Achadas as tuas palavras, logo as comi; as tuas palavras me foram gozo e alegria para o coração, pois pelo teu nome sou chamado, ó SENHOR, Deus dos Exércitos. Jeremias 15:16

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Deus se fez homem - Mt 1:18-25

Igreja Evangélica Presbiteriana
Domingo, 12 de março de 2012
Pr. Plínio Fernandes
Queridos irmãos, vamos ler Mateus 1:18-25
18 Ora, o nascimento de Jesus Cristo foi assim: estando Maria, sua mãe, desposada com José, sem que tivessem antes coabitado, achou-se grávida pelo Espírito Santo. 19 Mas José, seu esposo, sendo justo e não a querendo infamar, resolveu deixá-la secretamente. 20 Enquanto ponderava nestas coisas, eis que lhe apareceu, em sonho, um anjo do Senhor, dizendo: José, filho de Davi, não temas receber Maria, tua mulher, porque o que nela foi gerado é do Espírito Santo. 21 Ela dará à luz um filho e lhe porás o nome de Jesus, porque ele salvará o seu povo dos pecados deles. 22 Ora, tudo isto aconteceu para que se cumprisse o que fora dito pelo Senhor por intermédio do profeta: 23 Eis que a virgem conceberá e dará à luz um filho, e ele será chamado pelo nome de Emanuel (que quer dizer: Deus conosco). 24 Despertado José do sono, fez como lhe ordenara o anjo do Senhor e recebeu sua mulher. 25 Contudo, não a conheceu, enquanto ela não deu à luz um filho, a quem pôs o nome de Jesus.
José, o pai legal de Jesus, ainda que fosse um dos descendentes diretos do grande rei Davi, e talvez tivesse o direito natural de habitar num palácio, era apenas um humilde carpinteiro que residia na humilde cidade de Nazaré, na Galiléia, a humilde região norte de Israel.
E como a maioria dos homens, ele amava uma mulher e queria casar-se com ela. Ela se chamava Maria, e também era da descendência de Davi. Eles estavam noivos. Eu imagino que formavam um casal muito bonito. Pois ambos eram pessoas profundamente piedosas; amavam ao Senhor, viviam honestamente, seguiam os seus mandamentos.
Mas um dia uma coisa extraordinária aconteceu; algo que nunca antes, nem depois, se repetiu em toda a história da humanidade. A jovem Maria estava sozinha, e um mensageiro de Deus, o anjo Gabriel, lhe apareceu.
Naturalmente que ela ficou muito espantada. Mas o anjo lhe disse: “Maria, não tenha medo. Eu vim porque você tem sido alcançada pela graça de Deus. Vim lhe dizer que você ficará grávida, e dará à luz a um filho a quem chamará ‘Jesus’. Ele será grande, será chamado Filho do Altíssimo, e Deus lhe dará o trono do rei Davi, seu pai; um reino que não terá fim...”
E a jovem perguntou ao anjo: “Mas como será isto? Eu nunca tive relações com homem algum...”. E Gabriel respondeu explicando que, assim como Deus a escolhera, Deus também realizaria um milagre: o poder do Espírito Santo viria sobre ela, e por este poder seria gerado dentro dela um novo ser humano, mas sem a participação de um homem.
Embora seja algo para além de nossa imaginação, para nós, os que cremos, assim como Maria, no Deus que é revelado na Bíblia, não é difícil acreditar que as coisas aconteceram assim. Porque se você acredita que em seis dias, do nada, apenas pelo poder de sua Palavra e de seu Espírito, Deus criou o universo inteiro[1], então sabe que nada é impossível para ele. Para Deus, “a coisa mais simples” é fecundar, pelo mesmo poder de sua Palavra e de seu Espírito, um óvulo no interior de uma mulher.
