3ª IPC de Guarulhos
Domingo, 1 de julho de 2018
Pr. Plínio Fernandes
Amados irmãos, vamos
ler Filipenses 1:1-11
Paulo e Timóteo, servos de Cristo Jesus, a todos
os santos em Cristo Jesus, inclusive bispos e diáconos que vivem em Filipos, 2
graça e paz a vós outros, da parte de Deus, nosso Pai, e do Senhor Jesus
Cristo. 3 Dou graças ao meu Deus por tudo que recordo de vós, 4
fazendo sempre, com alegria, súplicas por todos vós, em todas as minhas
orações, 5 pela vossa cooperação no evangelho, desde o primeiro dia
até agora. 6 Estou plenamente certo de que aquele que começou boa
obra em vós há de completá-la até ao Dia de Cristo Jesus. 7 Aliás, é justo que eu
assim pense de todos vós, porque vos trago no coração, seja nas minhas algemas,
seja na defesa e confirmação do evangelho, pois todos sois participantes da
graça comigo. 8 Pois
minha testemunha é Deus, da saudade que tenho de todos vós, na terna
misericórdia de Cristo Jesus. 9 E
também faço esta oração: que o vosso amor aumente mais e mais em pleno
conhecimento e toda a percepção, 10 para aprovardes as
coisas excelentes e serdes sinceros e inculpáveis para o Dia de Cristo, 11 cheios do fruto de justiça, o qual é mediante Jesus
Cristo, para a glória e louvor de Deus.
A carta aos Filipenses é belíssima joia, em meio
aos imensuráveis tesouros da Palavra de Deus.
Ela faz imenso bem às nossas almas.
Uma das razões pelas quais ela nos enriquece é a
maneira como Paulo nos apresenta o nosso Senhor Jesus Cristo.
Inspirado pelo Espírito, Paulo traz a nós a
revelação de Jesus Cristo como servo de Deus: em obediência à vontade do Pai,
nosso Salvador deixou sua glória nos mais altos céus, fez-se homem e viveu entre
nós como um homem pobre, humilde, e que obedeceu ao Pai a ponto de morrer por
nós. E por isto o Pai o honrou, e lhe deu um nome que está acima de todos os
outros, para que todos o reconheçam como Senhor do Universo.
Outra razão pela qual esta carta nos abençoa é que nos
ensina que a mesma atitude que houve em Cristo, nós também devemos desenvolver
em nossa vida.
Uma coisa interessante é que o próprio Paulo não
inicia esta carta, como faz em outras, apresentando-se como apóstolo de Jesus
Cristo, recorrendo assim à sua autoridade. Aqui ele começa: “Paulo e Timóteo, servos de Jesus...”
(v. 1).
E em toda a carta ele desenvolve este conceito,
dando testemunho de si mesmo como alguém cuja vida foi completamente dedicada a
fazer a vontade de Cristo, e ensinando que devemos cultivar o mesmo sentimento
que houve também em Jesus.
Além destas coisas, também nos ensina como é
enriquecedora, edificante e alegre, a comunhão com outros servos de Deus, isto
é, da igreja. Nos mostra como, entre as melhores coisas nesta vida abençoada
que temos, estão os nossos irmãos no Senhor.
Era isto o que sentia em relação aos filipenses:
eles tinham uma relação de amizade muito grande, forte, duradoura, afetuosa e
terna.
De modo que, como servo de Cristo, e amigo dos
servos de Cristo, Paulo sentia-se o homem mais feliz e abençoado do mundo.
E também é desta felicidade que Paulo também fala
desde os primeiros versículos, até o fim desta carta, descrevendo como
enxergava a vida, de como seu coração era cheio de paz, de como ele era feliz
em Jesus, e como ele queria que seus irmãos experimentassem também esta
felicidade e paz.
Por isto, podemos dizer que a carta aos Filipenses
nos ensina os segredos da felicidade.
Paulo fala deste segredo quando ora por eles, quando
aconselha relembrando coisas que eles já sabiam, e usando sua própria atitude e
comportamento como exemplo do que quer dizer.
Atitude e comportamento que Paulo tinha como frutos
de sua imitação do próprio Senhor Jesus.
O que fazia de Paulo um homem feliz? Como é o
coração de um servo de Cristo, que nisto encontra sua felicidade?
