Achadas as tuas palavras, logo as comi; as tuas palavras me foram gozo e alegria para o coração, pois pelo teu nome sou chamado, ó SENHOR, Deus dos Exércitos. Jeremias 15:16

sexta-feira, 31 de maio de 2013

Não julgueis, para que não sejais julgados - Mt 7:1-5

Igreja Evangélica Presbiteriana
Domingo, 22 de julho de 2012
Pr. Plínio Fernandes
Amados, vamos ler Mateus 7:1-5
1 Não julgueis, para que não sejais julgados. 2 Pois, com o critério com que julgardes, sereis julgados; e, com a medida com que tiverdes medido, vos medirão também. 3 Por que vês tu o argueiro no olho de teu irmão, porém não reparas na trave que está no teu próprio? 4 Ou como dirás a teu irmão: Deixa-me tirar o argueiro do teu olho, quando tens a trave no teu? 5 Hipócrita! Tira primeiro a trave do teu olho e, então, verás claramente para tirar o argueiro do olho de teu irmão.
Estamos chegando agora à última parte do “Sermão do Monte”, este maravilhoso conjunto de ensinamentos que Jesus, o nosso Senhor e Salvador, o Deus que se fez carne, ministrou aos seus discípulos nos primeiros dias de seu ministério.
E neste sermão o Senhor está apresentando o que é ser um cristão, um discípulo dele. Ele mostra, antes de qualquer coisa, que ser cristão é justamente isto: uma questão de “ser”. Não é tanto uma questão de “fazer”, ou de “ter”, é antes um modo de ser. E descreve então seus discípulos como pessoas muito especiais, porque são pessoas muitos especiais para Deus – são pessoas a quem Deus alcançou com sua graça infinita. Pessoas a quem foram dados os dons da humildade, do arrependimento, da fé, da misericórdia, da paz, da mansidão, da busca pela santidade, da pureza, da alegria mesmo em meio ao sofrimento.
E depois de, nos primeiros momentos de sua mensagem o Senhor expor aquilo que seus seguidores são em seu ser interior, ele passa a explicar o estilo de vida, o comportamento que irá manifestar aquilo que os discípulos são interiormente. Através de muitas ilustrações, exemplos e mandamentos, o Senhor nos diz a maneira como devemos viver, à altura de nossa vocação.
É dentro deste contexto, falando com gente agraciada, abençoada, perdoada, que ele acrescenta esta injunção: “Não julgueis, para que não sejais julgados...” Nestas duas orações, o Senhor nos ensina sobre nosso relacionamento uns com os outros e também o nosso relacionamento com Deus.
Não é que o “não julgar” seja a base para sermos ou não julgados por Deus. É que o “julgar” ou “não julgar” são atitudes, ou mesmo expressões de comportamento, que revelam o tipo de pessoas que somos – se somos realmente pessoas que vivem na graça de Deus, ou se somos pessoas que estão afastadas de Deus; revelam o nosso relacionamento com Deus, conforme veremos mais detalhadamente
Então hoje nós iremos meditar nestas palavras de Jesus – “Não julgueis”. Desejo tecer três considerações a respeito do assunto.
1. O que significa julgar, ou julgamento
As palavras julgar, ou julgamento, são traduções de palavras que têm um significado bem aproximado da maneira como são usadas em nossa língua portuguesa.
Julgar pode ser traduzido, conforme o contexto, como avaliar, discernir, examinar, compreender, peneirar, separar. E também pode ser traduzida como julgar, acusar, falar injuriosamente, criticar, condenar, menosprezar, desprezar.
Vejam: elas podem ser usadas nas Escrituras com duas denotações diferentes – tanto positiva quanto negativamente; isto é, há um sentido em que é certo, correto e desejável que julguemos; e também há um sentido em que julgar é uma atitude completamente errada e pecaminosa.
1.1 - Vejamos rapidamente alguns exemplos de seu uso positivo
1ª Co 2:13-15
13 Disto também falamos, não em palavras ensinadas pela sabedoria humana, mas ensinadas pelo Espírito, conferindo coisas espirituais com espirituais.14 Ora, o homem natural não aceita as coisas do Espírito de Deus, porque lhe são loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente.15 Porém o homem espiritual julga todas as coisas, mas ele mesmo não é julgado por ninguém.
1ª Co 14:29
“Tratando-se de profetas, falem apenas dois ou três, e os outros julguem”.
Note as palavras que denotam avaliação: “conferindo”, “entendê-las”, “discernem”, “julga”.Então “julgar”, no sentido de avaliar, conferir, discernir, fazer diferença entre o bem e o mal, entre o certo e o errado, “usar a cabeça” é algo que se espera do crente.
O crente não é um “crédulo”, alguém tão simples que simplesmente aceita tudo, sem critérios. O próprio Jesus, logo em seguida à instrução de não julgar, acrescenta, no v. 6 - “Não deis aos cães o que é santo, nem lanceis ante os as vossas pérolas...”. Depois, a partir do v. 15, nos instrui no sentido de que devemos tomar cuidado com os falsos profetas. Sem considerar o fato de que, desde começo do sermão, Jesus nos adverte várias vezes que a nossa vida não deve ser como a dos escribas e fariseus, nem como a dos gentios que não conhecem a Deus.
Todas estas instruções que Jesus nos dá implicam o uso da faculdade do discernimento, do uso de nossa mente de maneira crítica, analítica. Como iremos saber diante de quem devemos ou não lançar as preciosidades da doutrina e da vida cristã, sem ter o discernimento?  Como iremos nos acautelar dos falsos profetas, se não tivermos a capacidade de avaliar?
1.2 - Mas, naturalmente que, quando nosso Senhor está ordenando: “Não julgueis”, ele não está usando a palavra em seu sentido positivo
“Não julgueis”, não significa “não avalie, não pense, não tenha discernimento”. Antes, significa: “Não assuma a posição de juiz”.
2. Vejamos algumas instâncias desta denotação negativa
2.1 - Julgar é errado quando se trata de levar em conta apenas o que é aparente
Is 11:3
“Deleitar-se-á no temor do SENHOR; não julgará segundo a vista dos seus olhos, nem repreenderá segundo o ouvir dos seus ouvidos”.
Esta é uma das mais belas descrições do governo justo de nosso rei; do Messias. Não julgará segundo a vista dos seus olhos: não julgará segundo as aparências. Nem repreenderá segundo o ouvir de seus ouvidos, mas julgará com justiça. Isto porque nosso Senhor tem a capacidade de ir mais longe do que é apenas aparência. Ele chega ao coração. Veja o que ele disse a Samuel, numa ocasião em que profeta estava inclinado a julgar o valor dos homens pela sua aparência:
1º Sm 16:7
Porém o SENHOR disse a Samuel: Não atentes para a sua aparência, nem para a sua altura, porque o rejeitei; porque o SENHOR não vê como vê o homem. O homem vê o exterior, porém o SENHOR, o coração”.
Ele sabe o motivo, o porquê dos comportamentos, a visão que a pessoa está tendo da vida, o discernimento que lhe foi dado, de tal modo que ela age como age.
Agora a pergunta que eu faço é: “Temos esta mesma capacidade de nosso Senhor? Temos a capacidade de sondar e saber o que se passa no coração do nosso irmão, ou do nosso próximo?” Não temos; ao contrário. Mas o que muitas vezes temos, irmãos, é muita presunção, muita falta de amor, e somos então capazes de rotular logo as pessoas – “hipócritas”, “fariseus”, “legalistas”, “libertinos”. Mas as aparências enganam.
Um pastor que eu conheço me contou que, em certa ocasião sua esposa pediu que ele comprasse uma latinha de cerveja, que ela queria usar numa receita de frango. Então, em obediência ao mandamento de ir ao supermercado comprar cerveja, ele foi. Quando seu filhinho o viu com a latinha, perguntou: “Pai, o senhor é pastor! Tomando cerveja!?” Então ele explicou o porque. Nem sempre as coisas são como parecem aos nossos olhos, não é? Nem sempre as coisas são como ouvimos os outros dizerem.