E foi isto o que o anjo disse a Maria que aconteceria: ela ficaria grávida pelo poder do Espírito Santo. Uma prova do poder de Deus, Maria poderia ver em sua prima Izabel, que já era idosa, e estéril, mas que em sua velhice havia ficado grávida também, e já estava no sexto mês. Então Maria se submeteu à vontade de Deus. Em seguida, ela foi para a região montanhosa de Efraim, para visitar sua prima Izabel; e ali ficou cerca de três meses, e então voltou para Nazaré.[2]
Eu tenho a impressão de que foi nestes dias, depois da visita a Izabel, que José ficou sabendo da gravidez de Maria. O que será que ele sentiu? Como será que ele soube? Será quem foi ela quem contou para ele? Será que ela disse como aconteceu? Se foi ela, parece que José teve uma dificuldade para acreditar, pois foi necessário que um anjo viesse a ele também.
Ou será que ele soube através de outras pessoas? De qualquer forma José, pelo que podia entender, havia sido traído. Por um lado, ele amava Maria, por outro, como poderia se casar com uma mulher que, segundo ele estava entendendo, não o amava? Então começou a pensar em deixá-la secretamente. Será que, com isto, ele entendesse que as pessoas não poriam a culpa em Maria, mas nele, pois pensariam que ele havia tido relações com a noiva e depois não quisera dar continuidade ao casamento. O propósito claro de José é que ele não queria difamar a Maria.
Eu tenho muita admiração por estes dois filhos de Deus!  Mas, enquanto José pensava nestas coisas, um anjo do Senhor lhe foi enviado.  E da mesma forma que fizera à moça, transmitiu ao homem palavras de paz:
“José, filho de Davi, não tenha medo de se casar com Maria; porque o que nela foi gerado é do Espírito Santo. Ela dará à luz um filho e você lhe porá o nome de Jesus, porque ele salvará o seu povo dos pecados deles”.
Mateus acrescenta que todas estas coisas eram o cumprimento de uma antiga profecia que dizia: “Eis que a virgem conceberá e dará à luz um filho, e ele será chamado pelo nome de Emanuel (que quer dizer: Deus conosco)”.
Assim como Maria, José obedeceu à Palavra de Deus através do anjo. Eles se casaram, e não tiveram relações enquanto ela não deu à luz ao seu primogênito, Jesus. Depois disto, os Evangelhos nos dizem que Jesus teve irmãs e irmãos [3].
Eu quero destacar a Palavra de Deus, dada por Isaías e endossada por Mateus, no versículo 23:
A virgem conceberá e dará a luz a um filho, e este filho será chamado Emanuel, que quer dizer, Deus conosco”.
Estas palavras nos foram dadas pelo Espírito Santo para que conheçamos a Jesus, e conhecendo tenhamos vida.
1. Mateus nos diz que Jesus é Deus
Ele será chamado Emanuel, que quer dizer, “Deus conosco”.
1.1 – Jesus é divino
Eu não pretendo neste momento fazer um estudo completo a respeito da divindade de Jesus Cristo. Já temos estudado este assunto em outras ocasiões. E Deus permitindo, também o faremos em muitas outras. Por ora eu desejo enfatizar as implicações dessa divindade.
Mas algumas pessoas têm real dificuldade com esta doutrina, pois não vemos, nos Evangelhos de Mateus, Marcos e Lucas, a afirmação explicita de que Jesus é Deus. Esta afirmação é feita de modo mais claro no Evangelho de João.
Então argumentam: “Os três primeiros Evangelhos não nos dizem que Jesus é Deus. Falam apenas que Jesus era Filho de Deus e como tal, um representante de Deus; e neste sentido, na pessoa de Jesus, Deus estava entre nós. Na realidade, quando Mateus está dizendo que Jesus é Deus conosco, não está falando que ele é divino; apenas que na pessoa de Jesus, o Senhor Deus estava visitando o mundo em sua misericórdia, tal como já fizera antes, através de reis e profetas piedosos”.
É verdade que estes três primeiros Evangelhos, que comumente chamamos Sinóticos, não nos dizem que Jesus é Deus de forma explícita. Mas de forma implícita sim. Pretendo ser o mais breve possível:
Mt 4:8-11
8 Levou-o ainda o diabo a um monte muito alto, mostrou-lhe todos os reinos do mundo e a glória deles. 9 e lhe disse: Tudo isto te darei se, prostrado, me adorares. 10 Então, Jesus lhe ordenou: Retira-te, Satanás, porque está escrito: Ao Senhor, teu Deus, adorarás, e só a ele darás culto. 11 Com isto, o deixou o diabo, e eis que vieram anjos e o serviram.