Isto é algo a respeito do qual somos ensinados
nesta carta inteira, mas hoje eu desejo meditar com vocês somente a respeito de
um aspecto: a imensa alegria que Paulo nutria em seu coração, a sua felicidade
como servo de Deus.
Quanto a isto, há três observações que desejo
fazer.
1. Paulo tinha um
coração agradecido, alegre no Senhor
Nos vs. 3-11, Paulo está contando aos seus queridos
irmãos como orava por eles. Ele descreve não somente as coisas que pedia a Deus
em favor deles, mas também as atitudes que governavam o seu coração.
Veja: no v. 6, Paulo demonstra ter um coração
confiante em relação à obra de Deus na vida dos crentes.
Nos vs. 7 e 8, palavras como “vos trago em meu
coração”, “saudade que tenho de vós”, “terna misericórdia”, falam a nós de um
coração amoroso.
Mas eu desejo me voltar esta noite para o texto que
lemos no início, nos vs. 3 e 4:
vs. 3 e 4 – Dou graças ao meu Deus por tudo que
recordo de vós, 4 fazendo sempre, com alegria, súplicas por todos vós, em todas as minhas orações...
Alegria é uma das palavras recorrentes nesta carta.
Aparece umas dezesseis vezes.
E era também uma disposição de coração que
simplesmente governava todo o comportamento de Paulo, que permeava tudo quando
ele fazia, que controlava toda a sua vida.
E é também um dos sentimentos, uma das atitudes de
coração mais importantes da nossa vida.
Como disse Neemias, “a alegria do Senhor é a nossa força”.[1]
Sabemos isto. Uma pessoa alegre, feliz, é forte.
Tem ânimo para trabalhar, para enfrentar os problemas
que a vida oferece.
Ela enxerga os problemas como oportunidades de
crescimento, de vitória; ela abençoa outras com a sua felicidade, encoraja,
conforta, transmite entusiasmo.
E Paulo era um homem assim.
Veja, por exemplo, o v. 1:18:
Todavia, que
importa? Uma vez que Cristo, de qualquer modo, está sendo pregado, quer por
pretexto, quer por verdade, também com isto me regozijo, sim, sempre me
regozijarei.
Desde o v. 12, Paulo está falando sobre sua prisão.
Mas ele diz que, uma vez preso muita gente estava
pregando o evangelho, e não poucos eram o que estavam pregando por motivos
errados. Estavam pregando por inveja, querendo com isto que Paulo ficasse
triste.
Mas ele diz: – “Não
faz mal. Contanto que Cristo esteja sendo anunciado, vou me alegrar com isto”.
No cap. 2:2 ele faz um pedido aos filipenses:
completai, isto é, aumentem ainda mais a minha alegria, pensando a mesma coisa,
tendo o mesmo amor, sendo unidos de alma...
No cap. 4:10 ele diz: – “Alegrei-me, sobremaneira, no Senhor, porque mais uma vez vocês
renovaram seus cuidados para comigo”. Isto porque os filipenses, sabendo
que o apóstolo estava preso na cidade de Roma, enviaram a ele uma oferta para o
seu sustento.
Então fossem circunstâncias agradáveis, fossem
circunstâncias desagradáveis, Paulo lidava com elas com alegria no coração.
2. Por isto também aqui
o apóstolo enfatiza que devemos ter a mesma atitude alegre que havia nele:
3:1 – Quanto ao mais, irmãos meus, alegrai-vos no
Senhor. A mim, não me desgosta e é segurança para vós outros que eu escreva as
mesmas coisas.
4:4 – Alegrai-vos sempre no Senhor; outra vez
digo: alegrai-vos.
Isto não quer dizer que não haja lugar para
tristeza no coração do crente.
Vamos ler cap. 2:26, 27 – Aqui Paulo está falando
sobre Epafrodito, o irmão que levou a oferta:
26 visto que ele tinha saudade de
todos vós e estava angustiado porque ouvistes que adoeceu. 27 Com
efeito, adoeceu mortalmente; Deus, porém, se compadeceu dele e não somente
dele, mas também de mim, para que eu não tivesse tristeza sobre tristeza.
Vamos ler também 3:18
Pois muitos
andam entre nós, dos quais, repetidas vezes, eu vos dizia e, agora, vos digo,
até chorando, que são inimigos da cruz de Cristo.
