Achadas as tuas palavras, logo as comi; as tuas palavras me foram gozo e alegria para o coração, pois pelo teu nome sou chamado, ó SENHOR, Deus dos Exércitos. Jeremias 15:16

domingo, 19 de outubro de 2014

Um mestre aprovado por Deus - Ed 7:10

IPC em Pda. de Taipas
Domingo, 19 de outubro de 2014
Pr. Plínio Fernandes                        Baixe em PDF     Baixe em EPUB     Baixe em PRC
Queridos irmãos, vamos ler Ed 7:1-10:
Passadas estas coisas, no reinado de Artaxerxes, rei da Pérsia, Esdras, filho de Seraías, filho de Azarias, filho de Hilquias, 2 filho de Salum, filho de Zadoque, filho de Aitube, 3 filho de Amarias, filho de Azarias, filho de Meraiote, 4 filho de Zeraías, filho de Uzi, filho de Buqui, 5 filho de Abisua, filho de Finéias, filho de Eleazar, filho de Arão, o sumo sacerdote, este Esdras subiu da Babilônia.  6 Ele era escriba versado na Lei de Moisés, dada pelo SENHOR, Deus de Israel; e, segundo a boa mão do SENHOR, seu Deus, que estava sobre ele, o rei lhe concedeu tudo quanto lhe pedira.  7 Também subiram a Jerusalém alguns dos filhos de Israel, dos sacerdotes, dos levitas, dos cantores, dos porteiros e dos servidores do templo, no sétimo ano do rei Artaxerxes.  8 Esdras chegou a Jerusalém no quinto mês, no sétimo ano deste rei; 9 pois, no primeiro dia do primeiro mês, partiu da Babilônia e, no primeiro dia do quinto mês, chegou a Jerusalém, segundo a boa mão do seu Deus sobre ele.  10 Porque Esdras tinha disposto o coração para buscar a Lei do SENHOR, e para a cumprir, e para ensinar em Israel os seus estatutos e os seus juízos.
Os livros de Esdras e Neemias nos contam sobre tempos difíceis, e ao mesmo tempo maravilhosos na história do povo judeu.
Difíceis porque este povo do Senhor estava começando a voltar das terras da Babilônia, agora Pérsia, onde havia sido exilado, e em sua maior parte vivendo em grande pobreza.
Mas ao mesmo tempo maravilhosos porque esta volta do exílio era o cumprimento das promessas feitas por Deus através dos profetas, especialmente Isaías, Ezequiel e Jeremias[1].
Assim, podemos ler no primeiro capítulo de Esdras que, em cumprimento de sua Palavra, Deus despertou o espírito de Ciro, rei da Pérsia, e este estabeleceu um decreto pelo qual os cativos judeus que viviam em seu reino pudessem voltar para Jerusalém, reconstruir suas casas, seu templo, e habitar em paz.
Em virtude disto um grupo de pouco mais de 42 mil pessoas, lideradas por Zorobabel, da casa de Davi, e Sesbazar, mesmo cercado de inimigos e muitas dificuldades, e encorajado pelos profetas Ageu e Zacarias, voltou para Jerusalém e reconstruíram o templo.[2]
Os acontecimentos narrados aqui no cap. 7 aconteceram cinquenta e sete anos depois que o templo foi reinaugurado.
Este outro grupo de exilados foi liderado por Esdras, um sacerdote. No v. 6 ele também é chamado “escriba” da lei dada pelo Senhor, alguém que, como diria Jesus mais tarde, se assentou na cadeira de Moisés[3].
Mas Esdras estava longe de ser aquela figura da qual Jesus desdenha. Ao contrário, era um mestre da lei aprovado por Deus.
Pois no v. 6 lemos que o rei Artaxerxes lhe deu tudo quanto precisava, porque a boa mão do Senhor estava sobre Esdras.
E os vs. 8-10 nos contam que a viagem deles, desde o exílio na Pérsia, embora tão cheia de possíveis perigos, foi uma viagem abençoada por Deus: o v. 9 nos diz que a boa mão do Senhor estava sobre eles.
E no v. 10  temos a razão pela qual o Senhor os abençoou:
Porque Esdras tinha disposto o coração para buscar a Lei do SENHOR, e para a cumprir, e para ensinar em Israel os seus estatutos e os seus juízos.
É com base neste versículo que desejo meditar com os irmãos nesta noite.
Esdras havia determinado, havia assentado firmemente certas coisas em seu coração que agradaram a Deus, e por isto Deus o abençoou.
