7] Os 6:1-3

[8] Cl 4:11


sábado, 20 de junho de 2020

O temor do Senhor - Dt 17:14-20

Terceira Igreja Presbiteriana Conservadora de Guarulhos

Domingo, 01 de março de 2020

Pr. Plínio Fernandes

Quando entrares na terra que te dá o SENHOR, teu Deus, e a possuíres, e nela habitares, e disseres: Estabelecerei sobre mim um rei, como todas as nações que se acham em redor de mim, 15 estabelecerás, com efeito, sobre ti como rei aquele que o SENHOR, teu Deus, escolher; homem estranho, que não seja dentre os teus irmãos, não estabelecerás sobre ti, e sim um dentre eles.16 Porém este não multiplicará para si cavalos, nem fará voltar o povo ao Egito, para multiplicar cavalos; pois o SENHOR vos disse: Nunca mais voltareis por este caminho.17 Tampouco para si multiplicará mulheres, para que o seu coração se não desvie; nem multiplicará muito para si prata ou ouro. 18 Também, quando se assentar no trono do seu reino, escreverá para si um traslado desta lei num livro, do que está diante dos levitas sacerdotes.19 E o terá consigo e nele lerá todos os dias da sua vida, para que aprenda a temer o SENHOR, seu Deus, a fim de guardar todas as palavras desta lei e estes estatutos, para os cumprir. 20 Isto fará para que o seu coração não se eleve sobre os seus irmãos e não se aparte do mandamento, nem para a direita nem para a esquerda; de sorte que prolongue os dias no seu reino, ele e seus filhos no meio de Israel.

O texto que acabamos de ler foi primeiramente dirigido a homens que, em certo sentido, eram os mais importantes de Israel.

Foram palavras de orientação para os reis, que, na Igreja do Antigo Testamento, eram homens ungidos pelo Espírito Santo, para governar de acordo com a vontade de Deus.

Deviam administrar a justiça, praticar o bem, e serem exemplos de vida santa, conduzindo o povo na vontade do Senhor.

Então, nestas orientações, o Senhor diz que havia certas coisas que os reis de Israel não deveriam fazer, e havia uma coisa principal que eles deveriam fazer todos os dias.

Primeiramente, o Senhor diz, no v. 16, os reis não deveriam multiplicar para si o seu número de cavalos. Os cavalos, meus irmãos, eram a representação do poderio bélico, o poder de guerra de uma nação. Quanto mais os reis possuíssem cavalos, mais capacitados para a guerra eles eram considerados.

Como por exemplo o Egito, de onde eles haviam acabado de sair daquela terrível escravidão. Mas como vocês sabem, diante do poder do Senhor, de nada adiantou o poderio egípcio. No mar pereceram os cavalos e os seus cavaleiros. Assim o Senhor ordena que os reis de Israel não multiplicassem o seu número de cavalos, inclusive não fizessem, neste sentido, nenhuma aliança com aquela nação que os escravizara. O Senhor era o poder de guerra do povo escolhido.

Em segundo lugar, os reis de Israel não deveriam multiplicar o número de esposas, o que era um costume muito comum nas cortes orientais. Os casamentos não eram vistos apenas do ponto de  vista do relacionamento conjugal, como o é na maioria dos casos hoje em dia. Eram vistos como alianças entre famílias, tribos e nações. Nós temos mais familiaridade com isto quando, por exemplo, estudamos a história da Europa medieval.

Assim, o multiplicar esposas, fazendo alianças com outras nações, era uma coisa proibida para os reis de Israel. E também, naturalmente, o multiplicar esposas por qualquer outro motivo, pois Deus, quando criou o primeiro casal, o fez com apenas um homem e uma mulher. Este foi o grande pecado de Salomão, que o levou a desviar-se do Senhor.

E em terceiro, eles também não deveriam multiplicar para si o ouro e a prata, isto é, não deveriam enriquecer.