O diabo estava tentando nosso Senhor, para que o adorasse. De acordo com a resposta de Jesus a Satanás no v. 10, somente Deus deve ser adorado. Se fizermos isto a qualquer outro ser que não seja Deus, é pecado.
Por isto é que no livro de Atos, Paulo e Barnabé não se deixam adorar:
At 14:14-15
14 Porém, ouvindo isto, os apóstolos Barnabé e Paulo, rasgando as suas vestes, saltaram para o meio da multidão, clamando: 15 Senhores, por que fazeis isto? Nós também somos homens como vós, sujeitos aos mesmos sentimentos, e vos anunciamos o evangelho para que destas coisas vãs vos convertais ao Deus vivo, que fez o céu, a terra, o mar e tudo o que há neles...
E também é por isto que no Apocalipse de João um anjo de Deus se recusa a ser adorado:
Ap 19:9-10
9 Então, me falou o anjo: Escreve: Bem-aventurados aqueles que são chamados à ceia das bodas do Cordeiro. E acrescentou: São estas as verdadeiras palavras de Deus.  10 Prostrei-me ante os seus pés para adorá-lo. Ele, porém, me disse: Vê, não faças isso; sou conservo teu e dos teus irmãos que mantêm o testemunho de Jesus; adora a Deus. Pois o testemunho de Jesus é o espírito da profecia.
Ap 22:8-9
8 Eu, João, sou quem ouviu e viu estas coisas. E, quando as ouvi e vi, prostrei-me ante os pés do anjo que me mostrou essas coisas, para adorá-lo.  9 Então, ele me disse: Vê, não faças isso; eu sou conservo teu, dos teus irmãos, os profetas, e dos que guardam as palavras deste livro. Adora a Deus”.
Eu acho “estranhamente engraçado” o comportamento de João. Ele, que conhecia a Jesus. Que escreveu o Evangelho. Que no começo do Apocalipse recebe uma revelação extraordinária da glória de Jesus. Agora, por duas vezes, ele se prostra aos pés de um anjo, para adorá-lo. Isto nos revela muito sobre a natureza humana. Como somos capazes de adorar a quem não devemos, ou ao que não devemos, quando ficamos maravilhados diante de algo ou alguém.
Mas “graças a Deus” que João fez isto. Graças a Deus porque ele foi humilde o suficiente para registrar as duas vezes no livro. E graças a Deus pela resposta do anjo, que é bem diferente do desejo de Satanás: “Não faça isto, eu sou testemunha de Jesus, conservo teu e de todos os teus irmãos. Adora a Deus”. Agora voltemos ao Evangelho de Mateus
Mt 8:1-3
1 Ora, descendo ele do monte, grandes multidões o seguiram.  2 E eis que um leproso, tendo-se aproximado, adorou-o, dizendo: Senhor, se quiseres, podes purificar-me. 3 E Jesus, estendendo a mão, tocou-lhe, dizendo: Quero, fica limpo! E imediatamente ele ficou limpo da sua lepra.
Acho que não preciso comentar que a atitude de Jesus diante deste leproso que o adorou foi diferente da atitude de Paulo e Barnabé, e diferente do anjo no Apocalipse. Jesus aceitou a adoração daquele homem. Por isto também faz sentido o comportamento dos Magos no capítulo 2, quando encontram o menino Jesus.
Mt 2:11
Entrando na casa, viram o menino com Maria, sua mãe. Prostrando-se, o adoraram; e, abrindo os seus tesouros, entregaram-lhe suas ofertas: ouro, incenso e mirra.
Existem várias outras evidências da divindade de Jesus neste Evangelho, que destacaremos em ocasião oportuna.
1.2 – Mas pensemos nas implicações de divindade de Cristo
1.2.1 – Se Jesus é Deus, significa que ele está em toda a parte, quer dizer, ele é onipresente.
Vejamos, por exemplo, Mt 28:20
E eis que estou convosco todos os dias até à consumação do século.
