Achadas as tuas palavras, logo as comi; as tuas palavras me foram gozo e alegria para o coração, pois pelo teu nome sou chamado, ó SENHOR, Deus dos Exércitos. Jeremias 15:16

domingo, 31 de janeiro de 2016

Jonas 3 - o triunfo da graça

IPC de Pda. de Taipas
Quinta feira, 31 de dezembro de 2015
Pr. Plínio Fernandes
Veio a palavra do SENHOR, segunda vez, a Jonas, dizendo: 2 Dispõe-te, vai à grande cidade de Nínive e proclama contra ela a mensagem que eu te digo.  3 Levantou-se, pois, Jonas e foi a Nínive, segundo a palavra do SENHOR. Ora, Nínive era cidade mui importante diante de Deus e de três dias para percorrê-la.  4 Começou Jonas a percorrer a cidade caminho de um dia, e pregava, e dizia: Ainda quarenta dias, e Nínive será subvertida.  5 Os ninivitas creram em Deus, e proclamaram um jejum, e vestiram-se de panos de saco, desde o maior até o menor.  6 Chegou esta notícia ao rei de Nínive; ele levantou-se do seu trono, tirou de si as vestes reais, cobriu-se de pano de saco e assentou-se sobre cinza.  7 E fez-se proclamar e divulgar em Nínive: Por mandado do rei e seus grandes, nem homens, nem animais, nem bois, nem ovelhas provem coisa alguma, nem os levem ao pasto, nem bebam água; 8 mas sejam cobertos de pano de saco, tanto os homens como os animais, e clamarão fortemente a Deus; e se converterão, cada um do seu mau caminho e da violência que há nas suas mãos.  9 Quem sabe se voltará Deus, e se arrependerá, e se apartará do furor da sua ira, de sorte que não pereçamos?  10 Viu Deus o que fizeram, como se converteram do seu mau caminho; e Deus se arrependeu do mal que tinha dito lhes faria e não o fez.
A história narrada no livro de Jonas é uma das mais bonitas, e mais importantes da Bíblia.
Jesus a tomou como uma analogia de sua própria história, quando disse que, assim como Jonas esteve três dias e três noites no ventre do grande peixe, ele também ficaria no coração da terra.[1]
É uma história real, que demonstra a soberania de Deus sobre as forças da natureza, sobre os animais, na condução da história, e sobre os corações humanos.
Ele é um dos mais fortes exemplos que temos na Bíblia do triunfo da graça de Deus sobre o pecado humano.
1. Primeiramente, vamos considerar os personagens desta história
O v. 8 nos diz que a grande cidade de Nínive, na antiga Assíria, era caracterizada pela violência generalizada.
Violência gratuita implica falta de amor, falta de princípios morais. E antes de qualquer outra coisa, a falta da presença de Deus no coração das pessoas.
Nínive era uma cidade má. E se continuasse em sua maldade, o juízo de Deus viria sobre ela, assim como acontecera com Sodoma e Gomorra.
Por isto o Senhor tomou entre o povo de Israel um profeta, um homem chamado Jonas, e ordenou que ele se levantasse para anunciar uma mensagem contra aquela cidade, que não era grande apenas numericamente para os padrões daqueles dias, mas também grande pecadora aos olhos de Deus.
Bem irmãos, em Jeremias 18:7-8, o Senhor declara um princípio de amor e justiça que governa o seu relacionamento com os homens. O Senhor diz assim:
No momento em que eu falar acerca de uma nação ou de um reino para o arrancar, derribar e destruir, 8 se a tal nação se converter da maldade contra a qual eu falei, também eu me arrependerei do mal que pensava fazer-lhe.
Assim nós percebemos que o desejo de Deus, ao enviar o seu profeta, era o de chamar a cidade ao arrependimento.
Se os assírios se convertessem, o Senhor não enviaria juízo contra eles. A cidade não seria destruída.
Deus desejava salvá-los.
Mas os ninivitas não são os únicos pecadores que estão sendo alcançados pelo amor de Deus aqui.
O v. 1, do texto que acabamos de ler, nos diz que esta era a segunda vez que o Senhor ordenava que Jonas fosse a Nínive.
A primeira vez está registrada no cap. 1:1-2
Veio a palavra do SENHOR a Jonas, filho de Amitai, dizendo: 2 Dispõe-te, vai à grande cidade de Nínive e clama contra ela, porque a sua malícia subiu até mim.
Em 2º Rs 14 nós lemos sobre uma outra ocasião em que o Senhor havia dado sua Palavra através do profeta Jonas; palavra de benção; promessa que cumpriu nos dias do rei Jeroboão II, de Israel. [2]
Vejam, irmãos: Jonas, filho de Amitai, era um conhecido homem de Deus, e não um falso profeta. Já havia sido instrumento de Deus em outras ocasiões.
