Quarta-feira,
6 de maio de 2020
Pr. Plínio
Fernandes
O
que era desde o princípio, o que temos ouvido, o que temos visto com os nossos
próprios olhos, o que contemplamos, e as nossas mãos apalparam, com respeito ao
Verbo da vida 2 (e
a vida se manifestou, e nós a temos visto, e dela damos testemunho, e vo-la
anunciamos, a vida eterna, a qual estava com o Pai e nos foi manifestada), 3 o
que temos visto e ouvido anunciamos também a vós outros, para que vós,
igualmente, mantenhais comunhão conosco. Ora, a nossa comunhão é com o Pai e
com seu Filho, Jesus Cristo. 4 Estas coisas, pois, vos
escrevemos para que a nossa alegria seja completa.
Alguns anos atrás, eu conheci uma jovem que quase morreu,
por haver ingerido remédio falsificado. Foi uma coisa terrível, que a fez
permanecer internada umas cerca de duas semanas.
A morte física é um acontecimento muito triste. Mas a
morte espiritual é ainda pior. Por isto, a questão mais importante para nossas
almas é a de se receber a verdadeira religião, entendendo a palavra “religião”
no seu verdadeiro sentido, de “religação com Deus”.
Mas, assim como existem pessoas sem escrúpulos, que
falsificam medicamentos, Satanás, o inescrupuloso inimigo de nossas almas,
também apresenta religiões falsificadas, cegando o entendimento dos incrédulos,
para que não resplandeça em seus corações a luz o Evangelho da glória de
Cristo, o qual é a imagem de Deus.[1]
E isto não nos surpreende, pois nosso Senhor Jesus Cristo
já nos havia advertido no sentido de que no decorrer da História surgiriam
muitos falsos cristos e falsos profetas.[2]
E os seus apóstolos repetiram muitas vezes este ensino de Jesus, anunciando o
aparecimento de falsos mestres e falsos profetas, mesmo entre os seus
seguidores.[3]
E foi justamente isto que motivou o Apóstolo João a
escrever esta sua primeira carta.
Alguns falsos mestres estavam trazendo, entre as igrejas
dá Ásia menor, a região onde João servia ao Evangelho, doutrinas
perigosíssimas, que contradiziam os ensinamentos de Jesus e da Bíblia inteira,
dizendo, por exemplo, que o Senhor Jesus, sendo de origem divina, não poderia
ter se tornado um ser humano real, mas que era uma manifestação espiritual de
aparência humana.
Este tipo de pensamento, amados, simplesmente nega tudo o
que o Evangelho da nossa salvação nos ensina: nega o nascimento de Jesus entre
nós, a sua vida pura de obediência a Deus, a sua morte e ressurreição pelos
nossos pecados. Contraria tudo.
Então João escreve esta carta. E você sabe: para se
combater a mentira, nada melhor do que apresentar a verdade. Por isto João,
ainda que de forma sucinta, faz seus leitores recordarem as maravilhas da
doutrina cristã, que ele já havia apresentado em seu Evangelho.
Nesta pequena carta, João nos ensina no que devemos crer,
ou melhor, no que devemos, como gente que conhece a mensagem, permanecer
crendo, e quais são os resultados maravilhosos de se crer.
Então, introduzindo nossas meditações aqui em 1ª João, eu
desejo destacar alguns resultados desta doutrina em nossas vidas, usando as
próprias palavras de João, nas quais ele fala descreve seus propósitos em
escrever.
1. João
escreveu para que tenhamos comunhão com Deus, e a alegria que esta comunhão nos
trás
Vamos reler aqui no cap. 1:3 e 4
O
que temos visto e ouvido anunciamos também a vós outros, para que vós,
igualmente, mantenhais comunhão conosco. Ora, a nossa comunhão é com o Pai e
com seu Filho, Jesus Cristo. 4 Estas coisas, pois, vos
escrevemos para que a nossa alegria seja completa.
Comunhão com Deus, o nosso Criador, o ser bondoso,
eterno, justo e poderoso, que por definição aqui do apóstolo João, é espírito[4]
de luz[5]
e amor[6],
é a maior necessidade de todos os seres humanos, desde a criação, no Jardim do
Éden, quando o Senhor, de acordo com seu amor e bondade visitava os nossos
primeiros pais, todos os dias.[7]
Mas depois que o pecado entrou na história humana, esta
necessidade natural de comunhão com Deus deixou de ser satisfeita. O pecado fez
separação entre Deus e os homens, e este pecado e consequente separação são a
origem de todos os males que existem.[8]
Como disse alguém: “Tu
nos fizeste para ti, ó Deus, e o nosso coração não tem sossego, enquanto não
repousar em ti”.[9]
Sem comunhão com Deus nós não temos paz e alegria. Sem
comunhão com Deus a nossa vida não tem sentido real.
Agora veja, que mensagem gloriosa, a do Evangelho. Ela
diz que Deus, mesmo sendo nós pecadores, amou a este mundo perdido com tanta
intensidade, que deu seu Filho Unigênito, Jesus Cristo, para que todo aquele
que crer em Jesus, não permaneça neste estado de morte, mas tenha a vida
eterna. Jesus morreu na cruz, para levar sobre si o castigo que era nosso, e
assim restabelecer a nossa comunhão com Deus.[10]
Quando esta doutrina de Deus é recebida com fé em Jesus,
a separação espiritual é desfeita, a comunhão perdida é reestabelecida, e
passamos a ter vida em abundância.
Então, ao descrever seus motivos para a sua carta, a
primeiro que ele cita é este:
Nós anunciamos esta mensagem para que para
que vocês, da mesma maneira tenham comunhão conosco, comunhão que é com o Pai e
com o seu Filho, Jesus Cristo. Estas coisas, então, vos escrevemos para que a
nossa alegria seja completa.