Sexo, dinheiro e poder, coisas tão cobiçadas pelos homens, não deveriam ser cobiçados pelos reis de Israel.

Mas havia algo que eles deveriam fazer, todos os dias: ler o livro da lei do Senhor.

Eles deveriam fazer uma cópia do livro para si mesmos, e ter esta cópia junto de si. E neste livro deveriam ler todos os dias.

Se eles fizessem assim, então aprenderiam três atitudes espirituais que deveriam manter, a fim de fossem homens de Deus.

Leiamos novamente os vs. 18-20

Também, quando se assentar no trono do seu reino, escreverá para si um traslado desta lei num livro, do que está diante dos levitas sacerdotes.19 E o terá consigo e nele lerá todos os dias da sua vida, para que aprenda a temer o SENHOR, seu Deus, a fim de guardar todas as palavras desta lei e estes estatutos, para os cumprir.20 Isto fará para que o seu coração não se eleve sobre os seus irmãos e não se aparte do mandamento, nem para a direita nem para a esquerda; de sorte que prolongue os dias no seu reino, ele e seus filhos no meio de Israel.

Veja o que ele aprenderia no livro da lei do Senhor:

Primeiramente, ele aprenderia a temer ao Senhor, seu Deus.

Em segundo, aprenderia a ser um homem obediente a Deus, isto é, faria o que Deus diz em sua lei.

Terceiro, seria um homem cujo coração não se elevaria sobre os demais, não seria soberbo, ou orgulhoso. Seria um homem humilde.

Temor do Senhor, obediência e humildade, são três características que nós vemos em Jesus, o nosso rei.

Pois como disse o profeta Isaías: “Sobre ele repousará o Espírito de temor do Senhor”...[1]

E são três características que devem existir em cada ser humano, por causa da própria natureza das coisas. São três necessidades de nossas almas. Se nós possuímos estas coisas, elas são evidências de que nossas almas estão sadias. E se não as possuímos, elas são evidências de que nossas almas estão enfermas.

Mas falando claramente, depois que o pecado entrou na história humana, nenhum ser humano nasce com a alma sadia.

Já nascemos deformados espiritualmente. Já nascemos orgulhosos, desobedientes de sem temor a Deus.

Como escreveu o apóstolo Paulo, “todos se extraviaram... não há temor de Deus diante dos seus olhos...”[2].

E aqui está a maravilha da revelação que Deus nos trás nas Escrituras: é que o Senhor restaura as nossas almas, pelo poder da sua Palavra.

“A lei do Senhor é perfeita, e restaura a alma” [3].

A lei do Senhor nos ensina a temê-lo, nos ensina a obedecê-lo, e nos ensina a ser humildes. Mas ela não ensina apenas o intelecto.

Ela é poderosa, viva e eficaz, e realiza em nós a vontade do Senhor. Ela penetra até o mais profundo do nosso ser, e ensina o nosso coração, isto é, ela nos transforma.

Eu quero meditar com vocês sobre estas três atitudes que precisamos ter, e que são características de almas sadias, que estão aprendendo com a Palavra de Deus.

Mas não o faremos no todo agora. Hoje nós vamos considerar a primeira delas: o temor do Senhor.

Quando as Escrituras nos dizem que nós devemos temer ao Senhor, meus irmãos, elas não estão falando de um temor servil, fruto do pecado, como aconteceu no Jardim do Éden, quando Adão e Eva temeram e fugiram da presença de Deus, pois tinham consciência de que haviam pecado[4].

Tiago também escreveu que os demônios tremem de medo diante de Deus[5], pois são rebeldes, e sabem que o dia do juízo está chegando para eles também.

Assim, o temor do Senhor, no sentido bíblico, evangélico, espiritual, é aquela atitude de devoção, filial, que devemos ter para com o nosso Pai celestial, porque reconhecemos quem é o nosso Pai, e o amamos; porque respeitamos e honramos a sua autoridade, e porque também sabemos que, se desobedecermos esta autoridade, iremos desonrar e entristecer o coração do nosso Pai, além de provocar a sua ira.

