Igreja
Evangélica Presbiteriana
Domingo, 21 de
julho de 2012
Pr. Plínio
Fernandes
Amados irmãos,
vamos ler Hebreus 2:1-4
Por esta
razão, importa que nos apeguemos, com mais firmeza, às verdades ouvidas, para
que delas jamais nos desviemos. 2 Se, pois, se tornou firme a
palavra falada por meio de anjos, e toda transgressão ou desobediência recebeu
justo castigo, 3 como escaparemos nós, se
negligenciarmos tão grande salvação? A qual, tendo sido anunciada inicialmente
pelo Senhor, foi-nos depois confirmada pelos que a ouviram; 4 dando Deus testemunho juntamente
com eles, por sinais, prodígios e vários milagres e por distribuições do
Espírito Santo, segundo a sua vontade. 5 Pois não foi a anjos que
sujeitou o mundo que há de vir, sobre o qual estamos falando...
Como escaparemos nós, se negligenciarmos tão
grande salvação? Como escaparemos
nós, se descuidarmos das nossas almas, se deixarmos de lado as grandes e
maravilhosas bênçãos que nos têm sido dadas por Deus?
Conforme está implícito nas palavras dos vs. 3 e
4, o homem que escreveu a Epístola aos Hebreus não era um apóstolo de Jesus
Cristo[1].
Mas inegavelmente foi um mestre de primeira
grandeza: alguém que ouviu a Palavra de Deus diretamente através dos primeiros
discípulos, e que também fazia parte do seu circulo bem próximo.
Além disto, foi um homem que conhecia profundamente
as Escrituras do Antigo Testamento; não somente o seu conteúdo, mas também
meditava muito sobre elas, de maneira que via no Evangelho de Jesus Cristo o
cumprimento, a continuação natural, do Evangelho que o Antigo Testamento
ensinava.
E porque digo “o Evangelho do Antigo Testamento”? Porque era
assim que o nosso escritor via a mensagem de libertação que foi anunciada aos hebreus
que saíram do Egito, quando Deus os livrou através de Moisés. E era assim que ele via a graciosa lei do Senhor
dada no Monte Sinai em meio a multidão de anjos [2].
Por exemplo, no cap. 4:2
Porque
também a nós foram anunciadas as boas-novas, como se deu com eles; mas a
palavra que ouviram não lhes aproveitou, visto não ter sido acompanhada pela fé
naqueles que a ouviram.
Esta palavra “boas-novas” que temos aqui é a
tradução da velha e boa “evangelistentes”, da qual temos “evangelho” em nossa
lingua; também no v. 6. É uma referência à Palavra de Deus que foi dirigida
aos antigos hebreus, no sentido de que ele os libertaria da escravidão no Egito
e os levaria à terra de Canaã, a terra que ele já prometera aos antepassados. E você
percebe que, tal como o Evangelho anunciado posteriormente por Jesus, o
Evangelho do Antigo Testamento exigia fé da parte daqueles que o ouviram.
Portanto,
o Antigo Testamento era boas novas, notícias de salvação para o povo eleito, Evangelho,
o qual ele se deleitava em conhecer, em meditar, em trazer suas implicações
para a vida cristã, pois na essência a mensagem era a mesma.
Seus olhos iluminados pelo Espírito Santo
enxergavam com clareza o que as Escrituras, através das cerimônias de culto,
das profecias, dos acontecimentos históricos, ensinavam sobre Jesus Cristo, o
Filho de Deus, nosso Salvador, nosso grande rei e fiel sumo sacerdote. Ele via na história do povo de Deus, desde os
primeiros “heróis da fé”, o mesmo princípio e modelo de fé perseverante que o
Senhor espera de todos nós e com base neles nos exorta para que vivamos da mesma
maneira.
E tinha as Escrituras do Antigo Testamento não só
o registro das muitas vezes e muitas maneiras pelas quais Deus falou outrora,
aos antepassados, por meio dos profetas. Para ele, as Escrituras são o meio infalível pelo qual o Espírito Santo continua
a nos falar do céu ainda hoje[3].
Portanto hoje, se ouvirmos a sua voz, não devemos endurecer o nosso coração.
