Achadas as tuas palavras, logo as comi; as tuas palavras me foram gozo e alegria para o coração, pois pelo teu nome sou chamado, ó SENHOR, Deus dos Exércitos. Jeremias 15:16

quinta-feira, 5 de julho de 2018

Um coração alegre - Fp 1:3, 4


3ª IPC de Guarulhos
Domingo, 1 de julho de 2018
Pr. Plínio Fernandes
Amados irmãos, vamos ler Filipenses 1:1-11
Paulo e Timóteo, servos de Cristo Jesus, a todos os santos em Cristo Jesus, inclusive bispos e diáconos que vivem em Filipos, 2 graça e paz a vós outros, da parte de Deus, nosso Pai, e do Senhor Jesus Cristo. 3 Dou graças ao meu Deus por tudo que recordo de vós, 4 fazendo sempre, com alegria, súplicas por todos vós, em todas as minhas orações, 5 pela vossa cooperação no evangelho, desde o primeiro dia até agora. 6 Estou plenamente certo de que aquele que começou boa obra em vós há de completá-la até ao Dia de Cristo Jesus. 7 Aliás, é justo que eu assim pense de todos vós, porque vos trago no coração, seja nas minhas algemas, seja na defesa e confirmação do evangelho, pois todos sois participantes da graça comigo.  8 Pois minha testemunha é Deus, da saudade que tenho de todos vós, na terna misericórdia de Cristo Jesus.  9 E também faço esta oração: que o vosso amor aumente mais e mais em pleno conhecimento e toda a percepção, 10 para aprovardes as coisas excelentes e serdes sinceros e inculpáveis para o Dia de Cristo, 11 cheios do fruto de justiça, o qual é mediante Jesus Cristo, para a glória e louvor de Deus.
A carta aos Filipenses é belíssima joia, em meio aos imensuráveis tesouros da Palavra de Deus.
Ela faz imenso bem às nossas almas.
Uma das razões pelas quais ela nos enriquece é a maneira como Paulo nos apresenta o nosso Senhor Jesus Cristo.
Inspirado pelo Espírito, Paulo traz a nós a revelação de Jesus Cristo como servo de Deus: em obediência à vontade do Pai, nosso Salvador deixou sua glória nos mais altos céus, fez-se homem e viveu entre nós como um homem pobre, humilde, e que obedeceu ao Pai a ponto de morrer por nós. E por isto o Pai o honrou, e lhe deu um nome que está acima de todos os outros, para que todos o reconheçam como Senhor do Universo.
Outra razão pela qual esta carta nos abençoa é que nos ensina que a mesma atitude que houve em Cristo, nós também devemos desenvolver em nossa vida.
Uma coisa interessante é que o próprio Paulo não inicia esta carta, como faz em outras, apresentando-se como apóstolo de Jesus Cristo, recorrendo assim à sua autoridade. Aqui ele começa: “Paulo e Timóteo, servos de Jesus...” (v. 1).
E em toda a carta ele desenvolve este conceito, dando testemunho de si mesmo como alguém cuja vida foi completamente dedicada a fazer a vontade de Cristo, e ensinando que devemos cultivar o mesmo sentimento que houve também em Jesus.
Além destas coisas, também nos ensina como é enriquecedora, edificante e alegre, a comunhão com outros servos de Deus, isto é, da igreja. Nos mostra como, entre as melhores coisas nesta vida abençoada que temos, estão os nossos irmãos no Senhor.
Era isto o que sentia em relação aos filipenses: eles tinham uma relação de amizade muito grande, forte, duradoura, afetuosa e terna.
De modo que, como servo de Cristo, e amigo dos servos de Cristo, Paulo sentia-se o homem mais feliz e abençoado do mundo.
E também é desta felicidade que Paulo também fala desde os primeiros versículos, até o fim desta carta, descrevendo como enxergava a vida, de como seu coração era cheio de paz, de como ele era feliz em Jesus, e como ele queria que seus irmãos experimentassem também esta felicidade e paz.
Por isto, podemos dizer que a carta aos Filipenses nos ensina os segredos da felicidade.
Paulo fala deste segredo quando ora por eles, quando aconselha relembrando coisas que eles já sabiam, e usando sua própria atitude e comportamento como exemplo do que quer dizer.
Atitude e comportamento que Paulo tinha como frutos de sua imitação do próprio Senhor Jesus.
