Achadas as tuas palavras, logo as comi; as tuas palavras me foram gozo e alegria para o coração, pois pelo teu nome sou chamado, ó SENHOR, Deus dos Exércitos. Jeremias 15:16

sexta-feira, 1 de março de 2013

O Pastor de Israel - Mt 2


Igreja Evangélica Presbiteriana
Domingo, 18 de março de 2012
Pr. Plínio Fernandes
Meus amados, vamos ver Mateus 2
1 Tendo Jesus nascido em Belém da Judéia, em dias do rei Herodes, eis que vieram uns magos do Oriente a Jerusalém. 2 E perguntavam: Onde está o recém-nascido Rei dos judeus? Porque vimos a sua estrela no Oriente e viemos para adorá-lo. 3 Tendo ouvido isso, alarmou-se o rei Herodes, e, com ele, toda a Jerusalém; 4 então, convocando todos os principais sacerdotes e escribas do povo, indagava deles onde o Cristo deveria nascer. 5 Em Belém da Judéia, responderam eles, porque assim está escrito por intermédio do profeta: 6 E tu, Belém, terra de Judá, não és de modo algum a menor entre as principais de Judá; porque de ti sairá o Guia que há de apascentar a meu povo, Israel. 7 Com isto, Herodes, tendo chamado secretamente os magos, inquiriu deles com precisão quanto ao tempo em que a estrela aparecera. 8 E, enviando-os a Belém, disse-lhes: Ide informar-vos cuidadosamente a respeito do menino; e, quando o tiverdes encontrado, avisai-me, para eu também ir adorá-lo. 9 Depois de ouvirem o rei, partiram; e eis que a estrela que viram no Oriente os precedia, até que, chegando, parou sobre onde estava o menino. 10 E, vendo eles a estrela, alegraram-se com grande e intenso júbilo. 11 Entrando na casa, viram o menino com Maria, sua mãe. Prostrando-se, o adoraram; e, abrindo os seus tesouros, entregaram-lhe suas ofertas: ouro, incenso e mirra. 12 Sendo por divina advertência prevenidos em sonho para não voltarem à presença de Herodes, regressaram por outro caminho a sua terra. 13 Tendo eles partido, eis que apareceu um anjo do Senhor a José, em sonho, e disse: Dispõe-te, toma o menino e sua mãe, foge para o Egito e permanece lá até que eu te avise; porque Herodes há de procurar o menino para o matar. 14 Dispondo-se ele, tomou de noite o menino e sua mãe e partiu para o Egito; 15 e lá ficou até à morte de Herodes, para que se cumprisse o que fora dito pelo Senhor, por intermédio do profeta: Do Egito chamei o meu Filho. 16 Vendo-se iludido pelos magos, enfureceu-se Herodes grandemente e mandou matar todos os meninos de Belém e de todos os seus arredores, de dois anos para baixo, conforme o tempo do qual com precisão se informara dos magos. 17 Então, se cumpriu o que fora dito por intermédio do profeta Jeremias: 18 Ouviu-se um clamor em Ramá, pranto, choro e grande lamento; era Raquel chorando por seus filhos e inconsolável porque não mais existem. 19 Tendo Herodes morrido, eis que um anjo do Senhor apareceu em sonho a José, no Egito, e disse-lhe: 20 Dispõe-te, toma o menino e sua mãe e vai para a terra de Israel; porque já morreram os que atentavam contra a vida do menino. 21 Dispôs-se ele, tomou o menino e sua mãe e regressou para a terra de Israel. 22 Tendo, porém, ouvido que Arquelau reinava na Judéia em lugar de seu pai Herodes, temeu ir para lá; e, por divina advertência prevenido em sonho, retirou-se para as regiões da Galiléia. 23 E foi habitar numa cidade chamada Nazaré, para que se cumprisse o que fora dito por intermédio dos profetas: Ele será chamado Nazareno.
