Achadas as tuas palavras, logo as comi; as tuas palavras me foram gozo e alegria para o coração, pois pelo teu nome sou chamado, ó SENHOR, Deus dos Exércitos. Jeremias 15:16

quarta-feira, 5 de junho de 2013

Não deis aos cães o que é santo - Mt 7:6

Igreja Evangélica Presbiteriana
Domingo, 12 de agosto de 2012
Pr. Plínio Fernandes
Amados, vamos ler Mateus 7:1-12
1 Não julgueis, para que não sejais julgados.2 Pois, com o critério com que julgardes, sereis julgados; e, com a medida com que tiverdes medido, vos medirão também.3 Por que vês tu o argueiro no olho de teu irmão, porém não reparas na trave que está no teu próprio?4 Ou como dirás a teu irmão: Deixa-me tirar o argueiro do teu olho, quando tens a trave no teu?5 Hipócrita! Tira primeiro a trave do teu olho e, então, verás claramente para tirar o argueiro do olho de teu irmão.6 Não deis aos cães o que é santo, nem lanceis ante os porcos as vossas pérolas, para que não as pisem com os pés e, voltando-se, vos dilacerem. 7 Pedi, e dar-se-vos-á; buscai e achareis; batei, e abrir-se-vos-á.8 Pois todo o que pede recebe; o que busca encontra; e, a quem bate, abrir-se-lhe-á.9 Ou qual dentre vós é o homem que, se porventura o filho lhe pedir pão, lhe dará pedra?10 Ou, se lhe pedir um peixe, lhe dará uma cobra?11 Ora, se vós, que sois maus, sabeis dar boas dádivas aos vossos filhos, quanto mais vosso Pai, que está nos céus, dará boas coisas aos que lhe pedirem?12 Tudo quanto, pois, quereis que os homens vos façam, assim fazei-o vós também a eles; porque esta é a Lei e os Profetas.
Através dos anos eu tenho conhecido algumas pessoas, ou vivido certas situações, que me fazem pensar nas palavras de Jesus no versículo 6. Felizmente não são muitas.
Mas me lembro de certo homem, quando eu era recém-convertido a Jesus, que não se conformava de ver minha alegria com o Evangelho; e fazia de qualquer coisa que eu dissesse um motivo para escarnecer dos crentes. Por exemplo, se ele passasse por mim e eu estivesse cantando (eu gostava cantar baixinho enquanto trabalhava), ele começava a cantar músicas ofensivas, cheias de chocarrices, e a gritar palavrões.  Certa ocasião ele me ouviu falando sobre ensino de Jesus, “dá a quem te pede, não voltes as costas ao que deseja que lhe emprestes”, e me disse: “No dia do pagamento eu quero todo o teu salário”. Expressões como “crente é trouxa” eram comuns nos lábios dele.
Através dos anos eu já tenho visto bêbados zombarem do nome de Jesus, hereges blasfemarem da Bíblia, e até mesmo pessoas que se dizem crentes, aproveitarem-se da devoção de seus irmãos, e usarem a Bíblia para ferir aos piedosos sem que estes ofereçam resistência. Também tenho lido de imperadores romanos, “boxers” na China, de ateus atrevidos, e muitas outras pessoas, que vezes sem conta se utilizarem daquilo que eles chamam “loucuras da Bíblia”, para zombar e ferir o povo de Deus.
Estes fatos nos fazem pensar nas palavras de Jesus aqui:
Não deis aos cães o que é santo, nem lanceis ante os porcos as vossas pérolas, para que não as pisem com os pés e, voltando-se, vos dilacerem.
“Se vocês derem aos cães o que é santo, se vocês derem suas pérolas aos porcos, eles irão pisar em cima, e depois se voltarão contra vocês”.
É fácil perceber que “cães e porcos” são metáforas que se referem a pessoas especialmente difíceis, que além de não aceitar as coisas do Senhor, ainda se voltam contra os que tentam lhes dar os bons tesouros de Deus. “Se você estiver diante de uma pessoa assim”, diz Jesus, “não adianta dar suas pérolas a ela”; ou melhor, “este tipo de gente pode causar danos a vocês”.