Mas quando escreveu esta Epístola, o pensamento
deste homem estava preocupado quanto a certas pessoas que ele também vira no
Antigo Testamento, e cujo modelo agora se repetia em muitos cristãos a quem se
dirigia: aqueles que tendo sido chamados, e tendo começado a sua caminhada com
Deus, não permaneceram até o fim.
Porque, você se lembra, quando Israel saiu do
Egito, eles eram mais de seiscentos mil homens, fora as mulheres e as crianças.
Mas de todos os seiscentos mil homens de vinte anos para cima, que saíram do
Egito, quantos alcançaram a terra prometida? Apenas dois, porque apenas aqueles
dois perseveraram em seguir ao Senhor [4]. Os demais se
desviaram do Senhor, pereceram no deserto, e não entraram no descanso de Deus.
E quando olhava para muitos cristãos de seus dias
desviando-se da vontade de Deus, ele também temia que muitos, tendo se
convertido a Jesus, com o passar do tempo, ao se sentirem tentados, provados,
diante das pressões do mundo e da carne, acabassem como aqueles incrédulos no
deserto, e não entrassem na cidade eterna que o Senhor preparou para os seu
povo [5].
E assim, em nosso texto de hoje, o escritor
sagrado, referindo-se àquela amarga experiência de muitos no deserto, argumenta
conosco:
Se os
antigos, tendo ouvido a Palavra de Deus por meio de anjos, e tendo
desobedecido, foram considerados dignos de justo castigo, como será conosco,
como poderemos escapar, se negligenciarmos esta tão grande salvação, que nos
foi anunciada, não pelos anjos, mas por alguém muito superior a eles? Como
escaparemos se negligenciarmos a esta tão grande salvação que nos foi anunciada
pelo próprio Senhor Jesus?
E em toda a epístola, o autor desenvolve sua
exortação, mostrando-nos a maneira errada como alguns estavam se portando, e
assim se afastando dos desígnios de Deus. Adverte-os de que negligenciar as coisas da salvação seria fatal para suas
almas, e que então deveriam refazer seus caminhos, e voltar ao mesmo vigor
espiritual que tinham nos primeiros dias.
Há muita coisa a ser dita sobre todos estes, e
muitos outros assuntos da Epístola aos Hebreus, mas o nosso tempo curto torna
imperativo que sejamos o mais concisos que pudermos. Por isto eu desejo me deter apenas em breves
aspectos deste tema: “Quando é que alguém
negligencia a sua salvação”?
1. Quando
deixa buscar ao Senhor Jesus
3:1 – Por isso, santos irmãos, que participais da
vocação celestial, considerai atentamente o Apóstolo e Sumo Sacerdote da nossa
confissão, Jesus...
Estas palavras
iniciais, “por isso”, nos remetem a tudo quanto o autor vinha dizendo antes, no
cap. 2. E
ali ele nos ensina que a nossa salvação é grandiosa porque temos um grande
Salvador, o Senhor Jesus, o Senhor dos céus e da terra que se fez homem e
habitou entre nós, a fim de nos levar para o céu. Esta salvação também é
grande porque o preço que Jesus pagou por ela foi grande: ele pagou com seu
próprio sangue. Deu a sua própria vida na cruz em nosso favor. E esta salvação também
é grande por causa do seu alcance: por meio de sua morte em nosso lugar, Jesus
nos deu a certeza da vida eterna, nos livrou do poder do diabo, nos livrou do
poder e do medo da morte, também nos livrou do poder do pecado, e nos fez seus
filhos e irmãos, de maneira que agora, ele está no céu à direita de Deus,
intercedendo por nós.
Jesus é um sacerdote
fiel, misericordioso, compreensivo, perdoador, auxiliador, perfeito. Toda vez que nós
precisamos, e precisamos sempre, devemos entrar na presença de Deus, por meio
da fé em Jesus. Então, ele começa o capítulo 3 dizendo que à luz destas coisas nós
precisamos colocar os nossos pensamentos em Jesus.
Vejamos outros textos:
4:14-16 – 14 Tendo,
pois, a Jesus, o Filho de Deus, como grande sumo sacerdote que penetrou os
céus, conservemos firmes a nossa confissão.15 Porque não temos sumo
sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas; antes, foi ele
tentado em todas as coisas, à nossa semelhança, mas sem pecado.16
Acheguemo-nos, portanto, confiadamente, junto ao trono da graça, a fim de
recebermos misericórdia e acharmos graça para socorro em ocasião oportuna.
