Domingo, 10 de março de 2010
Pr. Plínio
Fernandes
Vamos ler Lucas 8:1-3
1Aconteceu, depois disto, que andava Jesus de cidade em
cidade e de aldeia em aldeia, pregando e anunciando o evangelho do reino de
Deus, e os doze iam com ele, 2
e também algumas mulheres que haviam sido curadas de espíritos malignos e de
enfermidades: Maria, chamada Madalena, da qual saíram sete demônios; 3
e Joana, mulher de Cuza, procurador de Herodes, Suzana e muitas outras, as
quais lhe prestavam assistência com os seus bens.
O Dia
Internacional da Mulher é nasceu de um episódio trágico que aconteceu nos Estados
Unidos. Em 1857, mulheres de uma fábrica de tecidos em Nova Iorque se
rebelaram contra suas péssimas condições de trabalho. Foi a primeira vez que as
mulheres se uniram para reivindicar melhorias. Mas a rebelião foi contida de
forma violenta, culminando com a morte de 129 tecelãs, que morreram
carbonizadas dentro da fábrica.
Em
1910 surgiu a idéia de se criar uma data para homenagear essas operárias e
marcar um dia de luta feminina. Em 1975 a Assembléia Geral das Organizações das
Nações Unidas (ONU) decretou o dia 8 de março como Dia Internacional da Mulher.
De
forma que o Dia Internacional da Mulher é comemorado com alegria e poesia em
muitos lugares, mas, ao mesmo tempo, muitas pessoas, comemoram este dia fazendo
dele uma conclamação à luta pelos direitos da mulher. Isto porque a realidade
que estas e muitas outras pessoas vivem é a de um ambiente discriminatório, no
qual as mulheres ainda são consideradas de modo inferior aos homens.
Nós
entendemos que se o Evangelho de Jesus Cristo fosse crido e obedecido no mundo
inteiro, nem teria sido criado um Dia Internacional da Mulher, ou antes, se o
fosse, não seria por causa de uma tragédia, mas sim do reconhecimento do valor
que elas têm.
Porque Jesus, com seu ensino e seu comportamento, demonstrou como Deus pensa e
quer que as mulheres sejam cuidadas. A sociedade judaica, e também a grega e a
romana, isto é, o mundo conhecido dos discípulos de Jesus era um mundo
discriminatório, neste mau sentido, em que as mulheres muitas vezes eram
consideradas seres inferiores aos homens. Jesus viveu numa sociedade “machista”,
como o caso em que uma mulher foi pega em flagrante adultério ilustra tão bem[1].
Os
rabinos diziam:
-
“Quem ensinar a
lei à sua filha é como se lhe ensinasse coisas obscenas.”
As mulheres eram vistas como um mal, uma fonte de tentação e pecado. Um
homem “sábio e decente” não gastava seu tempo conversando com mulheres, nem
mesmo com a própria esposa, e muito menos com outras mulheres. Elas eram
excluídas da vida pública, e se saíssem de casa, deveria ser com dois véus: um
cobrindo os cabelos e outro cobrindo o rosto.
Na sinagoga elas podiam entrar, mas havia uma entrada separada e uma
grade separando as mulheres das demais pessoas, e no templo havia o pátio das
mulheres. E “é lógico”, elas deveriam permanecer absolutamente caladas.
Isto, é claro, não era o que pensavam muitos judeus piedosos, como por
exemplo o sacerdote Zacarias, e tantos outros; mas era a atitude legalista e
predominante de muitos pretensos homens santos.
E quanto a Jesus? Nosso Senhor teve, como Deus sempre teve, desde o
início dos tempos, uma atitude diferente. Ele valorizava as mulheres como seres
humanos criados por Deus e para Deus, que tinham tanto a necessidade quanto o
direito, juntamente com os homens, de viverem diante de Deus e o servirem
igualmente. Uma igualdade de valor diante de Deus que necessariamente
proporcionava uma igualdade de valor diante dos homens.
Neste texto que lemos, nós aprendemos muito desta atitude do Senhor em
relação à mulheres, e que como cristãos devemos sempre ter em mente, seguindo o
seu pensamento e exemplo.
A Palavra de Deus nos conta que o Senhor Jesus ia de cidade em cidade,
de aldeia em aldeia, pregando o evangelho do reino de Deus, e os doze iam com
ele (os doze que, conforme 6:12, ele já havia denominado apóstolos). E além dos
doze, algumas mulheres: Maria Madalena, Joana, esposa de Cuza, Suzana e muitas
outras, que serviam a Jesus com seus bens materiais.
