Achadas as tuas palavras, logo as comi; as tuas palavras me foram gozo e alegria para o coração, pois pelo teu nome sou chamado, ó SENHOR, Deus dos Exércitos. Jeremias 15:16

sábado, 16 de maio de 2020

Graça sobre graça - Jo 1:16


Pr. Plínio Fernandes
Amados irmãos, vamos ler o Evangelho de João, cap. 1:1-18
1 No princípio era o Verbo, e o estava com Deus, e o Verbo era Deus.  2 Ele estava no princípio com Deus.  3 Todas as coisas foram feitas por intermédio dele, e, sem ele, nada do que foi feito se fez.  4 A vida estava nele e a vida era a luz dos homens. 5 A luz resplandece nas trevas, e as trevas não prevaleceram contra ela. 6 Houve um homem enviado por Deus cujo nome era João. 7 Este veio como testemunha para que testificasse a respeito da luz, a fim de todos virem a crer por intermédio dele. 8 Ele não era a luz, mas veio para que testificasse da luz, 9 a saber, a verdadeira luz, que, vinda ao mundo, ilumina a todo homem. 10 O Verbo estava no mundo, o mundo foi feito por intermédio dele, mas o mundo não o conheceu. 11 Veio para o que era seu, e os seus não o receberam. 12 Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, a saber, aos que creem no seu nome; 13 os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus. 14 E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade, e vimos a sua glória, glória como do unigênito do Pai. 15 João testemunha a respeito dele e exclama: Este é o de quem eu disse: o que vem depois de mim tem, contudo, a primazia, porquanto já existia antes de mim. 16 Porque todos nós temos recebido da sua plenitude e graça sobre graça. 17 Porque a lei foi dada por intermédio de Moisés; a graça e a verdade vieram por meio de Jesus Cristo. 18Ninguém jamais viu a Deus; o Deus unigênito, que está no seio do Pai, é quem o revelou.
Nos Evangelhos, nós temos três textos que nos ensinam sobre “as origens de Jesus Cristo”, nosso Deus e Salvador.
O primeiro deles é Mateus cap. 1, onde iniciando as páginas do Novo testamento, este apóstolo do Senhor nos apresenta a Jesus, filho de Maria e José como aquele descendente de Davi e de Abraão, que segundo as promessas de Deus feitas através dos profetas antigos, viria para abençoar todas as famílias da terra e trazer o reino de Deus aos homens.
Jesus é o rei e Salvador prometido, ensina Mateus.
O segundo texto está em Lucas cap. 3:23-38, onde o escritor, além de apresentar a genealogia judaica de Jesus, “vai mais além” em direção ao tempo passado, e segue com a genealogia até o primeiro homem, Adão. Com isto Lucas está nos apresentando Jesus como aquele a quem Deus prometeu aos nossos primeiros pais logo depois que o pecado entrou na história humana, e com o pecado a maldição da morte.
Uma vez que o pecado foi introduzido em nossa história através da tentação da serpente, Deus prometeu que através de um descendente da mulher a cabeça da serpente seria esmagada, e a maldição destruída. Lucas está mostrando que Jesus é este descendente prometido, que esmagaria a cabeça da serpente. E com efeito, Jesus, por sua morte na cruz triunfou sobre Satanás e com isto retirou de nós a maldição eterna.
E o terceiro texto é este aqui de João, que acabamos de ler.
E nele o discípulo amado vai “bem mais longe, no tempo, que Mateus e Lucas”. Ele “vai até a eternidade”, no princípio, quando Deus estava criando todas as coisas, e nos ensina que mesmo antes de se encarnar neste mundo, Jesus Cristo já existia.
Veja os vs. 1-3
1 No princípio era o Verbo, e o estava com Deus, e o Verbo era Deus.  2 Ele estava no princípio com Deus.  3 Todas as coisas foram feitas por intermédio dele, e, sem ele, nada do que foi feito se fez. 
Os irmãos se lembram de que esta frase, “no princípio” também é usada em Gênesis 1:1, no comecinho da Bíblia, para descrever o tempo em que Deus começou a criar todas as coisas.