Nós temos um sacerdote
que faz para nós, do trono de Deus, um trono de graça, e não de condenação. O
trono de Deus é para nós um lugar de ajuda, de salvação em nossas fraquezas, de
perdão e fortalecimento da alma, de auxílio em nossas dificuldades. Então não deixamos de
crer, mas aproximemo-nos de Deus confiantemente.
Preste atenção neste
mandamento: acheguemo-nos confiadamente;
acheguemo-nos na certeza de que seremos ajudados. É um mandamento que
repetidas vezes , este homem de Deus prescreve, enfatizando o quanto é
essencial para a saúde de nossa alma uma santa confiança na Palavra de Deus, na
fidelidade daquele que a pronuncia.
10:19-22 – 19 Tendo,
pois, irmãos, intrepidez para entrar no Santo dos Santos, pelo sangue de Jesus,
20 pelo novo e vivo caminho que ele nos consagrou pelo véu, isto é,
pela sua carne, 21 e tendo grande sacerdote sobre a casa de Deus, 22
aproximemo-nos, com sincero coração, em plena certeza de fé, tendo o coração
purificado de má consciência e lavado o corpo com água pura. 23
Guardemos firme a confissão da esperança, sem vacilar, pois quem fez a promessa
é fiel.
Mais uma vez eu desejo
destacar as palavras que revelam a atitude com a qual devemos nos aproximar do
trono de Deus: intrepidez, plena certeza de fé, firmeza em nossa confissão de
esperança em Deus, sem vacilar, sabendo que por meio do nosso sacerdote a nossa
consciência foi lavada, o nosso coração purificado.
E aquele que fez estas
promessas é fiel; nós podemos confiar nele plenamente. Foi assim, pela fé, que
os grandes heróis do passado viveram na presença de Deus. Por exemplo, Moisés:
11:27 – Pela fé, ele abandonou o Egito, não ficando
amedrontado com a cólera do rei; antes, permaneceu firme como quem vê aquele
que é invisível.
Eu acho extraordinária
esta frase: “Como quem vê aquele que é
invisível”. Os “olhos da fé” nos concedem “ver a presença de Deus” em todas
as circunstâncias da vida, como Moisés a via, mesmo diante da face carrancuda
do Faraó.
Como também diz o Salmo
16
“O
SENHOR, tenho-o sempre à minha presença; estando ele à minha direita, não serei
abalado. Alegra-se, pois, o meu coração...” (vs. 8, 9).
Mas agora eu gostaria
de me deter um pouco mais em Moisés, mesmo que seja por um momento: ele foi sempre assim,
intrépido, firme, corajoso? Não foi. Aliás, muitos anos antes, ele tinha fugido
da presença do faraó, com medo. E se sentiu tão fracassado que mesmo depois de
muito tempo, quando Deus ordenou que voltasse ao Egito para libertar o povo,
estava desanimado de si mesmo.
No entanto, quando o
Senhor lhe disse: “Vai, que eu serei
contigo”, mesmo vacilando em sua fraqueza ele obedeceu, e a cada dia, a cada
novo ato de obediência a sua fé foi crescendo. Ele se tornou um gigante.
Querido irmão, mesmo
que a sua fé seja pequena, com os olhos de sua alma “olhe para aquele que é
invisível”, que está em toda parte. Quanto mais você olhar, mais sua fé será
fortalecida.
12:1-3 – 1
Portanto, também nós, visto que temos a rodear-nos tão grande nuvem de
testemunhas, desembaraçando-nos de todo peso e do pecado que tenazmente nos
assedia, corramos, com perseverança, a carreira que nos está proposta, 2
olhando firmemente para o Autor e Consumador da fé, Jesus, o qual, em troca da
alegria que lhe estava proposta, suportou a cruz, não fazendo caso da ignomínia,
e está assentado à destra do trono de Deus.3 Considerai, pois,
atentamente, aquele que suportou tamanha oposição dos pecadores contra si
mesmo, para que não vos fatigueis, desmaiando em vossa alma.