Estou deliberadamente deixando de lado o v. 18, onde Jesus nos diz que tem toda a autoridade no céu e na terra; e também o v. 19, onde ele coloca o seu nome em pé de igualdade com o nome do Pai e do Espírito Santo. Quero destacar apenas esta promessa: “Eis que estou convosco todos os dias...”. Além de afirmar a sua existência perpétua, diz que, onde quer que os crentes estejam, ele está junto. Para estar em bilhões de lugares ao mesmo tempo, precisa ser onipresente.
1.2.2 – Se Jesus é Deus, significa que ele sabe todas as coisas, isto é, ele é onisciente
Mt 9:1-4
1 Entrando Jesus num barco, passou para o outro lado e foi para a sua própria cidade.  2 E eis que lhe trouxeram um paralítico deitado num leito. Vendo-lhes a fé, Jesus disse ao paralítico: Tem bom ânimo, filho; estão perdoados os teus pecados. 3 Mas alguns escribas diziam consigo: Este blasfema. 4 Jesus, porém, conhecendo-lhes os pensamentos, disse: Por que cogitais o mal no vosso coração?
Jesus, além de estar em todos os lugares, tem a capacidade de saber todas as coisas. Até o que vai no mais profundo do nosso ser. Conhece nossas mentes e os nossos corações. Conhece as nossas motivações. Conhece os nossos desejos, as nossas necessidades. Os nossos pecados. E de cada ser humano.
1.2.3 – Se Jesus é Deus, significa que ele é todo poderoso
Mt 8:23-27
23 Então, entrando ele no barco, seus discípulos o seguiram.  24 E eis que sobreveio no mar uma grande tempestade, de sorte que o barco era varrido pelas ondas. Entretanto, Jesus dormia.  25 Mas os discípulos vieram acordá-lo, clamando: Senhor, salva-nos! Perecemos! 26 Perguntou-lhes, então, Jesus: Por que sois tímidos, homens de pequena fé? E, levantando-se, repreendeu os ventos e o mar; e fez-se grande bonança. 27 E maravilharam-se os homens, dizendo: Quem é este que até os ventos e o mar lhe obedecem?
Vejam quanta paz Jesus tinha no coração. Estava dormindo. Quem é este? Foi assim, na tempestade, que os discípulos aprenderam que Jesus é aquele que caminha no meio da tormenta [4], que cavalga sobre as nuvens [5], cuja voz é poderosa, que preside as tempestades [6].
2. Mateus nos diz que Deus se fez homem
Deus, que está entre nós, foi concebido pelo poder do Espírito Santo no ventre de uma mulher. Na linguagem de João, Deus se fez carne. Carne e ossos.
Eu não sei descrever, eu nem mesmo entendo a grandeza desta maravilha. Olhe para o capítulo 2 aqui de Mateus. E nele, você vê o Deus todo poderoso, onisciente, onipresente, na forma de um bebezinho recém-nascido. Precisando ser amamentado. Ter as fraudas trocadas. Receber banho, perfume, usar roupas.
Prossiga nos Evangelhos. Você o vê crescendo. Indo às sinagogas e ao templo. Ele gosta da vida: suas parábolas falam de homens trabalhando, de festas, de danças. Ele gosta de crianças, é benigno com as mulheres, trata a todos com compaixão. Ele presta atenção nas flores, nas estações do ano. Se convidado, ele vai a festas de casamento, e cuida para que a festa não se acabe antes da hora.
Mas, mais uma vez, preciso ser breve; então quero destacar, umas poucas implicações da humanidade de Cristo:
2.1 – Se Deus se fez homem, isto significou ser tentado, como todos os homens
Mt 4:1-3
1 A seguir, foi Jesus levado pelo Espírito ao deserto, para ser tentado pelo diabo.  2 E, depois de jejuar quarenta dias e quarenta noites, teve fome.  3 Então, o tentador, aproximando-se, lhe disse: Se és Filho de Deus, manda que estas pedras se transformem em pães”.
Nós temos aqui o registro das tentações de Jesus, antes de iniciar seu ministério, antes mesmo de ele começar a chamar seus discípulos. Ele estava no deserto, jejuando e orando. Fez isto por quarenta dias. Então teve fome, e o diabo se aproximou para tentá-lo.