Se estas disposições do coração de Esdras agradaram ao coração de Deus, certamente ele terá prazer ao encontrá-las em nós também.
1. Esdras determinou em seu coração aprender a lei do Senhor, com seus preceitos e seus juízos
Esta expressão, “lei do Senhor”, significa instrução dada por Deus. É a sua orientação para a vida.
Pois, com efeito, o Senhor Deus havia dado ao povo de Israel, toda a instrução da qual eles precisavam para viver como um povo santo, separado para Deus, o povo com quem o Senhor havia feito uma aliança no sentido de ser o seu Deus e o Deus de seus filhos, governando e abençoando suas vidas.
Mais tarde, esta lei do Senhor, dada por meio de Moisés nos primeiros cinco livros da Bíblia passou a ser reafirmada pelos profetas e outros escritores igualmente inspirados pelo Espírito Santo, de tal forma que Jesus se referiu a todas as Escrituras do Antigo Testamento como lei e infalível Palavra de Deus[4].
Existem muitas maneiras de expor a importância destas santas Escrituras para nossa vida.
Mas eu desejo citar apenas duas referências bíblicas:
Moisés diste que estas Escrituras são a nossa vida
Dt 32:47
Porque esta palavra não é para vós outros coisa vã; antes, é a vossa vida; e, por esta mesma palavra, prolongareis os dias na terra à qual, passando o Jordão, ides para a possuir.
Moisés estava já morrendo e se despedindo do povo de Israel. Em breve eles atravessariam o Jordão, tomariam posse da terra prometida, mas Moisés não iria com eles.
Então ele os exorta no sentido de que não abandonassem a Palavra de Deus.
Nas Escrituras dadas por Moisés, o Senhor havia instruído sobre tudo: os relacionamentos familiares e demais relacionamentos sociais, o trabalho, o culto religioso, o governo, e tudo o mais que possamos pensar em nossa vida diária.
Havia estabelecido um alto padrão de pureza moral, não somente sexual, mas em todas as áreas da vida.
Embora as circunstâncias históricas e sociais exigissem algumas orientações adaptadas a tempos e situações bem diferentes destes tempos em que vivemos, Deus os havia orientado para uma vida de amor, e explicado que a transgressão desta sua lei era pecado, e o salário do pecado é a morte.
Mas também havia feito a provisão para o perdão dos pecados, através dos sacrifícios cúlticos, nos quais certos animais eram sacrificados pelos pecados do povo.
Estes sacrifícios apontavam e destinavam-se a preparar o caminho de um único e completo sacrifício que viria mais tarde: a morte de Jesus, o Deus que se encarnou e morreu na cruz, através da qual ele receberia em si mesmo o castigo de todos os nossos pecados[5].
É por todas estas coisas que Moisés diz ao povo: “Não se esqueçam desta palavra, pois esta palavra é a sua vida”.
Por meio dela vocês têm a provisão de Deus, do seu amor e bondade, de sua bênção em tudo o que vocês são e em tudo o que vocês fazem. Por meio delas vocês experimentarão, como diria Jesus, vida em abundância[6].
Nos escritos apostólicos nos temos vários equivalentes às palavras de Moisés. Vamos citar o apóstolo Paulo.
2ª Tm 3:14-17
Tu, porém, permanece naquilo que aprendeste e de que foste inteirado, sabendo de quem o aprendeste 15 e que, desde a infância, sabes as sagradas letras, que podem tornar-te sábio para a salvação pela fé em Cristo Jesus.  16 Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça, 17 a fim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra.
As Escrituras, são inspiradas por Deus, levam as pessoas à fé em Jesus e à salvação da alma. E também nos ensinam a vontade de Deus para todas as áreas de nossa vida.
E não somente ensinam: corrigem, repreendem, quando estamos errados; elas nos educam.
Elas nos conduzem á maturidade espiritual.
Assim Esdras, compreendendo a importância da lei do Senhor, para a sua própria vida, e para a vida do seu povo, determinou no seu coração algo que você e eu precisamos determinar e fazer também, a cada dia da nossa existência: ele iria conhecê-la, iria estudá-la, aprendê-la. E se dedicou a isto.
2. Esdras determinou em seu coração o viver conforme a lei do Senhor
Muitos anos antes o profeta Ezequiel havia falado de um grande mal entre os israelitas que haviam sido levados para o exílio na Babilônia.