Assim, meus irmãos,
este é um dos grandes privilégios que temos como filhos de Deus: o de olhar
para Jesus, de nos apegarmos ao nosso grande salvador, de sermos ajudados por
ele. Mas
não é somente um privilégio: é também um dever pelo qual honramos a Deus
reconhecendo sua fidelidade.
Se nós abandonarmos a
nossa confiança em Jesus, não chegaremos ao céu, a nossa terra prometida. Se
nós abandonarmos a nossa confiança, não agradamos a Deus. Negligencia a sua
salvação todo aquele que deixa de buscar a Jesus.
2. Negligencia a sua salvação todo aquele que deixar de
ouvir o Espírito Santo
Voltemos ao capítulo 3
vs. 7-12 – 7 Assim, pois, como diz
o Espírito Santo: Hoje, se ouvirdes a sua voz, 8 não endureçais o
vosso coração como foi na provocação, no dia da tentação no deserto, 9
onde os vossos pais me tentaram, pondo-me à prova, e viram as minhas obras por
quarenta anos.10 Por isso, me indignei contra essa geração e disse:
Estes sempre erram no coração; eles também não conheceram os meus caminhos.11
Assim, jurei na minha ira: Não entrarão no meu descanso.12 Tende cuidado,
irmãos, jamais aconteça haver em qualquer de vós perverso coração de
incredulidade que vos afaste do Deus vivo.
Como eu já disse no
início, o escritor desta epístola conhecia e meditava profundamente em sua
Bíblia, isto é, as Escrituras do Antigo Testamento. Ele as entendia como um
registro fiel das muitas revelações que Deus fez de si mesmo aos antepassados, por
meio dos profetas [6]. Deus também falou
quando, em meio a miríades de anjos promulgou sua santa lei através do profeta
Moisés. Já
falara antes a Noé, Abraão, e muitos outros, e também falou quando foi ao
encontro de Israel para libertá-lo da escravidão no Egito. Falou também por
muitos outros homens: Jeremias, Isaías, Daniel, Oséias, e muitos mais.
Quando este homem
meditava nas Escrituras, no que elas falavam sobre o Senhor, suas instruções
para o povo escolhido; quando ele pensava nos sacrifícios, no ministério de
intercessão sacerdotal, quando meditava nos mandamentos, nas promessas, na
aliança de Deus com Israel, nas promessas de uma aliança renovada, quando
pensava nos heróis da fé, ele concluía: “Quanta
graça, quanta santidade, quantas revelações maravilhosas”.
E agora, a Palavra de
Deus viera em Jesus, como o clímax da revelação do Pai, a expressão exata do
ser divino. Mas mesmo com a vinda de Jesus superando, ou antes, cumprindo, tudo
quanto já havia sido revelado antes; e mesmo entendendo que todas aquelas
cerimônias antigas, com a vinda de Cristo, haviam se tornado obsoletas, ele
olha para o Antigo Testamento, não apenas como um testemunho da Palavra que
Deus falou no passado. Ele olha para o Antigo Testamento (e por inferência do
ensino apostólico, podemos fazer o mesmo com o Novo) como sendo a voz do
Espírito Santo que ainda fala hoje.
Neste texto, v. 7, ele
começa escrevendo: “Assim, pois, como diz
o Espírito Santo” (não “disse o Espírito Santo”, mas “diz, está falando
agora”. E em seguida faz uma longa citação do Salmo 95, onde Deus repreende
Israel por não terem ouvido o que ele dizia. No v. 8, ele escreve que Israel não ouviu o
Espírito Santo, porque quando Deus falou a eles, eles fecharam o coração.
No v. 10 Deus se
queixa dizendo: “Eles sempre erram no
coração”... E no v. 12 ele nos exorta: “Tenham
cuidado, meus irmãos, para que nunca aconteça de algum de vocês o ter um coração
perverso, incrédulo, que os afaste do Deus vivo”.
Mais uma vez, no v. 13
Pelo
contrário, exortai-vos mutuamente cada dia, durante o tempo que se chama Hoje,
a fim de que nenhum de vós seja endurecido pelo engano do pecado.
Note como crer em Deus,
obedecer sua vontade, são conceitos que se complementam, e são fruto de uma
atitude do coração. É no coração que o homem se endurece para com Deus. E é no coração que o
homem se torna receptivo. Daí o mandamento do Espírito Santo: “Não endureçais o vosso coração”.
