Igreja Evangélica
Presbiteriana
Domingo, 7 de julho
de 2013
Pr. Plínio Fernandes
Amados irmãos, vamos
ler Hebreus 2:1-3
1
Por esta razão, importa que nos apeguemos, com mais firmeza, às verdades
ouvidas, para que delas jamais nos desviemos. 2 Se, pois, se tornou
firme a palavra falada por meio de anjos, e toda transgressão ou desobediência
recebeu justo castigo,3 como escaparemos nós, se negligenciarmos tão
grande salvação? A qual, tendo sido anunciada inicialmente pelo Senhor, foi-nos
depois confirmada pelos que a ouviram
Nos versículos finais desta carta, o escritor diz
que ela é uma “palavra de exortação” [1].
E de fato, através de muito ensinamento
doutrinário, de ilustrações e exemplos tirados do Antigo Testamento, das
experiências de vida dele e de seus leitores, este homem de Deus procura
despertar os seus ouvintes, advertindo-os e encorajando-os a que retornassem à
vitalidade que tinham na fé em seus primeiros dias de convertidos a Jesus;
vitalidade que por várias razões eles estavam deixando esmaecer.
Assim, na primeira das
várias exortações desta carta ele diz: “Como escaparemos nós, se
negligenciarmos tão grande salvação”?, mostrando com isto que o esfriamento na
fé não é algo sem importância, mas que trás consigo consequências terríveis e
que podem se tornar inescapáveis.
Em outro momento, meus irmãos, nós voltaremos a Hebreus para examinar a
negligência da qual ele nos fala. Mas agora eu desejo destacar o adjetivo com o
qual ele caracteriza a nossa salvação: ele diz que a nossa salvação é grande;
aliás, nossas versões captam muito bem o sentido, acrescentando o advérbio que
encarece ainda mais o adjetivo – “tão grande”, isto é, “grande demais, uma
salvação de alto valor, de alto grau, de grande força e poder”.
Porque ela é assim tão grande, não podemos ser negligentes em nossa fé.
Mas, o que é esta salvação da qual ele nos fala? Porque ela é assim tão
grande? Em várias instâncias neste capítulo ele a descreve para nós. É sobre
isto que vamos meditar nesta noite.
1.
Nossa salvação é grande porque grande foi o seu preço
Ela custou a humilhação, o sofrimento e a morte de Jesus.
v. 9 – “vemos,
todavia, aquele que, por um pouco, tendo sido feito menor que os anjos, Jesus,
por causa do sofrimento da morte, foi coroado de glória e de honra, para que,
pela graça de Deus, provasse a morte por todo homem”.
Jesus, por um pouco,
antes de ser novamente coroado de glória e honra, foi feito menor do que os
anjos.
E isto, meus irmãos, foi
uma inversão completa da ordem das coisas. Se vocês voltarem os
olhos para o capítulo 1, verão que, a partir do v. 5 até o final, o Espírito
Santo nos ensina que Jesus é infinitamente superior aos anjos.
Através de várias
citações do Antigo Testamento, ele compara as diferenças entre os anjos e
Jesus: ele é o criador, os anjos são criados. Jesus é o Filho de Deus Pai, os
anjos são servos. Jesus está à direita de Deus Pai em seu trono, os anjos são
seus ministros. Jesus é Deus, adorado, e os anjos o adoram.
Mas aqui, em 2:9, lemos
que Jesus foi feito, por um pouco, menor do que os anjos. Foi despido de sua
glória celestial, tornou-se um de nós, e passou pela experiência do sofrimento
e da morte, assumindo sobre si o castigo que era o nosso.
Também no versículo
seguinte:
v. 10 – “Porque convinha que aquele, por cuja causa
e por quem todas as coisas existem, conduzindo muitos filhos à glória,
aperfeiçoasse, por meio de sofrimentos, o Autor da salvação deles”.
Deus Pai aperfeiçoou a
Jesus, não no sentido de que antes disto o Filho fosse imperfeito; mas é que
ele não poderia ser o Autor da nossa salvação se não sofresse o que nós
sofremos, se não fosse tentado como nós somos tentados, se não morresse, como
nós morremos.
No v. 14 temos novamente
a afirmação de que para ser o nosso Salvador o Filho de Deus assumiu a nossa condição:
“Visto, pois, que os filhos têm participação comum
de carne e sangue, destes também ele, igualmente, participou, para que, por sua
morte, destruísse aquele que tem o poder da morte, a saber, o diabo”.