Vocês se lembram, meus irmãos, do famoso pecado de Davi. Davi adulterou com a esposa de Urias, um dos seus fiéis soldados.

E depois armou uma cilada para que Urias morresse na guerra, e casou-se com a esposa dele.

Mais tarde, Davi arrependeu-se sinceramente, e Deus o perdoou.

O salário do pecado é a morte, e o Senhor lhe disse: – “O Senhor perdoou o teu pecado. Não morrerás...”[6]

Mas irmãos, Davi havia desprezado gravemente a Palavra do Senhor. Dera ensejo para que os incrédulos blasfemassem contra o nome de Deus. E destruíra a família de Urias.

Então, embora o seu pecado tenha sido perdoado, o Senhor acrescentou que haveria consequências sobre a casa de Davi.

Assim como ele havia ferido a Urias, pela espada, a espada também jamais se apartaria de sua casa.

Logo em seguida, a criancinha que nasceu daquela relação adulterina morreu, para a tristeza de Davi.[7]

Depois, um dos filhos de Davi apaixonou por uma de suas irmãs, e a humilhou. Em seguida foi assassinado por um dos seus irmãos.

O assassino em seguida fugiu, e anos mais tarde também queria matar ao próprio pai e ocupar o seu lugar.

Irmãos, que consequências terríveis. Quem deseja que os seus filhos, ou a sua família, sofram as consequências de seus pecados?

Eu quero citar algumas razões pelas quais devemos temer a Deus

1 – Porque o Senhor, nosso Deus, é grande e temível

Dt 10:16,17 – Circuncidai, pois, o vosso coração e não mais endureçais a vossa cerviz. 17 Pois o SENHOR, vosso Deus, é o Deus dos deuses e o Senhor dos senhores, o Deus grande, poderoso e temível, que não faz acepção de pessoas, nem aceita suborno.

A circuncisão era uma prática que Deus ordenou ao povo israelita, como sinal de que entre eles e o Senhor havia uma aliança, como num casamento, pela qual eles eram o povo do Senhor, e o Senhor, o Deus deles.

Mas você sabe que às vezes uma pessoa pode estar com um anel de aliança no dedo, e ainda assim não ser fiel ao seu cônjuge.

A aliança tem que ser também “de coração”.

Então o Senhor ordena aqui: – “Circuncidem os seus corações, e não endureçam os pescoços, isto é, não sejam orgulhosos”.

E a razão para isto: o Deus a quem vocês pertencem é grande e temível.

Você se lembra de quando Jacó, na estrada de Padã-Arã dormiu e sonhou com uma escada que ia até o céu. Os anjos de Deus subiam e desciam por ela. Perto dele estava o SENHOR e lhe disse: – “Eu sou o SENHOR, Deus de Abraão, teu pai, e Deus de Isaque...”

E fez promessas de uma vida muito abençoada Jacó.

A terra em que agora estás deitado, eu ta darei, a ti e à tua descendência. A tua descendência será como o pó da terra; estender-te-ás para o Ocidente e para o Oriente, para o Norte e para o Sul. Em ti e na tua descendência serão abençoadas todas as famílias da terra. Eis que eu estou contigo, e te guardarei por onde quer que fores, e te farei voltar a esta terra, porque te não desampararei, até cumprir eu aquilo que te hei referido.

Quando Jacó despertou do seu sono, o temor se apossou de seu coração, e ele disse:

“Na verdade, o SENHOR está neste lugar, e eu não o sabia. Quão temível é este lugar! É a Casa de Deus, a porta dos céus”[8].

Este temor também foi o que se apoderou de João, conforme ele nos conta no Apocalipse, quando teve uma visão de Jesus, no resplendor de sua glória.

