Igreja
Evangélica Presbiteriana
Domingo,
29 de novembro de 2009
Pr.
Plínio Fernandes
Amados irmãos,
vamos ler Gênesis 29:14-30
14 Disse Labão a Jacó: De fato, és meu osso e minha carne. E Jacó, pelo
espaço de um mês, permaneceu com ele. 15 Depois, disse Labão a Jacó:
Acaso, por seres meu parente, irás servir-me de graça? Dize-me, qual será o teu
salário? 16 Ora, Labão tinha duas filhas: Lia, a mais velha, e
Raquel, a mais moça. 17 Lia tinha os olhos baços, porém Raquel era
formosa de porte e de semblante. 18 Jacó amava a Raquel e disse:
Sete anos te servirei por tua filha mais moça, Raquel. 19 Respondeu
Labão: Melhor é que eu ta dê, em vez de dá-la a outro homem; fica, pois,
comigo. 20 Assim, por amor a Raquel, serviu Jacó sete anos; e estes
lhe pareceram como poucos dias, pelo muito que a amava.
21 Disse Jacó a Labão: Dá-me minha mulher, pois já venceu o prazo, para que
me case com ela. 22 Reuniu, pois, Labão todos os homens do lugar e
deu um banquete. 23 À noite, conduziu a Lia, sua filha, e a entregou
a Jacó. E coabitaram. 24 (Para serva de Lia, sua filha, deu Labão
Zilpa, sua serva.)
25 Ao amanhecer, viu que era Lia. Por isso, disse Jacó a Labão: Que é isso
que me fizeste? Não te servi eu por amor a Raquel? Por que, pois, me enganaste?
26 Respondeu Labão: Não se faz assim em nossa terra, dar-se a mais nova
antes da primogênita. 27 Decorrida a semana desta, dar-te-emos
também a outra, pelo trabalho de mais sete anos que ainda me servirás. 28
Concordou Jacó, e se passou a semana desta; então, Labão lhe deu por mulher
Raquel, sua filha. 29 (Para serva de Raquel, sua filha, deu Labão a
sua serva Bila.) 30 E
coabitaram. Mas Jacó amava mais a Raquel do que a Lia; e continuou servindo a
Labão por outros sete anos.
O texto que lemos
conta uma história de amor muito bonita e enriquecedora para nossas almas: a
história do amor de Jacó, por sua esposa Raquel.
Jacó havia saído da
casa de seus pais em Canaã e viajara para Harã, onde ficava a casa de seu tio
por parte de mãe, Labão, a quem ele não conhecia. Passou a morar com ele e a
servi-lo. Um mês depois seu tio lhe disse: “Olha,
você já está morando conosco há um tempo. Não é justo que você fique
trabalhando de graça para mim. Quanto você quer ganhar”?
Jacó não precisou
pensar muito para responder. Pois a primeira pessoa da família a quem ele
conhecera quando chegou às terras do tio foi Raquel, a filha mais nova de Labão.
Raquel era uma linda pastora das ovelhas de seu pai, e Jacó se encantara com
ela.
Então quando Labão
perguntou: “Qual será o teu salário?”, a
resposta foi imediata: “Sete anos te
servirei por tua filha mais moça, Raquel”.
“Negócio fechado”.
Sete anos depois
Jacó disse a Labão: “Dá-me minha mulher,
pois já venceu o prazo, para que eu me case com ela”. E Labão respondeu: “Tudo
bem!...”.
E convidou os
habitantes do lugar para um banquete. Depois,
durante a noite, conduziu sua filha até à tenda de Jacó. O novo casal teve
relações sexuais e assim o casamento foi consumado. Mas no dia seguinte Jacó descobriu que havia sido enganado, pois
seu tio havia lhe entregado, não a Raquel, mas a Lia, sua filha mais velha. E perguntando a Labão porque ele fez
aquilo recebeu uma explicação ardilosa: “É
quem em nossa terra não temos o costume de dar primeiro a filha mais nova em
casamento; tem que ser a mais velha; mas se você prometer que irá trabalhar
para mim mais sete anos, depois que se passar a semana de ‘lua de mel’ com Lia
eu também te deixo casar com Raquel”.
