Achadas as tuas palavras, logo as comi; as tuas palavras me foram gozo e alegria para o coração, pois pelo teu nome sou chamado, ó SENHOR, Deus dos Exércitos. Jeremias 15:16

sexta-feira, 8 de março de 2013

Jesus e as mulheres - Lc 8:1-3

Igreja Evangélica Presbiteriana
Domingo, 10 de março de 2010
Pr. Plínio Fernandes
Vamos ler Lucas 8:1-3
1Aconteceu, depois disto, que andava Jesus de cidade em cidade e de aldeia em aldeia, pregando e anunciando o evangelho do reino de Deus, e os doze iam com ele,  2 e também algumas mulheres que haviam sido curadas de espíritos malignos e de enfermidades: Maria, chamada Madalena, da qual saíram sete demônios; 3 e Joana, mulher de Cuza, procurador de Herodes, Suzana e muitas outras, as quais lhe prestavam assistência com os seus bens.
O Dia Internacional da Mulher é nasceu de um episódio trágico que aconteceu nos Estados Unidos. Em 1857, mulheres de uma fábrica de tecidos em Nova Iorque se rebelaram contra suas péssimas condições de trabalho. Foi a primeira vez que as mulheres se uniram para reivindicar melhorias. Mas a rebelião foi contida de forma violenta, culminando com a morte de 129 tecelãs, que morreram carbonizadas dentro da fábrica.
Em 1910 surgiu a idéia de se criar uma data para homenagear essas operárias e marcar um dia de luta feminina. Em 1975 a Assembléia Geral das Organizações das Nações Unidas (ONU) decretou o dia 8 de março como Dia Internacional da Mulher.
De forma que o Dia Internacional da Mulher é comemorado com alegria e poesia em muitos lugares, mas, ao mesmo tempo, muitas pessoas, comemoram este dia fazendo dele uma conclamação à luta pelos direitos da mulher. Isto porque a realidade que estas e muitas outras pessoas vivem é a de um ambiente discriminatório, no qual as mulheres ainda são consideradas de modo inferior aos homens.
Nós entendemos que se o Evangelho de Jesus Cristo fosse crido e obedecido no mundo inteiro, nem teria sido criado um Dia Internacional da Mulher, ou antes, se o fosse, não seria por causa de uma tragédia, mas sim do reconhecimento do valor que elas têm.
Porque Jesus, com seu ensino e seu comportamento, demonstrou como Deus pensa e quer que as mulheres sejam cuidadas. A sociedade judaica, e também a grega e a romana, isto é, o mundo conhecido dos discípulos de Jesus era um mundo discriminatório, neste mau sentido, em que as mulheres muitas vezes eram consideradas seres inferiores aos homens. Jesus viveu numa sociedade “machista”, como o caso em que uma mulher foi pega em flagrante adultério ilustra tão bem[1].
Os rabinos diziam:
-   “Quem ensinar a lei à sua filha é como se lhe ensinasse coisas obscenas.”
-   “É preferível destruir as palavras da lei pelo fogo do que ensiná-las a uma mulher.”[2]