As aparências enganam.
2.2 - Julgar também é errado quando se trata de difamar, ou falar injuriosamente
Tg 4:11,12
11 Irmãos, não faleis mal uns dos outros. Aquele que fala mal do irmão ou julga a seu irmão fala mal da lei e julga a lei; ora, se julgas a lei, não és observador da lei, mas juiz. 12 Um só é Legislador e Juiz, aquele que pode salvar e fazer perecer; tu, porém, quem és, que julgas o próximo?
Tg 5:7-10
7 Sede, pois, irmãos, pacientes, até à vinda do Senhor. Eis que o lavrador aguarda com paciência o precioso fruto da terra, até receber as primeiras e as últimas chuvas. 8 Sede vós também pacientes e fortalecei o vosso coração, pois a vinda do Senhor está próxima. 9 Irmãos, não vos queixeis uns dos outros, para não serdes julgados. Eis que o juiz está às portas.
Tiago associa o pecado do julgamento com os pecados do falar mal e da impaciência. Quando diz que falar mal do irmão é falar mal da lei, naturalmente está se referindo à lei do Antigo Testamento, onde, por exemplo, está escrito “Não andarás como mexeriqueiro entre o teu povo... Eu sou o Senhor” (Lv 19:16). É uma maneira de dizer: “A palavra de Deus não presta para ser obedecida”.
Veja a sentença do Senhor contra os que praticam isto:
Sl 50:20, 21
20 Sentas-te para falar contra teu irmão e difamas o filho de tua mãe. 21 Tens feito estas coisas, e eu me calei; pensavas que eu era teu igual; mas eu te arguirei e porei tudo à tua vista.
Lembram-se do que o Senhor fez a Miriam, por ter falado contra Moisés? Lembram-se de que ela ficou leprosa, e que a nação inteira foi impedida em sua jornada por sete dias, mesmo depois que Moisés orou por ela, pedindo a Deus que perdoasse? Deus não tem prazer na fala condenatória, no falar injurioso.
2.3 - Julgar também é errado quando se trata de “condenar”, de não ter misericórdia.
Tg 2:12,13
12 Falai de tal maneira e de tal maneira procedei como aqueles que hão de ser julgados pela lei da liberdade. 13 Porque o juízo é sem misericórdia para com aquele que não usou de misericórdia. A misericórdia triunfa sobre o juízo.
O juízo é apresentado como contrário à misericórdia e à liberdade. Então neste contexto julgar é não ter misericórdia, é condenar. Também é colocar sobre alguém um jugo, uma lei que Deus não colocou, privá-lo de sua liberdade.
Por exemplo, a atitude que os fariseus tinham para com Jesus, e também para com os notórios pecadores, era uma atitude de julgamento condenatório, sem misericórdia. Em João 8:1-6, na história da mulher que foi apanhada em flagrante adultério, os judeus, aparentemente, estavam manifestando zelo pela lei de Deus. Então lemos que eles levaram a mulher adúltera até o Senhor Jesus. Mas o grande propósito que eles tinham era arranjar alguma desculpa para acusarem a Jesus de alguma coisa errada. O alvo deles era a acusação; não a vontade de Deus.
O que Jesus diz ser a vontade de Deus:
Mt 9:10-13
10 E sucedeu que, estando ele em casa, à mesa, muitos publicanos e pecadores vieram e tomaram lugares com Jesus e seus discípulos. 11 Ora, vendo isto, os fariseus perguntavam aos discípulos: Por que come o vosso Mestre com os publicanos e pecadores? 12 Mas Jesus, ouvindo, disse: Os sãos não precisam de médico, e sim os doentes. 13 Ide, porém, e aprendei o que significa: Misericórdia quero e não holocaustos; pois não vim chamar justos, e sim pecadores ao arrependimento.
 3. Três razões pelas quais não devemos julgar
3.1 - Quando julgamos, estamos nos condenando a nós mesmos
Rm 2:1
“Portanto, és indesculpável, ó homem, quando julgas, quem quer que sejas; porque, no que julgas a outro, a ti mesmo te condenas; pois praticas as próprias coisas que condenas”.
NVI - “... você, que julga os outros é indesculpável, visto que você, que julga, pratica as mesmas coisas”.
Nós podemos ampliar o significado deste versículo a partir do significado da palavra julgar:
Você, que julga... Você, que não tem misericórdia do seu irmão... Você, que condena seu irmão... Você que fala mal de seu irmão... Você que não tem paciência por causa das falhas do seu irmão, por causa das fraquezas dele, por causa dos pecados dele, você pratica as mesmas coisas... pois você também é pecador, de uma forma ou de outra...
3.2 - Quando julgamos, nos tornamos tropeço para nossos irmãos
Rm 14:13
“Não nos julguemos mais uns aos outros; pelo contrário, tomai o propósito de não pordes tropeço ou escândalo ao vosso irmão”.
Em todo o contexto, Paulo está discutindo a questão de nossa liberdade em Cristo, a necessidade de amor uns pelos outros, o deixar de lado toda a atitude de nos julgarmos uns aos outros, o deixar o nosso irmão viver para Deus de acordo com sua fé e sua consciência. Alguns são mais fortes na fé; outros são mais fracos; alguns impõem certas leis para si mesmos; outros não – mas a intenção de todos é servir ao Senhor. Sendo assim , devemos nos acolher uns aos outros, não para ficar com discussões.
Rm 14:1
“Acolhei ao que é débil na fé, não, porém, para discutir opiniões”.
Também não podemos nos desprezar uns aos outros.
Rm 14:10
“Tu, porém, por que julgas teu irmão? E tu, por que desprezas o teu? Pois todos compareceremos perante o tribunal de Deus”.
Julgamento e desprezo: um se julga superior aos outros. Devemos não ser tropeço na vida uns dos outros.
3.3 - Quando julgamos, estamos querendo assumir o lugar de Deus
Tg 4:11,12
11 Irmãos, não faleis mal uns dos outros. Aquele que fala mal do irmão ou julga a seu irmão fala mal da lei e julga a lei; ora, se julgas a lei, não és observador da lei, mas juiz. 12 Um só é Legislador e Juiz, aquele que pode salvar e fazer perecer; tu, porém, quem és, que julgas o próximo?
Qual foi o pecado do diabo? Querer assumir o lugar de Deus. Não existe nada mais diabólico do que querer ser igual a Deus. Um crente, quando julga ao seu próximo, está querendo assumir o lugar de Deus. Está se tornando diabólico. A religião nunca se torna tão diabólica como quando deseja ser mais bíblica do que a Bíblia. Quando os homens impõem sobre seus irmãos um jugo que Deus não colocou.
Conclusão e aplicação
No v. 6, Jesus nos diz que “não devemos dar as coisas santas aos cães”. Depois, a partir do v. 15, ele nos ensina que devemos julgar os profetas, isto é, avaliar se eles realmente estão nos ensinando da parte de Deus, ou se são mestres em quem não devemos confiar e cujas doutrinas não podemos seguir.
Além disto, Jesus não nos diz que, se algum irmão estiver vivendo em pecado não podemos falar com ele sobre isto. Mais tarde, em Mateus 18, ele diz que se nosso irmão estiver persistindo em seu pecado nós devemos arguí-lo.
Como fazer estas coisas, como exercer o juízo, sem cairmos no pecado condenado aqui por Jesus? A resposta está no v. 5:
Hipócrita! Tira primeiro a trave do teu olho e, então, verás claramente para tirar o argueiro do olho de teu irmão
Aqui Jesus nos dá a solução para não cairmos no pecado da condenação, tornando-nos assim pessoas hipócritas: que nós estejamos primeiramente tratando com os nossos próprios pecados.
Como disse Paulo no contexto da santa ceia, se nós tomarmos o cuidado de nos julgarmos a nós mesmos, não seremos condenados (1ª Co 11:31, 32).
Quando nós nos julgamos a nós mesmos estamos nos humilhando na presença do Senhor, estamos nos corrigindo e aprendendo a graça de Deus. Ensinados pela graça, podemos ajudar a outras pessoas, sem condenar.