Há duas conclusões
então que desejo destacar:
A primeira, é que o Espírito Santo fala conosco hoje. Que devemos estar
atentos ao que ele diz. O nosso coração tem que estar aberto, sensível, e não
endurecido pelo pecado, pela incredulidade.Veja o que aconteceu com aqueles que
não ouviram a Deus:
vs. 16-19 – 16 Ora, quais os que,
tendo ouvido, se rebelaram? Não foram, de fato, todos os que saíram do Egito
por intermédio de Moisés? 17 E contra quem se indignou por quarenta
anos? Não foi contra os que pecaram, cujos cadáveres caíram no deserto? 18
E contra quem jurou que não entrariam no seu descanso, senão contra os que
foram desobedientes? 19 Vemos, pois, que não puderam entrar por
causa da incredulidade.
E ele acrescenta que o
mesmo pode suceder com aquele que, dizendo-se cristão, recusar-se a ouvir a voz
de Deus agora:
4:1 – Temamos, portanto, que, sendo-nos deixada a
promessa de entrar no descanso de Deus, suceda parecer que algum de vós tenha
falhado.
A mesma dureza de
coração não pode ser vista em nós, do contrário, a morte acontece no meio do
caminho para a cidade celestial.
A segunda conclusão a que desejo chegar é esta: O
Espírito Santo fala hoje, ao nosso coração, através das Escrituras. Como eu já disse, aqui
a Palavra de Deus está citando o Salmo 95, e diz que nela o Espírito Santo está
falando “Hoje”, agora. Em outros lugares nesta epístola ele interpreta de modo
semelhante. Quero citar apenas mais um.
10:15-17 – 15 E disto
nos dá testemunho também o Espírito Santo; porquanto, após ter dito: 16
Esta é a aliança que farei com eles, depois daqueles dias, diz o Senhor: Porei
no seu coração as minhas leis e sobre a sua mente as inscreverei, 17
acrescenta: Também de nenhum modo me lembrarei dos seus pecados e das suas
iniquidades, para sempre.
Aqui ele está citando o
profeta Jeremias, a promessa de uma nova aliança conosco, que foi feita em
Jesus Cristo. Por meio da confiança em Jesus Cristo, o nosso sumo sacerdote,
nós temos pleno acesso à presença de Deus, podemos falar a ele, buscar seu
socorro, sua orientação, sua ajuda em todas as nossas fraquezas, tentações e
pecados. Por
meio da fé na Bíblia Sagrada nós podemos ouvir o Espírito Santo, falando ao
nosso coração, mostrando o querer de Deus para nós, ensinando-nos suas
doutrinas.
Se nós deixarmos de
buscar o auxílio de Deus em Jesus, se fecharmos o coração para o Espírito Santo
falando nas Escrituras, estamos negligenciando a nossa salvação.
3. Negligencia a sua salvação aquele que negligencia a
comunhão da igreja
No cap. 2, ao descrever
a nossa grande salvação, entre outras coisas ele diz que a igreja, a
congregação dos crentes, é um lugar onde o Senhor Jesus se faz presente.
2:12 – Dizendo: A meus irmãos declararei o teu
nome, cantar-te-ei louvores no meio da congregação.
Mais uma vez cita a
Escritura. Desta vez é o Salmo 22. E nele o Senhor Jesus fala de sua presença
entre os filhos que Deus lhe deu. A palavra “congregação” aqui, no texto grego,
é “igreja”, no sentido de ajuntamento, assembleia, reunião do povo de Deus,
tendo o Senhor Jesus entre eles.
Este é o conceito de
igreja em toda a Bíblia: a congregação dos filhos de Deus, com a presença
espiritual do Senhor. Onde estão dois ou três reunidos em seu nome, o Senhor
Jesus está no meio deles.
É linda a maneira como
ele se refere aos crentes aqui em 3:1 – santos
irmãos. A igreja de Jesus na terra é uma antecipação, um sinal da igreja do
céu, da qual os crentes já fazem parte.