Então João diz: no começo de todas as coisas era o Verbo. E o que significa “verbo”? Palavra que denota ação.
Gênesis nos diz que no principio Deus criou todas as coisas pelo poder de sua Palavra. E aqui João nos ensina que esta Palavra que criou todas as coisas era uma Pessoa Divina, pois estava com Deus e era Deus.
No v. 4 João acrescenta que não somente criou todas as coisas, mas que ele é a própria vida, que ele é a luz dos homens.
E no v. 9 também nos diz que ele, o Verbo, é a luz que vinda ao mundo ilumina a todo homem (ou, como diz a versão corrigida, a luz que ilumina a todo homem que vem ao mundo).
João também explica que este Verbo criador de todas as coisas se fez carne e habitou entre nós, como um ser humano. Veio para o que era seu.
Habitou entre nós cheio de graça e de verdade: nele a bondade e a justiça de Deus para conosco podia ser vista em sua plenitude.
No entanto, os seus não o receberam, não creram nele. Mas a todos quantos o receberam, isto é, que creram nele, deu-lhes o direito de serem chamados filhos de Deus.
É sobre estes que o receberam, que creram em Jesus Cristo, que João escreve no v. 16:
Porque todos nós temos recebido da sua plenitude e graça sobre graça.
“Graça sobre graça”. Há duas coisas que eu desejo considerar com vocês nesta hora:
1. O que significa “graça”?
Se eu faço esta pergunta a vocês, imediatamente, como evangélicos, vocês me respondem: “favor imerecido”.
E este é mesmo uma das maneiras em que a palavra graça é usada na Bíblia. Mas eu penso irmãos, é que este nos é um conceito tão familiar que nós muitas vezes deixamos de pensar e perceber o quanto isto é maravilhoso.
Quando pensamos em graça, conforme a Bíblia nos ensina, estamos dizendo que aquilo que Deus faz por nós não tem relação alguma com algo que nós possamos fazer e que nos torne dignos de algum benefício da parte de Deus.
Não tem nada a ver com algum merecimento da nossa parte.
Para que enfatizemos um pouco este fato eu quero citar duas passagens em que o apóstolo Paulo nos ensina sobre a graça de Deus:
Rm 11:6
E, se é pela graça, já não é pelas obras; do contrário, a graça já não é graça.
Aqui o apóstolo faz um agudo contraste entre a graça de Deus e as nossas obras. Ele diz que uma coisa anula a outra.
2ª Tm 1:9
Deus… nos salvou e nos chamou com santa vocação; não segundo as nossas obras, mas conforme a sua própria determinação e graça que nos foi dada em Cristo Jesus, antes dos tempos eternos…
Mais uma vez notamos o contraste entre a graça de Deus e as nossas obras. Deus nos salvou e nos chamou para si mesmo conforme a sua determinação e graça, e não por causa das obras que nós praticamos e que porventura nos tornariam dignos de ser salvos.
E para declarar isto de modo ainda mais forte e lúcido, ele diz que esta graça nos foi dada por Deus desde antes dos tempos eternos. É um jeito de dizer que antes que houvesse o “tempo de agora”, isto é, desde antes do começo do mundo, Deus já havia determinado nos salvar dos nossos pecados por meio de Jesus Cristo, independentemente das nossas obras.
Então veja o que João está dizendo: Deus, em Cristo, tem nos dado de sua plenitude.
Penso que Paulo escreveria mais ou menos assim:
Em Cristo, Deus habita em toda a sua plenitude, e Cristo habita dentro de vocês.
Temos recebido de sua plenitude, e em Cristo temos recebido bênção sobre bênção, sem que nós tenhamos feito qualquer coisa para merecer. Sem que tenhamos pagado nada.
2. Agora, eu desejo mencionar umas poucas manifestações da graça de Deus.
Digo poucas porque elas são inúmeras, mas vamos nos deter apenas nalgumas.
2.1 – A graça da nossa salvação eterna – a remissão dos nossos pecados
Ef 2:8-9 Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus; 9 não de obras, para que ninguém se glorie.