Assim nos tornamos instrumentos da graça de Deus. Promovemos o reino do céu no coração das pessoas que Deus coloca em nossa vida.

quarta-feira, 29 de maio de 2013

Primeiro, o reino de Deus - Mt 6:33

Primeiro o reino de Deus
Igreja Evangélica Presbiteriana
Domingo, 25 de julho de 2012
Pr. Plínio Fernandes
Amados irmãos, vamos ler Mateus 6:25-34
25 Por isso, vos digo: não andeis ansiosos pela vossa vida, quanto ao que haveis de comer ou beber; nem pelo vosso corpo, quanto ao que haveis de vestir. Não é a vida mais do que o alimento, e o corpo, mais do que as vestes? 26 Observai as aves do céu: não semeiam, não colhem, nem ajuntam em celeiros; contudo, vosso Pai celeste as sustenta. Porventura, não valeis vós muito mais do que as aves? 27 Qual de vós, por ansioso que esteja, pode acrescentar um côvado ao curso da sua vida? 28 E por que andais ansiosos quanto ao vestuário? Considerai como crescem os lírios do campo: eles não trabalham, nem fiam. 29 Eu, contudo, vos afirmo que nem Salomão, em toda a sua glória, se vestiu como qualquer deles. 30 Ora, se Deus veste assim a erva do campo, que hoje existe e amanhã é lançada no forno, quanto mais a vós outros, homens de pequena fé? 31 Portanto, não vos inquieteis, dizendo: Que comeremos? Que beberemos? Ou: Com que nos vestiremos? 32 Porque os gentios é que procuram todas estas coisas; pois vosso Pai celeste sabe que necessitais de todas elas; 33 buscai, pois, em primeiro lugar, o seu reino e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas. 34 Portanto, não vos inquieteis com o dia de amanhã, pois o amanhã trará os seus cuidados; basta ao dia o seu próprio mal.
“Buscai, pois, em primeiro lugar, o seu reino e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas”.
Em nossa meditação de hoje, eu não pretendo, mais uma vez, falar aos irmãos sobre o reino de Deus: a sua origem, a sua natureza e o seu progresso sobre a terra. Pois quando estudamos o livro de Daniel, e ao começar os nossos estudos aqui no Evangelho de Mateus, aprendemos que a vinda do reino de Deus era uma promessa antiga, dada através dos profetas do Senhor. Promessa que iniciou seu cumprimento com a vinda de Jesus ao mundo, com a sua presença física entre nós, com suas obras de ensino, cura, libertação, com sua morte e ressurreição pelos nossos pecados. Na vinda de Jesus ao mundo, o reino de Deus se tornou presente entre nós (Mt 12:28).
Mas o reino de Deus não se resume a isto: ainda conforme as antigas profecias, a cada dia o reino de Deus continua a crescer entre os homens, onde quer que o Evangelho seja pregado e recebido com fé; onde quer que os homens, sem distinção de etnia, cor da pele, cultura, sexo, idade, se convertam ao Senhor Jesus.
Onde quer que, por meio do Espírito Santo falando no Evangelho, os homens são regenerados, ali o reino de Deus se instala, ali as pessoas são tiradas do império das trevas e transportadas para o reino do Filho do amor de Deus (Cl 1:13). As pessoas regeneradas começam uma nova maneira de viver, um novo relacionamento com Deus e os homens, que se estende para o além, para a eternidade. Quando partem desta vida, é para estar com Cristo, no Paraíso (Lc 23:43; Fp 1:23).
E também a Bíblia nos ensina que este reino que veio em Jesus, que se manifesta agora quando as pessoas se convertem, este reino também se revelará em toda a sua plenitude no futuro da terra e do universo inteiro, quando Jesus voltar ao mundo para o dia do juízo final. Aquele glorioso dia em que Jesus dirá aos que creram nele: “Vinde, benditos de meu Pai, e entrai na posse do reino que vos está preparado desde a fundação do mundo” (Mt 25:34).
Quanto à cronologia, então, dizemos que o reino de Deus se manifesta em três tempos: ele já veio, no passado, na vida, morte e ressurreição de Jesus. Ele acontece agora, por meio do Espírito e da Palavra de Deus na vida de todos aqueles que, ouvindo o evangelho, se arrependem de seus pecados e se convertem a Jesus. Eles “nascem de novo” e entram no reino de Deus (Jo 3:5). A acontecerá no futuro, quando Jesus voltar pessoalmente (Mt 25, etc).
Mas também temos visto o que significa “reino de Deus”: não é, no tempo presente, assim como não foi no tempo passado, um reino de coisas materiais.  O reino de Deus “não é deste mundo”, não possui sede própria, quartel general, soldados armados, comitês políticos (Jo 18:36) “não é comida nem bebida, mas justiça, alegria e paz no Espírito Santo” (Rm 14:17). Também não é um reino geograficamente visível, não está aqui ou ali, porque o reino de Deus está dentro de nós (Lc 17:21). Estas coisas sobre o reino nós temos visto em várias ocasiões.
Também não vamos hoje, meus irmãos, investir o nosso tempo dizendo que no ensino de Jesus aqui em nosso texto temos a orientação bíblica sobre como devemos fazer para lidar com a ansiedade. Certamente este é um ensino maravilhoso e necessário, porque neste mundo temos muitas preocupações que nos afligem: o que comer, o que beber, com o que vamos nos vestir, são necessidades legítimas, e muitas vezes ficamos ansiosos quanto a estas coisas. E Jesus nos ensina aqui também sobre esta importante questão.
Mas eu gostaria hoje de focalizar a nossa atenção no mandamento de Jesus no v. 33: “Buscai primeiro o reino de Deus e a sua justiça”.
Mais especificamente, na palavra “primeiro”. O que, dentro do contexto significa: não se preocupe, primeiro, com as suas necessidades; confie que o Pai sabe de tudo o que você precisa, e cuida de você; não se coloque a si mesmo em primeiro lugar, mas coloque o reino de Deus em primeiro lugar.
E desejo apresentar a nossa meditação a partir de uma pergunta: “O que você tem estado a buscar primeiro”? Em sua vida diária, em suas atividades, em meio aos seus afazeres... O que, ou quem você mais deseja? O que, ou quem é que ocupa os teus pensamentos? O que, ou quem, é o centro das afeições?
Pois buscar primeiro o reino de Deus significa ter a mente e o coração envolvidos com as coisas de Deus, ou antes, cativados pelas coisas de Deus.
1. Buscar primeiro o reino de Deus significa ter um coração cativado pelo amor do Rei
Quando um homem está cativado pelo reino de Deus, deseja a Deus acima de tudo e de todos. Mesmo quando está sozinho, o seu rei está com ele, nos seus pensamentos, no seu coração.
Por isto que orar sem cessar é algo natural. Tendo iluminados os olhos do entendimento, através da fé em Jesus, ele percebe a presença de Deus, o seu rei e soberano Senhor, em todas as circunstâncias, em todas as situações. Ele vê a presença de Deus na beleza dos lírios do campo; ele vê o cuidado de Deus na provisão para os pardaizinhos, ele sabe que toda a sua vida, desde o primeiro momento, até o último, está nas mãos do Senhor. E não fica preocupado com quantos dias vai viver, pois sabe que, apesar de todo o seu esforço, não pode acrescentar um côvado ao cumprimento de sua vida. Uma vez que ele percebe a presença e a providência de Deus em tudo, ele fala com Deus em todo o tempo, em tudo o que faz. E se alegra em Deus, se deleita em Deus. Se estiver triste, leva a Deus; nas horas de provação, leva tudo a Deus; deseja fazer o que Deus quer; leva a Deus as suas tentações, os seus pecados; deposita os seus fardos aos pés da cruz, confiando que o seu Salvador realmente salva, realmente perdoa, realmente restaura sua alma triste.
Ele deseja a Deus em todo o tempo. Um desejo, uma sede de Deus que se manifesta, por exemplo, em suas orações particulares.
Voltemos ao ensino de Jesus sobre oração aqui mesmo no capítulo 6:9, 10. Portanto, vós orareis assim:
9 Pai nosso, que estás nos céus, santificado seja o teu nome; 10 venha o teu reino; faça-se a tua vontade, assim na terra como no céu.
Não que a cada vez que oramos tenhamos que começar exatamente com estas palavras. Na própria Bíblia vemos diversidade na maneira como os homens de Deus oram. Mas há uma coisa em comum: aquilo que é revelado em cada caso é uma preocupação com a vontade de Deus, de se promover o seu reino.
Paulo passou vários anos de seu ministério preso, em várias ocasiões. Foi na prisão que escreveu as cartas aos Efésios, aos Filipenses, aos Colossenses, a Filemon, a 2ª a Timóteo. E em cada uma delas, diz que se ocupava de orar muito, por todas as igrejas, em pedir que o Espírito Santo as iluminasse quanto aos propósitos de Deus a fim de que conhecessem sua vontade, de que crescessem no conhecimento de Deus, que vivessem para o seu inteiro agrado.
O homem que coloca o reino em primeiro lugar se levanta com Deus, caminha com Deus, trabalha com Deus; quando vai dormir, Deus está em seus pensamentos, e às vezes até sonha com Deus. Buscar o reino de Deus, entre outras coisas, significa ter o reino de Deus como o mais proeminente objeto das nossas afeições, dos nossos pensamentos. E ele quer que as coisas de Deus, a vontade de Deus, os planos de Deus prevaleçam na terra. Ele deseja isto para a sua vida, para a sua família, para a igreja e para o mundo. Ele ora por isto, ele busca, se empenha.
2. Buscar primeiro o reino de Deus significa ter um coração cativado pelo amor à igreja, o povo do reino
O reino de Deus, naturalmente, não se restringe à igreja. Ele é muito mais abrangente, mas a Bíblia diz que a igreja foi feita reino de Deus.
A visão daquele que busca o reino em primeiro lugar é que igreja espalhada sobre a terra, e cada igreja em particular, a igreja é, por excelência, a manifestação do reino de Deus sobre a terra, e também uma agente do reino de Deus no mundo, por meio da qual este reino deve chegar ao coração dos homens.
Uma das mais belas descrições do relacionamento de Deus com a igreja está no livro do Apocalipse:
Ap 1:4-6
4 João, às sete igrejas que se encontram na Ásia, graça e paz a vós outros, da parte daquele que é, que era e que há de vir, da parte dos sete Espíritos que se acham diante do seu trono 5 e da parte de Jesus Cristo, a Fiel Testemunha, o Primogênito dos mortos e o Soberano dos reis da terra. Àquele que nos ama, e, pelo seu sangue, nos libertou dos nossos pecados,6 e nos constituiu reino, sacerdotes para o seu Deus e Pai, a ele a glória e o domínio pelos séculos dos séculos. Amém!
As sete igrejas da Ásia eram pequenas igrejas que ficavam nas cidades de Éfeso, Esmirna, Laodicéia, Tiatira, Pérgamo, Filadélfia e Sardes. O apóstolo João, antes de ser preso por causa do Evangelho, residia em Éfeso, e sua influência se estendia por toda a região da Ásia Menor. Aqui ele dirige cartas a cada uma destas igrejas, cartas da parte de Deus Pai, do Espírito de Deus (que aqui é mencionado como sete Espíritos – dando a ideia de perfeição), e de Jesus Cristo, a fiel testemunha, o que tem a proeminência sobre os mortos, o soberano dos reis da Terra. Cartas para estas igrejas que, em cada caso, em maior ou menor grau, precisavam ser consoladas, orientadas, e também corrigidas. Algumas delas incorrendo em pecados graves. Outras espiritualmente melhores.
Agora prestem atenção nestas palavras sobre Jesus que ele dirige para cada igreja:
“Aquele que nos ama, e, pelo seu sangue nos libertou dos nossos pecados, e nos constituiu reino, sacerdotes para o seu Deus e Pai...”.