Mas o v. 3 aqui do cap. 1 diz qual foi a reação de Jonas diante da ordem do Senhor.
Jonas se dispôs, mas para fugir da presença do SENHOR, para Társis; e, tendo descido a Jope, achou um navio que ia para Társis; pagou, pois, a sua passagem e embarcou nele, para ir com eles para Társis, para longe da presença do SENHOR.
Aqui ele tem uma atitude que não esperamos ver em gente que professa fé em Deus; uma atitude de rebeldia e desobediência.
Jonas se dispôs a fugir para bem longe. A cidade de Nínive ficava na Assíria, ao nordeste de Israel. Então ele desceu em sentido contrário, para Jope, às margens do mar Mediterrâneo, e embarcou num navio para Társis. E diz o texto que, que com isto, Jonas estava querendo fugir da presença do Senhor. Como se isto fosse possível!
Agora, se voltarmos para o cap. 4:1-2, entenderemos o porquê desta desobediência. Nos diz que, quando os ninivitas se converteram a Deus, Jonas ficou muito triste. Mais do que isto; ele ficou bravo.
4:1-2
Com isso, desgostou-se Jonas extremamente e ficou irado.  2 E orou ao SENHOR e disse: Ah! SENHOR! Não foi isso o que eu disse, estando ainda na minha terra? Por isso, me adiantei, fugindo para Társis, pois sabia que és Deus clemente, e misericordioso, e tardio em irar-se, e grande em benignidade, e que te arrependes do mal.
Se não fosse tão triste, seria até engraçado. Mas o fato é que, assim como os ninivitas eram violentos, Jonas (e os demais israelitas) também eram. Ele odiava os ninivitas, e queria a sua destruição.
Em sua opinião, não seria bom se Deus os salvasse.
Muito tempo depois, já nos dias do Novo Testamento, haveria judeus de coração mau que diriam que Deus fez dois povos: os israelitas, para serem o povo eleito, e os gentios, para servirem de combustível no inferno.
E quem não se lembra de quando João e Tiago queriam orar para que chovesse fogo do céu e destruísse os samaritanos?[3]
Parece que o sentimento de Jonas era o mesmo.
Mas ele também conhecia o suficiente de Deus, para saber o quanto o Senhor é misericordioso, clemente, perdoador. E sabia que a Palavra de Deus, viva e eficaz, que penetra no mais profundo do coração humano, poderia levar os ninivitas ao arrependimento, a fé e à salvação.[4]
Então ele não queria pregar.
Veja o estado de alma em que ficou Jonas.
4:3 - Peço-te, pois, ó SENHOR, tira-me a vida, porque melhor me é morrer do que viver.
O v. 5 diz que Jonas providenciou uma sombra e repousou debaixo dela, pra ver o que aconteceria.
Tenho a impressão de que, com sua reclamação, Jonas esperava que Deus mudasse de ideia e destruísse a cidade.
Como um colega meu costuma dizer, “o nosso coração é bem pequeno, mas quanta maldade cabe dentro dele”.
Como se revelou grande a maldade do coração de Jonas!
Mas também, como ele mesmo reconhecia, Deus é grande em benignidade; e em sua misericórdia, quando o profeta tentava fugir de sua presença, como um Pai que disciplina o filho a quem ama, o Senhor tratou com ele.
Primeiro, o Senhor fez vir uma grande tempestade, de sorte que o navio ficou à beira de um naufrágio.
Então Jonas precisou confessar aos companheiros de infortúnio que, aquilo que estava acontecendo era por causa de sua desobediência. Orientou aos marinheiros que o lançassem ao mar, e a tempestade cessaria.
Vocês sabem, irmãos: um crente desobediente atrai problemas para si; mas também atrai problemas para quem está perto.
Por isto os marinheiros, cheios de medo, jogaram Jonas ao mar e o vento se aquietou.
E a graça de Deus é tão grande, que com isto aqueles marinheiros idólatras e supersticiosos vieram a temer ao Deus verdadeiro.
Em seguida, o Senhor ordenou que um grande peixe engolisse Jonas; e ele ficou ali, no ventre do peixe, três dias e três noites.
Então, no profundo das águas, agitado de um lado para o outro, subindo e descendo (imagine as vertigens, o líquido gástrico, a escuridão), algas enroladas na cabeça, angustiado, Jonas buscou o Deus de quem fugia. Orou, pediu misericórdia. Buscou a Deus e encontrou.