A derrota do diabo foi
conseguida através da morte de Jesus, porque quando nossos pais no Jardim do
Éden obedeceram a Satanás, trouxeram a morte sobre si e sobre toda a sua
posteridade. Mas quando então Jesus morreu a nossa morte, o poder de Satanás
sobre nós foi destruído. Sem Jesus, Satanás poderia legalmente nos acusar
diante de Deus, mas com Jesus esse poder foi aniquilado, pois a justiça divina
foi satisfeita.
Por isto também, no v.
17 ele diz que toda esta identificação de Jesus conosco tinha um duplo
propósito. Leiamos:
“Por isso mesmo, convinha que, em todas as coisas,
se tornasse semelhante aos irmãos, para ser misericordioso e fiel sumo
sacerdote nas coisas referentes a Deus e para fazer propiciação pelos pecados
do povo”.
Aqui então estão as duas
motivações de Jesus: a primeira é que, entendendo as coisas pelas quais nós
passamos, não apenas pela sua própria sabedoria, mas também pela sua própria
experiência de dor e sofrimento, ele é um sumo sacerdote diante de Deus, alguém
que intercede em nosso favor com um coração, não cheio de acusações, mas de
misericórdia.
Veja: Jesus é
misericordioso em si mesmo; seu caráter é assim, da mesma forma como é o
caráter do Pai, e do Espírito Santo. Mas uma das bênçãos que o sofrimento trás
às nossas almas, é que se nós o suportamos com paciência, ele nos torna
compreensivos e compassivos com aqueles que sofrem. Nos tornamos compassivos
com os que pecam, com os que são tentados, com os que se desviam, com os que
choram, e assim nos tornamos instrumentos de Deus para ajudá-los. Ora, por seu
sofrimento e morte também foi acrescentada a Jesus a condição de um sumo
sacerdote como ser humano, e um ser humano misericordioso.
A segunda motivação do
Senhor é que, assim como os sumo sacerdotes não se chegavam a Deus de mãos
vazias, mas oferecendo um sacrifício de sangue, como símbolo de expiação dos
pecados do povo, Jesus chega-se ao Pai, todavia não com apenas um símbolo: ele
mesmo é a propiciação, o sacrifício oferecido a Deus. Ele mesmo levou sobre si
o castigo que era nosso, e assim toda a justiça foi satisfeita.
Então, primeiramente, a
nossa salvação é grande porque o preço foi grande: custou a humilhação de
Jesus; custou o sofrimento de Jesus; custou a morte de Jesus. Custou o sangue
de Jesus.
2. A
nossa salvação também é grande porque grande é o nosso Salvador
Nós já lemos no v. 10 que Jesus é o Autor da nossa
salvação. E já vimos também que, para ser o nosso Salvador, ele precisou ser
humilhado, sofrer e morrer por nós.
Mas irmãos, nenhuma destas coisas, em si mesma,
teria poder para nos salvar, se ele fosse apenas um ser humano comum, como
qualquer um de nós. Se assim fosse, ele também
seria pecador, e teria morrido apenas por causa dos seus próprios pecados,
estando, ele mesmo, perdido também.
Jesus, nosso humilde Salvador, também é grandioso. E isto o Espírito Santo nos ensina aqui,
apresentando-nos Jesus em toda a sua glória. Eu tenho pensado que, se compararmos as ênfases que
temos sobre Jesus nos Evangelhos e na Carta aos Hebreus, podemos, grosso modo,
dizer assim:
Nos Evangelhos, embora nos apresentem também a
glória de Jesus, a ênfase está em sua humilhação. Na
Carta aos Hebreus, embora nos apresente também a humilhação de Jesus, a ênfase
está em sua gloria, antes e depois de sua encarnação. Ele nos mostra Jesus Cristo criando o universo,
sustentando todas as coisas pela Palavra do seu poder, adorado pelos anjos,
reconhecido pelo Pai, assentado à sua direita, e intercedendo por seu povo.
Nos revela como Cristo, a segunda pessoa da
Trindade, é grande em seu ser, em suas obras, e em seu caráter. Ele é eterno. Ele é o nosso pastor e sumo sacerdote.
Quanto ao seu caráter, ele é grande em misericórdia, compaixão, graça, justiça.