Por isto digo que dedicar-se ao reino de Deus significa também dedicar-se à igreja de Deus, pois ela foi constituída reino.
Pensemos novamente no apóstolo Paulo. Vejamos o testemunho de suas afeições quanto à igreja de Deus.
2ª Co 11:20-30
20 Tolerais quem vos escravize, quem vos devore, quem vos detenha, quem se exalte, quem vos esbofeteie no rosto.21 Ingloriamente o confesso, como se fôramos fracos. Mas, naquilo em que qualquer tem ousadia (com insensatez o afirmo), também eu a tenho.22 São hebreus? Também eu. São israelitas? Também eu. São da descendência de Abraão? Também eu.23 São ministros de Cristo? (Falo como fora de mim.) Eu ainda mais: em trabalhos, muito mais; muito mais em prisões; em açoites, sem medida; em perigos de morte, muitas vezes.24 Cinco vezes recebi dos judeus uma quarentena de açoites menos um;25 fui três vezes fustigado com varas; uma vez, apedrejado; em naufrágio, três vezes; uma noite e um dia passei na voragem do mar;26 em jornadas, muitas vezes; em perigos de rios, em perigos de salteadores, em perigos entre patrícios, em perigos entre gentios, em perigos na cidade, em perigos no deserto, em perigos no mar, em perigos entre falsos irmãos;27 em trabalhos e fadigas, em vigílias, muitas vezes; em fome e sede, em jejuns, muitas vezes; em frio e nudez.28 Além das coisas exteriores, há o que pesa sobre mim diariamente, a preocupação com todas as igrejas.29 Quem enfraquece, que também eu não enfraqueça? Quem se escandaliza, que eu não me inflame?30 Se tenho de gloriar-me, gloriar-me-ei no que diz respeito à minha fraqueza.
Paulo reconhece que o tom com o qual estava falando não era dos melhores – no v. 21 diz que estava sendo insensato. No v. 23, que estava como que fora de si. Nos dias de hoje alguns diriam que ele estava psicologicamente “descompensado”. Ele estava assim porque, assim como hoje, a igreja estava correndo um grave perigo, o de se deixar iludir por alguns a quem, no v. 5 deste mesmo capítulo, Paulo chama de “super-apóstolos”. Gente que a pretexto de milagres, novas visões, mais eloquência, dizia-se melhor que o apóstolo Paulo. Pessoas que se diziam enviadas por Jesus, que se apresentavam com um nível de espiritualidade superior ao próprio apóstolo Paulo, que se afastavam da simplicidade do Evangelho de Jesus.  Era gente que não tinha o menor escrúpulo de explorar os fiéis. Como diz o v. 20, os devoravam, se exaltavam, escravizavam os crentes a si mesmos.
Então Paulo, não por preocupação consigo mesmo, mas por causa do zelo que tinha pelo bem estar da igreja, diz que não era em nada inferior aos tais “super-apóstolos” (esta é a palavra no texto grego – na verdade, “hiperlian”, sobre-excelente, além da medida). Mas que em toda sua vida se gastava, sofria, passava por privações e provações, por amor à igreja de Jesus. Trabalhos, fadigas, vigílias, perseguições. Mas, além de todas as coisas exteriores, e é aqui que desejo colocar a ênfase, a preocupação diária com todas as igrejas.
v. 28  Além das coisas exteriores, há o que pesa sobre mim diariamente, a preocupação com todas as igrejas.
Preocupação diária com todas as igrejas.
2.1. Em todas as suas cartas, Paulo demonstra uma grande preocupação doutrinária.
Pense nas cartas aos Gálatas, aos Romanos, aos Efésios, aos Colossenses. Pense em como Paulo investe grande parte de seus escritos estabelecendo doutrinas sobre as quais a nossa fé e as igrejas são edificadas.
Em vários lugares ele se preocupa em combater os ensinamentos errados, enfatizando que somente através de uma sã doutrina podemos entender o caminho da salvação. Em sua última reunião com os pastores da igreja em Éfeso, ele os exortou a vigiarem quanto a isto:
At 20:29-31
29 Eu sei que, depois da minha partida, entre vós penetrarão lobos vorazes, que não pouparão o rebanho.30 E que, dentre vós mesmos, se levantarão homens falando coisas pervertidas para arrastar os discípulos atrás deles.31 Portanto, vigiai, lembrando-vos de que, por três anos, noite e dia, não cessei de admoestar, com lágrimas, a cada um.
Homens falando coisas pervertidas, isto é, distorcidas; coisas que parecem ser verdadeiras mas não são. Então Paulo, aqui em Éfeso, e em muitas cartas, exorta as igrejas a permanecerem na doutrina certa. E não faz isto despreocupadamente, como se a doutrina fosse uma coisa secundária. Mas o faz apaixonadamente, com lágrimas (também não eram lágrimas teatrais, encenadas para arrancar dinheiro das pessoas, mas de preocupação). Ao seu amado Timóteo escreveu: “Tem cuidado de ti mesmo e da doutrina, pois fazendo isto te salvarás, tanto a ti mesmo como aos teus ouvintes” (1ª Tm 4:16).
2.2. Além disto, Paulo também tinha uma grande preocupação com a transformação espiritual dos crentes
2ª Co 12:20, 21
20 Temo, pois, que, indo ter convosco, não vos encontre na forma em que vos quero, e que também vós me acheis diferente do que esperáveis, e que haja entre vós contendas, invejas, iras, porfias, detrações, intrigas, orgulho e tumultos. 21 Receio que, indo outra vez, o meu Deus me humilhe no meio de vós, e eu venha a chorar por muitos que, outrora, pecaram e não se arrependeram da impureza, prostituição e lascívia que cometeram.
O que podemos notar, amados, é que o cuidado com o povo de Deus era uma coisa diária na vida de Paulo. Algo que tirava o sono dele. Que o fazia orar muito pelas igrejas. Que às vezes o deixava até “insensato”, tal era o seu envolvimento emocional, tal era a sua dedicação.
Buscar primeiro o reino de Deus significa também pensar primeiro na igreja de Deus
3. Buscar primeiro o reino de Deus também significa ter um coração cativado pela pregação do Evangelho do reino
Em Mateus 24:14, nosso Salvador ensina que “será pregado este evangelho do reino por todo o mundo, para testemunho a todas as nações, e então virá o fim”.
Os súditos do reino de Jesus anseiam pela volta do seu rei. E sabem que, antes dessa volta acontecer, é necessário que esta palavra se cumpra. Então se dedicam a pregar o Evangelho, para que Jesus possa voltar. Mas entendem não somente isto, pensam também que o reino precisa se instalar nos corações dos homens, do contrário estão perdidos. Por isto se dedicam a pregar o evangelho aos homens perdidos, que são amados e desejados por Deus.
1ª Co 9:20-23
20 Procedi, para com os judeus, como judeu, a fim de ganhar os judeus; para os que vivem sob o regime da lei, como se eu mesmo assim vivesse, para ganhar os que vivem debaixo da lei, embora não esteja eu debaixo da lei.21 Aos sem lei, como se eu mesmo o fosse, não estando sem lei para com Deus, mas debaixo da lei de Cristo, para ganhar os que vivem fora do regime da lei.22 Fiz-me fraco para com os fracos, com o fim de ganhar os fracos. Fiz-me tudo para com todos, com o fim de, por todos os modos, salvar alguns.23 Tudo faço por causa do evangelho, com o fim de me tornar cooperador com ele.
O mesmo envolvimento, o mesmo amor que vemos Paulo demonstrando para com as igrejas, nós o vemos demonstrando para com os de fora, fossem judeus ou gentios.
Uma palavra de cuidado, irmãos: algumas pessoas não entendem bem e acabam indo longe demais. Paulo não disse que para ganhar os pecadores você tem que se portar como um deles, praticar o pecado com eles.
Conheci um rapaz que chegou a fumar maconha para provar que estava livre e que podia fumar ou não, para ganhar seus ex-companheiros, usuários de drogas. O triste resultado é que seus ex-companheiros o ganharam de novo.
Infelizmente há daqueles que, a pretexto de pregação do Evangelho, acabam tornando-se mundanos. Não foi isto o que Paulo fez. Ele se tornava como um judeu, ou como um gentio, naquilo que havia de melhor, e não no que havia de pior.Para você ganhar pessoas de lábios impuros você não precisa falar palavrões também. Eles entendem uma linguagem sadia. Para ganhar pessoas da prostituição você não precisa andar com sensualidade, e assim por diante.
Paulo não media esforços, não media o negar-se a si mesmo, a fim de proclamar o Evangelho. Se entre os gentios, Paulo se portava como um gentio. Por exemplo, em Atos 17, nós o vemos no Areópago, usando os poetas gregos, para ganhar os Atenienses que não conheciam o Antigo Testamento. Para com os que não tinham lei, Paulo não usava a lei.
Em Atos 18 o vemos em Jerusalém, raspando a cabeça, fazendo um voto de nazireado, a fim de identificar-se com os judeus, a fim de criar laços fraternos que tornassem seu ministério mais aceitável aos judeus. Para os que estavam debaixo da lei, Paulo procedia como se assim estivesse, para ganhar os que viviam sob a lei.
Como Hudson Taylor na China, vestindo-se como um chinês, comendo como um chinês, fazendo-se como um chinês para ganhar os chineses, aos quais amava. Por isto tornou-se o “pai das missões modernas”.
Como Davi Wilkerson, dormindo dentro do próprio carro numa zona perigosa, de tráfico de drogas, para ganhar os jovens viciados. E por isto também se tornou o pai espiritual de uma multidão incontável.
O homem que busca primeiro o reino de Deus e a sua justiça, anela ardentemente ver a conversão de pessoas ao Senhor Jesus. Por isto ele ora, e se ora de verdade ele busca, e se dispõe, se dedica, se sacrifica, mas para ele não é sacrifício, é o seu prazer e o seu desejo. Ele admoesta com lágrimas. Ele ora com lágrimas. E quem perece, sem que ele se importe? Pois ele tem o mesmo sentimento que houve em Cristo Jesus, o sentimento de compaixão pelas almas, o desejo de que elas não pereçam, mas tenham a vida eterna.
Conclusão
O que é que tira o teu sono? No que é que você investe, ou “gasta” tua vida, teus bens, teu tempo, teus talentos? O que você busca em primeiro lugar?
Duas aplicações
1. Uma exortação aos que estão distraídos com as coisas desta vida:
Se você não busca o reino em primeiro lugar, está perdendo seu tempo com coisas que não satisfazem a alma, nem aqui nem na eternidade.
Está jogando sua vida fora, gastando seu dinheiro e seu tempo com bobagens.
Está buscando prazeres que não duram. Como quem usa drogas.
Não perca tempo atrás de riquezas, de intelectualidade mundana, nem de poder e status.
Jr 9:23, 24
23 Assim diz o SENHOR: Não se glorie o sábio na sua sabedoria, nem o forte, na sua força, nem o rico, nas suas riquezas; 24 mas o que se gloriar, glorie-se nisto: em me conhecer e saber que eu sou o SENHOR e faço misericórdia, juízo e justiça na terra; porque destas coisas me agrado, diz o SENHOR.
Busque andar com Deus. Busque o bem da igreja. Busque a salvação de almas. Busque estas coisas em primeiro lugar
2. Uma consolação aos que buscam o reino em primeiro lugar
Se você busca, o Pai, que vê todas as coisas sabe. Ele vê você. A tua vida, o teu coração. Ele sabe quem é o teu Senhor. O Pai, que vê a beleza dos lírios do campo, diz que a tua vida é ainda mais bonita que a dos lírios. Ele valoriza a tua vida. Ele, que cuida dos passarinhos, pequenos, dependentes, cuida de você. Mas você também sabe, não é? E ele promete que não somente te dá o necessário a cada dia, mas também que você tem um tesouro que está sendo acumulado no céu. Seja perseverante. Sê fiel até o fim, e você receberá a coroa da vida.