O que fazia de Paulo um homem feliz? Como é o coração de um servo de Cristo, que nisto encontra sua felicidade?
Isto é algo a respeito do qual somos ensinados nesta carta inteira, mas hoje eu desejo meditar com vocês somente a respeito de um aspecto: a imensa alegria que Paulo nutria em seu coração, a sua felicidade como servo de Deus.
Quanto a isto, há três observações que desejo fazer.
1. Paulo tinha um coração agradecido, alegre no Senhor
Nos vs. 3-11, Paulo está contando aos seus queridos irmãos como orava por eles. Ele descreve não somente as coisas que pedia a Deus em favor deles, mas também as atitudes que governavam o seu coração.
Veja: no v. 6, Paulo demonstra ter um coração confiante em relação à obra de Deus na vida dos crentes.
Nos vs. 7 e 8, palavras como “vos trago em meu coração”, “saudade que tenho de vós”, “terna misericórdia”, falam a nós de um coração amoroso.
Mas eu desejo me voltar esta noite para o texto que lemos no início, nos vs. 3 e 4:
vs. 3 e 4 – Dou graças ao meu Deus por tudo que recordo de vós, 4 fazendo sempre, com alegria, súplicas por todos vós, em todas as minhas orações...
Alegria é uma das palavras recorrentes nesta carta. Aparece umas dezesseis vezes.
E era também uma disposição de coração que simplesmente governava todo o comportamento de Paulo, que permeava tudo quando ele fazia, que controlava toda a sua vida.
E é também um dos sentimentos, uma das atitudes de coração mais importantes da nossa vida.
Como disse Neemias, “a alegria do Senhor é a nossa força”.[1]
Sabemos isto. Uma pessoa alegre, feliz, é forte.
Tem ânimo para trabalhar, para enfrentar os problemas que a vida oferece.
Ela enxerga os problemas como oportunidades de crescimento, de vitória; ela abençoa outras com a sua felicidade, encoraja, conforta, transmite entusiasmo.
E Paulo era um homem assim.
Veja, por exemplo, o v. 1:18:
Todavia, que importa? Uma vez que Cristo, de qualquer modo, está sendo pregado, quer por pretexto, quer por verdade, também com isto me regozijo, sim, sempre me regozijarei.
Desde o v. 12, Paulo está falando sobre sua prisão.
Mas ele diz que, uma vez preso muita gente estava pregando o evangelho, e não poucos eram o que estavam pregando por motivos errados. Estavam pregando por inveja, querendo com isto que Paulo ficasse triste.
Mas ele diz: – “Não faz mal. Contanto que Cristo esteja sendo anunciado, vou me alegrar com isto”.
No cap. 2:2 ele faz um pedido aos filipenses: completai, isto é, aumentem ainda mais a minha alegria, pensando a mesma coisa, tendo o mesmo amor, sendo unidos de alma...
No cap. 4:10 ele diz: – “Alegrei-me, sobremaneira, no Senhor, porque mais uma vez vocês renovaram seus cuidados para comigo”. Isto porque os filipenses, sabendo que o apóstolo estava preso na cidade de Roma, enviaram a ele uma oferta para o seu sustento.
Então fossem circunstâncias agradáveis, fossem circunstâncias desagradáveis, Paulo lidava com elas com alegria no coração.
2. Por isto também aqui o apóstolo enfatiza que devemos ter a mesma atitude alegre que havia nele:
3:1 – Quanto ao mais, irmãos meus, alegrai-vos no Senhor. A mim, não me desgosta e é segurança para vós outros que eu escreva as mesmas coisas.
4:4 – Alegrai-vos sempre no Senhor; outra vez digo: alegrai-vos.
Isto não quer dizer que não haja lugar para tristeza no coração do crente.
Vamos ler cap. 2:26, 27 – Aqui Paulo está falando sobre Epafrodito, o irmão que levou a oferta:
26 visto que ele tinha saudade de todos vós e estava angustiado porque ouvistes que adoeceu. 27 Com efeito, adoeceu mortalmente; Deus, porém, se compadeceu dele e não somente dele, mas também de mim, para que eu não tivesse tristeza sobre tristeza.
Vamos ler também 3:18
Pois muitos andam entre nós, dos quais, repetidas vezes, eu vos dizia e, agora, vos digo, até chorando, que são inimigos da cruz de Cristo.