Porque, como diz o Salmo
Se subo aos céus, lá estás
Se faço a minha cama no mais profundo abismo, lá estás também
Mesmo que eu tomasse as asas da alvorada, e me detivesse nos confins dos mares
Até mesmo lá me haveria de guiar a tua mão, e me sustentar [5]
Não podemos fugir do Espírito de Deus. Não há como fugir.
Confessou seu pecado, pediu perdão, e o Deus de toda a misericórdia ordenou que o peixe devolvesse o filho rebelde à superfície da terra.
Pois, quando nós confessamos os nossos pecados, Deus, que é fiel e justo, perdoa os nossos pecados, e nos purifica de toda a injustiça.[6]
Por isto é que no início do cap. 3 nós lemos que, pela segunda vez, veio a Palavra do Senhor ao profeta Jonas.
E a Palavra do Senhor é a mesma. Então ele se dispõe e vai a Nínive. E prega.
Irmãos, era uma cidade com mais de cento e vinte mil pessoas. Andando rapidamente, ele percorreu a cidade caminho de um dia; uma cidade que normalmente você precisaria três dias para percorrer.
O “sermão” de Jonas não teve introdução, não teve proposição, nem divisões, nem conclusão, nem aplicação. Ele só dizia uma coisa: –“Mais quarenta dias e esta cidade será destruída”.
A cidade estava condenada. Percorreu toda a cidade falando a mesma coisa.
Mas enquanto falava, o Espírito de Deus abriu o coração daquela gente; repreendeu, quebrantou, e transformou, desde o cidadão mais humilde, até o rei em seu trono.
Então se humilharam, oraram, e se converteram dos seus maus caminhos. Em com a conversão, o perdão e a salvação.
O livro termina com o Senhor dizendo a Jonas:
“Não hei eu de ter compaixão desta grande cidade em que há mais de cento e vinte mil pessoas, que não sabem discernir entre a mão direita e a mão esquerda, além de muitos animais?” (4:11)
Note a palavra que Deus usa para revelar a si mesmo: “compaixão”.
2. Agora, amados, vamos tirar algumas lições para nós algumas lições desta história, que nos trás revelação de Deus
1. Deus ama e se compadece dos pecadores
Esta é um dos grandes ensinos que saltam aos nossos olhos desde a primeira leitura que fazemos em Jonas.
Primeiro, veja a grande compaixão que Deus teve para com a cidade de Nínive; o seu desejo de levar aquelas pessoas ao arrependimento.
Pois disse Deus, aquelas pessoas más e violentas eram gente perdida, sem discernimento. Como diria Paulo, o deus deste século, Satanás, havia cegado o entendimento deles[7], e então viviam entregues à maldade de seus próprios corações. Por isto o Senhor enviou seu profeta à cidade.
Agora eu desejo relacionar este fato com o que Mateus nos diz sobre o coração de Jesus.
Mt 9:36-38
Vendo ele as multidões, compadeceu-se delas, porque estavam aflitas e exaustas como ovelhas que não têm pastor.  37 E, então, se dirigiu a seus discípulos: A seara, na verdade, é grande, mas os trabalhadores são poucos.  38 Rogai, pois, ao Senhor da seara que mande trabalhadores para a sua seara.
“Jesus Cristo é o mesmo ontem, hoje, e o será para sempre”.[8] Ele continua a ser compassivo. Ele continua a desejar a conversão dos pecadores. Ele continua a enviar seus profetas.
Mas veja também a compaixão manifesta na longanimidade que o Senhor teve para com Jonas.
Um profeta que, de repente, motivado pela dureza de seu próprio coração, pelo ódio, pelo egoísmo, se desvia deliberadamente da vontade de Deus.
Se o Senhor desejasse, ele bem poderia ter castigado este desobediente com a morte. Eu quero te perguntar: você gostaria de ter Jonas como membro da sua igreja? Gostaria de tê-lo como seu pastor?
Mas irmãos, vejam o que faz o Senhor: como um pai que disciplina um filho a quem ama, o Senhor cria situações que levem Jonas a buscá-lo.
E quando Jonas, lá no mais profundo do oceano se arrepende, o Senhor o ouve, perdoa, e salva.
Mas não somente isto. O Senhor o restabelece como profeta.
– “Agora que você se arrependeu, levante-se, a vá pregar em Nínive”.
2. Deus não desiste dos seus escolhidos
Jonas não queria a salvação dos ninivitas. Mas o Senhor queria. E não desistiu de salvá-los. Por isto enviou o profeta novamente.
Jonas tornou-se rebelde contra o Senhor, e pecou. Mas o Senhor não desistiu dele.