João sentiu-se caindo aos pés de Jesus, como morto.

O mesmo temor que sentiu o profeta Daniel[9]. E o profeta Isaías[10]. E o profeta Ezequiel[11].

Era um sentimento que governava todo o modo de vida do apóstolo Paulo[12], e que ele queria ver em todos os crentes, porque, falando pelo Espírito Santo, nos ordenou: “Desenvolvei a vossa salvação com temor e tremor...”[13].

E Moisés, pois muitas vezes o vemos orando ao Senhor, e chamando-o Deus grande e temível.

Irmãos, aquele que realmente conhece a Deus, aquele que pela fé tem andado com ele, visto o seu poder de salvar, de curar, de governar tudo o que acontece, sabe que o glorioso Senhor é Deus grande e temível, em sua santidade, em sua majestade, em sua amorosa justiça. Conhece a bondade e a severidade de Deus.

Por isto eu acho muito próprio dizer que se uma pessoa não tem temor de Deus no seu coração, ela ainda não conhece a Deus verdadeiramente.

Isto nos conduz à segunda razão pela qual devemos temer a Deus...

2 – É que, com o mesmo temor que tiveram nossos antepassados na fé, que nós devemos nos aproximar de Deus

Hb 12:28, 29 –  Por isso, recebendo nós um reino inabalável, retenhamos a graça, pela qual sirvamos a Deus de modo agradável, com reverência e santo temor; porque o nosso Deus é fogo consumidor.

Nós reconhecemos que somos pecadores salvos pela graça de Deus que nos foi dada em Jesus Cristo, quando ele, movido pelo amor, deu a sua vida na cruz, em nosso lugar.

Sabemos que o Senhor Deus não nos aceita com base na perfeição de nossas obras, pois nossas melhores boas obras são contaminadas pelos nossos pecados[14].

Então confiamos somente em Jesus, e por esta fé nós temos a certeza da vida eterna.

Mas irmãos, esta graça de Deus que nos concede perdão, que nos concede certeza da salvação, como diz em outro lugar também nos educa nos caminhos de Deus[15].

Ela nos ensina a servir a Deus de modo agradável a ele, isto é, com reverência e santo temor, sem nos esquecermos de que o nosso Deus é um fogo consumidor.

Que, conforme nos ensina o Apocalipse, os olhos de Jesus são como chamas de fogo de ódio contra o pecado.[16]

Veja, nós devemos servir a Deus em todas as áreas da nossa vida, com todo o nosso ser.

E devemos ter muita consciência de que, quando nos reunimos como igreja, para cultuar, estamos servindo a Deus.

Ao Senhor, teu Deus, adorarás, e só a ele servirás[17].

E o serviço ao Senhor não pode ser displicente, feito de modo leviano, como quem está, se me permitem a expressão de gíria, “na casa da sogra”.

Pois em outro lugar também diz a Escritura:

Maldito aquele que fizer a obra do Senhor relaxadamente[18].

A Bíblia nos conta sobre vários momentos em que Deus manifestou a sua ira contra pessoas que tentaram servi-lo com um coração errado.

Eu quero citar um caso muito famoso: Nababe e Abiú, sacerdotes, filhos de Arão, irmão de Moisés.

A história trágica de Nadabe e Abiú está narrada em Lv 10:1-3

Nadabe e Abiú, filhos de Arão, tomaram cada um o seu incensário, e puseram neles fogo, e sobre este, incenso, e trouxeram fogo estranho perante a face do SENHOR, o que lhes não ordenara.  2 Então, saiu fogo de diante do SENHOR e os consumiu; e morreram perante o SENHOR.  3 E falou Moisés a Arão: Isto é o que o SENHOR disse: Mostrarei a minha santidade naqueles que se cheguem a mim e serei glorificado diante de todo o povo. Porém Arão se calou.