12:22-24 – 22
Mas tendes chegado ao monte Sião e à cidade do Deus vivo, a Jerusalém
celestial, e a incontáveis hostes de anjos, e à universal assembleia 23
e igreja dos primogênitos arrolados nos céus, e a Deus, o Juiz de todos, e aos
espíritos dos justos aperfeiçoados, 24 e a Jesus, o mediador da nova
aliança...
Ora, na reunião dos
crentes, Jesus espiritualmente presente, o Espírito Santo falando através da
Palavra Sagrada, somos convidados a nos ajudar uns aos outros, a nos
estimularmos ao amor e às boas obras, a nos exortarmos mutuamente, a fim de que
ninguém seja endurecido pelo engano do pecado.
Quando nós pensamos
nestes três aspectos da vida cristã que expusemos até agora, temos a deliciosa
percepção de que a vida do crente neste mundo é um antegozo daquelas
bem-aventuranças eternas: a comunhão com o Pai através de Jesus, a doce
presença do Espírito Santo, e a comunhão com a igreja aperfeiçoada. E desde já
nos preparamos para isto, desfrutando destas coisas, ainda que em pequena
medida, se comparado com a eternidade.
Mas desde aqueles dias
em que esta epístola foi escrita, assim como havia pessoas que endureciam o
coração para com o falar do Espírito Santo, também havia os que negligenciavam
a comunhão da igreja.
10:24, 25 – Consideremo-nos
também uns aos outros, para nos estimularmos ao amor e às boas obras. 25
Não deixemos de congregar-nos, como é costume de alguns; antes, façamos admoestações
e tanto mais quanto vedes que o Dia se aproxima.
Eu sei, santos irmãos,
que muitas pessoas pensam que o relacionamento com Deus é uma coisa aparte da
igreja. Muitas pessoas até sinceras, pensam que basta ter uma fé individual em
Jesus Cristo e isto é todo o cristianismo que, pensam, Deus requer deles.
No entanto, quando
lemos as Escrituras, nelas o Espírito Santo fala Hoje que Cristo e a igreja são inseparáveis. A congregação é de
Cristo. Ele está no meio dela. Ele está na harmonia entre os irmãos. Ele lhes
fala ao coração. Por isto ele diz que, ao contrário do que alguns costumam
fazer, não devemos deixar de congregar-nos.
Preste atenção: aquele
que não busca o auxílio de Cristo na terra não gozará da presença de Cristo no
céu. Aquele que não ouve a voz do Espírito na terra também não desfrutará de
sua presença no céu. Aquele que não ama a igreja na terra não fará parte da
igreja no céu. Porque fazer parte da igreja é vivenciar um dos aspectos mais
deleitosos da nossa salvação: a comunhão com os santos irmãos de Jesus.
Existe um quarto
aspecto do que significa negligenciar a salvação que eu desejo destacar. Mas em certo sentido ele é apenas a decorrência
natural de se negligenciar os anteriores.
Estou falando sobre o se deixar vencer pelo mundo,
pelo diabo e pelo pecado: quando não se olha para Jesus, olha-se para o mundo, o
pecado e o diabo. Quando não se ouve o Espírito Santo, ouve-se o mundo, o
pecado e o diabo. Quando não há comunhão com a igreja, a comunhão é com o mundo
e com os que pertencem ao diabo. Quando não se escolhe Jesus, há uma consequente,
natural e deliberada escolha de se viver em pecado.
E sobre o fruto
desastroso desta escolha, o Espírito Santo nos adverte solenemente no texto que
vamos ler agora:
10:25-31 – 25
Não deixemos de congregar-nos, como é costume de alguns; antes, façamos
admoestações e tanto mais quanto vedes que o Dia se aproxima. 26
Porque, se vivermos deliberadamente em pecado, depois de termos recebido o
pleno conhecimento da verdade, já não resta sacrifício pelos pecados; 27
pelo contrário, certa expectação horrível de juízo e fogo vingador prestes a
consumir os adversários. 28 Sem misericórdia morre pelo depoimento
de duas ou três testemunhas quem tiver rejeitado a lei de Moisés. 29
De quanto mais severo castigo julgais vós será considerado digno aquele que
calcou aos pés o Filho de Deus, e profanou o sangue da aliança com o qual foi
santificado, e ultrajou o Espírito da graça? 30 Ora, nós conhecemos
aquele que disse: A mim pertence a vingança; eu retribuirei. E outra vez: O
Senhor julgará o seu povo. 31 Horrível coisa é cair nas mãos do Deus
vivo.