Quando Jesus nasceu, a terra de Israel estava dividida em três territórios: Galiléia, ao norte, onde ficava a cidade de Nazaré, residência de José e Maria; a Judéia, ao sul, onde ficava Jerusalém, e entre as duas a região de Samaria.
Israel era governada por Herodes, o Grande, que reinou durante trinta e três anos. Ele era um grande empreendedor, construtor de grandes obras e grande administrador , mas também grande em amor ao poder, desconfiança e crueldade. Chegou ao ponto de matar sua esposa favorita e dois de seus filhos, quando desconfiou que eles estavam tramando tirar-lhe o trono. Então os judeus eram governados por um homem extremamente perigoso.
E acima de Herodes, dominando sobre todo o império, havia o césar romano Otaviano, que tomara o nome “Augusto”, isto é, “sublime, sagrado, venerado”. De vez em quando, a fim de organizar melhor a cobrança de impostos, os reis ordenavam que os moradores do império voltassem às cidades de origem de suas famílias, para que fossem alistadas num recenseamento. E foi assim que, por ordem de César Augusto, os recém casados José e Maria, que eram descendentes do rei Davi, foram obrigados a sair de Nazaré e viajar para Belém, na Judéia, onde nascera o famoso rei de Israel [1]. Maria estava grávida, e em Belém nasceu seu primeiro filho, Jesus. Depois disto, o texto nos dá a entender que eles passaram a morar Belém.
Algum tempo depois que Jesus nasceu, chegaram a Jerusalém uns magos vindos do Oriente. Esta palavra, “magos”, é de origem persa. Nós a encontramos várias vezes no livro de Daniel, como designativo de uma classe de conselheiros dos reis da Babilônia. Eram pessoas versadas nas “ciências do Oriente”, como astronomia, medicina, história, matemática, e tudo isto, naturalmente, misturado a muitas superstições. De maneira que estes homens, herdeiros de uma “magia antiga”, devem ter vindo das terras da Babilônia, onde desde o tempo do exílio os judeus haviam exercido certa influência cultural. Como estudiosos que eram, talvez eles tivessem conhecimento dos antigos escritos de Nabucodonosor, das crônicas babilônicas, talvez até mesmo do livro de Daniel, que falavam de um eterno reino vindouro. Há um livro muito interessante publicado pela Editora Vida Nova, chamado “O fator Melquisedeque” [2]. Nele, Don Richardson defende a tese de que, em cada cultura do mundo, Deus deixou certas marcas que são como que uma ponte que liga aquele povo à Palavra de Deus no Evangelho, e que então os que vão para o campo missionário devem prestar atenção aos sinais deixados, ou dados por Deus, em cada cultura.
Ele cita vários exemplos, como “o deus desconhecido que era adorado em Atenas”, do qual Paulo se valeu para pregar o Evangelho ali, os vários nomes de Deus que vemos no Antigo Testamento, como o Senhor, o Deus Altíssimo, o Todo-poderoso, e que têm sido encontrados em outras culturas antigas; e muitos outros. De qualquer forma, em sua imensa graça e sabedoria, o Senhor se utilizou de uma coisa que fazia parte da maneira daqueles magos entenderem a vida. E nas terras da antiga Babilônia, através de seus estudos astronômicos, eles perceberam que uma estrela especial estava lhes dizendo que o rei a quem os judeus esperavam havia nascido.
Então eles se puseram de viajem para a Judéia, com presentes, a fim de adorá-lo. Desta maneira eles demonstram que tinham um grande conhecimento sobre a natureza do reino de Jesus. Como o recém-nascido era “rei dos judeus”, eles naturalmente foram para Jerusalém, a capital de Judá. E em Jerusalém começaram a perguntar: “Onde está o recém-nascido rei dos judeus? Porque vimos a sua estrela no Oriente, e viemos para adorá-lo”.