Embora esta tenha sido uma crise muito importante, pela qual ele precisava passar como nosso Salvador, não foi a última. Pelo que conheço, a última tentação de Cristo foi no Getsêmani, onde ele estava se sentido muito amedrontado com o fato de que no dia seguinte passaria por todo aquele sofrimento na cruz.
Mt 26:36-42
36 Em seguida, foi Jesus com eles a um lugar chamado Getsêmani e disse a seus discípulos: Assentai-vos aqui, enquanto eu vou ali orar; 37 e, levando consigo a Pedro e aos dois filhos de Zebedeu, começou a entristecer-se e a angustiar-se. 38 Então, lhes disse: A minha alma está profundamente triste até à morte; ficai aqui e vigiai comigo. 39 Adiantando-se um pouco, prostrou-se sobre o seu rosto, orando e dizendo: Meu Pai, se possível, passe de mim este cálice! Todavia, não seja como eu quero, e sim como tu queres. 40 E, voltando para os discípulos, achou-os dormindo; e disse a Pedro: Então, nem uma hora pudestes vós vigiar comigo? 41 Vigiai e orai, para que não entreis em tentação; o espírito, na verdade, está pronto, mas a carne é fraca. 42 Tornando a retirar-se, orou de novo, dizendo: Meu Pai, se não é possível passar de mim este cálice sem que eu o beba, faça-se a tua vontade.
Note no v. 37, os sentimentos de Jesus: começou a entristecer-se e angustiar-se. No 38: “A minha alma está profundamente triste, a ponto de morrer”. Note o pedido ao Pai: “Pai, se possível, passa de mim este cálice, mas faça-se a tua vontade, e não a minha”. De outro modo: “Pai, se tiver outro jeito, sem que seja necessário eu ir para a cruz... mas seja feita a tua vontade”.
Agora, se esta foi a última tentação de Cristo, sabemos que naquele intervalo de três anos entre o início e o fim de seu ministério, Jesus sofreu outras tentações.
Lc 22:28
Vós sois os que tendes permanecido comigo nas minhas tentações
Não sabemos dizer quais exatamente foram as ocasiões, mas o escritor aos Hebreus nos diz que ele foi tentado e todas as coisas, à nossa semelhança.
2.2 – Se Deus se fez homem, isto significou sofrer, como todos os homens
Já vimos que ele se entristeceu, se angustiou. Os textos paralelos a Mateus são igualmente fortes
Mc 14:33
E, levando consigo a Pedro, Tiago e João, começou a sentir-se tomado de pavor e de angústia.
Lc 22:44
E, estando em agonia, orava mais intensamente. E aconteceu que o seu suor se tornou como gotas de sangue caindo sobre a terra
Deus entre nós. Deus feito homem. O Deus-Homem sendo tentado. O Deus homem sofrendo tristeza. O Deus-Homem angustiado. Apavorado. Amedrontado. A ponto de seu suor se tornar como em gotas de sangue.
2.3 – Isto porque se Deus se fez homem, isto também significou assumir limitações, como todos os homens.
Jesus precisava comer, se não, ficava com fome. Precisava descansar, precisava dormir. Na cruz, queixou-se de que estava com sede, assim como pedira água à mulher samaritana. Seu corpo humano podia morrer.
Se Deus se fez homem, isto significou identificar-se totalmente conosco. Assim ele foi tentado como nós. Sofreu como nós. Tornou-se carne e ossos como nós. E morreu.
E sabe o que é ainda mais maravilhoso? É que depois de ter passado por tudo o que passou, de ter alcançado a nossa salvação, depois que ressuscitou, subiu ao céu e foi restaurado à glória que tinha antes, Jesus continuou e continuará para sempre um ser humano, com carne e ossos. Eu tenho a impressão de que mesmo que nunca houvesse pecado, o plano de Deus era se fazer homem e habitar entre nós.
Mas houve pecado e consequências. Agora, Deus necessitava se encarnar em semelhança de homem pecador? O todo poderoso precisava passar medo? Não. O criador de todos os alimentos carecia passar fome? Não. O doador da vida, e vida em abundancia, a fonte de toda a bem-aventurança e felicidade, tinha que sofrer? Não. O criador dos anjos precisava ser tentado por um deles? É claro que não. Então porque ele fez isto?