Somos seres humanos, vivendo num mundo decaído; estamos sujeitos a contrariedades. Coisas como enfermidades, sejam nossas, ou de alguém que amamos, saudades, preocupações, pecados, nos magoam, trazem pesares.
O fato de haver falsos crentes, falsos mestres também. E muitas outras coisas nos levam às lágrimas.
Mas então, como podemos ser pessoas alegres, se existem coisas que nos entristecem?
Entendendo que estas coisas são passageiras. Deus nos diz que a tristeza tem que ser passageira. Estas coisas não podem nos dominar, não podem tornar o nosso coração enfermo, sem motivações para viver. Ele diz que o choro pode durar uma noite, mas a alegria vem pela manhã. [2]
E que, mesmo em meio às tristezas, podemos nos alegrar no Senhor.
Alguns anos atrás eu li uma mensagem do Pr. Russel Shedd, na qual ele falava sobre a paz de Deus.
E ele usou uma ilustração que acho pertinente aqui.
Ele perguntou: como podemos experimentar a paz de Deus num mundo tão cheio de pecados, tribulações e conflitos?
Imagine um pequeno peixe nadando nas profundas águas de um oceano.
O peixinho está nadando calmamente, sentindo-se tranquilo e seguro. Agora imagine um navio imenso, na superfície. Mas lá em cima, as águas estão agitadas pelo vento, e o imenso navio é agitado também, por causa da tempestade.
O servo de Cristo é como aquele pequenino peixinho, abrigado no imenso amor de Deus. As águas turbulentas, as tormentas, podem estar acontecendo. Mas no coração de Deus o crente em Jesus está seguro e em paz.
E isto nos conduz à terceira observação que desejo fazer:
3. Como podemos nos alegrar assim, mesmo em meio a todas as tristezas deste mundo de agora? Quando é que temos esta capacidade?
Em cada capítulo desta carta Paulo nos revela o segredo:
1. Quando “Cristo é a nossa vida”
1:21 – Porquanto, para mim, o viver é Cristo, e o morrer é lucro.
Paulo diz isto porque, de acordo com as leis romanas, ele poderia até ser condenado à morte por pregar o Evangelho de Cristo.
Mas ele diz: – “Se estou aqui nesta vida, vivo com Cristo, e para Cristo. Não vivo para mim mesmo. E se eu morrer, vou sair ganhando, pois estarei para sempre com Cristo”.
Por isto ele já havia dito antes: – Se Cristo está sendo anunciado, mesmo que com isto estejam querendo me entristecer, não importa, eu me alegrarei.
Então veja: se Cristo é a sua razão de viver, se você vive em comunhão com ele e para ele, não importa o que aconteça, você será uma pessoa feliz.
2. Além disto, temos a capacidade de nos alegrar no Senhor quando Cristo é o nosso exemplo
Fp 2:5 – Tende em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus...
E segue dizendo que o Senhor Jesus abriu mão de si mesmo, de sua glória, não se apegou aos seus direitos como Deus, mas assumiu a forma humana, de um servo humilde e obediente a Deus, pelo que o Pai o exaltou acima de tudo e de todos.
Assim, pois, da mesma forma que Jesus, devemos ser obedientes à vontade de Deus, fazendo tudo sem murmurações nem contendas, não colocando o nosso próprio “eu” em primeiro lugar, mas aquilo que glorifica a Deus, que abençoa os nossos irmãos.
Pois Cristo, que é a nossa razão de viver, também é o nosso exemplo.
3. Também aprendemos a nos alegrar no Senhor quando Cristo é o nosso alvo.
3:12-14 – Não que eu o tenha já recebido ou tenha já obtido a perfeição; mas prossigo para conquistar aquilo para o que também fui conquistado por Cristo Jesus. 13 Irmãos, quanto a mim, não julgo havê-lo alcançado; mas uma coisa faço: esquecendo-me das coisas que para trás ficam e avançando para as que diante de mim estão, 14 prossigo para o alvo, para o prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus.
Você se alegra no Senhor quando aprende a deixar certas coisas do passado onde elas devem ficar: no passado.
