Achadas as tuas palavras, logo as comi; as tuas palavras me foram gozo e alegria para o coração, pois pelo teu nome sou chamado, ó SENHOR, Deus dos Exércitos. Jeremias 15:16

domingo, 7 de julho de 2013

Tão grande salvação! - Hb 2:1-3

Igreja Evangélica Presbiteriana
Domingo, 7 de julho de 2013
Pr. Plínio Fernandes
Amados irmãos, vamos ler Hebreus 2:1-3
1 Por esta razão, importa que nos apeguemos, com mais firmeza, às verdades ouvidas, para que delas jamais nos desviemos. 2 Se, pois, se tornou firme a palavra falada por meio de anjos, e toda transgressão ou desobediência recebeu justo castigo,3 como escaparemos nós, se negligenciarmos tão grande salvação? A qual, tendo sido anunciada inicialmente pelo Senhor, foi-nos depois confirmada pelos que a ouviram
Nos versículos finais desta carta, o escritor diz que ela é uma “palavra de exortação” [1].
E de fato, através de muito ensinamento doutrinário, de ilustrações e exemplos tirados do Antigo Testamento, das experiências de vida dele e de seus leitores, este homem de Deus procura despertar os seus ouvintes, advertindo-os e encorajando-os a que retornassem à vitalidade que tinham na fé em seus primeiros dias de convertidos a Jesus; vitalidade que por várias razões eles estavam deixando esmaecer.
Assim, na primeira das várias exortações desta carta ele diz: “Como escaparemos nós, se negligenciarmos tão grande salvação”?, mostrando com isto que o esfriamento na fé não é algo sem importância, mas que trás consigo consequências terríveis e que podem se tornar inescapáveis.
Em outro momento, meus irmãos, nós voltaremos a Hebreus para examinar a negligência da qual ele nos fala. Mas agora eu desejo destacar o adjetivo com o qual ele caracteriza a nossa salvação: ele diz que a nossa salvação é grande; aliás, nossas versões captam muito bem o sentido, acrescentando o advérbio que encarece ainda mais o adjetivo – “tão grande”, isto é, “grande demais, uma salvação de alto valor, de alto grau, de grande força e poder”.
Porque ela é assim tão grande, não podemos ser negligentes em nossa fé.
Mas, o que é esta salvação da qual ele nos fala? Porque ela é assim tão grande? Em várias instâncias neste capítulo ele a descreve para nós. É sobre isto que vamos meditar nesta noite.
1. Nossa salvação é grande porque grande foi o seu preço
Ela custou a humilhação, o sofrimento e a morte de Jesus.
v. 9 – vemos, todavia, aquele que, por um pouco, tendo sido feito menor que os anjos, Jesus, por causa do sofrimento da morte, foi coroado de glória e de honra, para que, pela graça de Deus, provasse a morte por todo homem”.
Jesus, por um pouco, antes de ser novamente coroado de glória e honra, foi feito menor do que os anjos.
E isto, meus irmãos, foi uma inversão completa da ordem das coisas. Se vocês voltarem os olhos para o capítulo 1, verão que, a partir do v. 5 até o final, o Espírito Santo nos ensina que Jesus é infinitamente superior aos anjos.
Através de várias citações do Antigo Testamento, ele compara as diferenças entre os anjos e Jesus: ele é o criador, os anjos são criados. Jesus é o Filho de Deus Pai, os anjos são servos. Jesus está à direita de Deus Pai em seu trono, os anjos são seus ministros. Jesus é Deus, adorado, e os anjos o adoram.
Mas aqui, em 2:9, lemos que Jesus foi feito, por um pouco, menor do que os anjos. Foi despido de sua glória celestial, tornou-se um de nós, e passou pela experiência do sofrimento e da morte, assumindo sobre si o castigo que era o nosso.
Também no versículo seguinte:
v. 10 – “Porque convinha que aquele, por cuja causa e por quem todas as coisas existem, conduzindo muitos filhos à glória, aperfeiçoasse, por meio de sofrimentos, o Autor da salvação deles”.
Deus Pai aperfeiçoou a Jesus, não no sentido de que antes disto o Filho fosse imperfeito; mas é que ele não poderia ser o Autor da nossa salvação se não sofresse o que nós sofremos, se não fosse tentado como nós somos tentados, se não morresse, como nós morremos.