São palavras de Jesus, nosso Senhor e Deus. Palavras de Verdade, daquele que tem zelo pelo bem-estar de nossas almas, e por causa disto não podem ser passadas por cima, sem que prestemos a elas a devida atenção. Então hoje vamos nos dedicar a meditar em seu significado. Há três observações que desejo fazer
1. Primeiro, consideremos que as palavras de Jesus podem nos surpreender, nos deixar espantados
“Não deis aos cães o que é santo, nem lanceis ante os porcos as vossas pérolas”.
Existem algumas pessoas a quem Jesus descreve como cães e porcos. Há muitas coisas nestas palavras do Senhor que nos deixam espantados.  Digo isto para vergonha nossa, pois não deveríamos ficar surpresos. Mas porque podemos estranhar?
1.1 - É que em nossos dias temos um conhecimento tão limitado de Jesus, pensamentos tão humanistas, isto é, mundanos, a respeito do Senhor, que muitas vezes o vemos mais como uma pessoa condescendente e fraca, uma imagem serena e impassível, como uma “estátua sentada em posição de lótus”, e não como o Santo Filho de Deus, que se ira diante do pecador obstinado.
Uma das coisas que nos surpreendem é Jesus, a encarnação do Deus de amor, chamando algumas pessoas de “cães e porcos”. Pois a nós parece que se Deus é amor isto significa que ele não deve se opor a ninguém, não deve confrontar o erro, mas deixar que cada um, em seu livre arbítrio, faça o que quiser. Um Deus que não intervém nos negócios humanos até que o homem resolva dar a ele a oportunidade de manifestar o seu amor.
Mas Jesus não é assim. É um Deus de iniciativa. Que age. Que vem ao mundo em busca de suas ovelhas. Que dá a sua vida por elas. Mas que também detesta o mal. Ele detesta o mal, e quando as pessoas persistem no mal, ele não hesita em classificá-las sob adjetivos que descrevem a sua maldade (e não nos enganemos, estes adjetivos indicam que haverá julgamento sobre elas – Apocalipse, por exemplo, diz que na Nova Jerusalém os cães ficarão de fora).
E este não é o único lugar nos Evangelhos em que o vemos usar esta espécie de tratamento a certa classe de pessoas:
Lc 13:31-33
31 Naquela mesma hora, alguns fariseus vieram para dizer-lhe: Retira-te e vai-te daqui, porque Herodes quer matar-te. 32 Ele, porém, lhes respondeu: Ide dizer a essa raposa que, hoje e amanhã, expulso demônios e curo enfermos e, no terceiro dia, terminarei. 33 Importa, contudo, caminhar hoje, amanhã e depois, porque não se espera que um profeta morra fora de Jerusalém.
A resposta dada por Jesus é de uma importância muito grande: os fariseus disseram que ele deveria fugir, porque Herodes queria matá-lo. Mas Jesus diz que continuaria a fazer tudo o que estava fazendo, e que sua obra só estaria terminada no terceiro dia.
Para os que leem Evangelho, esta é uma referência óbvia à ressurreição de Jesus, que aconteceria no terceiro dia depois de sua morte pelos nossos pecados. Ele iria morrer, mas não porque Herodes desejava matá-lo; iria morrer porque ele mesmo daria a sua vida. Então, por sua própria deliberação, caminharia até Jerusalém, mas não fugindo de Herodes, pois seria lá que ele deveria morrer e no terceiro dia terminar a sua obra, isto é, ressuscitar.
Mas no contexto de nossa mensagem de hoje, eu quero destacar a maneira como Jesus se refere ao rei Herodes: “raposa”.
A raposa era um animal bem conhecido dos judeus, criadores de ovelhas: um predador, que ataca as ovelhas. Assim Herodes Antipas, descendente de edomitas, inimigos de Israel, usurpador dos direitos da família de Davi, que já havia matado João Batista, era predador astuto, uma raposa, um animal que queria matar a Jesus.
Agora, Mt 12:34
Raça de víboras, como podeis falar coisas boas, sendo maus? Porque a boca fala do que está cheio o coração.