Quando Herodes ouviu o que estavam dizendo ficou alarmado, e com ele toda Jerusalém. Porque, imagine: Herodes era um homem terrível. Como Saddam Hussein, do Iraque, que mandava matar qualquer pessoa de quem desconfiasse. Então pensem como estariam se sentindo os habitantes de Jerusalém. Se Herodes suspeitasse que qualquer pessoa poderia reconhecer Jesus como rei, ele a sentenciaria à morte.
Herodes convocou os principais escribas e sacerdotes. Eram as pessoas que conheciam as Escrituras Sagradas, e como tais, deveriam saber o que elas diziam sobre o nascimento do Messias. Eles disseram que seria em Belém, pois o profeta Miquéias havia falado sobre isto:
E tu, Belém, terra de Judá, embora seja tão pequena, não é a menos importante. Pois de ti me sairá aquele que há de guiar o meu povo de Israel”.
Os sacerdotes e escribas disseram isto ao rei e “não quiseram saber de mais nada”. Com isto, Herodes mandou chamar os magos, secretamente. E os enviou a Belém, dizendo: “Procurem o menino cuidadosamente, e quando vocês o encontrarem, me avisem, para que eu também vá adorá-lo”. Então eles partiram para a pequena Belém. E a estrela que haviam visto no Oriente apareceu de novo, precedendo-os e parando exatamente sobre a casa em que o menino Jesus estava.
Vendo novamente a estrela, os magos foram tomados de grande alegria. Entraram na casa, adoraram ao menino Jesus e ofertaram seus presentes. Depois disto, em sonhos, mais uma vez foram instruídos por Deus, agora no sentido de que não voltassem à presença de Herodes.
E também por meio de sonhos Deus instruiu a José, dizendo que ele fugisse para o Egito, porque o rei Herodes tentaria matar o menino. O que de fato aconteceu. Pois quando Herodes percebeu que os magos não voltariam, ficou furioso, e mandou matar todos os meninos de Belém e arredores, de dois anos para baixo. Infelizmente o tipo de comportamento tirano e genocida que não foi o primeiro, nem o último da História da Humanidade.
A família de Jesus não precisou ficar muito tempo no Egito, pois logo Herodes morreu. Então, guiados por Deus, eles foram novamente para Nazaré, na Galiléia. Como temos visto em nossos estudos anteriores, o propósito de Mateus é nos ensinar o Evangelho, a boa notícia da salvação em Jesus Cristo. Vimos, na genealogia do capítulo 1, que Jesus é o descendente de Davi, a quem o Senhor Deus havia prometido um reino eterno; e descendente de Abraão, por meio de quem seriam abençoadas todas as nações da terra. Assim Mateus nos mostra que Jesus é o cumprimento das promessas feitas a Abraão e Davi, e depois várias vezes reiteradas através dos profetas.
Depois, ainda no capítulo 1, quando Mateus nos conta sobre o nascimento de Jesus, mais uma vez ele cita o Antigo Testamento: mais precisamente o profeta Isaías, e ali nos ensina que Jesus é Deus que se fez homem e habitou entre nós para ser o nosso salvador. E agora, no cap. 2, você já deve ter percebido isto: mais uma vez, os eventos na vida de Jesus demonstram ser ele o Cristo prometido no Antigo Testamento.
Quando Herodes pergunta aos sacerdotes e escribas onde deveria nascer o rei dos judeus, eles respondem de acordo com o profeta Miquéias [3]. As palavras de Miquéias estão registradas, de forma parafraseada, no v. 6:
“E tu, Belém, terra de Judá, não és de modo algum a menor entre as principais de Judá; porque de ti sairá o Guia que há de apascentar a meu povo, Israel”.
Desta maneira, mais uma vez Mateus nos descreve Jesus. Aqui ele nos diz que Jesus é o pastor de Israel.