Mesmo exilado por causa dos seus pecados, por haverem se esquecido da lei do Senhor e seguido a outros deuses, ainda assim o Senhor os amava, e no exílio despertou o espírito de certos homens, através dos quais continuou a enviar sua Palavra.
Um destes homens foi o profeta Ezequiel.
Então as pessoas costumavam procurar o profeta, para ouvir o que o Senhor Deus diria por intermédio dele.
Agora vejamos o mal a que me referi.
Ez 33:30-32
Quanto a ti, ó filho do homem, os filhos do teu povo falam de ti junto aos muros e nas portas das casas; fala um com o outro, cada um a seu irmão, dizendo: Vinde, peço-vos, e ouvi qual é a palavra que procede do SENHOR.  31 Eles vêm a ti, como o povo costuma vir, e se assentam diante de ti como meu povo, e ouvem as tuas palavras, mas não as põem por obra; pois, com a boca, professam muito amor, mas o coração só ambiciona lucro.  32 Eis que tu és para eles como quem canta canções de amor, que tem voz suave e tange bem; porque ouvem as tuas palavras, mas não as põem por obra.
Os irmãos atentaram para o que o Senhor disse ao profeta?
As pessoas gostavam de ouvi-lo. Comentavam sobre ele, convidavam outros para ouvir também.
Assentavam-se diante dele e ouviam prazerosamente.
Mas não colocavam em prática aquilo que ouviam.
Então era apenas como se estivessem ouvindo um cantor tocando bem e cantando coisas românticas e bonitas.
Na verdade, embora eles ficassem emocionados, e gostassem de ouvir as pregações, seus corações eram avarentos, só queriam aquilo que porventura pudesse, do ponto de vista humano, trazer algum lucro.
Amado irmão, será que hoje não são, muitos cristãos, assim? Gostam de ouvir boas pregações, comentam sobre os bons pregadores, gostam de ouvir boa música evangélica, mas não põem em prática o ensino da Palavra de Deus?!
Ora, amados, há pelo menos duas razões pelas quais nós devemos ser praticantes daquilo que aprendemos:
Uma delas é que se não o praticarmos, a nossa religião não é real.
Tg 1:21, 22
Portanto, despojando-vos de toda impureza e acúmulo de maldade, acolhei, com mansidão, a palavra em vós implantada, a qual é poderosa para salvar a vossa alma.  22 Tornai-vos, pois, praticantes da palavra e não somente ouvintes, enganando-vos a vós mesmos.
Esta pessoa que ouve e não pratica está enganando a si mesma, pensando que é religiosa, isto é, que está realmente ligada a Deus, e não está.
Portanto, o ouvir, o aprender a lei do Senhor deve nos transformar em gente de fé, obediente, para o nosso próprio bem.
Mas outra razão pela qual devemos ser praticantes da lei do Senhor é que por meio do nosso bom testemunho outras pessoas aprendem também.
Isto deve ser levado em consideração não somente pelos professores da Bíblia, mas por todos os crentes, pois todos desejamos ser instrumentos de Deus, através dos quais o conhecimento do Senhor abençoe a vida de outras pessoas.
Paulo compreendia bem a importância de nosso testemunho para que outras pessoas viessem a aprender por ele.
1ª Tm 1:16
Mas, por esta mesma razão, me foi concedida misericórdia, para que, em mim, o principal, evidenciasse Jesus Cristo a sua completa longanimidade, e servisse eu de modelo a quantos hão de crer nele para a vida eterna.
1ª Tm 4:12
Ninguém despreze a tua mocidade; pelo contrário, torna-te padrão dos fiéis, na palavra, no procedimento, no amor, na fé, na pureza.
2ª Tm 1:13
Mantém o padrão das sãs palavras que de mim ouviste com fé e com o amor que está em Cristo Jesus.
Tt 2:7
Torna-te, pessoalmente, padrão de boas obras. No ensino, mostra integridade, reverência...
Você notou como, pensando em si mesmo e nos seus discípulos, Paulo usa repetidamente a ideias de que eles são “modelo, padrão para outras pessoas”? Padrão e modelo são palavras que descrevem exemplos a serem seguidos.
Neste sentido os pastores também são chamados “guias”[7], aqueles que vão à frente para serem seguidos no caminho, isto é, eles, por sua maneira de viver, mostram o caminho para os seus irmãos.
Esdras determinou isto em seu coração: ele aprenderia, e seria um praticante da lei do Senhor.
Pois ele não somente amava a lei do Senhor e queria viver por ela, mas também desejava ensinar a outros.