Uma tradução melhor é “como poderíeis falar coisas boas, sendo maus”? Pois que os fariseus estavam dizendo que Jesus expulsava demônios pelo poder de Satanás. Isto é, suas palavras a respeito de Jesus eram maldosas, cheias de peçonha.  E a boca deles dizia coisas venenosas porque o coração deles era cheio de veneno.Por isto, na opinião de Jesus, eles eram “raça de víboras”. E assim também, na opinião de Jesus, existem pessoas que são como “cães e porcos”.
1.2 - Outra coisa que nos surpreende é que Jesus diz estas coisas logo depois de nos instruir no sentido de que não devemos julgar as outras pessoas; não podemos ser juízes, condenadores do nosso próximo, não podemos destruir o nosso próximo com nossas palavras.
E ainda antes ele já havia também falado que não devemos dirigir aos nossos irmãos palavras de ofensa: não podemos chama-los “raca”, ou tolos.  Então temos a tendência de pensar que qualquer discernimento crítico em relação aos que vivem no erro seja pecado.
Mas aqui, lemos que existem certas pessoas a respeito das quais precisamos ter o a mesma visão de Jesus. Pois doutra forma, como poderíamos saber o que fazer diante delas? Isto quer dizer que, embora não sejamos Deus, não julguemos, e não condenemos estas pessoas, devemos ter a percepção que nos leve a não partilhar com elas certos tesouros. Há pessoas com quem não devemos compartilhar nossos tesouros, pois são pessoas portadoras de alto poder de destruição espiritual.
Como diz o livro de Provérbios: Não repreendas o escarnecedor, para que te não odeie; repreende o sábio, e ele te amará” (Pv 9:8).
 1.3 – Também nos surpreende que alguns versículos depois, ao nos ensinar sobre oração, Jesus nos diz que somos maus, isto é, somos pecadores (v. 11), mas a nós, ainda que sejamos pecadores, Jesus nos coloca no lugar oposto àqueles que ele chama de “cães e porcos”.
Digo que é surpreendente a graça de Deus para conosco. Pois diante de sua santidade, as nossas melhores obras são como um pano sujo. Mas a palavra que ele usa para descrever os que creem na sua palavra não é “cães”, nem “porcos”, nem “raposas”, nem “raça de víboras”.
Àqueles que o ouvem, ele chama “minhas ovelhas”.
Jo 10:26-28
26 Mas vós não credes, porque não sois das minhas ovelhas.27 As minhas ovelhas ouvem a minha voz; eu as conheço, e elas me seguem.28 Eu lhes dou a vida eterna; jamais perecerão, e ninguém as arrebatará da minha mão.
E isto nos ajuda a entender, pelo menos em parte, porque Jesus usa palavras fortes para com aos que procuram nos ferir: somos ovelhas dele. Somos pessoas que o amam e o seguem. Ele nos ama e não permite que nos façam mal.
“Das minhas mãos e das mãos de meu Pai ninguém irá tirar as minhas ovelhas”.
2. Em segundo lugar, consideremos a quem Jesus chama de cães e porcos
O que significa isso? Que atitudes numa pessoa o levam a considerá-la assim?
Para os judeus, tanto os cães como os porcos eram animais imundos. Os judeus não os tinham como animais de estimação. Pensava-se que os porcos eram animais que gostavam de sujeira. E os cães eram vira-latas que perambulavam pelas ruas, procurando comida no lixo, e se tornavam agressivos com as pessoas que se aproximavam, além de ser agressivos uns com os outros.
Contrariando o ensino da lei que ordenava amar os estrangeiros, os judeus consideravam os gentios como pessoas indignas, e costumavam chamá-los de cães. Mas certamente Jesus não partilhava deste sentimento. Ele amou ao mundo inteiro, e ordenou que o Evangelho fosse pregado a todas as nações.
Então, a que tipo de pessoas Jesus estava se referindo? Me parece que o próprio versículo nos ajuda a entender: cães e porcos são aqueles que, quando recebem as coisas santas, os tesouros do céu, se voltam contra aqueles que os estão dando. Porcos e cães são aqueles que não somente rejeitam, ou não aceitam as coisas de Deus, mas que reagem com escárnio e agressividade.