Pela graça (favor de Deus pelo qual nós não pagamos nada) nós somos salvos. É assim conosco, é assim com todos os crentes, sempre foi assim e sempre será assim.
Por exemplo, foi assim com o rei Davi, e é assim, ele ensina, com todos os crentes no Senhor.
Rm 4:6-8 – E é assim também que Davi declara ser bem-aventurado o homem a quem Deus atribui justiça, independentemente de obras:7 Bem-aventurados aqueles cujas iniquidades são perdoadas, e cujos pecados são cobertos; 8 bem-aventurado o homem a quem o Senhor jamais imputará pecado.
Um dos exemplos mais fortes que eu vejo na Bíblia do que significa ser alcançado pela graça de Deus é o rei Manassés; um dos homens mais perversos da Antiguidade.
Vamos ler 2º Cr 33:1-13
2º Cr 33:1-13 – Tinha Manassés doze anos de idade quando começou a reinar e cinquenta e cinco anos reinou em Jerusalém. 2 Fez o que era mau perante o SENHOR, segundo as abominações dos gentios que o SENHOR expulsara de suas possessões, de diante dos filhos de Israel. 3 Pois tornou a edificar os altos que Ezequias, seu pai, havia derribado, levantou altares aos baalins, e fez postes-ídolos, e se prostrou diante de todo o exército dos céus, e o serviu. 4 Edificou altares na Casa do SENHOR, da qual o SENHOR tinha dito: Em Jerusalém, porei o meu nome para sempre. 5 Também edificou altares a todo o exército dos céus nos dois átrios da Casa do SENHOR, 6queimou seus filhos como oferta no vale do filho de Hinom, adivinhava pelas nuvens, era agoureiro, praticava feitiçarias, tratava com necromantes e feiticeiros e prosseguiu em fazer o que era mau perante o SENHOR, para o provocar à ira. 7 Também pôs a imagem de escultura do ídolo que tinha feito na Casa de Deus, de que Deus dissera a Davi e a Salomão, seu filho: Nesta casa e em Jerusalém, que escolhi de todas as tribos de Israel, porei o meu nome para sempre 8 e não removerei mais o pé de Israel da terra que destinei a seus pais, contanto que tenham cuidado de fazer tudo o que lhes tenho mandado, toda a lei, os estatutos e os juízos dados por intermédio de Moisés. 9 Manassés fez errar a Judá e os moradores de Jerusalém, de maneira que fizeram pior do que as nações que o SENHOR tinha destruído de diante dos filhos de Israel. 10 Falou o SENHOR a Manassés e ao seu povo, porém não lhe deram ouvidos. 11 Pelo que o SENHOR trouxe sobre eles os príncipes do exército do rei da Assíria, os quais prenderam Manassés com ganchos, amarraram-no com cadeias e o levaram à Babilônia. 12 Ele, angustiado, suplicou deveras ao SENHOR, seu Deus, e muito se humilhou perante o Deus de seus pais; 13 fez-lhe oração, e Deus se tornou favorável para com ele, atendeu-lhe a súplica e o fez voltar para Jerusalém, ao seu reino; então, reconheceu Manassés que o SENHOR era Deus.
Confesso que fiquei indignado quando da primeira vez li esta história. Mas confesso também que precisei reconhecer que nela vemos, de fato, como é grandiosa a graça de Deus. Quão grandioso foi o Senhor Jesus, ao dar a sua vida em lugar de todos os nossos pecados.
Se ele agiu assim com Manassés, isto dá esperança a todos os seres humanos. Ainda que os nossos pecados sejam como a escarlate, eles, de fato, podem ser todos perdoados gratuitamente.
2.2 – A graça da educação na santidade
Tt 2:11-14 – Porquanto a graça de Deus se manifestou salvadora a todos os homens, 12 educando-nos para que, renegadas a impiedade e as paixões mundanas, vivamos, no presente século, sensata, justa e piedosamente, 13 aguardando a bendita esperança e a manifestação da glória do nosso grande Deus e Salvador Cristo Jesus, 14 o qual a si mesmo se deu por nós, a fim de remir-nos de toda iniquidade e purificar, para si mesmo, um povo exclusivamente seu, zeloso de boas obras.
