Pr. Plínio Fernandes
Amados irmãos, vamos ler o Evangelho de João, cap. 1:1-18
1 No princípio era o Verbo, e o estava com
Deus, e o Verbo era Deus. 2 Ele estava no princípio com Deus. 3 Todas as coisas foram feitas por intermédio dele, e, sem ele, nada do
que foi feito se fez. 4 A vida estava nele e a vida era a luz dos
homens. 5 A luz resplandece nas trevas, e as trevas não prevaleceram contra ela. 6 Houve um homem enviado por Deus cujo nome era João. 7 Este veio como testemunha para que testificasse a respeito da luz, a
fim de todos virem a crer por intermédio dele. 8 Ele não era a luz, mas veio para que testificasse da luz, 9 a saber, a verdadeira luz, que, vinda ao mundo, ilumina a todo homem. 10 O Verbo estava no mundo, o mundo foi feito por intermédio dele, mas o
mundo não o conheceu. 11 Veio para o que era seu, e os seus não o
receberam. 12 Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos
filhos de Deus, a saber, aos que creem no seu nome; 13 os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da
vontade do homem, mas de Deus. 14 E o Verbo se fez carne e habitou entre nós,
cheio de graça e de verdade, e vimos a sua glória, glória como do unigênito do
Pai. 15 João testemunha a respeito dele e exclama: Este é o de quem eu disse: o
que vem depois de mim tem, contudo, a primazia, porquanto já existia antes de
mim. 16 Porque todos nós temos recebido da sua plenitude e graça sobre graça. 17 Porque a lei foi dada por intermédio de Moisés; a graça e a verdade
vieram por meio de Jesus Cristo. 18Ninguém
jamais viu a Deus; o Deus unigênito, que está no seio do Pai, é quem o revelou.
Nos Evangelhos, nós temos três textos que
nos ensinam sobre “as origens de Jesus Cristo”, nosso Deus e Salvador.
O primeiro deles é Mateus cap. 1, onde
iniciando as páginas do Novo testamento, este apóstolo do Senhor nos apresenta
a Jesus, filho de Maria e José
como aquele descendente de Davi e de Abraão, que segundo as promessas de Deus
feitas através dos profetas antigos, viria para abençoar todas as famílias da
terra e trazer o reino de Deus aos homens.
Jesus é o rei e Salvador prometido, ensina
Mateus.
O segundo texto está em Lucas cap.
3:23-38, onde o escritor, além de apresentar a genealogia judaica de Jesus,
“vai mais além” em direção ao tempo passado, e segue com a genealogia até o
primeiro homem, Adão. Com isto Lucas está nos apresentando Jesus como aquele a
quem Deus prometeu aos nossos primeiros pais logo depois que o pecado entrou na
história humana, e com o pecado a maldição da morte.
Uma vez que o pecado foi introduzido em
nossa história através da tentação da serpente, Deus prometeu que através de um
descendente da mulher a cabeça da serpente seria esmagada, e a maldição
destruída. Lucas está mostrando que Jesus é este descendente prometido, que
esmagaria a cabeça da serpente. E com efeito, Jesus, por sua morte na cruz
triunfou sobre Satanás e com isto retirou de nós a maldição eterna.
E o terceiro texto é este aqui de João,
que acabamos de ler.
E nele o discípulo amado vai “bem mais
longe, no tempo, que Mateus e Lucas”. Ele “vai até a eternidade”, no princípio,
quando Deus estava criando todas as coisas, e nos ensina que mesmo antes de se
encarnar neste mundo, Jesus Cristo já existia.
Veja os vs. 1-3
1 No princípio era o Verbo, e o estava com
Deus, e o Verbo era Deus. 2 Ele estava no princípio com Deus. 3 Todas as coisas foram feitas por intermédio dele, e, sem ele, nada do
que foi feito se fez.
Os irmãos se lembram de que esta frase,
“no princípio” também é usada em Gênesis 1:1, no comecinho da Bíblia, para
descrever o tempo em que Deus começou a criar todas as coisas.
Então João diz: no começo de todas as
coisas era o Verbo. E o que significa “verbo”? Palavra que denota ação.
Gênesis nos diz que no principio Deus criou
todas as coisas pelo poder de sua Palavra. E aqui João nos ensina que esta
Palavra que criou todas as coisas era uma Pessoa Divina, pois estava com Deus e
era Deus.