O comportamento de Jesus era completamente diferente do que se esperava
de um rabino, isto é, de um mestre. E porque era diferente?
1. É que Jesus entende que as mulheres,
tanto quanto os homens, também precisam e podem ser salvas, podem ser
alcançadas pela graça de Deus, ainda que o situação de vida de algumas delas
fosse a pior possível
Segundo o pensamento de muitos, havia certas situações morais e
espirituais que tornavam certas mulheres completamente impossíveis de serem
salvas. Isto, é claro, a partir de uma perspectiva legalista, na qual a pessoa
entende que a salvação da alma, a vida eterna, é uma coisa que o homem consegue
a partir de uma vida sem pecado, de prática de boas obras, do guardar os
mandamentos da lei.
Assim sendo, de acordo com esta mentalidade, existem certas mulheres (e
é claro, homens também) cuja vida é tão contrária à lei, que não é possível que
sejam salvas.
Por exemplo, esta mulher mencionada no capítulo 7:36-50, aqui no
evangelho de Lucas. Ela era conhecida na cidade por sua vida de pecados. Embora
a Bíblia não nos diga explicitamente qual ou quais eram os pecados desta
mulher, a maneira como ela é descrita torna claro que seu pecado ou pecados são
relacionados com a imoralidade sexual: talvez adultério, como no caso da mulher
samaritana, a quem Jesus também salvou. Ou talvez, e o mais provável,
prostituição.
Uma mulher adúltera, ou uma prostituta, é facilmente odiada pelos que
vivem perto dela. Porque é o tipo de pecado que causa muita destruição:
desavenças, mentiras, traição, separação, ruína espiritual e material, às vezes
até enfermidades. Você conhece alguém assim?
Pois bem; de acordo com os rabinos, era impossível que uma mulher dessas
fosse salva. Mas vejam a atitude de Jesus:
Lc 7:48 – “Então, disse à mulher: Perdoados são os teus
pecados”.
Não sabemos se numa conversa pessoal, ou se ouvindo o Senhor pregar; mas
o fato é que ela crera em Jesus, fora perdoada de seus pecados, e agora seu
coração transbordava de amor por ele.
Ou aqui no cap. 8 de Lucas, esta outra mulher, Maria Madalena, da qual
Jesus havia expulsado sete demônios. “Uma mulher com tanto demônios assim não
poderia ser salva!!!” Mas ei-la aqui, liberta de toda a opressão espiritual,
alegremente andando com Jesus.
Sim; Jesus, “nos dias de sua carne”, enquanto esteve fisicamente entre
os homens, alcançou com a mensagem de salvação a muitas mulheres. Ele
demonstrava de modo especial o seu cuidado para com elas, o seu carinho: Ele
trás de volta à vida o bem precioso, o filho de uma viúva, que havia falecido,
na cidade de Naim[3]. Em
dias que nenhum judeu se atrevia a entrar na região de Samaria ele vai até lá e
a primeira pessoa a quem ele prega as boas notícias de salvação é a uma mulher,
uma mulher de vida imoral[4].
Ele cura a filhinha da mulher cananéia, terrivelmente possuída por um espírito
imundo[5].
Cura a mulher que havia 12 anos sofria de uma terrível enfermidade, um fluxo de
sangue permanente, dia e noite[6].
Pois as mulheres, Jesus deixa muito claro, são tão importantes para Deus
quanto os homens. Elas também foram criadas por Deus; elas também têm uma alma,
e grande necessidade de salvação. E podem ser salvas.
2. Jesus entende que as mulheres, tanto
quanto os homens, podem aprender e viver as realidades do Reino de Deus
Como já disse anteriormente, para certos rabinos, o ensinar a lei de
Deus para as mulheres era a mesma coisa que estar ensinando a elas coisas
obscenas. Para elas não faria diferença alguma.
Além disto, elas eram vistos como seres especialmente maliciosos Até
mesmo um livro apócrifo, o Eclesiástico, descreve as mulheres de forma negativa.
Ele diz:
“Foi pela mulher que começou o pecado, por sua culpa todos morremos;
não dês saída à água, nem liberdade à mulher má. Se ela não te obedecer a um
mover dos dedos ou a um olhar, separa-te dela.” (Ecl. 25:33-35 – BJ)
E noutro lugar:
“Diante de quem quer que seja, não te detenhas na beleza e não te
assentes com mulheres. Porque das vestes sai a traça, e da mulher a malícia
feminina. É melhor a malícia de um homem do que a bondade de uma mulher, uma
mulher causa vergonha e censuras” (Ecl. 42:12-14 – BJ)
E ainda, sobre as filhas:
“A filha é para o seu pai um tesouro enganador...” (Ecl 42:9, heb. – BJ
n.)