1ª Co 10:13 – Não vos sobreveio tentação que não fosse humana; mas Deus é fiel e não permitirá que sejais tentados além das vossas forças; pelo contrário, juntamente com a tentação, vos proverá livramento, de sorte que a possais suportar.
A graça de Deus não somente nos perdoa de todos os pecados, mas também nos capacita e ensina a viver livres do poder do pecado em nossa vida.
E não somente isto: ela também nos ensina e capacita a uma vida de boas obras, isto é, a um modo de vida condizente com a lei de amor, justiça e paz que nos é dada na Palavra de Deus.
Quando tentados, nenhuma tentação está acima de nossa capacidade de suportar, pois aquele que é fiel para perdoar nossos pecados confessados também é fiel para providenciar livramento em nossas tentações.
2.3 – A graça para ministrar através de dons espirituais
Em Efésios 3:8, Paulo testemunha que a capacidade e a missão que ele tinha para pregar o Evangelho da nossa salvação também eram dons graciosos de Deus.
A mim, o menor de todos os santos, me foi dada esta graça de pregar aos gentios o evangelho das insondáveis riquezas de Cristo.
E assim como Paulo tinha estes dos pela graça, esta mesma graça foi dada a cada um de nós:
Rm 12:3-6  Porque, pela graça que me foi dada, digo a cada um dentre vós que não pense de si mesmo além do que convém; antes, pense com moderação, segundo a medida da fé que Deus repartiu a cada um. 4 Porque assim como num só corpo temos muitos membros, mas nem todos os membros têm a mesma função, 5 assim também nós, conquanto muitos, somos um só corpo em Cristo e membros uns dos outros, 6 tendo, porém, diferentes dons segundo a graça que nos foi dada: se profecia, seja segundo a proporção da fé...
Veja que benção deliciosa: cada um de nós, pela graça de Deus, recebeu pelo menos um dom – uma capacidade especial que vem de Deus a fim de servirmos em seu reino.
Nossos dons são diferentes: alguns ministram a palavra, de diversas formas; outros servem, também de diferentes formas; mas cada um de nós tem sido alcançado por uma capacidade espiritual com a qual ministramos no reino
2.4 – A graça de contribuir
2ª Co 8:1-4 – Também, irmãos, vos fazemos conhecer a graça de Deus concedida às igrejas da Macedônia; 2 porque, no meio de muita prova de tribulação, manifestaram abundância de alegria, e a profunda pobreza deles superabundou em grande riqueza da sua generosidade. 3 Porque eles, testemunho eu, na medida de suas posses e mesmo acima delas, se mostraram voluntários, 4 pedindo-nos, com muitos rogos, a graça de participarem da assistência aos santos.
Paulo está descrevendo a atitude graciosa que os irmãos da Macedônia manifestaram em seu desejo de participar das coletas feitas para ajudar os crentes pobres da Judéia.
E a visão que estes irmãos tinham, e pela qual rogaram insistentemente, era a de que, contribuindo, com isto estavam sendo abençoados.
2.5 – A graça de sofrer por causa de nossa fé
Fp 1:29 – Porque vos foi concedida a graça de padecerdes por Cristo e não somente de crerdes nele
O próprio Senhor Jesus já nos havia ensinado quanto a isto, em seu primeiro conjunto de ensinos registrado nos evangelhos.
Ele disse:
Mt 5:11, 12 – Bem-aventurados sois quando, por minha causa, vos injuriarem, e vos perseguirem, e, mentindo, disserem todo mal contra vós. 12 Regozijai-vos e exultai, porque é grande o vosso galardão nos céus; pois assim perseguiram aos profetas que viveram antes de vós.
Conclusão e aplicação
Haverá alguma coisa em nossa vida que não seja fruto da graça de Deus?
Pois, pela fé, temos recebido Jesus em nosso coração; Jesus, que é cheio de graça e de verdade.