No v. 4 João acrescenta que não somente
criou todas as coisas, mas que ele é a própria vida, que ele é a luz dos
homens.
E no v. 9 também nos diz que ele, o Verbo,
é a luz que vinda ao mundo ilumina a todo homem (ou, como diz a versão
corrigida, a luz que ilumina a todo homem que vem ao mundo).
João também explica que este Verbo criador
de todas as coisas se fez carne e habitou entre nós, como um ser humano. Veio
para o que era seu.
Habitou entre nós cheio de graça e de
verdade: nele a bondade e a justiça de Deus para conosco podia ser vista em sua
plenitude.
No entanto, os seus não o receberam, não
creram nele. Mas a todos quantos o receberam, isto é, que creram nele, deu-lhes
o direito de serem chamados filhos de Deus.
É sobre estes que o receberam, que creram
em Jesus Cristo, que João escreve no v. 16:
Porque todos nós temos recebido da sua
plenitude e graça sobre graça.
“Graça sobre graça”. Há duas coisas que eu
desejo considerar com vocês nesta hora:
1.
O que significa “graça”?
Se eu faço esta pergunta a vocês,
imediatamente, como evangélicos, vocês me respondem: “favor imerecido”.
E este é mesmo uma das maneiras em que a
palavra graça é usada na Bíblia. Mas eu penso irmãos, é que este nos é um
conceito tão familiar que nós muitas vezes deixamos de pensar e perceber o
quanto isto é maravilhoso.
Quando pensamos em graça, conforme a
Bíblia nos ensina, estamos dizendo que aquilo que Deus faz por nós não tem
relação alguma com algo que nós possamos fazer e que nos torne dignos de algum
benefício da parte de Deus.
Não tem nada a ver com algum merecimento
da nossa parte.
Para que enfatizemos um pouco este fato eu
quero citar duas passagens em que o apóstolo Paulo nos ensina sobre a graça de
Deus:
Rm 11:6
E,
se é pela graça, já não é pelas obras; do contrário, a graça já não é graça.
Aqui o apóstolo faz um agudo contraste
entre a graça de Deus e as nossas obras. Ele diz que uma coisa anula a outra.
2ª Tm 1:9
Deus…
nos salvou e nos chamou com santa vocação; não segundo as nossas obras, mas
conforme a sua própria determinação e graça que nos foi dada em Cristo Jesus,
antes dos tempos eternos…
Mais uma vez notamos o contraste entre a
graça de Deus e as nossas obras. Deus nos salvou e nos chamou para si mesmo
conforme a sua determinação e graça, e não por causa das obras que nós
praticamos e que porventura nos tornariam dignos de ser salvos.
E para declarar isto de modo ainda mais
forte e lúcido, ele diz que esta graça nos foi dada por Deus desde antes dos
tempos eternos. É um jeito de dizer que antes que houvesse o “tempo de agora”,
isto é, desde antes do começo do mundo, Deus já havia determinado nos salvar
dos nossos pecados por meio de Jesus Cristo, independentemente das nossas
obras.
Então veja o que João está dizendo: Deus,
em Cristo, tem nos dado de sua plenitude.
Penso que Paulo escreveria mais ou menos
assim:
Em Cristo, Deus habita em toda a sua
plenitude, e Cristo habita dentro de vocês.
Temos recebido de sua plenitude, e em
Cristo temos recebido bênção sobre bênção, sem que nós tenhamos feito qualquer
coisa para merecer. Sem que tenhamos pagado nada.
2.
Agora, eu desejo mencionar umas poucas manifestações da graça de Deus.
Digo poucas porque elas são inúmeras, mas
vamos nos deter apenas nalgumas.
2.1 – A graça da nossa salvação
eterna – a remissão dos nossos pecados
Ef
2:8-9 Porque pela graça sois salvos, mediante a
fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus; 9 não de obras, para que ninguém se glorie.
Pela graça (favor de Deus pelo qual nós
não pagamos nada) nós somos salvos. É assim conosco, é assim com todos os
crentes, sempre foi assim e sempre será assim.
Por exemplo, foi assim com o rei Davi, e é
assim, ele ensina, com todos os crentes no Senhor.
Rm
4:6-8 – E é assim também que Davi declara ser bem-aventurado o homem a quem
Deus atribui justiça, independentemente de obras:7 Bem-aventurados aqueles cujas iniquidades são perdoadas, e cujos
pecados são cobertos; 8 bem-aventurado o homem a quem o Senhor
jamais imputará pecado.