Porque “Deus é amor” [7]. E “Deus amou ao mundo de tal maneira que deu seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” [8].
Isto nos conduz ao último ponto...
3. Mateus nos diz que Deus, que se fez homem, é o nosso Salvador
“Ele salvará o seu povo dos pecados deles”.
E nisto nós vemos dois fatos:
Primeiro: que o propósito de Jesus era nos salvar dos nossos pecados. Com isto eu quero dizer que os milagres que Jesus realizou não eram a sua grande razão de estar no mundo. Os milagres eram fruto de sua compaixão diante das misérias humanas, mas acima de tudo foram realizados para que as pessoas pudessem entender melhor que ele era o Filho de Deus. Depois foram registrados nas Escrituras para que nós crêssemos também. Veja o testemunho de João:
Jo 20:30-31
30 Na verdade, fez Jesus diante dos discípulos muitos outros sinais que não estão escritos neste livro.  31 Estes, porém, foram registrados para que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais vida em seu nome.
João nos diz que estes milagres que foram registrados aqui nos levam a crer em Jesus, e crendo tenhamos vida. O grande propósito de Jesus em vir ao mundo foi este: nos dar salvação. Com ele nos diz em Lucas, “... o Filho do Homem veio buscar e salvar o perdido”.[9]
O segundo fato é este: é que para os nossos pecados, o único escape é a salvação. Não existe outra maneira. Para tratar com o pecado, não adianta eu me empenhar em “melhorar de comportamento”, pois a minha natureza humana é incapaz de salva-se a si mesma.  Pois, o que é salvação? É tirar de uma situação de destruição. É tirar de uma situação de morte.  Jesus veio para nos salvar dos nossos pecados
Rm 6:23
Porque o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna em Jesus Cristo, nosso Senhor.
3.1 – Jesus nos salva da condenação dos nossos pecados
Rm 8:1
Agora, pois, já nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus.
É uma salvação contínua, pois continuamos sendo pecadores:
Rm 8:33-34
33 Quem intentará acusação contra os eleitos de Deus? É Deus quem os justifica. 34 Quem os condenará? É Cristo Jesus quem morreu ou, antes, quem ressuscitou, o qual está à direita de Deus e também intercede por nós”.
3.2 – Jesus nos salva do domínio do pecado
Rm 8:2
Porque a lei do Espírito da vida, em Cristo Jesus, te livrou da lei do pecado e da morte.
Porque quando não conhecemos a Cristo, a única lei que podemos ver em nós mesmos é a lei do pecado que conduz à morte. O pecado tem domínio sobre nossos pensamentos. Só nos dedicamos a cultivar as coisas da natureza humana inclinada por si só ao pecado. Mas quando nos vemos livres da lei do pecado, livres da condenação que ela nos trazia, então nos vemos livres para Deus, para fazer sua vontade. E ainda que muitas vezes tenhamos que chorar e sofrer em nossa luta contra o pecado, somos ensinados pela graça de Deus de modo que vamos amadurecendo e aprendendo a ter vitória; vitória que nos é dada pelo poder do Espírito de Jesus Cristo habitando em nós.
3.3 – Jesus nos salvará do “mundo de pecado”
Rm 8:23
E não somente ela (a criação) , mas também nós, que temos as primícias do Espírito, igualmente gememos em nosso íntimo, aguardando a adoção de filhos, a redenção do nosso corpo.
Paulo fala da redenção do nosso corpo. Acontecerá no dia em que Jesus voltar. O dia que aguardamos com ansiedade. Pois daí em diante, nunca mais seremos tentados. E nunca mais pecaremos, eternamente. Nossa salvação estará completa.
Conclusão
Não é à toa que este livro é chamado “Evangelho”. É um livro que nos trás boas notícias. Pois nos fala de Deus, o nosso criador, o nosso provedor, que nos trouxe à existência e que nos sustenta. Pois fala que o nosso criador nos amou, e veio viver entre nós, como um de nós.