Labão não poderia
ter falado isto desde o começo? Mas Jacó
amava tanto a Raquel que concordou, e trabalhou mais sete anos por ela. E no meio desta situação, a pobre Lia.
Mas o Senhor não se esqueceu dela e a abençoou muito.
Mas para a nossa
meditação, eu gostaria de destacar os vs. 20 e 21:
“Assim, por amor a Raquel, serviu Jacó sete anos; e estes
lhe pareceram como poucos dias, pelo muito que a amava. Disse Jacó a Labão:
Dá-me minha mulher, pois já venceu o prazo, para que me case com ela”.
Lembremo-nos de
quem está aqui descrevendo o amor que Jacó tinha por Raquel é o Espírito Santo,
e ele diz: “Jacó amava Raquel; amava
demais; tanto que ele fez estas coisas”.
O amor de Jacó por
Raquel era uma amor verdadeiro, duradouro, que nos inspira à imitação. Inspira a nós, os que somos casados. E também inspira aos que são solteiros
e desejam amar e ser amados.
O que podemos
aprender aqui?
1. Quando existe amor, também existe comprometimento,
responsabilidade
O amor nos torna
responsáveis. O amor nos torna
comprometidos.
“Te servirei por Raquel durante sete anos”.
E depois, quando o
prazo termina: “Pronto. Agora me entregue
sua filha, pois eu quero me casar com ela”.
Em todas as áreas
de nossa vida o amor faz de nós pessoas mais responsáveis. Quando trabalhamos com amor, trabalhamos com mais responsabilidade. O amor também nos torna mais
comprometidos e responsáveis com nossos filhos. O amor nos torna comprometidos com nossos amigos. O amor nos torna mais comprometidos com
a igreja. Nos torna comprometidos com
Deus.
O amor leva a
compromissos, leva à responsabilidade. Nós
vemos isto exemplificado no comportamento de nosso Senhor Jesus Cristo. É por causa do amor que ele tem por nós
que veio ao mundo, deu a sua vida na cruz, morrendo pelos nossos pecados, e
mediante a cruz fez conosco uma aliança de sangue.
E tanto o Antigo
quanto o Novo Testamento, para descrever esta aliança de amor que Deus tem
conosco, recorrem ao casamento para falar deste amor. A volta de Cristo no dia do juízo do mundo será também a volta de
Cristo para o casamento com sua igreja, numa união eterna.
Quem ama quer se
casar com a pessoa amada. Se um rapaz
ama uma moça, ele não quer “ficar” com ela.
Se um rapaz quer “ficar” com uma moça, mas não quer namorar, ele não a ama. Se ele quer namorar mas não quer casar,
ele não a ama.
Pois se um rapaz
ama uma moça, ele quer compromisso com ela.
Se um rapaz ama uma moça, ele quer se casar com ela Então ele se prepara para o casamento, ele trabalha, ele assume o
compromisso e toma atitudes segundo as suas intenções.
Foi o que fez Jacó: primeiro, ele falou com o pai de Raquel;
segundo, ele trabalhou para poder se casar; terceiro, ele se casou.
Agora, já reparou
que vivemos numa época em que as pessoas muitas vezes pensam em namorar mas não
pensam em casar? E que muitas vezes
pensam em casar mas não pensam em trabalhar?
Mas entre o povo de
Deus, que se orienta pelos bons exemplos da Bíblia, casamento é coisa séria. Quando eu pedi para namorar a
Terezinha, o meu sogro começou a me apresentar como noivo dela. E eu me
orgulhava tanto disto, pois significa que eu estava altamente comprometido com
a Tequinha.