No v. 14 temos novamente a afirmação de que para ser o nosso Salvador o Filho de Deus assumiu a nossa condição:
“Visto, pois, que os filhos têm participação comum de carne e sangue, destes também ele, igualmente, participou, para que, por sua morte, destruísse aquele que tem o poder da morte, a saber, o diabo”.
A derrota do diabo foi conseguida através da morte de Jesus, porque quando nossos pais no Jardim do Éden obedeceram a Satanás, trouxeram a morte sobre si e sobre toda a sua posteridade. Mas quando então Jesus morreu a nossa morte, o poder de Satanás sobre nós foi destruído. Sem Jesus, Satanás poderia legalmente nos acusar diante de Deus, mas com Jesus esse poder foi aniquilado, pois a justiça divina foi satisfeita.
Por isto também, no v. 17 ele diz que toda esta identificação de Jesus conosco tinha um duplo propósito. Leiamos:
“Por isso mesmo, convinha que, em todas as coisas, se tornasse semelhante aos irmãos, para ser misericordioso e fiel sumo sacerdote nas coisas referentes a Deus e para fazer propiciação pelos pecados do povo”.
Aqui então estão as duas motivações de Jesus: a primeira é que, entendendo as coisas pelas quais nós passamos, não apenas pela sua própria sabedoria, mas também pela sua própria experiência de dor e sofrimento, ele é um sumo sacerdote diante de Deus, alguém que intercede em nosso favor com um coração, não cheio de acusações, mas de misericórdia.
Veja: Jesus é misericordioso em si mesmo; seu caráter é assim, da mesma forma como é o caráter do Pai, e do Espírito Santo. Mas uma das bênçãos que o sofrimento trás às nossas almas, é que se nós o suportamos com paciência, ele nos torna compreensivos e compassivos com aqueles que sofrem. Nos tornamos compassivos com os que pecam, com os que são tentados, com os que se desviam, com os que choram, e assim nos tornamos instrumentos de Deus para ajudá-los. Ora, por seu sofrimento e morte também foi acrescentada a Jesus a condição de um sumo sacerdote como ser humano, e um ser humano misericordioso.
A segunda motivação do Senhor é que, assim como os sumo sacerdotes não se chegavam a Deus de mãos vazias, mas oferecendo um sacrifício de sangue, como símbolo de expiação dos pecados do povo, Jesus chega-se ao Pai, todavia não com apenas um símbolo: ele mesmo é a propiciação, o sacrifício oferecido a Deus. Ele mesmo levou sobre si o castigo que era nosso, e assim toda a justiça foi satisfeita.
Então, primeiramente, a nossa salvação é grande porque o preço foi grande: custou a humilhação de Jesus; custou o sofrimento de Jesus; custou a morte de Jesus. Custou o sangue de Jesus.
2. A nossa salvação também é grande porque grande é o nosso Salvador
Nós já lemos no v. 10 que Jesus é o Autor da nossa salvação. E já vimos também que, para ser o nosso Salvador, ele precisou ser humilhado, sofrer e morrer por nós.
Mas irmãos, nenhuma destas coisas, em si mesma, teria poder para nos salvar, se ele fosse apenas um ser humano comum, como qualquer um de nós. Se assim fosse, ele também seria pecador, e teria morrido apenas por causa dos seus próprios pecados, estando, ele mesmo, perdido também.
Jesus, nosso humilde Salvador, também é grandioso. E isto o Espírito Santo nos ensina aqui, apresentando-nos Jesus em toda a sua glória.  Eu tenho pensado que, se compararmos as ênfases que temos sobre Jesus nos Evangelhos e na Carta aos Hebreus, podemos, grosso modo, dizer assim:
Nos Evangelhos, embora nos apresentem também a glória de Jesus, a ênfase está em sua humilhação. Na Carta aos Hebreus, embora nos apresente também a humilhação de Jesus, a ênfase está em sua gloria, antes e depois de sua encarnação. Ele nos mostra Jesus Cristo criando o universo, sustentando todas as coisas pela Palavra do seu poder, adorado pelos anjos, reconhecido pelo Pai, assentado à sua direita, e intercedendo por seu povo.
Nos revela como Cristo, a segunda pessoa da Trindade, é grande em seu ser, em suas obras, e em seu caráter. Ele é eterno. Ele é o nosso pastor e sumo sacerdote. Quanto ao seu caráter, ele é grande em misericórdia, compaixão, graça, justiça.