Um dos exemplos mais fortes que eu vejo na
Bíblia do que significa ser alcançado pela graça de Deus é o rei Manassés; um
dos homens mais perversos da Antiguidade.
Vamos ler 2º Cr 33:1-13
2º
Cr 33:1-13 – Tinha Manassés doze anos de idade quando
começou a reinar e cinquenta e cinco anos reinou em Jerusalém. 2 Fez o que era mau perante o SENHOR, segundo as abominações dos gentios
que o SENHOR expulsara de suas possessões, de diante dos filhos de Israel. 3 Pois tornou a edificar os altos que Ezequias, seu pai, havia derribado,
levantou altares aos baalins, e fez postes-ídolos, e se prostrou diante de todo
o exército dos céus, e o serviu. 4 Edificou altares na Casa do SENHOR, da qual
o SENHOR tinha dito: Em Jerusalém, porei o meu nome para sempre. 5 Também edificou altares a todo o exército dos céus nos dois átrios da
Casa do SENHOR, 6queimou seus filhos como oferta no vale do
filho de Hinom, adivinhava pelas nuvens, era agoureiro, praticava feitiçarias,
tratava com necromantes e feiticeiros e prosseguiu em fazer o que era mau
perante o SENHOR, para o provocar à ira. 7 Também pôs a imagem de escultura do ídolo
que tinha feito na Casa de Deus, de que Deus dissera a Davi e a Salomão, seu
filho: Nesta casa e em Jerusalém, que escolhi de todas as tribos de Israel,
porei o meu nome para sempre 8 e não removerei mais o pé de Israel da terra
que destinei a seus pais, contanto que tenham cuidado de fazer tudo o que lhes
tenho mandado, toda a lei, os estatutos e os juízos dados por intermédio de Moisés. 9 Manassés fez errar a Judá e os moradores de Jerusalém, de maneira que
fizeram pior do que as nações que o SENHOR tinha destruído de diante dos filhos
de Israel. 10 Falou o SENHOR a Manassés e ao seu povo, porém não lhe deram ouvidos. 11 Pelo que o SENHOR trouxe sobre eles os príncipes do exército do rei da
Assíria, os quais prenderam Manassés com ganchos, amarraram-no com cadeias e o
levaram à Babilônia. 12 Ele, angustiado, suplicou deveras ao SENHOR,
seu Deus, e muito se humilhou perante o Deus de seus pais; 13 fez-lhe oração, e Deus se tornou favorável para com ele, atendeu-lhe a
súplica e o fez voltar para Jerusalém, ao seu reino; então, reconheceu Manassés
que o SENHOR era Deus.
Confesso que fiquei indignado quando da
primeira vez li esta história. Mas confesso também que precisei reconhecer que
nela vemos, de fato, como é grandiosa a graça de Deus. Quão grandioso foi o
Senhor Jesus, ao dar a sua vida em lugar de todos os nossos pecados.
Se ele agiu assim com Manassés, isto dá
esperança a todos os seres humanos. Ainda que os nossos pecados sejam como a
escarlate, eles, de fato, podem ser todos perdoados gratuitamente.
2.2 – A graça da educação na
santidade
Tt
2:11-14 – Porquanto a graça de Deus se manifestou salvadora a todos os homens, 12 educando-nos para que, renegadas a impiedade e as paixões mundanas,
vivamos, no presente século, sensata, justa e piedosamente, 13 aguardando a bendita esperança e a manifestação da glória do nosso grande
Deus e Salvador Cristo Jesus, 14 o qual a si mesmo se deu por nós, a fim de
remir-nos de toda iniquidade e purificar, para si mesmo, um povo exclusivamente
seu, zeloso de boas obras.
1ª
Co 10:13 – Não vos sobreveio tentação que não fosse humana; mas Deus é fiel e
não permitirá que sejais tentados além das vossas forças; pelo contrário,
juntamente com a tentação, vos proverá livramento, de sorte que a possais
suportar.
A graça de Deus não somente nos perdoa de
todos os pecados, mas também nos capacita e ensina a viver livres do poder do
pecado em nossa vida.
E não somente isto: ela também nos ensina
e capacita a uma vida de boas obras, isto é, a um modo de vida condizente com a
lei de amor, justiça e paz que nos é dada na Palavra de Deus.