Talvez eles estivessem cheios de boas intenções, mas o Senhor não se agradou, pois eles estavam querendo cultuar com base num princípio de desobediência.

Amados, nós devemos servir a Deus com reverência e santo temor.

Como fruto de corações que o amam, que desejam honrá-lo com os nossos lábios e com nossa vida, com o nosso comportamento aqui e no mundo lá fora.

Só assim podemos de fato cultuar a Deus de modo agradável.

3 - E também somente assim podemos receber a Palavra de Deus de modo abençoador para nossas almas.

Is 66:12 – Porque a minha mão fez todas estas coisas, e todas vieram a existir, diz o SENHOR, mas o homem para quem olharei é este: o aflito e abatido de espírito e que treme da minha palavra.

Tremer diante da Palavra do Senhor significa receber a Palavra de Deus, seja através da leitura, seja através da pregação, com seriedade de coração, como que está de fato ouvindo o que o Senhor do Universo está dizendo.

Significa receber com fé, com mansidão, com humildade de coração, quebrantamento, solicitude, disposição de obedecer, e não com especulações, promoção de debates que para nada mais servem do que promover a soberba e a desobediência, ou especulações que nada mais são do que justificativas, racionalizações e escapatórias humanas para não fazer o que o Senhor ordena.

O homem para quem eu olharei, diz o Senhor, o homem a quem abençoarei, o homem a cujas orações ouvirei, a quem santificarei, a quem usarei, é este: o que treme diante da minha Palavra.

4 – É o temor do Senhor nos leva a evitar o pecado

Pv 8:13 - O temor do SENHOR consiste em aborrecer o mal; a soberba, a arrogância, o mau caminho e a boca perversa, eu os aborreço.

Jó era homem íntegro e reto, temente a Deus, e que se desviava do mal[19].

Porque Deus é santo, aquele que o teme também aprende a ser.

Ele ama as coisas que Deus ama: ele tem o seu prazer na lei do Senhor, e na sua lei medita de dia e de noite.

Ele ama a paz, e empenha-se por alcançá-la. Ama andar na verdade, o falar a verdade e o ser honesto nos seus relacionamentos.

Ama a oração; ama entoar louvores ao Senhor; ama a casa do Senhor, o culto a Deus; ama a igreja do Senhor, por quem Jesus morreu, e busca o seu bem.

Também ama o seu próximo. E ao trabalho, e a todas as coisas em que Deus tem prazer.

Porque Deus odeia o pecado, aquele que teme a Deus também odeia o pecado: ele odeia o orgulho, a boca suja, a boca mexeriqueira, a boca mentirosa, a boca vaidosa.

Odeia o tomar o nome do Senhor em vão, com falsas profissões de fé; com piadinhas e palavras chulas a respeito de Jesus. Odeia o que fizeram com o santo nome de Jesus no Carnaval, e outras coisas animais, terrenas e diabólicas como estas. Ele não pensa que estes pecados são apenas expressões culturais dos não crentes.

Por isto, nosso último ponto aqui:

5 – O temor do Senhor nos prepara para o dia do juízo

2ª Co 5:10,11 –  Porque importa que todos nós compareçamos perante o tribunal de Cristo, para que cada um receba segundo o bem ou o mal que tiver feito por meio do corpo. E assim, conhecendo o temor do Senhor, persuadimos os homens e somos cabalmente conhecidos por Deus; e espero que também a vossa consciência nos reconheça.

2ª Co 5:14, 15 –  Pois o amor de Cristo nos constrange, julgando nós isto: um morreu por todos; logo, todos morreram. E ele morreu por todos, para que os que vivem não vivam mais para si mesmos, mas para aquele que por eles morreu e ressuscitou.

Notem, irmãos, que nestes dois trechos o apóstolo Paulo está falando sobre duas motivações para o seu serviço dedicado a Deus.