Mas eu desejo destacar apenas uma de suas qualidades: ele é grande em fidelidade.
Já lemos aqui em 2:17 que ele é um sumo sacerdote fiel. Agora leiamos também 3:1-6
1 Por isso, santos irmãos, que participais da vocação celestial, considerai atentamente o Apóstolo e Sumo Sacerdote da nossa confissão, Jesus, 2 o qual é fiel àquele que o constituiu, como também o era Moisés em toda a casa de Deus. 3 Jesus, todavia, tem sido considerado digno de tanto maior glória do que Moisés, quanto maior honra do que a casa tem aquele que a estabeleceu. 4 Pois toda casa é estabelecida por alguém, mas aquele que estabeleceu todas as coisas é Deus. 5 E Moisés era fiel, em toda a casa de Deus, como servo, para testemunho das coisas que haviam de ser anunciadas; 6 Cristo, porém, como Filho, em sua casa; a qual casa somos nós, se guardarmos firme, até ao fim, a ousadia e a exultação da esperança.
A comparação aqui é entre Cristo e Moisés, o grande pastor de Israel durante a libertação no Egito e no deserto. Moisés foi fiel em tudo Deus lhe ordenou e cumpriu  sua vontade. Mas Jesus é muito maior do que Moisés porque este era apenas um servo, enquanto aquele é Filho de Deus.
No v. 2 ele diz que Jesus é fiel a Deus. Isto significa que ele satisfez completamente tudo o que Deus deseja, que sua obra é perfeita aos olhos do Pai, totalmente aceita. Ele realizou a mais completa expiação.
E o v. 6 diz que ele é fiel sobre a sua casa, a qual somos nós, se guardarmos firme, até o fim, a ousadia e a exultação da nossa esperança. Significa que ele é totalmente confiável, que cada palavra sua, cada promessa, cada afirmação, são verdades sólidas, nas quais podemos firmar a nossa existência em todos os sentidos. Significa que, nos que diz respeito à nossa salvação, ele é um Salvador completamente eficaz.
Hb 7:25
“Por isso, também pode salvar totalmente os que por ele se chegam a Deus, vivendo sempre para interceder por eles”.
“Totalmente” é uma palavra forte. Descreve a eficácia do nosso Salvador, a sua capacidade.  Jesus não falha. A nossa salvação é grande porque o nosso Salvador é grande.
3. A nossa salvação é grande porque grande é também o seu alcance
E também quanto a isto Hebreus tem muito a nos dizer; mas precisamos ser breves.
Jesus nos livra do pecado e do medo da morte:
vs. 14, 15 - Visto, pois, que os filhos têm participação comum de carne e sangue, destes também ele, igualmente, participou, para que, por sua morte, destruísse aquele que tem o poder da morte, a saber, o diabo, 15 e livrasse todos que, pelo pavor da morte, estavam sujeitos à escravidão por toda a vida.
Ele nos livra na eternidade
v. 5 - Pois não foi a anjos que sujeitou o mundo que há de vir, sobre o qual estamos falando.
Estamos falando sobre o mundo do futuro, sobra a “vida depois desta vida”. Com toda a sua glória e perfeição, com toda a sua bondade e harmonia, na presença de Deus, dos anjos, e de todos os santos, é a promessa que o Espírito Santo, que não mente, faz a nós, e no qual podemos ter a certeza de que iremos viver eternamente.
Mas Jesus também nos livra nos livra no tempo presente
v. 18 – “Pois, naquilo que ele mesmo sofreu, tendo sido tentado, é poderoso para socorrer os que são tentados”.
A cada dia de nossa vida, enquanto estamos aqui, o pecado nos tenta. Como diz no capítulo 12, o pecado tenazmente nos assedia, querendo afastar-nos da comunhão com Deus e do crescimento espiritual. Mas para vencer o pecado não precisamos lutar com nossas forças. O que precisamos fazer é olhar para Jesus, o Autor e Consumador da nossa fé. É confiar na sua compaixão, no seu auxílio, na sua intercessão em nosso favor. A cada dia de nossa vida enfrentamos provações, desafios à nossa fé, mas podemos confiar totalmente naquele que nos socorre em nossas fraquezas.