domingo, 26 de maio de 2013

Trigo de Deus - Mt 13: 24 e segs

Igreja Evangélica Presbiteriana
Domingo, 26 de maio de 2013
Pr. Plínio Fernandes
Por volta do ano 107, na cidade de Antioquia, um idoso bispo, Inácio, foi condenado à morte pelo crime de ser cristão. Então foi enviado a Roma a fim de ser lançado às feras para a diversão do povo, como parte das comemorações das conquistas romanas sobre os dácios.
Enquanto era levado pelos soldados através da Ásia menor até a capital do império, Inácio de Antioquia escreveu sete cartas às igrejas da região, que se tornaram importantes documentos sobre aquele período da História da Igreja, e também o testemunho da dedicação de muitos crentes que sofreram o martírio por causa de sua fé em Jesus.
E numa destas cartas Inácio escreveu: “Sou trigo de Deus, e os dentes das feras hão de moer-me, para que possa ser oferecido como limpo pão de Cristo”.[1]
“Trigo de Deus”. Na parábola que temos em nosso texto, o Senhor Jesus nos conta que
“o reino dos céus é semelhante a um homem que semeou boa semente em seu campo. Mas enquanto todos dormiam, veio o seu inimigo e semeou o joio no meio do trigo e se foi”. (Mt 13:24, 25 – NVI)
O joio, ou cizânia, é uma erva daninha que ate certo estágio de crescimento é muito parecida com o trigo. Só que suas raízes são mais emaranhadas na terra. Mas quando surge o fruto, é bem diferente: é um grão cinzento, amargo e tóxico, que não serve para alimentação; ao contrário, faz mal à saúde.
Quando o trigo brotou e formou espigas, o joio também apareceu. Os servos do dono do campo dirigiram-se a ele e disseram: ‘O senhor não semeou boa semente em seu campo? Então, de onde veio o joio’?‘Um inimigo fez isso’, respondeu ele. “Os servos lhe perguntaram: ‘O senhor quer que o tiremos”?“Ele respondeu: ‘Não, porque, ao tirar o joio, vocês poderão arrancar com ele o trigo” (vs. 24-29).
Isto por dois motivos: um deles, é que antes da colheita, joio e trigo são muito parecidos. Pode acontecer de serem confundidos um com o outro. O outro motivo é que, mesmo identificando o joio, ao arrancar suas raízes da terra, que são muito mais fortes que as do trigo, eles podem ser arrancados juntos. A separação só deve ser feita no dia da colheita, quando se pode observar a plena diferença entre os frutos de um e de outro.
“Então, deixem que cresçam juntos até a colheita. Então direi aos encarregados da colheita: Juntem primeiro o joio e amarrem-no em feixes para ser queimado; depois juntem o trigo e guardem-no no meu celeiro” (v. 30). Depois ele deixou a multidão e foi para casa. Seus discípulos aproximaram-se dele e pediram: “Explica-nos a parábola do joio no campo”. Ele respondeu: “Aquele que semeou a boa semente é o Filho do homem. O campo é o mundo, e a boa semente são os filhos do Reino. O joio são os filhos do Maligno, e o inimigo que o semeia é o Diabo. A colheita é o fim desta era, e os encarregados da colheita são anjos.“Assim como o joio é colhido e queimado no fogo, assim também acontecerá no fim desta era. O Filho do homem enviará os seus anjos, e eles tirarão do seu Reino tudo o que faz tropeçar e todos os que praticam o mal. Eles os lançarão na fornalha ardente, onde haverá choro e ranger de dentes. Então os justos brilharão como o sol no Reino de seu Pai. Aquele que tem ouvidos, ouça. (vs. 36-43).
O propósito de Jesus é nos ensinar que, neste mundo que pertence a Deus, existem filhos do reino de Deus e existem filhos do maligno. Existem justos e injustos. Existe mistura do bem e do mal. Mas que um dia haverá separação, uma separação que não pode acontecer agora, que não temos como fazer, mas que o Senhor, que conhece os que são seus, irá fazer no dia do juízo.
Agora, para que haja fruto naquele dia, é necessário ser trigo desde agora. No v. 38 ele diz que o trigo são os filhos do reino. Por isto foi que, ao ser conduzido para a morte em Roma, Inácio de Antioquia escreveu: “Sou trigo de Deus...”
Vamos meditar no significado disto.
1º. Jesus nos ensina o que é ser trigo de Deus
Isto porque, aqui no v. 38, ele diz que a boa semente são os filhos do reino, em contraste com os filhos do maligno, caracterizados pelos maus frutos de vidas iníquas. E no v. 43 ele os chama “justos”. Justos que resplandecerão como o sol, no reino de seu Pai.
Mas, além disto, em outro lugar ele se refere a si mesmo desta maneira:
Jo 12:23, 24
23 Respondeu-lhes Jesus: É chegada a hora de ser glorificado o Filho do Homem. 24 Em verdade, em verdade vos digo: se o grão de trigo, caindo na terra, não morrer, fica ele só; mas, se morrer, produz muito fruto.
André e Filipe haviam dito a Jesus que alguns gregos queriam vê-lo. Os fariseus, por sua vez estavam se queixando de que o mundo inteiro queria segui-lo. Então Jesus respondeu: chegou a hora do Filho do Homem ser glorificado.
Só que, ao contrário do que o homem pensaria normalmente, naquele momento a glorificação de Jesus não constituiria em ser colocado num trono, e sim numa cruz. Não seria receber uma coroa de ouro, mas de espinhos. Não seria receber um cetro de domínio, mas o arremedo de um cajado com o qual seria humilhado. Por isto, no v. 24 ele diz que deveria ser como um grão de trigo, que precisa morrer para dar fruto.
Isto trás à minha mente aquelas pequenas experiências que fazíamos quando éramos crianças, colocando uma sementinha, um grão de feijão, por exemplo, num pedaço molhado de algodão, para vê-lo germinar. Depois de alguns dias aquele grão se partia ao meio, e dali saia aquela nova plantinha que se multiplicaria em muitos outros grãos.
Assim precisava acontecer com Jesus. Para nos dar vida, seu corpo precisava ser moído, ele precisava morrer. Se ele não morresse, ficaria só, isto é, não conduziria qualquer pessoa ao céu, não salvaria qualquer pessoa. Mas se morresse, produziria “muito fruto”. Veria o fruto do penoso trabalho de sua alma, e ficaria satisfeito.
Mas agora leiamos também os vs. 25e 26.
25 Quem ama a sua vida perde-a; mas aquele que odeia a sua vida neste mundo preservá-la-á para a vida eterna. 26 Se alguém me serve, siga-me, e, onde eu estou, ali estará também o meu servo. E, se alguém me servir, o Pai o honrará.
Isto é, assim como o Senhor estava entregando sua vida, para com sua morte nos trazer ao reino de Deus, diz que todo aquele que o serve deve seguir nos mesmos passos que ele. É outra maneira de dizer que cada um de nós, se quer seguir a Jesus, precisa tomar dia a dia a sua cruz. Precisa ter a mesma atitude que há em Cristo Jesus. O grão de trigo precisa morrer para que possa dar fruto.
Agora, antes de dizer como alguém é transformado em trigo de Deus, vejamos que...
2º. Ser trigo de Deus é algo que toca toda a nossa vida
Pois ser trigo de Deus é morrer para si mesmo, a fim de viver para Deus
2.1. É morrer para si mesmo, a fim de fazer a vontade de Deus
Leiamos as palavras de Jesus em Jo 6:38
“Porque eu desci do céu, não para fazer a minha própria vontade, e sim a vontade daquele que me enviou”.
Agora, meus irmãos, quando falamos de fazer, não a própria vontade, isto não quer dizer uma vida triste, infeliz e amargurada. Ao contrário, como disse Jesus, quando nós deixamos de fazer nossa própria vontade, quando deixamos de buscar nossos próprios desejos, para colocar em primeiro lugar a vontade de Deus, então, em vez de perdermos a nossa vida, em vez de a desperdiçarmos, aí é que estamos encontrando a vida verdadeira, a vida em abundância, a verdadeira felicidade.
Jesus nunca foi infeliz. Nunca foi derrotado; mesmo na cruz, quando parecia ser a suprema derrota, ali foi a suprema vitória. Assim que todo aquele que diz: “Senhor, quero viver a cada dia para fazer a tua vontade”, nesta vontade de Deus encontra alegria e prazer de viver. A vontade de Deus é boa, perfeita e agradável.
Eu gosto de contar que, nos dias de minha conversão, tinha medo de me consagrar a Deus para fazer sua vontade, pois poderia ser que ele me mandasse para um lugar “no fim do mundo”, como o Amazonas, para pregar o Evangelho. Mas um dia venci o medo e me consagrei ao Senhor. Dois anos depois eu estava no Amazonas pregando o Evangelho. E foram tempos, não de frustração e tristeza, mas de alegria, prazer e realização. De fruto de vidas convertidas e consagradas ao Senhor. A vontade de Deus não entristece.
2.2. Ser trigo de Deus também é morrer para si mesmo, a fim de viver para o povo de Deus
Na carta aos Filipenses Paulo nos ensina que cada um de nós não deve ter em vista o que é propriamente seu.
Fp 2:3-5
3 Nada façais por partidarismo ou vanglória, mas por humildade, considerando cada um os outros superiores a si mesmo. 4 Não tenha cada um em vista o que é propriamente seu, senão também cada qual o que é dos outros. 5 Tende em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus.
E segue dizendo que Jesus foi obediente ao Pai sendo um servo humilde até à morte na cruz. E neste contexto Paulo diz que, como Jesus, não devemos viver em função dos nossos próprios interesses, e sim no interesse de nossos irmãos. Que devemos morrer para nosso orgulho, nossa vaidade, para nossos próprios projetos, a fim de edificar nossos irmãos.
Um dos homens que eu mais amo na Bíblia é alguém que em nossa mente é sempre um jovem, um querido discípulo de Paulo. Neste mesmo capítulo o apóstolo dá testemunho sobre o caráter de Timóteo.
Fp 2:19-21