A palavra grega é traduzida de várias formas, conforme o contexto em que é empregada. Por exemplo, em At 7:10, ela fala sobre José, que foi constituído como “governador” do Egito. Em At 14:10, é usada para referir-se a Paulo, “o líder, o principal portador da palavra”. Em Lc 22:26, “aquele que dirige” seus irmãos na igreja.
Agora o que desejo destacar, para apreciarmos melhor o contexto do nosso versículo, é a palavra “pastor”. É assim que esta palavra é traduzida, por exemplo, em Hb 13:17, na versão Corrigida.
“Obedecei a vossos pastores e sujeitai-vos a eles; porque velam por vossa alma, como aqueles que hão de dar conta delas; para que o façam com alegria e não gemendo, porque isso não vos seria útil”.
A versão Almeida Revista e Atualizada trás “guias”. A Nova Versão Internacional diz “líderes”. E a Almeida Revista e Corrigida, “pastores”. E porque digo que dentro do nosso contexto, sem excluir os outros aspectos, a palavra guia quer dizer “pastor”? Porque logo em seguida Mateus diz que Jesus é um guia que apascenta. O conceito espiritual que ela nos transmite é que nós, seres humanos, não podemos conduzir a nossa vida sozinhos. Que precisamos alguém para nos orientar, para nos proteger, para cuidar de nós.
Por exemplo, em Mateus 9:36, falando sobre a necessidade de pregadores do Evangelho, o texto nos diz:
“Vendo ele as multidões, compadeceu-se delas, porque estavam aflitas e exaustas como ovelhas que não têm pastor”.
Por causa de nossas limitações humanas, por causa dos nossos pecados, por causa das dificuldades que a vida oferece, por causa das forças espirituais das trevas, nós somos como ovelhas que precisam de pastor. Somos ovelhas que não sabem conduzir seu próprio destino, que não têm poder sua própria vida.Somos ovelhas, que se deixadas entregues aos nossos próprios caminhos, temos a tendência de nos desviar, de andar por lugares perigosos, de cair em buracos, em abismos até. Os abismos do pecado, os abismos das falsas doutrinas, das falsas religiões, da falsa paz.
Agora, neste versículo (Mt 9:36) o Espírito Santo repete uma das palavras mais empregadas para se referir aos sentimentos de Jesus em relação a nós: compaixão. Compaixão diante das nossas aflições, compaixão diante do cansaço espiritual, emocional e físico.
Como Herodes estava enganado a respeito de Jesus! Em sua maneira carnal de entender, se alguém havia nascido com o destino de ser o rei dos judeus, certamente este alguém lhe seria um rival. Por isto deveria ser morto. Mas se havia algo que Jesus nunca desejaria, e que por isto Herodes nunca precisaria se preocupar, era o poder, a autoridade, o prestígio ou a popularidade. Jesus não faria campanhas publicitárias ou políticas contra Herodes, não faria conspirações; não colocaria as multidões contra o rei; não buscaria tomar o seu lugar.
O rei Jesus veio para ser pastor. O coração do nosso rei é um coração de pastor. A esta altura, entendo que o assunto mais importante da tua vida é este: Jesus é o teu pastor? Jesus é o teu guia? Jesus é quem conduz a tua alma? Pois se Jesus é o teu pastor, existem algumas bênçãos especiais para você. Mateus nos diz que...
“De ti me sairá o guia que há de apascentar meu povo...”
2.1 – Antes de dizer o que você pode esperar e encontrar em Jesus, eu quero dizer o que Jesus não faz.
Jesus não se comporta como um mercenário. Jesus nos diz isto de forma muito explícita, como que mostrando o cuidado que devemos ter em relação a este assunto.
Jo 10:11-14
11 Eu sou o bom pastor. O bom pastor dá a vida pelas ovelhas.  12 O mercenário, que não é pastor, a quem não pertencem as ovelhas, vê vir o lobo, abandona as ovelhas e foge; então, o lobo as arrebata e dispersa. 13 O mercenário foge, porque é mercenário e não tem cuidado com as ovelhas. 14 Eu sou o bom pastor; conheço as minhas ovelhas, e elas me conhecem a mim.