No último texto (vs. 14 e 15), ele diz que tudo fazia motivado, por um lado, pelo amor de Cristo por ele, e por outro, pelo amor que sentia por Cristo.

Já não vivo mais para mim mesmo, ele diz, mas para aquele que me amou e se entregou por mim.

Mas nos vs. 10 e 11 ele fala de outra motivação para um viver santo e dedicado a Jesus.

“É necessário que todos nós compareçamos perante o tribunal de Cristo”; aqui ele está falando de si mesmo e de todos os crentes, e não somente dos incrédulos.

Quando, e aqui ele não diz, se é no dia da nossa morte, ou no dia da volta de Jesus (esta não é a questão mais importante), a questão mais importante é que diante deste tribunal as nossas obras serão julgadas. Nós seremos julgados, não para a salvação, mas para recebermos a recompensa, seja pelo bem, seja pelo mal que tivermos feito por meio do corpo.

E isto, diz o apóstolo Paulo, faz com que o nosso coração se encha do temor do Senhor.

Foi por isto também que no Evangelho de Mateus, insistindo sobre a importância de se temer a Deus, o Senhor Jesus nos exorta:

Mt 10:28 – Não temais os que matam o corpo e não podem matar a alma; temei, antes, aquele que pode fazer perecer no inferno tanto a alma como o corpo.

Aqui o Senhor está falando sobre dois tipos de temor que são mutuamente excludentes: o temor dos homens e o temor do Senhor.

Se você temer os homens, então estará preocupado com o que eles pensam a teu respeito, o que eles podem fazer com você, ou contra você, ou a favor de você. E não temerá a Deus.

Mas se você temer a Deus, então estará livre do temor dos homens.

Então não tema aquele que pode no máximo matar o seu corpo, mas não pode tocar na sua alma. Não tema os homens.

Tema aquele que pode não somente matar o corpo, mas também pode fazer perecer a tua alma no inferno. Tema a Deus, que trás o juízo sobre todo aquele que permanece em seus pecados.

Conclusão e aplicação

Irmãos, uma alma verdadeiramente sadia, que conhece a Deus, é aquela que foi restaurada pela doutrina da Palavra de Deus.

Uma alma assim é uma alma que teme ao Senhor, que se desvia do mal, que o serve com devoção, amor e reverência.

É então uma alma obediente e humilde.

A lei do Senhor é perfeita e restaura a alma.

Por isto, para que aprendessem estas coisas, os reis de Israel deveriam fazer para si uma cópia do livro da lei do Senhor, tê-la consigo, e ler neste livro todos os dias de suas vidas, para que, ensinados pela Palavra de Deus, fossem espiritualmente sadios.

Você quer ser uma pessoa espiritualmente sadia, restaurada?

A resposta para a sua necessidade está em tuas mãos.

Tenha esta cópia da Bíblia sempre ao teu alcance.

Leia todos os dias.

Leia na expectativa de que as Escrituras irão te ensinar.

Leia com o desejo de aprender o temor do Senhor. De aprender a obedecer. De aprender a ser humilde.

Sim, o Espírito de Deus irá te humilhar, irá te convencer dos seus pecados, da santidade de Deus, irá te humilhar e quebrantar o teu coração. Você será levado a clamar:

– “Senhor, tem misericórdia de mim”.

Então, você verá que o temor do Senhor está governando o teu coração.

 



[1] Is 11:2

[2] Rm 3:12, 18

[3] Sl 19:7

[4] Gn 3:10

[5] Tg 2:19

[6] 2º Sm 12:13

[7] 2 Sm 12:14

[8] Gn 28:12-17

[9] Dn 7:15

[10] Is 6:5

[11] Ez 1:28

[12] 1ª Co 2:13

[13] Fp 2:12

[14] Tt 3:5

[15] Tt 2:12

[16] Ap 2:18, 3:18

[17] Mt 4:10

[18] Jr 48:10

[19] Jó 1:1


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