19 Espero, porém, no Senhor Jesus, mandar-vos Timóteo, o mais breve possível, a fim de que eu me sinta animado também, tendo conhecimento da vossa situação. 20 Porque a ninguém tenho de igual sentimento que, sinceramente, cuide dos vossos interesses; 21 pois todos eles buscam o que é seu próprio, não o que é de Cristo Jesus.
Buscar o que é de Cristo Jesus significa negar-se a si mesmo esforçando-se para o bem da igreja de Deus. É ter para com a igreja o mesmo amor, a mesma dedicação que há no Senhor
2.3. Ser trigo de Deus é morrer para si mesmo a fim de alcançar vidas para o céu
1ª Co 9:19-23
19 Porque, sendo livre de todos, fiz-me escravo de todos, a fim de ganhar o maior número possível.20 Procedi, para com os judeus, como judeu, a fim de ganhar os judeus; para os que vivem sob o regime da lei, como se eu mesmo assim vivesse, para ganhar os que vivem debaixo da lei, embora não esteja eu debaixo da lei.21 Aos sem lei, como se eu mesmo o fosse, não estando sem lei para com Deus, mas debaixo da lei de Cristo, para ganhar os que vivem fora do regime da lei.22 Fiz-me fraco para com os fracos, com o fim de ganhar os fracos. Fiz-me tudo para com todos, com o fim de, por todos os modos, salvar alguns.23 Tudo faço por causa do evangelho, com o fim de me tornar cooperador com ele.
Com isto Paulo não quer dizer que se amoldou aos padrões pecaminosos da vida de algumas pessoas. Ele não se fez drogado para ganhar os drogados. Não se fez homossexual para ganhar os homossexuais.
Mas naqueles aspectos culturais que não prejudicavam sua conduta cristã, que não entristeciam o Espírito Santo que habitava em seu coração, ele simplesmente abriu mão de suas tradições e costumes, abriu mão de seus próprios gostos, a até mesmo de sua própria liberdade, a fim de libertar a outros, a fim de ganhar para Jesus o máximo número de pessoas que pudesse.
Passou anos de sua vida preciosa na prisão, por causa do Evangelho. E na prisão continuava a pregar, continuava a escrever às igrejas, continuava a servir a Deus. Passou necessidades, privações. Passou humilhações. Foi mal compreendido, tido como falso apóstolo, injuriado, difamado. Mas permaneceu até o fim, selando seu testemunho com a própria vida.
Ser trigo de Deus é morrer para si mesmo, a fim de viver para Deus. Como é que isto acontece? Será que alguém pode, de si mesmo, fazer-se uma pessoa assim? Será que ser trigo é olhar para Jesus apenas como um grande mestre, um exemplo digno de ser seguido, e imitá-lo?  Será que nisto consiste a nossa redenção? Uma decisão moral que nos leve a uma imitação de Jesus?
De maneira alguma. É claro que seguir a Jesus também significa seguir seu exemplo. Mas antes disto, é preciso que aconteça algo muito mais profundo. É necessário que haja uma transformação na própria natureza do ser humano interior, do coração, da alma.
3º. Jesus é quem nos faz trigo de Deus
Voltemos ao texto de Mateus
Mt 13:37, 38
37 E ele respondeu: O que semeia a boa semente é o Filho do Homem;38 o campo é o mundo; a boa semente são os filhos do reino; o joio são os filhos do maligno...
Quem nos faz boa semente é o Filho do Homem, Jesus. Pois de outra maneira, com nossa inclinação natural para o pecado, para o tropeço, para a transgressão da lei, seríamos todos filhos do maligno. Pois todos pecaram e foram destituídos da glória de Deus.[2] Tornar-nos boa semente, então, é obra de Jesus.
3.1. Jesus nos torna boa semente através de sua morte em nosso favor
Como já vimos anteriormente, ele disse que, se não morresse, ficaria só, mas se morresse daria muito fruto.[3] Preste atenção: seguir a Cristo não é simplesmente tê-lo como um exemplo digno de ser imitado. A nossa salvação não consiste em seguir o exemplo dele neste sentido. Um cristianismo que fale de Jesus apenas como um exemplo, um grande mestre, não é o cristianismo bíblico. Ao contrário, é um perigo terrível e diabólico.
O cristianismo revelado nas Escrituras é baseado na cruz. Não uma cruz retórica, paradigma da fé, mas uma cruz real, histórica, palpável. Jesus morreu de verdade. E ressuscitou de verdade. E nesta morte e ressurreição está a nossa salvação.
Gl 3:1-3
1 Ó gálatas insensatos! Quem vos fascinou a vós outros, ante cujos olhos foi Jesus Cristo exposto como crucificado? 2 Quero apenas saber isto de vós: recebestes o Espírito pelas obras da lei ou pela pregação da fé? 3 Sois assim insensatos que, tendo começado no Espírito, estejais, agora, vos aperfeiçoando na carne?
Seguir a Cristo, antes de mais nada, é olhar para a cruz, e ver que nela Jesus realmente levou sobre si o castigo que era nosso; que ele levou sobre si os nossos pecados. Que o castigo que nos trás a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras nós fomos sarados. É depositar a nossa fé em Jesus. Quando cremos em Jesus recebemos o Espírito dele em nosso coração, e somos transformados em nova criação. Criação do céu.
3.2. Jesus nos torna boa semente ao nos unir a si mesmo, através da fé em sua morte por nós
Quando entendemos que Jesus morreu por nós, entendemos também que na cruz nós morremos com ele. Morreu nosso velho homem, para que assim como ele ressuscitou, nós também agora andemos em novidade de vida.
Gl 2:19, 20
19 Porque eu, mediante a própria lei, morri para a lei, a fim de viver para Deus. Estou crucificado com Cristo; 20 logo, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim; e esse viver que, agora, tenho na carne, vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou e a si mesmo se entregou por mim.
Através da fé em sua morte e ressurreição, por mim, estou unido a Jesus Cristo. O Espírito dele habita em mim. E por este poder que habita em mim, que eu posso considerar crucificado meu velho homem, dizer não ao meu egocentrismo, e fim de viver para Deus.
Só para ilustrar, de maneira bem simples: penso, por exemplo, em certa ocasião que estava com um irmão nas dependências de uma faculdade aqui em São Paulo. Tínhamos ido ali para evangelizar. Mas eu não estava me sentindo muito animado.
Eu olhei para um jovem, e depois disto disse ao meu amigo: “Prá dizer a verdade, não estou com vontade alguma de evangelizar aquele rapaz”. Então subiu uma pergunta à minha mente: “Morto tem vontade?”
Eu “entendi o recado” imediatamente, e sem dizer mais nada, saí do lugar em que estava, seguido pelo meu companheiro, fui até o universitário e partilhei com ele o plano da salvação ensinado na Bíblia.
No dia seguinte o meu amigo perguntou o que tinha acontecido naquela hora, e eu contei. Então ele me disse: “Eu te perguntei por que enquanto você falava com aquele moço, me parecia que o amor transpirava pelos seus poros”.
Sem Jesus eu apenas viveria uma vida de religiosidade externa, de regras de homens, de boas obras, esforçando-me para obedecer. Lutaria contra o pecado “na marra”, evangelizaria “na marra”, viria na igreja “na marra”, amaria minha família “na marra”. Seria apenas um arremedo de cristianismo.
Mas unido a Jesus pela fé, a fé que faz o amor acontecer, então vivo no poder do Espírito Santo, e assim, somente assim, o fruto do Espírito se manifesta.
Gl 5:22, 23
22 Mas o fruto do Espírito é: amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade,23 mansidão, domínio próprio. Contra estas coisas não há lei.
Ser trigo de Deus é estar unido a Jesus.  E ter em Jesus a nossa redenção, a nossa justificação, a nossa santificação. É ter o Espírito dele habitando em nosso coração. E por este Espírito experimentar o poder do seu amor. Se pela fé estamos unidos a ele, como ele mesmo diz: “Aquele que permanece em mim, e eu nele, esse dá muito fruto, porque, sem mim, nada podeis fazer”.[4]
Conclusão
O campo é o mundo. O que semeia a boa semente é o Filho do homem. A boa semente são os filhos do reino... Na consumação do século, o Filho do Homem enviará os seus anjos para a colheita. Então, os justos resplandecerão como o sol no reino de seu Pai.
Na parábola do joio e do trigo, Jesus nos ensina que o trigo são os filhos do reino de Deus. São pessoas que, unidas a Jesus pela fé, morrem para si mesmos a fim de viver para Deus, e nisto encontram a verdadeira vida. O propósito deles é frutificar no reino, andando em amor, ganhando almas e edificando a igreja.
Aplicações
Eu gostaria de fazer duas aplicações:
1. Você está unido a Jesus através da fé? Você o recebeu em seu coração? Crê que ele perdoou seus pecados na cruz?
Se for assim, você é filho do reino. É trigo de Deus. Creia nisto de todo o seu coração. Considere-se morto para o pecado, e vivo para Deus. Creia no poder do Espírito de Cristo habitando em seu coração. Confesse a Jesus como teu Senhor. Confesse a si mesmo como servo de Jesus, trigo de Deus.
Aja de acordo com isto. Deixe que Jesus viva sua vida ressurreta através de você: que ele ame com seu coração, que ele fale com seus lábios, que ele use você para abençoar sua casa, sua igreja, e todos os irmãos no mundo inteiro; que ele use você para alcançar vidas por seu intermédio.
2. Você ainda não recebeu a Jesus como seu Salvador e Senhor?
Querido, sem Jesus você não pode dar bons frutos. Sem ele você nada pode fazer. Você não acha que a melhor maneira de uma pessoa viver, é vivendo para Deus? Do contrário, sua vida será desperdiçada, aqui e na eternidade. Como joio, dará apenas frutos amargos. E frutos amargos não verão o reino de Deus. Não jogue sua vida fora. Confie em Jesus, receba-o como seu Salvador, pela fé, e ele transformará sua existência.