Amados, eu não me
lembro de palavras mais fortes na Bíblia, para descrever os efeitos nefastos de
se escolher viver em pecado deliberado. Se depois de conhecer a verdade, alguém
escolhe viver em pecado, ele diz, então já não existe sacrifício que possa ser
feito em seu favor. Se alguém escolhe viver em pecado, está calcando com os pés
o Filho de Deus, profanando o sangue da aliança com o qual foi santificado. Está
ultrajando o Espírito da graça.
Então, por rejeitar a
graça, está invocando sobre si o fogo vingador de Deus, a santa ira do Senhor. E
não queira isto para sua vida, meu amado, pois horrível coisa é cair nas mãos
do Deus vivo.
Concluindo
O nosso Deus, o Senhor
dos céus e da terra, é maravilhoso em santidade e bondade. Ele habita num alto
e sublime trono, inacessível a qualquer ser humano, pois somos pequeninos,
limitados, pecadores.
Mas não podemos viver
sem Deus. E ele nos amou. Por isto, em sua santidade, amor e justiça ele enviou
Jesus para nos resgatar dos nossos pecados. Por meio da fé em Jesus nós temos
acesso ao santo trono de Deus. Trono de graça e misericórdia. Ele nos dá a sua
Palavra, as Santas Escrituras, inspiradas pelo Espírito Santo, por meio das quais
fala hoje ao nosso coração. E nos fez
povo seu, uma santa companhia de muitos irmãos, no meio de quem ele se faz
presente.
Não é pouca coisa a
nossa salvação. E não é sem importância o ser negligente para com estas coisas.
Pois se as negligenciarmos, então estaremos escolhendo o caminho oposto, de
pecado e perdição. E a santidade de Deus não permite que o homem escolha o
pecado impunemente. Sem santificação ninguém verá o Senhor.
Aplicação
Então sejamos sábios:
apeguemo-nos firmemente ao Evangelho de Jesus
1. Tenhamos uma santa
ousadia, e entremos no santuário de Deus diariamente, para oferecer, por meio
de Jesus Cristo, o santo sacrifício de louvor, que é o fruto de lábios que
confessam o seu nome.
Acheguemo-nos ao trono
de graça buscando auxílio do alto em todas as coisas: na luta contra as
tentações do diabo; na luta contra as fascinações do mundo; na luta contra o
pecado que tenazmente nos assedia. Acheguemo-nos com alegria confiante, na
expectativa de que o Senhor, assim como jê tem feito, ainda fará grandes coisas
por nós. Busquemos auxílio, poder e renovação interior para fazer a vontade de
Deus, para a prática de boas obras ao nosso próximo, a cooperação com os
irmãos, pois com tais sacrifícios Deus se agrada.
2. Sejamos mansos de
coração, prontos para ouvir o que o Espírito Santo tem a nos dizer: ele fala
pelas Escrituras; fala pelas obras da Providência; fala por meio da comunhão da
igreja; fala ao nosso coração.
Quero escutar sua doce voz... Prestemos atenção,
pois ele fala Hoje.
3. Não abandonemos a nossa
congregação. Jesus está presente em nosso meio.
Que bênção é ser parte
de uma igreja. A igreja é de Jesus é a melhor congregação do mundo. Participemos com alegria da santa ceia, do
alimento da Palavra, dos cânticos, das orações; usemos nossos dons para nos
edificarmos uns aos outros. Lembremo-nos de que em tudo Jesus se faz presente.
[1] Pois o escritor mesmo
testemunha que não estava entre aqueles que ouviram a salvação inicialmente
anunciada pelo próprio Senhor. Além disto, também não era uma pessoa cujo
ministério foi acompanhado pelos sinais e prodígios que marcavam o ministério
apostólico (At 2:43; 2ª Co 12:12)
[2] 2:2, cf. Dt 33:2 (LXX), At 7:53 e Gl 3:19.
[3] Hb 3:7-11 citando o Salmo
95:7-11(LXX). Veja também 9:8; 10:15; 12:25, 26.
[4] Êx 12:37
[5][5] Hb 4:1
[6] Cap. 1:1
Nenhum comentário:
Postar um comentário