2. Quando existe amor, nenhum esforço é grande demais
Vamos ler novamente
o texto?
“Assim, por amor a Raquel, serviu Jacó sete anos; e estes
lhe pareceram como poucos dias, pelo muito que a amava. Disse Jacó a Labão:
Dá-me minha mulher, pois já venceu o prazo, para que me case com ela.”
Agora o v. 30
“E coabitaram. Mas Jacó amava mais a Raquel do que a Lia;
e continuou servindo a Labão por outros sete anos.”
Há dois fatos que
podemos notar nestes versículos: um
deles é a situação terrivelmente injusta que tanto Jacó quanto Lia vivenciaram
pelo resto da vida: eles estavam casados por que Labão enganara a Jacó. Mas Jacó não se separou de Lia, porque
casamento é coisa séria.
A Bíblia não nos
ensina que se você não ama ao seu cônjuge deve se separar dele, mas sim que, se
você não ama, com a ajuda do Espírito de Deus você pode aprender a amá-lo.
Tt 2:3-5
3 Quanto às mulheres idosas, semelhantemente, que sejam sérias em seu
proceder, não caluniadoras, não escravizadas a muito vinho; sejam mestras do
bem, 4 a fim de instruírem as jovens recém-casadas a amarem ao
marido e a seus filhos, 5 a serem sensatas, honestas, boas donas de
casa, bondosas, sujeitas ao marido, para que a palavra de Deus não seja
difamada.
Quer dizer, o amor
é uma atitude que deve ser aprendida. Usar
a mente, e em seguida conduzir o coração de acordo com a mente, e conduzir o
comportamento.
E Deus honrou a
fidelidade deles dando muitos filhos a Lia.
Mas o outro fato
que desejamos destacar é a amor sacrificial de Jacó por Raquel. Ele trabalhou por ela sete anos; sete
anos que foram para ele como poucos dias.
E quando se viu enganado, trabalhou mais sete. Pois quando existe amor, nenhum sacrifício é grande demais.
Me faz pensar numa
outra história de amor. O amor de um
homem pelo seu Deus:
2º Sm 24:24 e 25
24 Porém o rei disse a Araúna:
Não, mas eu to comprarei pelo devido preço, porque não oferecerei ao SENHOR,
meu Deus, holocaustos que não me custem nada. Assim, Davi comprou a eira e
pelos bois pagou cinqüenta siclos de prata. 25 Edificou ali Davi ao
SENHOR um altar e apresentou holocaustos e ofertas pacíficas. Assim, o SENHOR
se tornou favorável para com a terra, e a praga cessou de sobre Israel.
O Senhor havia
revelado que Davi deveria construir-lhe um altar para holocausto num terreno
que pertencia a um homem chamado Araúna. Então
ele foi até o proprietário para comprar o terreno. E Araúna disse a Davi: “Meu
rei, pode tomar para si o que desejar: o terreno, os bois para o sacrifício, o
material para o altar. Tudo eu dou ao meu rei”. Mas Davi lhe respondeu: “Não,
eu o comprarei pelo devido preço, porque não oferecerei ao Senhor holocaustos
que não me custem nada”.
Pagou por tudo e
ofereceu seu sacrifício segundo o mandado de Deus. É verdade que às vezes uma pessoa pode ser sacrificar sem amor. Mas por outro lado, quando existe amor,
sacrificar é uma coisa natural.
Jesus nos amou
tanto que deu sua vida em sacrifício por nós. Quando existe amor, nenhum sacrifício é caro demais. Nenhum sacrifício é grande demais. Aliás, nada é sacrifício: fazer o que é
bom, dar-se, entregar-se, dedicar-se, é natural para aquele que ama.
Estou me lembrando de um belo exemplo de
amor assim: alguns anos atrás eu visitei o Sr. Messias, que foi um presbítero
da 1ª IPC de São Paulo, e que por vários anos trabalhou na Congregação da Vila
Santa Maria, que depois veio a ser a Terceira Igreja.