Mas eu desejo destacar apenas uma de suas
qualidades: ele é grande em fidelidade.
Já lemos aqui em 2:17 que ele é um sumo sacerdote
fiel. Agora leiamos também 3:1-6
1 Por
isso, santos irmãos, que participais da vocação celestial, considerai
atentamente o Apóstolo e Sumo Sacerdote da nossa confissão, Jesus, 2 o
qual é fiel àquele que o constituiu, como também o era Moisés em toda a casa de
Deus. 3 Jesus, todavia, tem sido considerado digno de
tanto maior glória do que Moisés, quanto maior honra do que a casa tem aquele
que a estabeleceu. 4 Pois toda casa é estabelecida por alguém, mas
aquele que estabeleceu todas as coisas é Deus. 5 E
Moisés era fiel, em toda a casa de Deus, como servo, para testemunho das coisas
que haviam de ser anunciadas; 6 Cristo, porém, como Filho, em sua casa; a qual
casa somos nós, se guardarmos firme, até ao fim, a ousadia e a exultação da
esperança.
A comparação aqui é
entre Cristo e Moisés, o grande pastor de Israel durante a libertação no Egito
e no deserto. Moisés foi fiel em tudo Deus lhe ordenou e cumpriu sua vontade. Mas Jesus é muito maior do que Moisés porque este
era apenas um servo, enquanto aquele é Filho de Deus.
No v. 2 ele diz que
Jesus é fiel a Deus. Isto significa que ele satisfez completamente tudo o que
Deus deseja, que sua obra é perfeita aos olhos do Pai, totalmente aceita. Ele
realizou a mais completa expiação.
E o v. 6 diz que ele é
fiel sobre a sua casa, a qual somos nós, se guardarmos firme, até o fim, a
ousadia e a exultação da nossa esperança. Significa que ele é totalmente
confiável, que cada palavra sua, cada promessa, cada afirmação, são verdades
sólidas, nas quais podemos firmar a nossa existência em todos os sentidos.
Significa que, nos que diz respeito à nossa salvação, ele é um Salvador
completamente eficaz.
Hb 7:25
“Por isso, também pode salvar totalmente os que por
ele se chegam a Deus, vivendo sempre para interceder por eles”.
“Totalmente” é uma
palavra forte. Descreve a eficácia do nosso Salvador, a sua capacidade. Jesus não falha. A nossa salvação é grande
porque o nosso Salvador é grande.
3. A
nossa salvação é grande porque grande é também o seu alcance
E também quanto a isto
Hebreus tem muito a nos dizer; mas precisamos ser breves.
Jesus nos livra do
pecado e do medo da morte:
vs. 14, 15 - Visto, pois, que os filhos têm
participação comum de carne e sangue, destes também ele, igualmente,
participou, para que, por sua morte, destruísse aquele que tem o poder da morte,
a saber, o diabo, 15 e livrasse todos que, pelo pavor da morte,
estavam sujeitos à escravidão por toda a vida.
Ele nos livra na
eternidade
v. 5 - Pois não foi a anjos que sujeitou o mundo
que há de vir, sobre o qual estamos falando.
Estamos falando sobre o
mundo do futuro, sobra a “vida depois desta vida”. Com toda a sua glória e
perfeição, com toda a sua bondade e harmonia, na presença de Deus, dos anjos, e
de todos os santos, é a promessa que o Espírito Santo, que não mente, faz a
nós, e no qual podemos ter a certeza de que iremos viver eternamente.
Mas Jesus também nos
livra nos livra no tempo presente
v. 18 – “Pois, naquilo que ele mesmo sofreu, tendo
sido tentado, é poderoso para socorrer os que são tentados”.
A cada dia de nossa
vida, enquanto estamos aqui, o pecado nos tenta. Como diz no capítulo 12, o
pecado tenazmente nos assedia, querendo afastar-nos da comunhão com Deus e do
crescimento espiritual. Mas para vencer o pecado não precisamos lutar com
nossas forças. O que precisamos fazer é olhar para Jesus, o Autor e Consumador
da nossa fé. É confiar na sua compaixão, no seu auxílio, na sua intercessão em
nosso favor. A cada dia de nossa vida enfrentamos provações, desafios à nossa
fé, mas podemos confiar totalmente naquele que nos socorre em nossas fraquezas.