Assim ele amou a vida como nós amamos, mas com a diferença de que nunca se deixou dominar pelas circunstâncias, boas ou más. Nunca amou as coisas do mundo de tal maneira que elas o afastassem do Pai celestial. Amou as pessoas como nós amamos, mas com diferença de que seu amor é inesgotável. Assim como nós, ele também sofreu. Fisicamente, emocionalmente, psicologicamente, espiritualmente. E assim como nós, foi tentado em todas as áreas de sua vida. Em suas emoções, em seus pensamentos, em suas necessidades físicas e materiais. Foi tentado em sua confiança no Pai. Mas não cedeu às tentações, pois seu amor pelo Pai era perfeito.
Por fim, Jesus se identificou conosco de tal maneira que assumiu sobre si o castigo dos nossos pecados, e em nosso lugar morreu na cruz, para que nós tenhamos a vida eterna, a salvação de nossas almas.
Aplicação
Você crê nesta boa notícia?
Se você crê, eis aqui alguns frutos desta crença:
1. Não deixe de receber a Jesus como seu Deus, como Senhor de tua vida.
Pois se Jesus veio prá salvar, se ele morreu na cruz para isto, é porque você é pecador e precisa salvação. Jesus não daria sua vida, não derramaria seu sangue precioso, à toa. É por causa de nossa necessidade. Então não recuse a Jesus, se não, você continuará perdido em seus pecados. Se ainda não o fez, aceite a Jesus, entregue sua vida a ele hoje mesmo. Não tenha medo, e não tenha vergonha de seguir a Jesus.
2. Você deve adorar a Jesus. Como os magos, como o leproso, como muitos outros relatados na Bíblia.
Adore a Jesus como seu Deus, e somente a ele.
Não adore a anjos, não adore a santos, não adore a homem algum, pois “ao Senhor adorarás, e só a ele servirás”.
3. Conte com a companhia de Jesus em todo o tempo
Pois ontem, hoje ele é o mesmo, e o será para sempre. Nunca te deixará. Nunca te desamparará.[10] Ele está com você, conhece você, por dentro e por fora. Conhece suas lutas, seus limites, suas tentações, seus pecados, suas necessidades. Conhece e compreende, porque “sentiu na pele” tudo o que você passa. Então ele é um misericordioso sumo-sacerdote, compassivo, que intercede por você, que te ajuda nas horas difíceis [11].
Creia no seu perdão. Creia na sua consolação. Pois “quem intentará acusação contra os eleitos de Deus? É Deus quem os justifica.  Quem os condenará? É Cristo Jesus quem morreu ou, antes, quem ressuscitou, o qual está à direita de Deus e também intercede por nós.  Quem nos separará do amor de Cristo?” [12]. Creia no amor de Jesus. Saiba que o perfeito amor lança fora todo o medo. Então viva sem medo, pois aquele que é amor perfeito está com você [13].
4. Fale de Cristo
Primeiro, porque a boca fala do que está cheio o coração. Mas também, porque as pessoas que não conhecem a Cristo precisam conhecer. Ele, e somente ele, é quem pode salvar a todo pecador.  E todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo. Mas como alguém invocará aquele em quem não crer? E como crerá se não houver quem fale? [14]. Então fale de Jesus, pois quando você sair por estas portas (do templo), você estará saindo para o campo missionário.





[1] Cf. Gn 1
[2] Cf. Lc 1:24-56
[3] Mt 13:55, 56// Mc 6:3
[4] Na 1:3
[5] Sl 68:4
[6] Sl 29
[7] 1ª Jo 4:8
[8] Jo 3:16
[9] Lc 19:10
[10] Hb 13:5
[11] Hb 4:15
[12] Rm 8:33-35
[13] 1ª Jo 4:18
[14] Rm 10:13, 14

2 comentários:

  1. Uma exposição doutrinaria espetacular sobre Cristo e sua Salvação, e sobre o homem e seu pecado.

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  2. Que bênção de estudo!🤗fiquei maravilhada, que possa vim aqui eprender mais.Obrigado, q o nosso Deus abençoe cada dia mais com esses conhecimentos.

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