Na ocasião em que o visitei, ele estava
afastado da igreja havia mais de dez anos, isto pelo fato de que sua esposa, D.
Débora (Debinha, como ele a chamava), adoecera gravemente - uma doença que lhe
afetou o cérebro, e ela foi definhando. Ele não saia do lado dela, em todo o
tempo - ali ele continuava a servir ao Senhor: orando, estudando, escrevendo. Quanto
carinho e cuidado ele demonstrava por ela. Quanta dedicação. Não tinha tempo
para mais ninguém.
Eu vi nele um exemplo do tipo de amor
que a Bíblia diz que os maridos devem ter por suas esposas - um amor semelhante
ao de Cristo pela sua igreja. Um amor assim não acontece tão simplesmente!
Nasceu da resolução íntima de um jovem marido que havia determinado, muitos
anos antes, viver sob os princípios de Deus referentes a quão dedicado um homem
deve ser ao amar sua esposa.
3. Quando existe amor, nenhuma espera é longa demais
O Samuel e a Rute,
meu genro e filhinha queridos, precisaram esperar dez anos.
O amor é paciente. Tudo sofre, tudo espera, tudo suporta. O amor não falha. Jacó esperou paciente e perseverantemente aqueles sete anos. E depois mais sete dias. E depois trabalhou mais sete anos. E sabe por que ele esperou tanto?
Porque a amava.
Nos dias de hoje,
às vezes eu ouço os comentários de pessoas que não esperam o casamento para
terem relações sexuais. Alguns dizem que precisam ter relações antes do
casamento para saberem se realmente se amam, e só assim se casar com segurança
– em outras palavras, isto só está revelando a falta de amor, e este é o
caminho errado para saber se ele existe, pois o amor faz ao contrário: ele tem
certeza, e sabe esperar. Outros dizem
que se amam tanto que não dá para esperar até o casamento; então passam a ter
relações antes mesmo: mas o Espírito Santo nos diz que esta pressa, esta
impaciência, esta precipitação, não é amor, ao contrário, é egoísmo, é
desrespeito.
Pv 19:2
“Não é bom proceder sem refletir, e peca que é precipitado”.
“Calma: o que é de
Deus permanece”. O amor espera. O
amor espera antes do casamento, espera sabendo que existe tempo para tudo. O amor também espera depois do
casamento, pois se já não precisa esperar para a intimidade, precisa esperar em
muitas outras circunstâncias que a vida oferece.
O amor espera
quando do nascimento dos filhos. Espera
o crescimento dos filhos. Espera o
crescimento interior do cônjuge (e de si mesmo); a maturidade da relação; os
frutos de uma vida em comum. O amor
espera quando o cônjuge comete suas falhas, espera o agir de Deus.
Em qualquer lugar,
em qualquer relação, em qualquer contexto, o amor espera. Espera a hora certa para todas as coisas, espera o tempo que for
necessário. Pois só quando se sabe
esperar é que se sabe também aproveitar cada momento que Deus concede.
Conclusão e aplicação
Há muitas coisas
mais que o Espírito Santo nos ensina sobre o amor. Mas aqui com Jacó nós
aprendemos sobre estas três doces características: o amor se compromete; o amor
se entrega; o amor é esperançoso. Em
cada uma delas nós aprendemos para que nos tornemos cônjuges melhores, pais e
filhos e irmãos mais maduros.
Mas acima de tudo,
quando olhamos para o Senhor, conforme ele se revela em sua Palavra, aprendemos
que o nosso Pai celeste é assim para conosco. Nossos relacionamentos, especialmente o relacionamento familiar,
existem para ser reflexos do amor de Deus.
Quando os vivenciamos assim, isto nos trás grande alegria, e glória ao nome
do Senhor.
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