Resumindo: no conceito contemporâneo aos dias de Jesus, uma mulher não
tinha capacidade de aprender as coisas de Deus, era fonte de tentação e pecado,
só trazia inquietações. Mas o que vemos aqui? Jesus não acreditava em nada
disto. Ao contrário, entendia que as mulheres eram dignas o suficiente para ele
estar com elas.
Neste contexto, é quase impossível não pensar na reação dos discípulos
em Jo 4:27.
Aqui Jesus está conversando com uma mulher, e isto é o que causa
admiração em seus discípulos. Sabemos que esta samaritana era bem conhecida,
pois, para usar uma frase de hoje, não era “mulher de um homem só”. Mas Jesus
está falando com ela: não vê nela uma fonte em potencial de pecado. Ele a trata
com naturalidade, respeito, santidade. Eu acho que o Guilherme Kerr foi muito
feliz quando numa canção colocou nos lábios desta mulher a seguinte frase a
respeito de Jesus:
“Não me tratou como os outros, me olhou como gente”[7].
O padrão que ele tinha para o seu próprio relacionamento com as
mulheres, e que ele ensinou aos seus discípulos, era altíssimo, pois ele disse:
“Se um homem olhar para uma mulher com intenção impura, em seu coração
já adulterou com ela.” – Mt 5:28
Sim, pois para Jesus, as mulheres não eram meros objetos de desejo: mas
gente. E gente inteligente, como lemos em Lucas 10:38,39, sobre Maria assentada
aos seus pés, aprendendo do reino de Deus. Sim, para ele valia a pena ensinar
às mulheres, e a melhor coisa que elas podiam fazer era assentarem-se aos seus
pés para aprender.
É por isto que à medida em
que Jesus caminha de cidade em cidade, e seus discípulos o
seguem, entre os seus discípulos estão, como diz o v. 3, muitas mulheres. Mulheres
solteiras. Pelo menos uma que era casada, pois isto é mencionado
especificamente. Mulheres de boa posição social. Mulheres humildes.
3. Jesus entendia que as mulheres podem
servir no reino de Deus, tanto quanto os homens
As mulheres mencionadas no texto iam seguindo o grupo do Senhor, e o
serviam com os seus bens. Estas mulheres serviam a Jesus com seus bens, e uma
vez que o seguiam, também o serviam com seu tempo. Acho que não é exagero
pensar que talvez o servissem preparando alimentos, cuidando do bem estar
físico do grupo apostólico.
Sim, havia gente que pensava mal. Nos dias de hoje, os mórmons afirmam
que estas mulheres todas aqui eram as várias esposas de Jesus. Mas qualquer um
que tenha um pouco de bom senso não acredita que aquele que pregava e vivia
santamente que ele tivesse várias esposas.
Mas eu acho esta passagem muito instrutiva, tanto pelo que ela diz
quanto pelo que ela não diz: ela não diz que Jesus escolheu algumas mulheres,
ou pelo menos uma, para ser “apóstola” (ou “apostila”, como jocosamente dizem
alguns irmãos).
Assim como mais tarde, os apóstolos não escolheram alguma mulher para
esta função. Nem foram escolhidas, ou dadas instruções às igrejas, para
elegerem presbíteras, ou bispas, ou pastoras. Não havia nenhuma mulher com
algum cargo oficial, ou de liderança, e isto porque, segundo o ensino bíblico,
tanto na família quanto na igreja, o papel de liderança foi dado por Deus aos
homens. E isto não tem nada a ver com costumes culturais: se Jesus ou os
apóstolos fossem seguir os costumes culturais de seus dias as mulheres
continuariam separadas até hoje. Mas para eles a cultura era o que menos
importava, em contraste com a Palavra de Deus. E claro também que nem Jesus,
nem os apóstolos consideravam que as mulheres eram, de alguma forma, inferiores
aos homens.
Mas veja: ainda assim, estas mulheres serviam a Jesus. Eu entendo que
aqui há pelo menos duas implicações:
Uma delas é esta que eu já mencionei: as mulheres não devem ocupar
cargos oficiais na igreja; é claro que isto nós apenas vislumbramos aqui, mas
quando associamos isto com o que a Bíblia diz como um todo sobre este assunto,
a inferência é óbvia.