Podemos confiar naquele que diz:
“Quando passares pelas águas, eu serei contigo; quando, pelos rios, eles não te submergirão; quando passares pelo fogo, não te queimarás, nem a chama arderá em ti, Porque eu sou o SENHOR, teu Deus, o Santo de Israel, o teu Salvador... Não te deixarei; jamais te abandonarei...” [2].
O nosso Salvador nos faz filhos de Deus
vs. 11-13 - Pois, tanto o que santifica (Jesus) como os que são santificados (os crentes), todos vêm de um só (Deus Pai). Por isso, é que ele não se envergonha de lhes chamar irmãos, 12 dizendo: A meus irmãos declararei o teu nome, cantar-te-ei louvores no meio da congregação. 13 E outra vez: Eu porei nele a minha confiança. E ainda: Eis aqui estou eu e os filhos que Deus me deu.
Irmãos, sejamos claros: sem o nosso Salvador, nós não seríamos filhos de Deus: éramos filhos do diabo; filhos da ira e da desobediência [3]. Agora somos irmãos de Jesus e filhos do Pai celestial.
Veja de que maneira honrosa somos chamados em 3:1
“santos irmãos, que participais da vocação celestial...”
Em 3:14
“participantes de Cristo...”
Em 6:4
“participantes do Espírito Santo...”
Em 12:8-10
“participantes da sua santidade”
Mas leiamos ainda o cap. 12:22-24
“Mas tendes chegado ao monte Sião e à cidade do Deus vivo, a Jerusalém celestial, e a incontáveis hostes de anjos, e à universal assembleia 23 e igreja dos primogênitos arrolados nos céus, e a Deus, o Juiz de todos, e aos espíritos dos justos aperfeiçoados, 24 e a Jesus, o Mediador da nova aliança, e ao sangue da aspersão que fala coisas superiores ao que fala o próprio Abel”.
Aqui ele descreve o seleto grupo do qual fazemos parte: somos o povo de Deus, que tem comunhão com o céu, que iremos morar no céu.
Vê como é grande a nossa salvação?
Conclusão e aplicação
Quando Deus inspirou este homem a escrever esta palavra de exortação, os irmãos a quem ele se dirigiu estavam se tornando frios espiritualmente: muitos, diante das lutas, estavam se deixando vencer pelo pecado e se desviando (12:4-13). Muitos estavam deixando de participar da igreja (10:25). Outros, sentindo saudades, sentindo falta da velha glória do judaísmo, com seu cerimonialismo, seu ouro, seus paramentos, diante do qual o culto cristão é tão simples (caps. 7-10). Muitos estavam esmorecendo na fé (cap. 6:4-9; 10:35-39).
Então ele escreve para dizer: “Irmãos, não façam estas coisas.” Vejam como é grande a nossa salvação: vejam como é grande o seu valor – ela custou o sangue de Jesus. Vejam como é grande o nosso Salvador – ele é Senhor do universo, o criador de todas as coisas, o que sustenta tudo o que existe, adorado pelos anjos, superior a tudo e a todos, perfeito em todos os sentidos. Vejam de quanta coisa ele nos livrou – do pecado, do diabo e da morte. E vejam quanta coisa ele nos deu – somos seus irmãos, filhos de Deus, participantes da igreja celestial. Não abandonem tudo isto, não pensem que isto é pouca coisa, não sejam negligentes.
E de forma positiva:
2:1, 3 - Por esta razão, importa que nos apeguemos, com mais firmeza, às verdades ouvidas, para que delas jamais nos desviemos... 3 como escaparemos nós, se negligenciarmos tão grande salvação? A qual, tendo sido anunciada inicialmente pelo Senhor, foi-nos depois confirmada pelos que a ouviram
Apegar: “trazer para perto de si com afeição, carinho, confiança, amor”.  Apeguemo-nos a esta salvação tão grande, tão importante, que o próprio Senhor do universo veio à Terra para no-la anunciar.
Apeguem-se irmãos. Apeguem-se às verdades da Palavra de Deus, de Jesus, da vida eterna, da comunhão com Deus e com a igreja. Assim diz a Palavra do Senhor. Amém





[1] Hb 13:22
[2] Is 43:2, 3; Hb 13:5
[3] Jo 8:44; Ef 2:3; Ef 5:6

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