As mulheres eram vistas como um mal, uma fonte de tentação e pecado. Um homem “sábio e decente” não gastava seu tempo conversando com mulheres, nem mesmo com a própria esposa, e muito menos com outras mulheres. Elas eram excluídas da vida pública, e se saíssem de casa, deveria ser com dois véus: um cobrindo os cabelos e outro cobrindo o rosto.
Na sinagoga elas podiam entrar, mas havia uma entrada separada e uma grade separando as mulheres das demais pessoas, e no templo havia o pátio das mulheres. E “é lógico”, elas deveriam permanecer absolutamente caladas.
Isto, é claro, não era o que pensavam muitos judeus piedosos, como por exemplo o sacerdote Zacarias, e tantos outros; mas era a atitude legalista e predominante de muitos pretensos homens santos.
E quanto a Jesus? Nosso Senhor teve, como Deus sempre teve, desde o início dos tempos, uma atitude diferente. Ele valorizava as mulheres como seres humanos criados por Deus e para Deus, que tinham tanto a necessidade quanto o direito, juntamente com os homens, de viverem diante de Deus e o servirem igualmente. Uma igualdade de valor diante de Deus que necessariamente proporcionava uma igualdade de valor diante dos homens.
Neste texto que lemos, nós aprendemos muito desta atitude do Senhor em relação à mulheres, e que como cristãos devemos sempre ter em mente, seguindo o seu pensamento e  exemplo.
A Palavra de Deus nos conta que o Senhor Jesus ia de cidade em cidade, de aldeia em aldeia, pregando o evangelho do reino de Deus, e os doze iam com ele (os doze que, conforme 6:12, ele já havia denominado apóstolos). E além dos doze, algumas mulheres: Maria Madalena, Joana, esposa de Cuza, Suzana e muitas outras, que serviam a Jesus com seus bens materiais.
O comportamento de Jesus era completamente diferente do que se esperava de um rabino, isto é, de um mestre. E porque era diferente?
1. É que Jesus entende que as mulheres, tanto quanto os homens, também precisam e podem ser salvas, podem ser alcançadas pela graça de Deus, ainda que o situação de vida de algumas delas fosse a pior possível
Segundo o pensamento de muitos, havia certas situações morais e espirituais que tornavam certas mulheres completamente impossíveis de serem salvas. Isto, é claro, a partir de uma perspectiva legalista, na qual a pessoa entende que a salvação da alma, a vida eterna, é uma coisa que o homem consegue a partir de uma vida sem pecado, de prática de boas obras, do guardar os mandamentos da lei.
Assim sendo, de acordo com esta mentalidade, existem certas mulheres (e é claro, homens também) cuja vida é tão contrária à lei, que não é possível que sejam salvas.
Por exemplo, esta mulher mencionada no capítulo 7:36-50, aqui no evangelho de Lucas. Ela era conhecida na cidade por sua vida de pecados. Embora a Bíblia não nos diga explicitamente qual ou quais eram os pecados desta mulher, a maneira como ela é descrita torna claro que seu pecado ou pecados são relacionados com a imoralidade sexual: talvez adultério, como no caso da mulher samaritana, a quem Jesus também salvou. Ou talvez, e o mais provável, prostituição.
Uma mulher adúltera, ou uma prostituta, é facilmente odiada pelos que vivem perto dela. Porque é o tipo de pecado que causa muita destruição: desavenças, mentiras, traição, separação, ruína espiritual e material, às vezes até enfermidades. Você conhece alguém assim?
Pois bem; de acordo com os rabinos, era impossível que uma mulher dessas fosse salva. Mas vejam a atitude de Jesus:
Lc 7:48 – Então, disse à mulher: Perdoados são os teus pecados”.
Não sabemos se numa conversa pessoal, ou se ouvindo o Senhor pregar; mas o fato é que ela crera em Jesus, fora perdoada de seus pecados, e agora seu coração transbordava de amor por ele.
Ou aqui no cap. 8 de Lucas, esta outra mulher, Maria Madalena, da qual Jesus havia expulsado sete demônios. “Uma mulher com tanto demônios assim não poderia ser salva!!!” Mas ei-la aqui, liberta de toda a opressão espiritual, alegremente andando com Jesus.
Sim; Jesus, “nos dias de sua carne”, enquanto esteve fisicamente entre os homens, alcançou com a mensagem de salvação a muitas mulheres. Ele demonstrava de modo especial o seu cuidado para com elas, o seu carinho: Ele trás de volta à vida o bem precioso, o filho de uma viúva, que havia falecido, na cidade de Naim[3]. Em dias que nenhum judeu se atrevia a entrar na região de Samaria ele vai até lá e a primeira pessoa a quem ele prega as boas notícias de salvação é a uma mulher, uma mulher de vida imoral[4]. Ele cura a filhinha da mulher cananéia, terrivelmente possuída por um espírito imundo[5]. Cura a mulher que havia 12 anos sofria de uma terrível enfermidade, um fluxo de sangue permanente, dia e noite[6].
Pois as mulheres, Jesus deixa muito claro, são tão importantes para Deus quanto os homens. Elas também foram criadas por Deus; elas também têm uma alma, e grande necessidade de salvação. E podem ser salvas.