No Novo Testamento nós temos pelo menos três situações nas quais algumas pessoas reagem assim:
2.1 – Aqueles que rejeitam e lutam contra o Evangelho logo de início
Leiamos Mateus 10, quando Jesus ordena os discípulos a irem de dois em dois pregando o Evangelho
Mt 10:14, 15
 14 Se alguém não vos receber, nem ouvir as vossas palavras, ao sairdes daquela casa ou daquela cidade, sacudi o pó dos vossos pés.15 Em verdade vos digo que menos rigor haverá para Sodoma e Gomorra, no Dia do Juízo, do que para aquela cidade.
Em Atos 13, quando Paulo está no sul da Europa, em Antioquia da Psídia.
At 13:44-46
44 No sábado seguinte, afluiu quase toda a cidade para ouvir a palavra de Deus.45 Mas os judeus, vendo as multidões, tomaram-se de inveja e, blasfemando, contradiziam o que Paulo falava.46 Então, Paulo e Barnabé, falando ousadamente, disseram: Cumpria que a vós outros, em primeiro lugar, fosse pregada a palavra de Deus; mas, posto que a rejeitais e a vós mesmos vos julgais indignos da vida eterna, eis aí que nos volvemos para os gentios.
Em Atos 18, quando Paulo e seus companheiros estão em Corinto
At 18:5, 6
5 Quando Silas e Timóteo desceram da Macedônia, Paulo se entregou totalmente à palavra, testemunhando aos judeus que o Cristo é Jesus.6 Opondo-se eles e blasfemando, sacudiu Paulo as vestes e disse-lhes: Sobre a vossa cabeça, o vosso sangue! Eu dele estou limpo e, desde agora, vou para os gentios.
Mas agora vejamos dois textos em que certas pessoas são especificamente chamadas de cães, e aqui já se fala num contexto de cristandade.
2.2 – Pessoas que, tendo aderido à religião cristã, tornam-se joio, ervas daninhas entre o trigo de Deus.
2ª Pe 2:17-22
17 Esses tais são como fonte sem água, como névoas impelidas por temporal. Para eles está reservada a negridão das trevas; 18 porquanto, proferindo palavras jactanciosas de vaidade, engodam com paixões carnais, por suas libertinagens, aqueles que estavam prestes a fugir dos que andam no erro,19 prometendo-lhes liberdade, quando eles mesmos são escravos da corrupção, pois aquele que é vencido fica escravo do vencedor.20 Portanto, se, depois de terem escapado das contaminações do mundo mediante o conhecimento do Senhor e Salvador Jesus Cristo, se deixam enredar de novo e são vencidos, tornou-se o seu último estado pior que o primeiro. 21 Pois melhor lhes fora nunca tivessem conhecido o caminho da justiça do que, após conhecê-lo, volverem para trás, apartando-se do santo mandamento que lhes fora dado.22 Com eles aconteceu o que diz certo adágio verdadeiro: O cão voltou ao seu próprio vômito; e: A porca lavada voltou a revolver-se no lamaçal.
Você já viu um cachorro lambendo o próprio vômito? É uma coisa nojenta, mas que acontece. Agora imagine você ir ao chiqueiro, tirar um porco de lá, dar um banho nele, e o porco voltar para o chiqueiro.
Nestes versículos Pedro descreve pessoas que em certa medida experimentaram, ao menos aparentemente, externamente, certas mudanças em suas vidas, depois que conheceram o Evangelho. Escaparam das contaminações deste mundo. Mas que interiormente não foram transformadas. Por dentro continuaram sendo o que eram antes, continuam a amar o mundo, e então voltam a viver como quem não conhece a Cristo.
Voltam para as coisas do mundo, para as paixões da carne.Estas pessoas, ele diz, não fazem mal só para si mesmas, mas também se tornam um laço para aqueles que estavam prestes a fugir do erro. O estado destas pessoas, diz Pedro, se torna pior do que quando não haviam conhecido ao caminho de Deus. São como cães voltando próprio vômito. Como porcos voltando ao chiqueiro.