E em Jesus temos recebido “graça sobre graça”.
Quero fazer três aplicações
1. Seja agradecido
Ef 5:20 – Dando sempre graças por tudo a nosso Deus e Pai, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo.
2. Fortaleça-se na graça, eduque-se na graça, cresça na graça, coopere com a graça de Deus
2ª Tm 2:1 – Tu, pois, filho meu, fortifica-te na graça que está em Cristo Jesus.
1ª Co 15:10  Mas, pela graça de Deus, sou o que sou; e a sua graça, que me foi concedida, não se tornou vã; antes, trabalhei muito mais do que todos eles; todavia, não eu, mas a graça de Deus comigo.
3. Seja um instrumento da graça de Deus na vida de outras pessoas
Ef 4:29 – Não saia da vossa boca nenhuma palavra torpe, e sim unicamente a que for boa para edificação, conforme a necessidade, e, assim, transmita graça aos que ouvem.

quarta-feira, 13 de maio de 2020

Porque o Senhor nos deu 1ª João - 1ª Jo 1:1-4


Quarta-feira, 6 de maio de 2020
Pr. Plínio Fernandes
O que era desde o princípio, o que temos ouvido, o que temos visto com os nossos próprios olhos, o que contemplamos, e as nossas mãos apalparam, com respeito ao Verbo da vida 2 (e a vida se manifestou, e nós a temos visto, e dela damos testemunho, e vo-la anunciamos, a vida eterna, a qual estava com o Pai e nos foi manifestada), 3 o que temos visto e ouvido anunciamos também a vós outros, para que vós, igualmente, mantenhais comunhão conosco. Ora, a nossa comunhão é com o Pai e com seu Filho, Jesus Cristo.  4 Estas coisas, pois, vos escrevemos para que a nossa alegria seja completa.
Alguns anos atrás, eu conheci uma jovem que quase morreu, por haver ingerido remédio falsificado. Foi uma coisa terrível, que a fez permanecer internada umas cerca de duas semanas.
A morte física é um acontecimento muito triste. Mas a morte espiritual é ainda pior. Por isto, a questão mais importante para nossas almas é a de se receber a verdadeira religião, entendendo a palavra “religião” no seu verdadeiro sentido, de “religação com Deus”.
Mas, assim como existem pessoas sem escrúpulos, que falsificam medicamentos, Satanás, o inescrupuloso inimigo de nossas almas, também apresenta religiões falsificadas, cegando o entendimento dos incrédulos, para que não resplandeça em seus corações a luz o Evangelho da glória de Cristo, o qual é a imagem de Deus.[1]
E isto não nos surpreende, pois nosso Senhor Jesus Cristo já nos havia advertido no sentido de que no decorrer da História surgiriam muitos falsos cristos e falsos profetas.[2] E os seus apóstolos repetiram muitas vezes este ensino de Jesus, anunciando o aparecimento de falsos mestres e falsos profetas, mesmo entre os seus seguidores.[3]
E foi justamente isto que motivou o Apóstolo João a escrever esta sua primeira carta.
Alguns falsos mestres estavam trazendo, entre as igrejas dá Ásia menor, a região onde João servia ao Evangelho, doutrinas perigosíssimas, que contradiziam os ensinamentos de Jesus e da Bíblia inteira, dizendo, por exemplo, que o Senhor Jesus, sendo de origem divina, não poderia ter se tornado um ser humano real, mas que era uma manifestação espiritual de aparência humana.
Este tipo de pensamento, amados, simplesmente nega tudo o que o Evangelho da nossa salvação nos ensina: nega o nascimento de Jesus entre nós, a sua vida pura de obediência a Deus, a sua morte e ressurreição pelos nossos pecados. Contraria tudo.
Então João escreve esta carta. E você sabe: para se combater a mentira, nada melhor do que apresentar a verdade. Por isto João, ainda que de forma sucinta, faz seus leitores recordarem as maravilhas da doutrina cristã, que ele já havia apresentado em seu Evangelho.