Somos seres humanos, vivendo num mundo decaído;
estamos sujeitos a contrariedades. Coisas como enfermidades, sejam nossas, ou
de alguém que amamos, saudades, preocupações, pecados, nos magoam, trazem
pesares.
O fato de haver falsos crentes, falsos mestres
também. E muitas outras coisas nos levam às lágrimas.
Mas então, como podemos ser pessoas alegres, se
existem coisas que nos entristecem?
Entendendo que estas coisas são passageiras. Deus
nos diz que a tristeza tem que ser passageira. Estas coisas não podem nos
dominar, não podem tornar o nosso coração enfermo, sem motivações para viver.
Ele diz que o choro pode durar uma noite, mas a alegria vem pela manhã. [2]
E que, mesmo em meio às tristezas, podemos nos
alegrar no Senhor.
Alguns anos atrás eu li uma mensagem do Pr. Russel
Shedd, na qual ele falava sobre a paz de Deus.
E ele usou uma ilustração que acho pertinente aqui.
Ele perguntou: como podemos experimentar a paz de
Deus num mundo tão cheio de pecados, tribulações e conflitos?
Imagine um pequeno peixe nadando nas profundas
águas de um oceano.
O peixinho está nadando calmamente, sentindo-se
tranquilo e seguro. Agora imagine um navio imenso, na superfície. Mas lá em
cima, as águas estão agitadas pelo vento, e o imenso navio é agitado também,
por causa da tempestade.
O servo de Cristo é como aquele pequenino peixinho,
abrigado no imenso amor de Deus. As águas turbulentas, as tormentas, podem
estar acontecendo. Mas no coração de Deus o crente em Jesus está seguro e em
paz.
E isto nos conduz à terceira observação que desejo
fazer:
3. Como
podemos nos alegrar assim, mesmo em meio a todas as tristezas deste mundo de
agora? Quando é que temos esta capacidade?
Em cada capítulo desta carta Paulo nos revela o
segredo:
1. Quando “Cristo é a nossa vida”
1:21 – Porquanto, para mim, o viver é Cristo, e o
morrer é lucro.
Paulo diz isto porque, de acordo com as leis
romanas, ele poderia até ser condenado à morte por pregar o Evangelho de
Cristo.
Mas ele diz: – “Se
estou aqui nesta vida, vivo com Cristo, e para Cristo. Não vivo para mim mesmo.
E se eu morrer, vou sair ganhando, pois estarei para sempre com Cristo”.
Por isto ele já havia dito antes: – Se Cristo está
sendo anunciado, mesmo que com isto estejam querendo me entristecer, não
importa, eu me alegrarei.
Então veja: se Cristo é a sua razão de viver, se
você vive em comunhão com ele e para ele, não importa o que aconteça, você será
uma pessoa feliz.
2. Além disto, temos a capacidade de nos alegrar no
Senhor quando Cristo é o nosso exemplo
Fp 2:5 – Tende em vós o mesmo sentimento que
houve também em Cristo Jesus...
E segue dizendo que o Senhor Jesus abriu mão de si
mesmo, de sua glória, não se apegou aos seus direitos como Deus, mas assumiu a
forma humana, de um servo humilde e obediente a Deus, pelo que o Pai o exaltou
acima de tudo e de todos.
Assim, pois, da mesma forma que Jesus, devemos ser
obedientes à vontade de Deus, fazendo tudo sem murmurações nem contendas, não
colocando o nosso próprio “eu” em primeiro lugar, mas aquilo que glorifica a
Deus, que abençoa os nossos irmãos.
Pois Cristo, que é a nossa razão de viver, também é
o nosso exemplo.
3. Também aprendemos a nos alegrar no Senhor quando
Cristo é o nosso alvo.
3:12-14 – Não que eu o tenha já recebido ou tenha
já obtido a perfeição; mas prossigo para conquistar aquilo para o que também
fui conquistado por Cristo Jesus. 13 Irmãos, quanto a mim, não julgo
havê-lo alcançado; mas uma coisa faço: esquecendo-me das coisas que para trás
ficam e avançando para as que diante de mim estão, 14 prossigo para
o alvo, para o prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus.
Você se alegra no Senhor quando aprende a deixar
certas coisas do passado onde elas devem ficar: no passado.