2. Jesus entende que as mulheres, tanto quanto os homens, podem aprender e viver as realidades do Reino de Deus
Como já disse anteriormente, para certos rabinos, o ensinar a lei de Deus para as mulheres era a mesma coisa que estar ensinando a elas coisas obscenas. Para elas não faria diferença alguma.
Além disto, elas eram vistos como seres especialmente maliciosos Até mesmo um livro apócrifo, o Eclesiástico, descreve as mulheres de forma negativa. Ele diz:
“Foi pela mulher que começou o pecado, por sua culpa todos morremos; não dês saída à água, nem liberdade à mulher má. Se ela não te obedecer a um mover dos dedos ou a um olhar, separa-te dela.” (Ecl. 25:33-35 – BJ)
E noutro lugar:
“Diante de quem quer que seja, não te detenhas na beleza e não te assentes com mulheres. Porque das vestes sai a traça, e da mulher a malícia feminina. É melhor a malícia de um homem do que a bondade de uma mulher, uma mulher causa vergonha e censuras” (Ecl. 42:12-14 – BJ)
E ainda, sobre as filhas:
“A filha é para o seu pai um tesouro enganador...” (Ecl 42:9, heb. – BJ n.)
Resumindo: no conceito contemporâneo aos dias de Jesus, uma mulher não tinha capacidade de aprender as coisas de Deus, era fonte de tentação e pecado, só trazia inquietações. Mas o que vemos aqui? Jesus não acreditava em nada disto. Ao contrário, entendia que as mulheres eram dignas o suficiente para ele estar com elas.
Neste contexto, é quase impossível não pensar na reação dos discípulos em Jo 4:27.
Aqui Jesus está conversando com uma mulher, e isto é o que causa admiração em seus discípulos. Sabemos que esta samaritana era bem conhecida, pois, para usar uma frase de hoje, não era “mulher de um homem só”. Mas Jesus está falando com ela: não vê nela uma fonte em potencial de pecado. Ele a trata com naturalidade, respeito, santidade. Eu acho que o Guilherme Kerr foi muito feliz quando numa canção colocou nos lábios desta mulher a seguinte frase a respeito de Jesus:
“Não me tratou como os outros, me olhou como gente”[7].
O padrão que ele tinha para o seu próprio relacionamento com as mulheres, e que ele ensinou aos seus discípulos, era altíssimo, pois ele disse:
“Se um homem olhar para uma mulher com intenção impura, em seu coração já adulterou com ela.” – Mt 5:28
Sim, pois para Jesus, as mulheres não eram meros objetos de desejo: mas gente. E gente inteligente, como lemos em Lucas 10:38,39, sobre Maria assentada aos seus pés, aprendendo do reino de Deus. Sim, para ele valia a pena ensinar às mulheres, e a melhor coisa que elas podiam fazer era assentarem-se aos seus pés para aprender.
É por isto que à medida em que Jesus caminha de cidade em cidade, e seus discípulos o seguem, entre os seus discípulos estão, como diz o v. 3, muitas mulheres. Mulheres solteiras. Pelo menos uma que era casada, pois isto é mencionado especificamente. Mulheres de boa posição social. Mulheres humildes.
3. Jesus entendia que as mulheres podem servir no reino de Deus, tanto quanto os homens
As mulheres mencionadas no texto iam seguindo o grupo do Senhor, e o serviam com os seus bens. Estas mulheres serviam a Jesus com seus bens, e uma vez que o seguiam, também o serviam com seu tempo. Acho que não é exagero pensar que talvez o servissem preparando alimentos, cuidando do bem estar físico do grupo apostólico.
Sim, havia gente que pensava mal. Nos dias de hoje, os mórmons afirmam que estas mulheres todas aqui eram as várias esposas de Jesus. Mas qualquer um que tenha um pouco de bom senso não acredita que aquele que pregava e vivia santamente que ele tivesse várias esposas.
Mas eu acho esta passagem muito instrutiva, tanto pelo que ela diz quanto pelo que ela não diz: ela não diz que Jesus escolheu algumas mulheres, ou pelo menos uma, para ser “apóstola” (ou “apostila”, como jocosamente dizem alguns irmãos).
Assim como mais tarde, os apóstolos não escolheram alguma mulher para esta função. Nem foram escolhidas, ou dadas instruções às igrejas, para elegerem presbíteras, ou bispas, ou pastoras. Não havia nenhuma mulher com algum cargo oficial, ou de liderança, e isto porque, segundo o ensino bíblico, tanto na família quanto na igreja, o papel de liderança foi dado por Deus aos homens. E isto não tem nada a ver com costumes culturais: se Jesus ou os apóstolos fossem seguir os costumes culturais de seus dias as mulheres continuariam separadas até hoje. Mas para eles a cultura era o que menos importava, em contraste com a Palavra de Deus. E claro também que nem Jesus, nem os apóstolos consideravam que as mulheres eram, de alguma forma, inferiores aos homens.
Mas veja: ainda assim, estas mulheres serviam a Jesus. Eu entendo que aqui há pelo menos duas implicações:
Uma delas é esta que eu já mencionei: as mulheres não devem ocupar cargos oficiais na igreja; é claro que isto nós apenas vislumbramos aqui, mas quando associamos isto com o que a Bíblia diz como um todo sobre este assunto, a inferência é óbvia.
A segunda é esta: é que para você servir ao reino de Deus você não precisa de um cargo oficial na igreja: basta você ser uma pessoa como estas mulheres – uma pessoa que como elas conheceu a salvação em Cristo Jesus; ele libertou você, ele curou você, você o ama, você o segue, e então com um cargo ou não você serve a Jesus.
E amados, não é exatamente isto que vemos em nossa igreja? Nós temos presbíteras? Temos bispas? Não. Mas não é verdade que embora não tenhamos estas classes de oficiais da igreja, ainda assim as nossas irmãs são conselheiras, servidoras, auxiliadoras? E não podemos dizer o mesmo a respeito de muitos homens? Não é o cargo, ou o ofício que faz uma pessoa um servo de Deus: é o coração, a vida transformada.
Conclusão
Bem, quando olhamos para este texto, Jesus caminhando e pregando, os doze com ele, e estas mulheres indo junto, salvas, curadas, libertas, aprendendo, servindo, chegamos à conclusão de que para os crentes, todos os dias são dias em que as mulheres devem ser reconhecidas, amadas, respeitadas, honradas.
As mulheres são tão alvo da graça de Deus quanto os homens.
As mulheres são tão capacitadas espiritualmente para aprender as coisas do reino de Deus, e para viver nelas, quanto os homens.
As mulheres são tão capacitadas para servir no reino de Deus quanto os homens (não estamos falando de desempenharem as mesmas funções, mas de servirem com a mesma dignidade e valor que os homens.)
É verdade que as mulheres não foram designadas apóstolas, bispas, presbíteras, etc. Mas também não foi uma mulher que vendeu o Senhor por 30 moedas de prata. Também não foram as mulheres que fugiram apavoradas quando os soldados foram prender Jesus. No dia em que Jesus estava na cruz, os apóstolos tinham fugido apavorados, e a não ser João e estas mulheres, ninguém ficou com ele. Quando Jesus ressuscitou, ele apareceu primeiro às mulheres, que foram as primeiras a irem ao sepulcro para cuidar dele, e elas tiveram o privilégio de serem as primeiras a anunciar as boas notícias.
Aplicação
1.      Para as mulheres: uma vez que vocês são assim valorizadas por Deus
Nunca pense que talvez você tenha cometido algum pecado imperdoável – pense nas mulheres que seguiam a Jesus.
Nunca pensem de si mesmas em termos de inferioridade em relação a ninguém, pois diante de Deus, nenhum ser humano é inferior ao outro.
E por inferioridade, naturalmente eu quero dizer incapacidade. Pois a Bíblia diz que todos nós devemos considerar o nosso próximo superior a nós mesmos, no sentido de que devemos honrar o nosso próximo.
Mas ao mesmo tempo em que honramos uns aos outros, não devemos achar que não temos capacidade para entender as coisas de Deus, para servir a Deus, ao contrário, se Deus considera que temos, é assim que devemos considerar também.
Nenhuma mulher é “burra”; não assuma isto sobre si mesma.
Não pense de si mesma como objeto sexual: infelizmente muitas mulheres se rebaixam, dando a si mesmas o mesmo valor de objetos sexuais que os homens sem Deus dão a elas. Então usam de artimanhas, malícias e todas aquelas coisas parecidas para manipular os homens, ou para ganhar favores, ou para ganhar dinheiro – isso é pecado. Pense na sua sexualidade, na sua feminilidade, como um dom de Deus, e viva sua feminilidade em santidade, para a glória de Deus.
2.      Para nós, os homens
Tenhamos uma enorme gratidão a Deus por nossa esposa, filhas, mãe, irmãs, irmãs em Cristo, amigas no trabalho. Graças a Deus pela fidelidade, pela amizade, pelo carinho delas, pela maneira desprendida com a qual elas servem ao Senhor e a nós, por amor.
Valorizemos e respeitemos: mulheres não são seres inferiores, não são objeto de tentação, não devem ser consideradas de modo desrespeitoso.
Trabalhemos unidos em amor, para juntos servirmos ao Senhor até que ele volte.




[1] Jo 8:1-11
[2] Mary Evans, A mulher na Bíblia (São Paulo, ABU), pág. 23.

[3] Lc 7:11 e segs.
[4] Jo 4:1-35
[5] Mt 15:22 e segs.
[6] Mt 9:20 e segs.
[7] “Tantos amantes”, de Jorge Camargo e Guilherme Kerr, gravada no CD “Vento Livre”.

4 comentários:

  1. Somos todos iguais diante do Senhor. Glória a Deus nas alturas.

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  2. o estudo foi muito bom,mais alguns comentarios desnecessarios poderiam ser evitados,percebi algumas falas preconceituosa,acerca do ministe'rio feminino,a obra e' do senhor,ele chama quem quiser para trabalhar pra ele,seja homem ou mulher.....

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  3. Muito boa exposiçao.fiel aos pricipios estabelicidos pelo nosso mestre Jeus.

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  4. Amei Bastante o ensinamento foi forte demais

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