Muito tempo mais tarde, Jesus sabia que outro homem, muito amado, numa noite apenas o negaria três vezes. Então, antes mesmo que Pedro pecasse, Jesus orou por ele, para que sua fé não se apagasse. [9]
E depois que Pedro pecou, e se envergonhou do seu pecado, e chorou, o Senhor Jesus o restabeleceu. O Senhor o restaurou e ordenou: – “Apascenta as minhas ovelhas”.
Pode ser que alguma pessoa peque a ponto de dizer consigo mesma:
– “Agora não tem mais jeito. Não existe mais possibilidade de perdão. Eu me tornei um inútil diante de Deus. Ele nunca mais me perdoará. As consequências do meu pecado nunca mais poderão ser apagadas”.
Mas o Espírito Santo não ensina isto.
Jesus não desiste daqueles a quem escolhe.
3. Deus chama pecadores ao arrependimento
Toda esta história é um chamado de Deus ao arrependimento, seja para os ninivitas, seja para Jonas; seja para os descrentes, seja para os crentes.
Aos descrentes, Deus ordena que abandonem seus maus caminhos, que abandonem a violência de suas mãos, de suas palavras, que abandonem suas idolatrias, suas imoralidades, e se convertam ao Senhor, que é rico em perdoar.
Pois o evangelho diz que assim como Nínive, todos os homens já estão condenados; mas que todo aquele que, ouvindo a Palavra e crer, será salvo.[10]
Aos crentes, Deus ordena que sejam seus imitadores; que se compadeçam dos perdidos, que se importem com o seu semelhante.
Aos crentes, o Senhor ordena a obediência à sua Palavra, à sua vontade, aos seus caminhos.
Em todas estas coisas, o Senhor revela o seu amor para conosco.
Conclusão e aplicação
Mt 12:39-41
Ele, porém, respondeu: Uma geração má e adúltera pede um sinal; mas nenhum sinal lhe será dado, senão o do profeta Jonas.  40 Porque assim como esteve Jonas três dias e três noites no ventre do grande peixe, assim o Filho do Homem estará três dias e três noites no coração da terra.  41 Ninivitas se levantarão, no Juízo, com esta geração e a condenarão; porque se arrependeram com a pregação de Jonas. E eis aqui está quem é maior do que Jonas.
Concluindo, amados:
Deus, em sua justiça, estabeleceu que o salário do pecado é a morte.[11]
Os violentos, os maus, os mentirosos, os fornicários, os adúlteros, os beberrões e todos aqueles que praticam coisas semelhantes a estas, não verão o reino de Deus.[12]
Ora, se aquele que tem o poder de lançar os pecadores, não somente nas profundezas do mar, mas lançar suas almas nas profundezas do inferno, para sempre e eternamente, se aquele a quem devemos temer[13], nos ama e deseja a nossa salvação, de que forma devemos responder ao seu amor?
1. Todos nós, seres humanos, assim como os ninivitas fizeram, devemos crer em Jesus; devemos crer naquele que é maior que Jonas.
Devemos obedecer a Deus, em amor e santo temor.
Eu não conheço a vida particular de cada um de vocês, amados.
Não conheço seus corações, os caminhos pelos quais vocês andam. Mas aquele que sonda os corações conhece.
E se, como Jonas, ou como os ninivitas, você tem desobedecido ao Senhor, então certamente o Espírito do Senhor está chamando você à conversão.
Seja através das tempestades da vida, dos abismos, seja através de sua Palavra pregada, Jesus Cristo chama você à conversão, ao arrependimento, à obediência.
Se você, de alguma forma, está fugindo da presença de Deus, faça o contrário. Busque a presença de Deus.
2. Devemos ser instrumentos de Deus
Jonas não foi um pregador eloquente, profundo conhecedor da arte de pregar. Ele apenas pregou o que Deus disse, e os eleitos de Deus foram alcançados.
Você conhece pessoas que andam longe de Deus? Conhece pessoas que ainda estão perdidas e cegas em seus pecados? Entre os seus parentes? Entre as pessoas com as quais você trabalha? Entre as pessoas com as quais estuda?
Então fale, pois ele ordenou. “E os que puderem crer, sei que crerão”.



[1] Mt 12:40
[2] 2º Rs 14:25
[3] Lc 9:54
[4] Hb 4:12; Rm 10:17
[5] Sl 139:8, 9
[6] 1ª Jo 1:9
[7] 2ª Co 4:4
[8] Hb 13:8
[9] Lc 22:32
[10] Mc 16:15-16
[11] Rm 6:23
[12] Gl 5:19-21
[13] Mt 10:28
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