Existem certas coisas das quais nunca devemos nos
esquecer; como disse Jeremias, “Quero trazer à memória aquilo que me dá
esperança”: a bondade do Senhor, as suas misericórdias, as obras de Deus em
nossa vida, o perdão dos pecados, a sua salvação, a sua providência, os seus
feitos no passado. [3]
E assim como Paulo não podemos também esquecer as
coisas boas que as outras pessoas fazem a nós.
Mas há coisas que precisamos esquecer; isto é,
todas aquelas coisas que nos tiram a alegria; que impedem o nosso progresso na
fé, em nossa caminhada à perfeição em Cristo, que nos causam iras, aflições,
devemos esquecer.
E aquilo que for bom, louvável, virtuoso, de boa
fama, seja isto que ocupe o nosso pensamento.
Cristo deve ser o nosso objetivo de vida:
conhecê-lo cada vez mais, o seu poder, o seu amor, e ser cada vez mais parecido
com ele.
4. E por último, se Cristo é o nosso alvo, ele
também é a nossa força.
4:11-13 – Digo isto, não por causa da pobreza,
porque aprendi a viver contente em toda e qualquer situação. 12
Tanto sei estar humilhado como também ser honrado; de tudo e em todas as
circunstâncias, já tenho experiência, tanto de fartura como de fome; assim de
abundância como de escassez; 13 tudo posso naquele que me fortalece.
Então veja: quando Paulo escreveu esta carta,
estava preso. Muitos estavam pregando o evangelho, não por amor, mas por
motivações erradas. Seu querido irmão Epafrodito ficou muito enfermo, a ponto
de quase morrer. Paulo estava passando por privações.
Mas ainda que estas coisas, em si mesmas, fossem
entristecedoras, nada disto tirou a sua alegria no Senhor.
E os filipenses sabiam disto: dez anos antes,
quando Paulo e Silas estavam pregando o Evangelho em Filipos, um dia foram
acusados perante as autoridades romanas. Então, presos, açoitados e lançados no
interior do cárcere.
Por volta da meia noite, costas machucadas, sujos,
vestes rasgadas, famintos, acorrentados, o que Paulo e Silas estavam fazendo?
Cantando louvores a Deus. Naquela mesma noite o carcereiro que guardava Paulo,
e toda a sua família, creram em Jesus e foram salvos.
Eles sabiam que as coisas difíceis desta vida não
podem tirar a alegria de viver de um servo de Cristo.
Assim como este tipo de coisas também não deve
tirar a nossa alegria de viver. Pois Cristo, o nosso Deus e Salvador, é a nossa
vida, o nosso exemplo, o nosso alvo, a nossa força.
Conclusão e aplicação
Amados, quando descreve a imensa alegria que “carregava
no peito”, como um modo de vida, independente das tristezas, das dificuldades
que suportava na vida, não estava falando de algo novo.
Pois a mesma vigorosa alegria pôde ser vista no
testemunho bíblico sobre centenas de homens e mulheres, que honraram a Deus com
uma vida cheia de fé.
Acima de tudo, a vigorosa alegria que pôde ser
vista no próprio Senhor Jesus Cristo, o nosso Salvado.
Na noite anterior ao dia de sua crucificação, quando
seus discípulos o ouviram dizer que sua alma estava profundamente triste até à
morte[4],
também ouviram-no, ao descrever a comunhão entre eles, que estava falando
destas coisas para que a sua alegria também estivesse nos corações de seus
amados.[5]
E estas coisas foram escritas para que saibamos: a
alegria que nossos antepassados na fé conheciam, a alegria que há em Cristo
Jesus, é a mesma que Deus deseja que seja nossa, a cada dia.
Amado, Cristo é a tua vida: Ele é o autor da tua
vida, porque ele é o teu criador. E também o teu redentor, que te concede vida
em abundância.[6] Você é uma
pessoa “que tem uma alma, e uma alma salva”. Ele é a tua razão de ser, o teu
motivo de existir, aqui e na eternidade.
Cristo é o teu exemplo, para que você cresça
espiritualmente, à imagem de Deus, para a qual você foi criado. Ele é o teu
alvo. Ele é a tua força.
Se Cristo é tudo para você, não deixe que as
tristezas desta vida o dominem; não permita que governem o teu coração, que
desestruturem a tua existência. Seja feliz em Jesus. Tenha um coração alegre no
Senhor, pois a alegria do Senhor é a tua força.