3. Esdras também dispôs o seu coração a ensinar a lei do Senhor para o seu povo
Algum tempo atrás eu li sobre as diferenças entre o Mar da Galiléia, em Israel, e o Mar Morto, na qual o autor ilustrava este assunto as diferenças entre uma pessoa que partilha o que tem de bom e a pessoa que não compartilha.
O Mar da Galiléia, dizia ele, fica ao norte de Israel. Ele recebe suas águas do Rio Jordão, pelo lado norte, e depois este rio continua seu caminho ao sul, terminando seu curso no Mar Morto.
Quando lemos os Evangelhos, notamos que no Mar da Galiléia há uma grande quantidade de peixes; há vida em abundância, e assim às suas margens foram edificadas muitas vilas de pescadores.
Mas o Mar Morto é diferente: o próprio nome indica que nele nada sobrevive.
E sabem o porquê desta diferença? É que no Mar da Galiléia estas águas de vida não ficam paradas: assim como ele recebe as águas do lado norte, ele as “compartilha” pelo lado sul.
Mas o Mar Morto fica numa depressão muito profunda não partilha suas águas. Então elas apenas evaporam, e a quantidade de sais é tão grande que nada pode sobreviver ali.
Assim também acontece com aqueles que querem apenas receber de Deus, mas não querem compartilhar: eles ficam estagnados.
Mas aquele que realmente conhece a Deus deseja transmitir para outras pessoas.
Este é o desejo natural que brota no coração quando amamos alguém.
Na sexta-feira passada a Aninha[8] fez uma salada de macarrão e uma torta de limão para nosso jantar. E comprei um “sorvete de papaia com cassis”.
Mas estávamos comendo e pensando na Rutinha e no Samuel[9]. E então ligamos pra eles, para chamá-los a virem comer conosco (Mas ele estava na faculdade e ela na companhia de amigas).
E porque desejamos chamá-los? Porque quando estamos participando de alguma coisa boa, desejamos partilhar com as pessoas que amamos.
Vocês, que são pais, sabem bem o que é este sentimento para com os filhos.
E quem é o apaixonado que não gosta de ver o pôr do sol com sua amada?
Quem é o amigo que não quer abençoar o seu irmão?
Assim, quando alguém conhece as felicidades da vida pela Palavra de Deus, também deseja partilhar isto com as pessoas a quem ama.
E o crente em Jesus ama os seus irmãos; também ama aos seres humanos em geral.
Então ele deseja compartilhar a Palavra de Deus, a lei do Senhor que conduz à fé em Cristo, a lei do Senhor que restaura a alma, ilumina os olhos e alegra o coração[10], a lei do Senhor que conduz à vida eterna.
Paulo, por exemplo, se sentia em dívida de amor para com todos, e então não media esforços para partilhar o evangelho com quantas pessoas pudesse[11].
E Esdras dispôs o seu coração para isto: ele iria aprender a lei do Senhor, ele iria praticar a lei do Senhor, ele iria ensinar a ensinar.
Conclusão e aplicação
Amado, estas três disposições do coração de Esdras agradaram ao coração de Deus; tanto que o texto nos diz, eles fizeram uma viagem abençoada pela mão do Senhor que estava sobre eles.
E porque agradaram? Porque estas disposições revelam, primeiramente, amor e confiança em Deus e sua Palavra.
Para aprender, viver de acordo, e ensinar a Bíblia, primeiro, você precisa amá-la, e entender quer ela é um livro bom, verdadeiro, fiel, abençoador.
De outro modo você desprezará o seu conhecimento, e pensará que existem coisas melhores, e mais importantes.
Você precisa crer que ela é de Deus, e que Deus é bom e deseja o nosso bem.
É isto o que você pensa da Bíblia? É isto o que você sente pela Bíblia?
Você quer ser uma vida agradável ao Senhor?
Então faça como o professor Esdras. E o Senhor terá prazer em seus desejos. E dará sua bênção.






[1] Is 44:28-45:4, 13; Jr 25:11, 12; 29:10; Ez 36:33-38
[2] Caps. 1-6
[3] Mt 23:2
[4] Jo 10:24, 35
[5] Jo 1:29, 36; Hb 10:1-10
[6] Hb 10:10
[7] Hb 13:17
[8] Minha filhinha caçula
[9] Minha primeira filhinha e seu esposo
[10] Sl 19:7,8
[11] Rm 1:14, 15

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