Aqui Jesus faz um contraste entre ele, como bom pastor, e o mercenário. O que é um mercenário? É uma pessoa que busca recompensa financeira; alguém que vai à luta por dinheiro. Evidente que desde os dias antigos muitas pessoas eram mercenárias da fé.
Jesus realizou muitas coisas. Jesus fez muitas coisas boas para muita gente. Ele não era casado, mas havia doze homens que estavam com ele o tempo todo, que precisavam comer, vestir-se, ter um lugar para dormir. Quantas vezes você viu Jesus pedindo dinheiro para as multidões?
Me diga uma coisa: as multidões que seguiam a Jesus eram pobres? Eram de baixa classe social? Jesus era um pastor segundo o coração do Pai? Quantas vezes você vê Jesus pregando que se elas dessem “dinheiro para a obra”, elas sairiam da pobreza, teriam vida farta, bons carros e prosperidade financeira?
Jesus alguma vez pregou isto? Certo que não! E porque não o fez? Porque ele não era mercenário. Ele deu a sua vida pelas ovelhas. Ele não ficou rico. Ele não tinha “bigas de luxo”, não morava em palácio. E você também não vê isto sendo feito ou ensinado por qualquer um dos apóstolos de Jesus.
Preste atenção: Jesus, o teu pastor , não é um mercenário. Ele não “esfola” as pessoas, pobres ou ricas, dizendo que se elas derem dinheiro verão o reino de Deus. Porque o reino de Deus é paz, justiça e alegria no Espírito Santo. E o Espírito Santo é uma pessoa divina, um dom da graça de Deus. Não é “uma coisa, uma mercadoria que se adquire com dinheiro”.
As ovelhas de Jesus ouvem a voz dele, e não ouvem a voz do mercenário. Elas sabem a diferença. Sabem quando é Jesus quem está falando, e quando não é. Então não se deixam enganar.
2.2 – Agora vejamos o que podemos esperar e encontrar em nosso pastor Jesus:
Em Isaías há uma promessa de paz para os que buscam ao Senhor.
Is 55:12
Saireis com alegria e em paz sereis guiados; os montes e os outeiros romperão em cânticos diante de vós, e todas as árvores do campo baterão palmas.
Quando leio este versículo, penso que o coração de Isaías era pura poesia, era transbordante de canções, tanto deleite ele sentia com as promessas de Deus, a ponto de dizer que até a natureza exultava diante das obras do Senhor.
Saireis com alegria e em paz sereis guiados. Se Jesus é quem te guia, isto é alegria e paz em seu coração. Você pode encontrar nele descanso para a tua alma
Mt 11:28-29
28 Vinde a mim, todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei. 29 Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração; e achareis descanso para a vossa alma.
Quais são as coisas que te afligem? São os teus pecados, as acusações de Satanás, os teus vícios, os teus complexos, os teus sentimentos de incapacidade diante das demandas da vida? Então você tem um pastor chamado Jesus, para te orientar, para te fortalecer, para te ensinar, para dar descanso à tua alma.
Você pode recorrer a ele para descansar nos braços dele:
Is 40:10-11
10 Eis que o SENHOR Deus virá com poder, e o seu braço dominará; eis que o seu galardão está com ele, e diante dele, a sua recompensa. 11 Como pastor, apascentará o seu rebanho; entre os seus braços recolherá os cordeirinhos e os levará no seio; as que amamentam ele guiará mansamente
Veja como o Senhor usa o poder dos seus braços: colocando neles as suas ovelhinhas, carregando-as no seio, guando com mansidão.