2. João
também escreveu para que nesta comunhão com Deus, cresçamos espiritualmente
Vejamos o cap. 2:1
Filhinhos
meus, estas coisas vos escrevo para que não pequeis. Se, todavia, alguém pecar,
temos Advogado junto ao Pai, Jesus Cristo, o Justo; 2 e
ele é a propiciação pelos nossos pecados e não somente pelos nossos próprios,
mas ainda pelos do mundo inteiro.
Veja o que ele diz no v. 1: “Estas coisas vos escrevo para que não pequeis”.
Nos últimos versículos do cap. 1, ele descreve a
realidade dos nossos pecados, isto é, das coisas que fazemos, em desobediência
à Palavra de Deus.[11]
Ensina que o remédio para lidar com esta triste realidade
é a confissão a Deus. Agora fala sobre mais um dos seus propósitos: que não
pequemos, isto é, que tenhamos como ideal, uma vida de obediência a Deus.
Mais claramente ainda: ele diz que o Senhor Jesus é o
nosso modelo, o nosso padrão de santidade, amor e comunhão com Deus, pois
aquele que conhece a Jesus deve andar assim como Jesus andou.[12]
É claro que João é realista; ele sabe que enquanto
estivermos neste mundo, não estaremos completamente livres da presença do
pecado. Isto somente será uma realidade plena na eternidade, quando seremos tão
semelhantes a Jesus quanto um ser humano pode ser. [13]
Mas ao mesmo tempo, uma vida santa e bonita, como a de
Jesus, é o nosso alvo, e João nos ensina como devemos viver em direção a este
alvo.
Estas
coisas vos escrevi para que não pequeis...
Em terceiro lugar,...
3. João
também nos escreveu para que tenhamos certeza da nossa eterna salvação
Leiamos cap. 5:13
Estas
coisas vos escrevi, a fim de saberdes que tendes a vida eterna, a vós outros
que credes em o nome do Filho de Deus.
Às vezes, algumas pessoas pensam que nós, os crentes em
Jesus, somos pessoas arrogantes, que se julgam espiritualmente superiores ao
restante da humanidade, e que por isto achamos que estamos salvos.
Amados, nós temos a certeza da salvação.
Mas longe de nós o pensar que esta salvação seja fruto de
alguma bondade inerente à nossa natureza, ou das nossas “boas obras”.
Deus é santo, e nós somos pecadores. Mesmo as nossas
melhores boas obras são inevitavelmente manchadas pela presença do pecado.
Então jamais nos persuadiríamos de estamos salvos com base em nossos
merecimentos.
Então, qual é a base da nossa certeza? A bondade de Deus,
a graça de Deus, o amor de Deus, a misericórdia de Deus, a justiça de Deus que
foi satisfeita na cruz, quando Jesus morreu por nós.
A base da nossa segurança é Deus, Deus, Deus.
Esta certeza da vida eterna, para todo aquele que crê em
Jesus, isto é, para todo aquele que, arrependido dos seus pecados, volta-se
para ele como seu Deus e Salvador, é um dos ensinos sobre os quais o Senhor
Jesus insiste muitas vezes, especialmente no Evangelho de João.
Por exemplo:
Jo
3:36 – Por isso, quem crê no Filho tem a vida eterna; o que, todavia, se mantém
rebelde contra o Filho não verá a vida, mas sobre ele permanece a ira de Deus.
Jo 5:24 – Em verdade, em verdade vos
digo: quem ouve a minha palavra e crê naquele que me enviou tem a vida eterna,
não entra em juízo, mas passou da morte para a vida.
Jo
6:47 – Em verdade, em verdade vos digo: quem crê em mim tem a vida eterna.
Jo
6:54 – Quem comer a minha carne e beber o meu sangue (isto é, quem receber,
pela, a minha morte na cruz em seu favor) fé tem a vida eterna, e eu o
ressuscitarei no último dia.
Por isto João, com o coração cheio de ternura pelos seus
irmãos, afirma:
Estas coisas vos escrevi, a fim de saberdes
que tendes a vida eterna, a vós outros que credes em o nome do Filho de Deus.
Conclusão
e aplicação
Que mensagem bendita! Que alegria indescritível nosso
coração pode experimentar, através da fé em Jesus.
Você percebe porque Satanás não quer que você creia neste
evangelho?
Então não se deixe enganar. Leia esta mensagem de João.
Leia muitas vezes, medite nela, em suas verdades, em suas implicações e
aplicações para sua vida cotidiana. E evite qualquer “evangelho” que diga
diferente.
Ignore qualquer “evangelho” que insista em que você deve
merecer para ir para o céu. Despreze qualquer “evangelho” que tire a alegria da
sua salvação pela fé em Jesus.
Cultive a sua comunhão com Deus; alegre-se nele; busque
uma vida semelhante à do seu Senhor neste mundo; e assim, tenha certeza da sua
eterna salvação.
[1] 2ª
Co 2:4
[2] Cf.
Mt 24:24
[3]
Eg., At 20:29, 30
[4] Jo
4:24
[5] 1ª
Jo 1:5
[6] 1ª
Jo 4:16
[7] Gn
3:8
[8]
Cf. Is 59:1,2
[9]
Agostinho de Hipona, Confissões, I:1
(São Paulo, Mundo Cristão, 2013, edição eletrônica)
[10]
Jo 3:16
[11]
1ª Jo 3:4
[12]
1ª Jo 2:6
[13]
Cf. 1ª Jo 3:1-3
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