Podemos confiar naquele
que diz:
“Quando passares pelas águas, eu serei contigo;
quando, pelos rios, eles não te submergirão; quando passares pelo fogo, não te
queimarás, nem a chama arderá em ti, Porque eu sou o SENHOR, teu Deus, o Santo
de Israel, o teu Salvador... Não te deixarei; jamais te abandonarei...” [2].
O nosso Salvador nos faz
filhos de Deus
vs. 11-13 - Pois, tanto o que santifica (Jesus)
como os que são santificados (os crentes), todos vêm de um só (Deus Pai). Por
isso, é que ele não se envergonha de lhes chamar irmãos, 12 dizendo:
A meus irmãos declararei o teu nome, cantar-te-ei louvores no meio da
congregação. 13 E outra vez: Eu porei nele a minha confiança. E
ainda: Eis aqui estou eu e os filhos que Deus me deu.
Irmãos, sejamos claros:
sem o nosso Salvador, nós não seríamos filhos de Deus: éramos filhos do diabo;
filhos da ira e da desobediência [3].
Agora somos irmãos de Jesus e filhos do Pai celestial.
Veja de que maneira
honrosa somos chamados em 3:1
“santos irmãos, que participais da vocação
celestial...”
Em 3:14
“participantes de Cristo...”
Em 6:4
“participantes do Espírito Santo...”
Em 12:8-10
“participantes da sua santidade”
Mas leiamos ainda o cap.
12:22-24
“Mas tendes chegado ao monte Sião e à cidade do
Deus vivo, a Jerusalém celestial, e a incontáveis hostes de anjos, e à
universal assembleia 23 e igreja dos primogênitos arrolados nos
céus, e a Deus, o Juiz de todos, e aos espíritos dos justos aperfeiçoados, 24
e a Jesus, o Mediador da nova aliança, e ao sangue da aspersão que fala coisas
superiores ao que fala o próprio Abel”.
Aqui ele descreve o
seleto grupo do qual fazemos parte: somos o povo de Deus, que tem comunhão com
o céu, que iremos morar no céu.
Vê como é grande a nossa
salvação?
Conclusão
e aplicação
Quando Deus inspirou
este homem a escrever esta palavra de exortação, os irmãos a quem ele se
dirigiu estavam se tornando frios espiritualmente: muitos, diante das lutas,
estavam se deixando vencer pelo pecado e se desviando (12:4-13). Muitos estavam
deixando de participar da igreja (10:25). Outros, sentindo saudades, sentindo
falta da velha glória do judaísmo, com seu cerimonialismo, seu ouro, seus
paramentos, diante do qual o culto cristão é tão simples (caps. 7-10). Muitos
estavam esmorecendo na fé (cap. 6:4-9; 10:35-39).
Então ele escreve para
dizer: “Irmãos, não façam estas coisas.” Vejam como é grande a nossa salvação:
vejam como é grande o seu valor – ela custou o sangue de Jesus. Vejam como é
grande o nosso Salvador – ele é Senhor do universo, o criador de todas as
coisas, o que sustenta tudo o que existe, adorado pelos anjos, superior a tudo
e a todos, perfeito em todos os sentidos. Vejam de quanta coisa ele nos livrou
– do pecado, do diabo e da morte. E vejam quanta coisa ele nos deu – somos seus
irmãos, filhos de Deus, participantes da igreja celestial. Não abandonem tudo
isto, não pensem que isto é pouca coisa, não sejam negligentes.
E de forma positiva:
2:1, 3 - Por esta razão, importa que nos apeguemos,
com mais firmeza, às verdades ouvidas, para que delas jamais nos desviemos... 3
como escaparemos nós, se negligenciarmos tão grande salvação? A qual, tendo
sido anunciada inicialmente pelo Senhor, foi-nos depois confirmada pelos que a
ouviram
Apegar: “trazer para
perto de si com afeição, carinho, confiança, amor”. Apeguemo-nos a esta salvação tão grande, tão importante, que o próprio Senhor do universo veio à Terra para no-la anunciar.
Apeguem-se irmãos.
Apeguem-se às verdades da Palavra de Deus, de Jesus, da vida eterna, da
comunhão com Deus e com a igreja. Assim diz a Palavra do Senhor. Amém
Esse foi um razoável estudo da palavra de Deus. Graça e paz de Cristo
ResponderExcluirGrande esclarecimento.
ResponderExcluir