Há outra passagem em Isaías que eu gostaria de citar:
Is 46:1-4
1 Bel se encurva, Nebo se abaixa; os ídolos são postos sobre os animais, sobre as bestas; as cargas que costumáveis levar são canseira para as bestas já cansadas. 2 Esses deuses juntamente se abaixam e se encurvam, não podem salvar a carga; eles mesmos entram em cativeiro. 3 Ouvi-me, ó casa de Jacó e todo o restante da casa de Israel; vós, a quem desde o nascimento carrego e levo nos braços desde o ventre materno. 4 Até à vossa velhice, eu serei o mesmo e, ainda até às cãs, eu vos carregarei; já o tenho feito; levar-vos-ei, pois, carregar-vos-ei e vos salvarei.
Bel e Nebo, citados no v. 1, eram deuses babilônicos; ídolos fabricados pela imaginação e pelas mãos humanas. E como tais, suas imagens não podiam se mover, não podiam falar; ao contrário, precisavam ser carregadas por seus adoradores. Se alguém os precisasse transportar de um lugar para outro, colocava sobre um animal, e então era a maior canseira para os animais.
Mas o nosso Deus não precisa ser carregado pelos seus adoradores. Ao contrário, ele é que os carrega. Desde a infância, até à velhice. Ele carrega e salva. Perdoa. Renova o coração, a mente, concede paz.
Jesus não nos explora financeiramente, não mercadeja com nossas almas, não adultera a Palavra de Deus. Jesus é o guia que apascenta. Jesus é o guia que dá descanso para as nossas almas. Jesus é o guia que nos carrega nos braços. É o guia que dá a vida pelas suas ovelhas.
E isto nos conduz ao terceiro ponto...
O que o Espírito Santo quer dizer é que, embora Deus seja amor, embora Deus tenha amado ao mundo e ofereça o seu amor a todo o mundo através do Evangelho, existe uma condição para que as pessoas sejam guiadas por ele.
Voltemos ao capítulo 1, versículo 21b: “...ele salvará o seu povo dos pecados deles...”
Jesus não salva a todos; salva somente ao seu povo. Mas conforme o Evangelho ensina, ser povo de Jesus é algo que está ao alcance de qualquer pessoa que quiser.
Consideremos novamente o capítulo 2, ele diz que Jesus guia ao seu povo, Israel. O que significa isto? Significa que para uma pessoa ter a Jesus como seu guia e salvador ela precisa ser, humanamente falando, um israelita? Por certo que não! A própria história dos magos nos mostra que o povo de Jerusalém, juntamente com o rei Herodes, ficou assustado quando soube do nascimento de Jesus. Por outro lado, os magos eram gentios, não eram judeus, e vieram adorá-lo.
Este é a primeira vez, em Mateus, que ele começa a nos mostrar que o povo que seria salvo por Jesus não era o Israel étnico, mas o Israel da fé. Porque, embora Jesus fosse nascido judeu, e no começo tenha sido seguido por milhares de judeus, a nação judaica, como um todo, o rejeitou. E gradativamente o Evangelho nos demonstra que o reino foi sendo estendido a todos os povos. Neste sentido, quando alguém se converte a Jesus, ele é que é considerado um verdadeiro israelita, um verdadeiro pertencente ao povo de Deus. Por exemplo, João 1:11-12
11 Veio para o que era seu, e os seus não o receberam. 12 Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, a saber, aos que crêem no seu nome...”
Povo de Deus, então, não é aquele que nasceu israelita, mas aquele que recebeu a Jesus, que teve fé nele, que o reconheceu.
Em nosso texto nós vemos a primeira atitude de Herodes e dos hierosolimitas: eles ficaram alarmados. Há muitas pessoas, no mundo inteiro, que também ficam alarmadas, que ficam preocupadas quando ouvem falar de Jesus. Quando ouvem que ele é Deus, que virá para o juízo final, e que todos comparecerão diante de seu tribunal para serem julgados. Por isto há pessoas que não querem nem ouvir falar de Jesus.