Fp 3:2, 3
2 Acautelai-vos dos cães! Acautelai-vos dos maus obreiros! Acautelai-vos da falsa circuncisão! 3 Porque nós é que somos a circuncisão, nós que adoramos a Deus no Espírito, e nos gloriamos em Cristo Jesus, e não confiamos na carne.
Aqui Paulo está se referindo aos judaizantes. Pessoas que distorciam a boa Palavra de Deus, em favor de seus próprios conceitos de salvação baseada em obras humanas, e que com isto desviavam as pessoas do verdadeiro Evangelho de Jesus.
O que são cães, então? São aqueles que, tendo recebido os tesouros da Palavra de Deus, pisam em cima deles, como se fossem coisas sem valor, desprezíveis. Cães são aqueles que, ouvindo o Evangelho, se enfurecem, se opõem, blasfemam, zombam, fazem guerra contra aqueles que o anunciam. São os que vociferam contra o bom nome do Senhor, que chamam os crentes de ignorantes e pregam que a incredulidade é que é inteligente. Cães também são aqueles que, tendo recebido o Evangelho da salvação, mesmo estando dentro da igreja, voltam a viver como animais movidos por suas paixões carnais, pela vaidade, pela libertinagem, e levam outros que estão no caminho da verdade a voltarem ao pecado. São também os maus obreiros, aqueles que pisam o Evangelho ensinando falsas doutrinas, e assim dilaceram as almas daqueles que têm boa vontade, mas não discernimento.
Este tipo de pessoa, agressiva, influente, venenosa, deve ser evitado. Se você der suas pérolas a eles, eles se voltarão contra você.
Por isto temos a advertência de Jesus, no sentido de “não dar aos cães ao que é santo”...
3. Em terceiro lugar, consideremos o que significa dar aos cães o que é santo; o que é dar pérolas aos porcos
Há dois aspectos que desejo destacar:
1º - Jesus nos diz que somos portadores de coisas santas; detentores de tesouros espirituais.
Em Mateus 13 Jesus compara o reino de Deus a uma pérola de grande valor, mais valiosa que todos os tesouros deste mundo. Em 2ª Co 4, o apóstolo Paulo, referindo-se à nossa fragilidade como seres humanos, diz que nós, os que temos o Evangelho em nosso coração e em nossos lábios, temos este grande tesouro em vasos de barro. E em todo o sermão do monte Jesus está nos dizendo que tipo de caráter devemos desenvolver, qual deve ser o nosso modo de vida, as coisas às quais devemos dar valor.
Em outras palavras, o crente, o homem em cuja alma habita o Espírito Santo, cujo coração almeja as coisas do céu, que está neste mundo caminhando para o céu, e que enquanto está aqui tem a missão de trazer o reino do céu à terra, este homem é um portador e um despenseiro de coisas santas, de tesouros celestiais.
Isto é, as coisas de Deus, ele não as tem apenas para si mesmo: ele deve compartilhar. Então ele partilha através de seus dons espirituais, através de sua amizade, através de seus bens materiais, inclusive dinheiro, através de seu tempo, através de seu serviço, através de boas obras. O crente é um despenseiro dos tesouros do reino de Deus. Coisas preciosas demais aos olhos de Deus, coisas preciosas demais para a sua própria alma, e coisas preciosas demais para o mundo.
2º - Porém, nem todas as pessoas são dignas de receber as coisas do céu. Ou colocando de outro modo: nem todas estão aptas.
Há daqueles que se revoltam, que agridem, que zombam, que pisam as coisas sagradas. Há daqueles que fazem de tudo para que os crentes abandonem os caminhos do Senhor. Há daqueles que se aproveitam da boa vontade dos crentes e os exploram.
Alguns o fazem de modo sutil, através de doutrinas erradas. Outros mais agressivamente, em franca oposição.
Me lembro de certa ocasiões, quando eu eram recém convertido, em que várias vezes me vi perturbado por doutrinas falsas, e com muita agressividade daqueles que as diziam.