[1] Gonzales, Justo, Uma História Ilustrada do Cristianismo, vol. 1, A era dos mártires (São Paulo, Vida Nova, 1980), págs. 66-69
[2] Rm 3:23
[3] Jo 12:23, 24
[4] Jo 15:4

sexta-feira, 24 de maio de 2013

Um só Senhor - Mt 6:24


Um só Senhor
Igreja Evangélica Presbiteriana
Domingo, 6 de julho de 2012
Pr. Plínio Fernandes
Queridos, vamos ler Mateus 6:24
“Ninguém pode servir a dois senhores; porque ou há de aborrecer-se de um e amar ao outro, ou se devotará a um e desprezará ao outro. Não podeis servir a Deus e às riquezas”.
Quando eu era menino, aprendi na escola uma definição bem simples, mas bem abrangente, do que são seres vivos: “seres vivos são seres que nascem, crescem, se reproduzem e morrem”. Do ponto de vista naturalista, nós podemos concordar com esta definição.
Mas ao mesmo tempo, no que diz respeito aos seres humanos, sabemos que nela está faltando algo. Pois como diz o livro de Eclesiastes, “Deus pôs eternidade no coração do homem” (Ec 3:11, ARA). A nossa natureza humana, criada à imagem e semelhança de Deus, não se conforma em apenas nascer, crescer, se multiplicar e depois morrer.
Também não nos conformamos – e os reis e poderosos deste mundo são um triste testemunho disto – não nos conformamos apenas em desfrutar as coisas que esta vida natural pode nos oferecer.  Por exemplo, estou pensando em Fred Mercury, que foi vocalista do famoso “Queen”. Em certa ocasião ele disse que experimentou e desfrutou de tudo o que muitas pessoas queriam: dinheiro, bens materiais, popularidade, sexo de todo jeito – além de outra coisa que muitos estão querendo legalizar em nosso país: drogas. E nada disso o fez feliz.
Nós ansiamos por algo mais que isto. Não cremos que desfrutar dos prazeres físicos seja toda a vida que existe. Por isto que o ensino de Jesus, por si só, faz bem ao nosso coração: ele nos diz que veio ao mundo para que nós tenhamos vida, mas vida em abundância, e nos mostra – não apenas diz, mas também mostra – que a vida não é somente aqui, mas que ela continua depois desta vida. Que é para sempre. E que quando vivemos à luz disto, a nossa vida aqui neste mundo se torna melhor, pois ela passa a ter um propósito eterno.
Jesus nos ensina que vivemos para Deus: para amar a Deus, para fazer a sua vontade, para servir a Deus. E que quando vivemos de acordo com este propósito, isto trás a nós a verdadeira vida, vida em abundância.
Nos versículos anteriores ao nosso texto de hoje, temos ouvido o Senhor Jesus dizer:
“Existe a terra, mas existe o céu: ajunte tesouros no céu. Coloque o seu coração no céu. Por que as coisas da terra passam rapidamente, mas as coisas do céu são eternas”.
“Que não somente o teu coração esteja no céu, mas que os teus olhos sejam bons, (ou, traduzindo melhor,) que o teu o olho seja um só, que o teu olhar esteja numa só coisa: na eternidade”.
“Não seja uma pessoa dividida entre dois amores”.
E no versículo que estamos considerando hoje, ele continua, como bom mestre, a enfatizar o mesmo ensino, com estas palavras:
“Ninguém pode servir a dois senhores; porque ou há de aborrecer-se de um e amar ao outro, ou se devotará a um e desprezará ao outro. Não podeis servir a Deus e às riquezas”.
Você consegue imaginar uma pessoa fazer isto? Uma pessoa ser escrava de duas?
John Stott nos lembra que uma pessoa pode ser empregada de dois patrões, mas ninguém pode ser escravo de dois senhores ao mesmo tempo, porque ter um só dono e prestar serviço de tempo integral são a essência da própria escravidão.[1]
Naturalmente que esta servidão da qual Jesus fala não é uma servidão involuntária, como a do homem que foi vencido na guerra e escravizado, ou do que foi raptado e vendido. É uma servidão de coração, o fruto do amor que fixou os olhos no sujeito de seu desejo.
O que Jesus, mais uma vez está falando, é sobre as nossas afeições. Assim como o coração deve estar no céu. Assim como a nossa visão deve estar num só propósito. Servir “somente um” é amar, é desejar, é confiar, é se devotar a alguém que de tal modo cativa o nosso coração, que bem podemos reconhecê-lo como Senhor, não somente porque ele tem autoridade para isto, mas também porque todo o nosso ser alegremente se ajoelha diante dele.
1. Deus é o nosso Senhor
É bem fácil entender as palavras de Jesus, porque todo o ensino do nosso Salvador é no sentido de devemos viver para Deus. Quando, depois de falar que devemos ajuntar tesouros no céu, ele diz que não podemos “servir a Deus e às riquezas”, é claro que está nos ensinando a viver para servir a Deus.
Mas eu gostaria de assinalar quem, na Bíblia, é o Deus a quem devemos servir.
E para isto vamos nos deter, de modo breve, no Evangelho de Mateus:
1.1. Primeiramente, Mateus nos apresenta Deus como aquele que falou no passado, por meio da lei e dos profetas (Mt 1:22), o Deus que no Antigo Testamento se revela pelo nome de IAVÉ, ou JAVÉ (ou Jeová, conforme algumas versões), o Pai de nosso Senhor Jesus Cristo.
O Senhor, que enviou seu anjo a José, a fim de explicar que Jesus seria o Emanuel, Deus conosco (Mt 1:20-23). Aquele, que por ocasião do Batismo de Jesus havia falado do céu: “Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo” (Mt 3:17).
1.2. Além disto, Mateus também nos apresenta o Espírito Santo como sendo o Espírito de Deus.
O Espírito Santo cujo poder envolveu Maria de tal como que, sem a concorrência da semente masculina Jesus fosse concebido no ventre da virgem (Mt 1:20). O Espírito Santo que desceu sobre o Senhor Jesus por ocasião do seu batismo, revestindo-o de poder para o cumprimento de sua missão (Mt 3:16). Que também conduziu e sustentou Jesus pelo deserto em seus dias de jejum e tentação (Mt 4:1). Que de tal modo autenticou o ministério do Senhor, que ele disse: “Não blasfemem contra ele. Se alguém blasfemar contra o Espírito Santo não será perdoado, nem neste mundo nem no mundo porvir” (Mt 12:32). O Espírito Santo, a quem Jesus declara ter tanta autoridade quanto ele e o Pai, ao dizer: “Ide, fazei discípulos, batizando-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo” (Mt 28:19).
1.3. E Mateus nos ensina que servir a Deus também significa servir ao próprio Senhor Jesus Cristo.
Eu desejo comparar o que Jesus fala aqui em 6:24, explicando que devemos ter um só Senhor, com o que diz logo depois, em 7:21-24.
21 Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus. 22 Muitos, naquele dia, hão de dizer-me: Senhor, Senhor! Porventura, não temos nós profetizado em teu nome, e em teu nome não expelimos demônios, e em teu nome não fizemos muitos milagres? 23 Então, lhes direi explicitamente: nunca vos conheci. Apartai-vos de mim, os que praticais a iniquidade.
Como já estudamos anteriormente, Jesus é Emanuel, Deus conosco (Mt 1:23). Não é sem motivo, portanto, que ele revindica o direito de ser reconhecido e obedecido como nosso Senhor, tanto como o Pai; como aquele que no último dia dirá a muitos: “apartai-vos de mim, os que praticais a iniquidade”, demonstrando assim mais uma vez que a morte e a vida eterna estão em suas mãos. Assim, tanto o Pai, como o Filho, como o Espírito Santo são descritos como divinos. Cada um deles deve ser reconhecido e adorado, amado e servido como Senhor.
De forma, meus irmãos, que quando Jesus nos ensina que devemos viver para servir a Deus, que Deus é o nosso único Senhor, devemos considerar que o Deus da Bíblia, a respeito de quem estamos falando, não é uma ideia genérica de Deus, um Deus que se revela em qualquer religião, que está em outros sistemas além do Cristianismo, mas é a Trindade Santíssima, o Pai, o Filho e o Espírito Santo. Somente no Deus da Bíblia há salvação. Somente em Jesus há redenção. Não existe outro nome pelo qual importa que sejamos salvos (At 4:12), e quem não tem o Filho, isto é, quem não tem Jesus, também não tem o Pai (Jo 3:35, 36; Jo 5:23).
Em segundo lugar, consideremos...
2. Não podemos servir a dois senhores
É fácil entender o que isto significa. Pois Jesus já disse antes: “ajuntai tesouros no céu, porque onde está o teu tesouro, ali está o teu coração... se o teu olho estiver focalizado em um só propósito, você andará sabendo para onde vai”... e mais adiante ele dirá: “buscai primeiro o reino de Deus e a sua justiça”... Assim, servir somente a Deus significa viver somente para ele, amar somente a ele, confiar somente nele.
2.1. E no versículo 24 Jesus diz explicitamente que o pecado específico ao qual está se opondo no presente é a confiança e o amor às riquezas.
Não podeis servir a Deus e às riquezas. Engraçado, mas Jesus estava falando com gente pobre, que eram os seus discípulos. Porque Jesus sabia que não somente os ricos, mas também os pobres, amam as coisas materiais.
Tempos depois o apóstolo Paulo escreveu que o amor do dinheiro é a raiz de toda a espécie de males.
1ª Tm 6:10, 11
10 Porque o amor do dinheiro é raiz de todos os males; e alguns, nessa cobiça, se desviaram da fé e a si mesmos se atormentaram com muitas dores. 11 Tu, porém, ó homem de Deus, foge destas coisas; antes, segue a justiça, a piedade, a fé, o amor, a constância, a mansidão.
O amor das riquezas é a verdadeira razão de guerras entre as nações. É a razão de assaltos, assassinatos, traições. Mas não somente destes pecados grosseiros: é a razão de traição nas relações de trabalho, de intrigas, de mentiras. É a razão de noites de insônia, de stress, de toda sorte de enfermidades da mente e do coração.
Também na vida religiosa: o amor das riquezas é fonte de toda sorte de doutrinas e teologias mentirosas, que invertem as palavras de Jesus, e fazem, não com que os homens sejam servos de Deus, mas que Deus seja o servo dos homens, que colocam o coração dos homens nas coisas deste mundo. Enfatizemos o que Jesus nos diz: não existe como amar as riquezas e amar a Deus ao mesmo tempo. Não podemos servir aos dois.
2.2. Mas, por extensão natural, isto também quer dizer que não podemos servir a outros deuses.