Também nós vemos a atitude posterior de Herodes. Diante de seu temor de que Jesus pudesse tomar o seu lugar de rei, Herodes procurou matá-lo, mesmo ainda infante. De muitas maneiras, uma atitude completamente irracional. Pois Herodes não estava preocupado em deixar o seu trono para os filhos – o que na verdade aconteceu, pois assim que Herodes morreu, seu filho Herodes Arquelau tornou-se rei da Judéia, de Samaria e da Iduméia.
A preocupação de Herodes era com o seu próprio trono, mas ele já era idoso, e morreu dentro de pouco tempo, ao passo que Jesus era apenas um recém-nascido; não tomaria o seu trono. Muitas pessoas, à maneira de Herodes, têm um ódio irracional de Jesus, como se Jesus viesse para tirar o que é delas. Como se Jesus fosse um “estraga prazeres”. E dizem: “Eu sou dono do meu destino. Eu sou forte; sou o capitão da minha vida. Não sou um fraquinho que precisa de um pastor para minha alma”. Não entendem que Jesus é o pastor, o bom pastor, e assim perdem a paz e a salvação que Jesus veio dar.
Mas muitas pessoas, e graças a Deus, são milhares de milhares de pessoas, através de todos os tempos, têm entendido quem é Jesus, e o têm buscado, e o têm recebido, e são chamados “filhos de Deus”.
Jesus é o guia, o líder, o pastor de nossas almas. Jesus não nos explora, mas deu a sua vida em nosso favor, e nos conduz, nos dá descanso e salvação. A única condição é que o recebamos como nosso Deus.
Nós vamos fazer agora uma aplicação prática, em oração.
Sei que alguns de vocês estão alegres no Senhor, pois têm experimentado o descanso no coração, a paz do Senhor, a renovação de suas forças. Que em paz em sido guiados, que entram e saem com alegria. Oremos com gratidão ao nosso pastor. Sei também que alguns de vocês têm muitas vezes passado por coisas que fazem a alma ficar cansada. Mas Jesus é o nosso pastor.
“Vinde a mim, vós todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei; sem dinheiro e sem preço”.
Traga seus cuidados, seus problemas, seus pecados, seus fardos a Jesus.
E sei também que pode haver entre vocês pessoas que ainda não receberam a Jesus em seus corações, mas que estão necessitadas e desejosas de fazê-lo. Seja qual for a sua condição, vamos orar, adorar a Jesus e oferecer nossas vidas a ele.
Senhor Jesus, o nosso coração se prostra diante de ti e te adora neste momento.
Te adoramos por tua grandeza, por tua majestade, por teu poder e santidade. Te adoramos por tua sabedoria, tua graça e amor. Amor pelo qual o Senhor veio do céu para nos buscar para ti mesmo. Para cuidar de nós, apascentar nossas almas.
Querido pastor, nós nos rendemos a ti, confessando nossos pecados, que são grandes. Somos grandes pecadores, e confiamos que o nosso Salvador é maior que os nossos pecados.
Confessamos a ti as nossas fraquezas; as nossas tristezas, as nossas necessidades todas. E confiamos que o Senhor, segundo o teu poder, a tua graça e a tua fidelidade nos perdoa, nos concede novas forças, nos concede arrependimento para que mudemos onde for necessário, nos concede alívio e proteção.
Oro, Senhor, em favor das tuas ovelhinhas: que conheçam a cada dia o teu cuidado, a tua direção pelas veredas da justiça, o teu conduzir às águas de refrigério da alma, do coração, da mente, a tua unção. sobre suas vidas. Tu, que sondas o coração, vem ao encontro das tuas ovelhinhas, e apascenta cada uma delas.
Oro também em favor daquele que ainda não tem tido este privilégio de te conhecer assim. Mas que está ouvindo a tua voz falando ao seu coração. Concede a tua graça, Senhor Jesus. Concede, pois tu és grande e compassivo. Amém.



[1] Lc 2:1
[2] Richardson, Don, O fator Melquisedeque. São Paulo, Vida Nova, 1989
[3] Mq 5:2

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