Nesta pequena carta, João nos ensina no que devemos crer, ou melhor, no que devemos, como gente que conhece a mensagem, permanecer crendo, e quais são os resultados maravilhosos de se crer.
Então, introduzindo nossas meditações aqui em 1ª João, eu desejo destacar alguns resultados desta doutrina em nossas vidas, usando as próprias palavras de João, nas quais ele fala descreve seus propósitos em escrever.
1. João escreveu para que tenhamos comunhão com Deus, e a alegria que esta comunhão nos trás
Vamos reler aqui no cap. 1:3 e 4
O que temos visto e ouvido anunciamos também a vós outros, para que vós, igualmente, mantenhais comunhão conosco. Ora, a nossa comunhão é com o Pai e com seu Filho, Jesus Cristo.  4 Estas coisas, pois, vos escrevemos para que a nossa alegria seja completa.
Comunhão com Deus, o nosso Criador, o ser bondoso, eterno, justo e poderoso, que por definição aqui do apóstolo João, é espírito[4] de luz[5] e amor[6], é a maior necessidade de todos os seres humanos, desde a criação, no Jardim do Éden, quando o Senhor, de acordo com seu amor e bondade visitava os nossos primeiros pais, todos os dias.[7]
Mas depois que o pecado entrou na história humana, esta necessidade natural de comunhão com Deus deixou de ser satisfeita. O pecado fez separação entre Deus e os homens, e este pecado e consequente separação são a origem de todos os males que existem.[8]
Como disse alguém: “Tu nos fizeste para ti, ó Deus, e o nosso coração não tem sossego, enquanto não repousar em ti”.[9]
Sem comunhão com Deus nós não temos paz e alegria. Sem comunhão com Deus a nossa vida não tem sentido real.
Agora veja, que mensagem gloriosa, a do Evangelho. Ela diz que Deus, mesmo sendo nós pecadores, amou a este mundo perdido com tanta intensidade, que deu seu Filho Unigênito, Jesus Cristo, para que todo aquele que crer em Jesus, não permaneça neste estado de morte, mas tenha a vida eterna. Jesus morreu na cruz, para levar sobre si o castigo que era nosso, e assim restabelecer a nossa comunhão com Deus.[10]
Quando esta doutrina de Deus é recebida com fé em Jesus, a separação espiritual é desfeita, a comunhão perdida é reestabelecida, e passamos a ter vida em abundância.
Então, ao descrever seus motivos para a sua carta, a primeiro que ele cita é este:
Nós anunciamos esta mensagem para que para que vocês, da mesma maneira tenham comunhão conosco, comunhão que é com o Pai e com o seu Filho, Jesus Cristo. Estas coisas, então, vos escrevemos para que a nossa alegria seja completa.
2. João também escreveu para que nesta comunhão com Deus, cresçamos espiritualmente
Vejamos o cap. 2:1
Filhinhos meus, estas coisas vos escrevo para que não pequeis. Se, todavia, alguém pecar, temos Advogado junto ao Pai, Jesus Cristo, o Justo; 2 e ele é a propiciação pelos nossos pecados e não somente pelos nossos próprios, mas ainda pelos do mundo inteiro.
Veja o que ele diz no v. 1: “Estas coisas vos escrevo para que não pequeis”.
Nos últimos versículos do cap. 1, ele descreve a realidade dos nossos pecados, isto é, das coisas que fazemos, em desobediência à Palavra de Deus.[11]
Ensina que o remédio para lidar com esta triste realidade é a confissão a Deus. Agora fala sobre mais um dos seus propósitos: que não pequemos, isto é, que tenhamos como ideal, uma vida de obediência a Deus.
Mais claramente ainda: ele diz que o Senhor Jesus é o nosso modelo, o nosso padrão de santidade, amor e comunhão com Deus, pois aquele que conhece a Jesus deve andar assim como Jesus andou.[12]
É claro que João é realista; ele sabe que enquanto estivermos neste mundo, não estaremos completamente livres da presença do pecado. Isto somente será uma realidade plena na eternidade, quando seremos tão semelhantes a Jesus quanto um ser humano pode ser. [13]
Mas ao mesmo tempo, uma vida santa e bonita, como a de Jesus, é o nosso alvo, e João nos ensina como devemos viver em direção a este alvo.