Quando tentados, nenhuma tentação está
acima de nossa capacidade de suportar, pois aquele que é fiel para perdoar
nossos pecados confessados também
é fiel para providenciar livramento em nossas tentações.
2.3 – A graça para ministrar através
de dons espirituais
Em Efésios 3:8, Paulo testemunha que a
capacidade e a missão que ele tinha para pregar o Evangelho da nossa salvação
também eram dons graciosos de Deus.
A mim, o menor de todos os santos, me foi
dada esta graça de pregar aos gentios o evangelho das insondáveis riquezas de
Cristo.
E assim como Paulo tinha estes dos pela
graça, esta mesma graça foi dada a cada um de nós:
Rm 12:3-6 – Porque, pela graça que me foi dada, digo a cada um dentre vós que não
pense de si mesmo além do que convém; antes, pense com moderação, segundo a
medida da fé que Deus repartiu a cada um. 4 Porque assim como num só corpo temos muitos
membros, mas nem todos os membros têm a mesma função, 5 assim também nós, conquanto muitos, somos um só corpo em Cristo e
membros uns dos outros, 6 tendo, porém, diferentes dons segundo a
graça que nos foi dada: se profecia, seja segundo a proporção da fé...
Veja que benção deliciosa: cada um de nós,
pela graça de Deus, recebeu pelo menos um dom – uma capacidade especial que vem
de Deus a fim de servirmos em seu reino.
Nossos dons são diferentes: alguns
ministram a palavra, de diversas formas; outros servem, também de diferentes
formas; mas cada um de nós tem sido alcançado por uma capacidade espiritual com
a qual ministramos no reino
2.4 – A graça de contribuir
2ª
Co 8:1-4 – Também, irmãos, vos fazemos conhecer a graça de Deus concedida às
igrejas da Macedônia; 2 porque, no meio de muita prova de
tribulação, manifestaram abundância de alegria, e a profunda pobreza deles
superabundou em grande riqueza da sua generosidade. 3 Porque eles, testemunho eu, na medida de suas posses e mesmo acima
delas, se mostraram voluntários, 4 pedindo-nos, com muitos rogos, a graça de
participarem da assistência aos santos.
Paulo está descrevendo a atitude graciosa
que os irmãos da Macedônia manifestaram em seu desejo de participar das coletas
feitas para ajudar os crentes pobres da Judéia.
E a visão que estes irmãos tinham, e pela
qual rogaram insistentemente, era a de que, contribuindo, com isto estavam
sendo abençoados.
2.5 – A graça de sofrer por causa de
nossa fé
Fp
1:29 – Porque vos foi concedida a graça de padecerdes por Cristo e não somente
de crerdes nele
O próprio Senhor Jesus já nos havia
ensinado quanto a isto, em seu primeiro conjunto de ensinos registrado nos
evangelhos.
Ele disse:
Mt
5:11, 12 – Bem-aventurados sois quando, por minha causa, vos injuriarem, e vos
perseguirem, e, mentindo, disserem todo mal contra vós. 12 Regozijai-vos e exultai, porque é grande o vosso galardão nos céus;
pois assim perseguiram aos profetas que viveram antes de vós.
Conclusão
e aplicação
Haverá alguma coisa em nossa vida que não
seja fruto da graça de Deus?
Pois, pela fé, temos recebido Jesus em
nosso coração; Jesus, que é cheio de graça e de verdade.
E em Jesus temos recebido “graça sobre graça”.
Quero fazer três aplicações
1. Seja agradecido
Ef
5:20 – Dando sempre graças por tudo a nosso Deus e Pai, em nome de nosso Senhor
Jesus Cristo.
2. Fortaleça-se na graça, eduque-se
na graça, cresça na graça, coopere com a graça de Deus
2ª
Tm 2:1 – Tu, pois, filho meu, fortifica-te na graça que está em Cristo Jesus.
1ª
Co 15:10 – Mas, pela graça de Deus, sou o que sou; e a sua graça, que me foi
concedida, não se tornou vã; antes, trabalhei muito mais do que todos eles;
todavia, não eu, mas a graça de Deus comigo.
3. Seja um instrumento da graça de
Deus na vida de outras pessoas
Ef
4:29 – Não saia da vossa boca nenhuma palavra torpe, e sim unicamente a que for
boa para edificação, conforme a necessidade, e, assim, transmita graça aos que
ouvem.