A segunda é esta: é que para você servir ao reino de Deus você não
precisa de um cargo oficial na igreja: basta você ser uma pessoa como estas
mulheres – uma pessoa que como elas conheceu a salvação em Cristo Jesus ; ele
libertou você, ele curou você, você o ama, você o segue, e então com um cargo
ou não você serve a Jesus.
E amados, não é exatamente isto que vemos em nossa igreja? Nós temos
presbíteras? Temos bispas? Não. Mas não é verdade que embora não tenhamos estas
classes de oficiais da igreja, ainda assim as nossas irmãs são conselheiras,
servidoras, auxiliadoras? E não podemos dizer o mesmo a respeito de muitos
homens? Não é o cargo, ou o ofício que faz uma pessoa um servo de Deus: é o coração,
a vida transformada.
Conclusão
Bem, quando olhamos para este texto, Jesus caminhando e pregando, os
doze com ele, e estas mulheres indo junto, salvas, curadas, libertas,
aprendendo, servindo, chegamos à conclusão de que para os crentes, todos os dias
são dias em que as mulheres devem ser reconhecidas, amadas, respeitadas,
honradas.
As mulheres são tão alvo da graça de Deus quanto os homens.
As mulheres são tão capacitadas espiritualmente para aprender as coisas
do reino de Deus, e para viver nelas, quanto os homens.
As mulheres são tão capacitadas para servir no reino de Deus quanto os
homens (não estamos falando de desempenharem as mesmas funções, mas de servirem
com a mesma dignidade e valor que os homens.)
É verdade que as mulheres não foram designadas apóstolas, bispas,
presbíteras, etc. Mas também não foi uma mulher que vendeu o Senhor por 30
moedas de prata. Também não foram as mulheres que fugiram apavoradas quando os
soldados foram prender Jesus. No dia em que Jesus estava na cruz, os apóstolos tinham
fugido apavorados, e a não ser João e estas mulheres, ninguém ficou com ele. Quando
Jesus ressuscitou, ele apareceu primeiro às mulheres, que foram as primeiras a
irem ao sepulcro para cuidar dele, e elas tiveram o privilégio de serem as
primeiras a anunciar as boas notícias.
Aplicação
1.
Para as mulheres: uma vez que vocês são assim
valorizadas por Deus
Nunca pense que talvez você tenha cometido algum pecado imperdoável –
pense nas mulheres que seguiam a Jesus.
Nunca pensem de si mesmas em termos de inferioridade em relação a
ninguém, pois diante de Deus, nenhum ser humano é inferior ao outro.
E por inferioridade, naturalmente eu quero dizer incapacidade. Pois a
Bíblia diz que todos nós devemos considerar o nosso próximo superior a nós
mesmos, no sentido de que devemos honrar o nosso próximo.
Mas ao mesmo tempo em que honramos uns aos outros, não devemos achar que
não temos capacidade para entender as coisas de Deus, para servir a Deus, ao
contrário, se Deus considera que temos, é assim que devemos considerar também.
Nenhuma mulher é “burra”; não assuma isto sobre si mesma.
Não pense de si mesma como objeto sexual: infelizmente muitas mulheres
se rebaixam, dando a si mesmas o mesmo valor de objetos sexuais que os homens
sem Deus dão a elas. Então usam de artimanhas, malícias e todas aquelas coisas
parecidas para manipular os homens, ou para ganhar favores, ou para ganhar
dinheiro – isso é pecado. Pense na sua sexualidade, na sua feminilidade, como
um dom de Deus, e viva sua feminilidade em santidade, para a glória de Deus.
2. Para
nós, os homens
Tenhamos uma enorme gratidão a Deus por nossa esposa, filhas, mãe, irmãs,
irmãs em Cristo, amigas no trabalho. Graças a Deus pela fidelidade, pela
amizade, pelo carinho delas, pela maneira desprendida com a qual elas servem ao
Senhor e a nós, por amor.
Valorizemos e respeitemos: mulheres não são seres inferiores, não são
objeto de tentação, não devem ser consideradas de modo desrespeitoso.
Trabalhemos unidos em amor, para juntos servirmos ao Senhor até que ele
volte.
Somos todos iguais diante do Senhor. Glória a Deus nas alturas.
ResponderExcluiro estudo foi muito bom,mais alguns comentarios desnecessarios poderiam ser evitados,percebi algumas falas preconceituosa,acerca do ministe'rio feminino,a obra e' do senhor,ele chama quem quiser para trabalhar pra ele,seja homem ou mulher.....
ResponderExcluirMuito boa exposiçao.fiel aos pricipios estabelicidos pelo nosso mestre Jeus.
ResponderExcluirAmei Bastante o ensinamento foi forte demais
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