Noutros contextos, através de falsas filosofias, como o marxismo, o existencialismo, através daquilo que falsamente nos é apresentado como ciência.
Noutros casos ainda, até mesmo pessoas simples, fazem de tudo para que não participemos da igreja. Parece uma coisa inocente alguém nos convidando a coisas que nos afastam da igreja, mas irmãos, o não participar da igreja é uma das coisas mais destrutivas para a nossa alma, que nos afasta da adoração a Deus, pois nos faz esfriar na fé e no amor.
Conclusão
O cristão, meus irmãos, não é uma pessoa caracterizada pelo medo e pelo negativismo. Não é uma pessoa convidada a se isolar do mundo. Ao contrário. Jesus nos chama para ser sal da terra e luz do mundo.
A ênfase que Jesus apresenta da vida do crente, em todo o sermão do monte, é altamente positiva: amar, repartir, influenciar, fazer o bem. Viver em comunhão com Deus e amor pela vida, amor pela humanidade. Felicidade. Tesouros no céu. Serenidade. Sem stress, sem ansiedade. “Curtir” a salvação.
Mas parte desta vida abundante envolve o tomar cuidado para que Satanás não se utilize de nosso sentimento de segurança para nos destruir. Então, como nosso bom pastor, Jesus nos instrui para que estejamos alertas.
Aplicação
Qual deve ser o nosso procedimento em relação aos que ele chama de cães e porcos?
No contexto anterior Jesus já começou a nos dizer; então...
1º - Não devemos condenar. Não devemos desejar a destruição destas pessoas.
Certa ocasião, quando Jesus e os discípulos estavam passando por Samaria, os samaritanos não os quiseram receber. Então Tiago e João perguntaram: “O Senhor quer que nós ordenemos que chova fogo do céu e acabe com estes pecadores”? (Crentes, esses discípulos, não?) Mas Jesus respondeu: “Vocês ainda não entenderam o Espírito de Deus. Eu não vim destruir, vim salvar as almas dos homens”.
E também, considerando que no v. 11 Jesus nos diz que nós também somos maus, não devemos nos considerar superiores. Devemos entender que, se somos ovelhas de Jesus, é somente por causa da graça de Deus agindo em nossa vida. Talvez seja por isto que logo em seguida Jesus nos leve à oração, e nos ensine que devemos tratar o nosso próximo da mesma maneira como desejamos ser tratados.
2º - Mas em segundo lugar, Jesus nos diz que devemos ter discernimento, e nos afastar daqueles que zombam da Palavra, daqueles que pisam as doutrinas da Bíblia, negando-as ou distorcendo-as, pois eles podem nos ferir e fazer mal.
Não deis as coisas santas aos cães. Não lanceis vossas pérolas aos porcos.
Nós somos portadores de coisas santas. Somos possuidores de pérolas de grande valor. Somos despenseiros das inescrutáveis riquezas de Deus. Temos a tarefa de dispensar as bênçãos do Evangelho, seja por nossa pregação, seja pelo nosso testemunho, seja através dos nossos dons, seja através dos nossos bens.
Temos um grande tesouro, mas este tesouro está contido em frágeis vasos de barro. Então, se alguém quer atacar a nossa fé, se alguém busca nos engodar, para que deixemos de fazer o que Deus deseja, não permitamos que isto aconteça. Não fiquemos nos expondo a situações que nos façam mal.
3º - Em terceiro lugar, devemos orar para que Deus nos dê discernimento, forças, e também orar pelos que não conhecem a Deus.
Abençoar os que nos fazem mal. Abençoar, e não amaldiçoar. Abençoar orando. Abençoar perdoando. Abençoar fazendo o bem.

Simplesmente oremos, entreguemos tudo nas mãos do Senhor, confiemos nele. À luz do que temos considerado hoje, Paulo, antes de ser uma ovelha de Jesus, era um cão feroz. Perseguia os crentes. Blasfemava do caminho. Mas um dia Estevão orou por ele, não foi? E Paulo foi transformado, não foi? Pois a graça tem o poder de transformar água em vinho. Porque não poderia transformar porcos em ovelhas?

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