Digo isto, não porque existam outros deuses, mas porque, como ensina o apóstolo Paulo, existem muitos outros seres espirituais que são tidos como deuses. Ora, se nós temos ao Deus da Bíblia como nosso Senhor, então todos os que desejam assumir o lugar de deus em nossa vida devem ser rejeitados.
1ª Co 8:5, 6
5 Porque, ainda que há também alguns que se chamem deuses, quer no céu ou sobre a terra, como há muitos deuses e muitos senhores, 6 todavia, para nós há um só Deus, o Pai, de quem são todas as coisas e para quem existimos; e um só Senhor, Jesus Cristo, pelo qual são todas as coisas, e nós também, por ele.
No contexto deste capítulo, Paulo estava explicando que os cristãos de Corinto não precisavam ficar demasiadamente preocupados com os alimentos que comiam, em especial a carne. Porque grande parte da carne que era vendida nos mercados, antes disso havia sido oferecida aos deuses gregos; em virtude disto, alguns crentes em Jesus se sentiam perturbados: “Será que não é pecado comer um alimento que foi oferecido aos deuses”?
Então Paulo, desejando tirar da consciência deles um peso que eles não precisavam carregar, escreveu que realmente existem alguns seres, nos céus e na terra, que se chamam deuses e senhores – na verdade, no cap. 10 ele vai dizer que nas festas pagãs, as coisas sacrificadas a estes deuses são sacrificadas a demônios, por isto um crente não deve participar destas festas.
Mas aqui ele diz que se o cristão vai ao mercado comprar carne, não precisa se preocupar em saber se aquela carne foi ou não oferecida a algum deus, porque, para nós não existe nenhum outro Deus, a não ser o Pai, e nenhum outro Senhor, a não ser Jesus.
É fácil entender que Paulo não está dizendo que Deus Pai não é Senhor; nem dizendo que o Filho não é Deus. Ele está usando as palavras Deus e Senhor como equivalentes, para dizer que tanto o Pai como o Filho são nosso Deus e Senhor.
Então para nós só existe um Deus e Senhor, e nenhum mais.
2.3. Se somente Deus é nosso Senhor, isto também significa que não podemos viver para servir a seres humanos
Gl 1:10
Porventura, procuro eu, agora, o favor dos homens ou o de Deus? Ou procuro agradar a homens? Se agradasse ainda a homens, não seria servo de Cristo.
Para entender melhor, leiamos também os dois versículos anteriores:
Gl 1:8, 9
8 Mas, ainda que nós ou mesmo um anjo vindo do céu vos pregue evangelho que vá além do que vos temos pregado, seja anátema.9 Assim, como já dissemos, e agora repito, se alguém vos prega evangelho que vá além daquele que recebestes, seja anátema (anátema quer dizer condenado, ou amaldiçoado, ou votado à destruição).
Nesta carta, Paulo estava combatendo o ensino de algumas pessoas que se diziam mestres do Cristianismo, mas que pregavam um evangelho diferente. Estes mestres ensinavam que, para uma pessoa ser salva, não bastava que ela cresse em Jesus Cristo.
Também era necessário que ela guardasse os preceitos cerimoniais da lei judaica, especialmente a observância do sábado, da circuncisão, das disposições quanto à alimentação – “aquela carne pode comer, aquela outra não pode”, e assim por diante.
Então Paulo diz: “Irmãos, este não é o evangelho que temos pregado. Aliás, isto não é evangelho. O evangelho que temos pregado é o que diz que somos salvos dos nossos pecados pela morte de Cristo, e não pela nossa observância à lei. Se alguém – pode ser um anjo do céu, um espírito de luz, ou até mesmo eu, que sou apóstolo – vier, e pregar a vocês um evangelho que vá além disto, condenem. Não aceitem”.
E percebendo a gravidade de suas próprias palavras, percebendo que com isto poderia estar deixando muita gente triste, e bem provavelmente irada, ele acrescenta no v. 10: Porventura, procuro eu, agora, o favor dos homens ou o de Deus? Ou procuro agradar a homens? Se agradasse ainda a homens, não seria servo de Cristo.
Noutro contexto, irmãos, Paulo escreve que, naquilo que for bom para a edificação dos irmãos, nós precisamos nos agradar uns aos outros.[2] Mas aqui ele nos mostra que, quando a verdade da Palavra de Deus está em questão, não devemos ter medo de desagradar, a quem quer que seja.
Pode ser um anjo do céu: se ele está pregando um Evangelho que vá além do que diz a Bíblia, seja anátema.
O Evangelho é esta mensagem: “Cristo morreu pelos nossos pecados, segundo as Escrituras; foi sepultado e ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras” (1ª Co 15:1-3). Se um apóstolo vier e disser que existe algo mais, seja rejeitado.
“Ah! Mas ele é tão fervoroso. Ele é tão consagrado. Ele é tão iluminado. Ele é PHD em espiritualidade quântica. Tenho certeza que é o Espírito Santo que fala através dele”.
Sim. Agora o Espírito Santo resolveu dizer umas coisas que a Bíblia não diz, fazer umas coisas que a Bíblia não faz! A Bíblia não é tudo? Então agora é o apóstolo fervoroso, e não a Bíblia, o alvo da nossa fé?
Não pastor: “Ele não está falando coisas além da Bíblia. É que nestes últimos dois mil anos ninguém entendeu o Evangelho direito. E ele entende”.
Certo: Deus deixou todos os seus servos do passado com “meio Evangelho”, e agora, através dos novos apóstolos está dando o verdadeiro Evangelho. Isto é bíblico?
Não podemos ser servos de Cristo e servos de homens. Mesmo que sejam fervorosos, consagrados. Mesmo que sejam bem articulados, diplomados, que digam coisas pomposas. Mesmo que sejam influentes. Se o Evangelho que pregam não é o Evangelho que Cristo e os apóstolos pregavam, sejam rejeitados.
2.4. Por último, também não podemos servir a Deus e a nós mesmos
2ª Co 5:14, 15
14 Pois o amor de Cristo nos constrange, julgando nós isto: um morreu por todos; logo, todos morreram. 15 E ele morreu por todos, para que os que vivem não vivam mais para si mesmos, mas para aquele que por eles morreu e ressuscitou.
Em certo sentido, irmãos, aqui está o pior de todos os falsos deuses: o nosso próprio eu. Porque os outros falsos deuses, como as riquezas, os ídolos, os outros homens, são realidades mais objetivas, externas.  Mas uma natureza centrada em si mesma é uma coisa interna, que faz parte da nossa própria constituição.
Então nós temos a tendência de viver para servir a nós mesmos, à nossa vontade, aos nossos desejos.  E quantas vezes ouvimos pessoas de igreja dizerem: “Mas não é isto o que eu quero”, num contexto em que a vontade de Deus, conforme revelada na Bíblia, é o que está sendo exposta.
Você explica o que diz a Bíblia, e elas respondem: “Mas não é isto o que eu quero”... E não digo isto, meus irmãos, com um espírito de condenação, pois cada um de nós, inclusive eu, sabemos quão desesperadamente corrupto e enganoso é o nosso coração. Sabemos que o espírito está pronto e que a carne é fraca.
Mas amados, ao mesmo tempo, vejam que coisa magnífica: existe um poder, um poder que está dentro de nós, que nos dá vitória sobre a nossa carne, sobre os nossos desejos egoístas, que nos modifica e derrota este pretenso deus interior, orgulhoso, egocêntrico e dado a futilidades: o poder do amor de Cristo.
O amor de Cristo nos constrange (nos cerca de todos os lados), de tal maneira que nós passamos a julgar, a avaliar, a considerar as coisas de um modo diferente:
“Cristo morreu por todos nós. Então ali na cruz nós morremos com ele. E se por amor ele morreu para que nós vivamos, então nós, os que vivemos, não viveremos mais para nós mesmos, mas para Jesus Cristo, que por nós morreu e ressuscitou”.[3]
E não precisamos ter medo de viver para servir ao Deus que nos amou. Não precisamos ter medo de nos dedicar ao seu reino. Não precisamos ter receio quanto ao futuro. O seu amor demonstrado na cruz nos dá a certeza de que podemos confiar totalmente nele, em seus bons desejos e perfeitos planos para conosco. Podemos viver para ele.
Conclusão e aplicação
1º Rs 18:21
“Então, Elias se chegou a todo o povo e disse: Até quando coxeareis entre dois pensamentos? Se o SENHOR é Deus, segui-o; se é Baal, segui-o. Porém o povo nada lhe respondeu”.
O profeta Elias estava diante de numerosa multidão de israelitas.
Assim como aconteceu em muitas outras ocasiões, os israelitas estavam servindo ao Senhor e a outros deuses, no caso aqui, o falso deus Baal. Então ele os confrontava: “Até quando coxeareis, até quando ficarão mancando de um lado para o outro, entre dois pensamentos? Se o SENHOR é Deus, segui-o; se é Baal, segui-o. Vocês não podem servir a dois senhores”.
Não podemos servir a dois senhores, mas somente ao Deus Pai, Filho e Espírito Santo. Não podemos servir ao Deus triuno e ao mesmo tempo aos deuses orientais, nem aos deuses afro-brasileiros, nem aos deuses do paganismo europeu, nem as deuses ameríndios. Somente ao Deus de Israel.
E nem precisamos temer aos falsos deuses. Certa ocasião, uma jovem recém-convertida me confidenciou que estava com medo. Porque, antes de se converter, ela fizera uma promessa a Cosme e Damião, a promessa de uma oferenda que ela cumpria todos os anos. Mas agora ela tinha medo de parar e desagradar aos santos.
Então eu disse a ela: “Eu não conheço a história de Cosme e Damião. Não sei se eles eram cristãos. Mas uma coisa eu tenho certeza: se eles eram cristãos, e agora você deixar de prestar seu culto a eles porque se converteu a Jesus, eles não vão ficar tristes. Ao contrário, vão ficar contentes. Se, por outro lado, eles não eram cristãos, e ficarem bravos, não tenha medo deles, porque ninguém é mais poderoso que Jesus”. E ela creu em Jesus somente.
O único Deus todo poderoso é o Senhor.
Também não podemos servir a Deus e às riquezas (Ah! Quantos crentes sacrificam os princípios da Bíblia, porque “se entrarem para a Maçonaria”, os maçons garantem que a vida profissional irá prosperar!!!)
E também não podemos servir a Deus e a seres humanos, nem a nós mesmos, mas viver somente para o Senhor, em amor e devoção. Esta é a verdadeira razão de viver.

[1] Em Contracultura Cristã, comentando o versículo.
[2] Rm 15:1,2
[3] Paráfrase de 2ª Co 5:14, 15
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