Estas coisas vos escrevi para que não pequeis...
Em terceiro lugar,...
3. João também nos escreveu para que tenhamos certeza da nossa eterna salvação
Leiamos cap. 5:13
Estas coisas vos escrevi, a fim de saberdes que tendes a vida eterna, a vós outros que credes em o nome do Filho de Deus.
Às vezes, algumas pessoas pensam que nós, os crentes em Jesus, somos pessoas arrogantes, que se julgam espiritualmente superiores ao restante da humanidade, e que por isto achamos que estamos salvos.
Amados, nós temos a certeza da salvação.
Mas longe de nós o pensar que esta salvação seja fruto de alguma bondade inerente à nossa natureza, ou das nossas “boas obras”.
Deus é santo, e nós somos pecadores. Mesmo as nossas melhores boas obras são inevitavelmente manchadas pela presença do pecado. Então jamais nos persuadiríamos de estamos salvos com base em nossos merecimentos.
Então, qual é a base da nossa certeza? A bondade de Deus, a graça de Deus, o amor de Deus, a misericórdia de Deus, a justiça de Deus que foi satisfeita na cruz, quando Jesus morreu por nós.
A base da nossa segurança é Deus, Deus, Deus.
Esta certeza da vida eterna, para todo aquele que crê em Jesus, isto é, para todo aquele que, arrependido dos seus pecados, volta-se para ele como seu Deus e Salvador, é um dos ensinos sobre os quais o Senhor Jesus insiste muitas vezes, especialmente no Evangelho de João.
Por exemplo:
Jo 3:36 – Por isso, quem crê no Filho tem a vida eterna; o que, todavia, se mantém rebelde contra o Filho não verá a vida, mas sobre ele permanece a ira de Deus. 
Jo 5:24 – Em verdade, em verdade vos digo: quem ouve a minha palavra e crê naquele que me enviou tem a vida eterna, não entra em juízo, mas passou da morte para a vida.
Jo 6:47 – Em verdade, em verdade vos digo: quem crê em mim tem a vida eterna.
Jo 6:54 – Quem comer a minha carne e beber o meu sangue (isto é, quem receber, pela, a minha morte na cruz em seu favor) fé tem a vida eterna, e eu o ressuscitarei no último dia.
Por isto João, com o coração cheio de ternura pelos seus irmãos, afirma:
Estas coisas vos escrevi, a fim de saberdes que tendes a vida eterna, a vós outros que credes em o nome do Filho de Deus.
Conclusão e aplicação
Que mensagem bendita! Que alegria indescritível nosso coração pode experimentar, através da fé em Jesus.
Você percebe porque Satanás não quer que você creia neste evangelho?
Então não se deixe enganar. Leia esta mensagem de João. Leia muitas vezes, medite nela, em suas verdades, em suas implicações e aplicações para sua vida cotidiana. E evite qualquer “evangelho” que diga diferente.
Ignore qualquer “evangelho” que insista em que você deve merecer para ir para o céu. Despreze qualquer “evangelho” que tire a alegria da sua salvação pela fé em Jesus.
Cultive a sua comunhão com Deus; alegre-se nele; busque uma vida semelhante à do seu Senhor neste mundo; e assim, tenha certeza da sua eterna salvação.


[1] 2ª Co 2:4
[2] Cf. Mt 24:24
[3] Eg., At 20:29, 30
[4] Jo 4:24
[5] 1ª Jo 1:5
[6] 1ª Jo 4:16
[7] Gn 3:8
[8] Cf. Is 59:1,2
[9] Agostinho de Hipona, Confissões, I:1 (São Paulo, Mundo Cristão, 2013, edição eletrônica)
[10] Jo 3:16
[11] 1ª Jo 3:4
[12] 1ª Jo 2:6
[13] Cf. 1ª Jo 3:1-3

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