Existem certas coisas das quais nunca devemos nos esquecer; como disse Jeremias, “Quero trazer à memória aquilo que me dá esperança”: a bondade do Senhor, as suas misericórdias, as obras de Deus em nossa vida, o perdão dos pecados, a sua salvação, a sua providência, os seus feitos no passado. [3]
E assim como Paulo não podemos também esquecer as coisas boas que as outras pessoas fazem a nós.
Mas há coisas que precisamos esquecer; isto é, todas aquelas coisas que nos tiram a alegria; que impedem o nosso progresso na fé, em nossa caminhada à perfeição em Cristo, que nos causam iras, aflições, devemos esquecer.
E aquilo que for bom, louvável, virtuoso, de boa fama, seja isto que ocupe o nosso pensamento.
Cristo deve ser o nosso objetivo de vida: conhecê-lo cada vez mais, o seu poder, o seu amor, e ser cada vez mais parecido com ele.
4. E por último, se Cristo é o nosso alvo, ele também é a nossa força.
4:11-13 – Digo isto, não por causa da pobreza, porque aprendi a viver contente em toda e qualquer situação. 12 Tanto sei estar humilhado como também ser honrado; de tudo e em todas as circunstâncias, já tenho experiência, tanto de fartura como de fome; assim de abundância como de escassez; 13 tudo posso naquele que me fortalece.
Então veja: quando Paulo escreveu esta carta, estava preso. Muitos estavam pregando o evangelho, não por amor, mas por motivações erradas. Seu querido irmão Epafrodito ficou muito enfermo, a ponto de quase morrer. Paulo estava passando por privações.
Mas ainda que estas coisas, em si mesmas, fossem entristecedoras, nada disto tirou a sua alegria no Senhor.
E os filipenses sabiam disto: dez anos antes, quando Paulo e Silas estavam pregando o Evangelho em Filipos, um dia foram acusados perante as autoridades romanas. Então, presos, açoitados e lançados no interior do cárcere.
Por volta da meia noite, costas machucadas, sujos, vestes rasgadas, famintos, acorrentados, o que Paulo e Silas estavam fazendo? Cantando louvores a Deus. Naquela mesma noite o carcereiro que guardava Paulo, e toda a sua família, creram em Jesus e foram salvos.
Eles sabiam que as coisas difíceis desta vida não podem tirar a alegria de viver de um servo de Cristo.
Assim como este tipo de coisas também não deve tirar a nossa alegria de viver. Pois Cristo, o nosso Deus e Salvador, é a nossa vida, o nosso exemplo, o nosso alvo, a nossa força.
Conclusão e aplicação
Amados, quando descreve a imensa alegria que “carregava no peito”, como um modo de vida, independente das tristezas, das dificuldades que suportava na vida, não estava falando de algo novo.
Pois a mesma vigorosa alegria pôde ser vista no testemunho bíblico sobre centenas de homens e mulheres, que honraram a Deus com uma vida cheia de fé.
Acima de tudo, a vigorosa alegria que pôde ser vista no próprio Senhor Jesus Cristo, o nosso Salvado.
Na noite anterior ao dia de sua crucificação, quando seus discípulos o ouviram dizer que sua alma estava profundamente triste até à morte[4], também ouviram-no, ao descrever a comunhão entre eles, que estava falando destas coisas para que a sua alegria também estivesse nos corações de seus amados.[5]
E estas coisas foram escritas para que saibamos: a alegria que nossos antepassados na fé conheciam, a alegria que há em Cristo Jesus, é a mesma que Deus deseja que seja nossa, a cada dia.
Amado, Cristo é a tua vida: Ele é o autor da tua vida, porque ele é o teu criador. E também o teu redentor, que te concede vida em abundância.[6] Você é uma pessoa “que tem uma alma, e uma alma salva”. Ele é a tua razão de ser, o teu motivo de existir, aqui e na eternidade.
Cristo é o teu exemplo, para que você cresça espiritualmente, à imagem de Deus, para a qual você foi criado. Ele é o teu alvo. Ele é a tua força.
Se Cristo é tudo para você, não deixe que as tristezas desta vida o dominem; não permita que governem o teu coração, que desestruturem a tua existência. Seja feliz em Jesus. Tenha um coração alegre no Senhor, pois a alegria do Senhor é a tua força.





[1] Ne 8:10
[2] Sl 30:5
[3] Lm 3:2 e segs.
[4] Mt 26:38
[5] Jo 15:11
[6] Jo 10:10

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