Igreja Evangélica Presbiteriana
Domingo, 9 de setembro de 2012
Pr. Plínio Fernandes
Meus irmãos, vamos ler Mateus 7:28,
29
28 Quando Jesus acabou de proferir
estas palavras, estavam as multidões maravilhadas da sua doutrina; 29
porque ele as ensinava como quem tem autoridade e não como os escribas.
Nós cantamos um hino
que diz assim: “Em Jesus amigo temos,
mais chegado que um irmão”.
Este conceito, de Jesus
como nosso amigo, não é apenas uma opinião humana, mas uma verdade bíblica
maravilhosa, confortadora, e uma realidade da qual tem o direito de desfrutar
todo aquele que confia que Jesus morreu e ressuscitou em seu lugar, pelos seus
pecados. Pois Jesus mesmo disse que “ninguém
tem maior amor do que este: de dar alguém a própria vida em favor dos seus
amigos” (Jo 15:13).
Aqueles que confiam em
Jesus, que confiam no perdão de Deus que nos é dado através da morte de Jesus
Cristo na cruz, têm paz com Deus, vivem com Deus um relacionamento de amor, e tendo
Jesus como o maior de todos os amigos. Para eles, todas as coisas são boas,
pois trabalham juntamente para o seu bem; ou melhor: Deus trabalha em todas as
coisas, em todas as circunstâncias e acontecimentos, fazendo que eles se tornem
coisas edificantes em sua vida espiritual.
De maneira semelhante,
a Escritura também nos ensina que em Jesus nós temos, por assim dizer, “um
irmão mais velho, mais maduro”, ou para ser mais preciso, Jesus é o
“primogênito – aquele que tem a supremacia – entre muitos irmãos”.
Por exemplo, em João
20:17, depois de sua ressurreição, Jesus diz a Maria Madalena:
“Não me detenhas; porque ainda não subi para meu
Pai, mas vai ter com os meus irmãos e dize-lhes: Subo para meu Pai e vosso Pai,
para meu Deus e vosso Deus”.
Em Hebreus 2:11 o
Espírito Santo diz que Jesus não se envergonha de nos chamar irmãos. E em Romanos
8:29 a Bíblia também diz que nós, os que fomos chamados segundo os decretos de
Deus, fomos predestinados a ser conformes à imagem de Jesus, a fim de que ele
seja o primogênito entre muitos irmãos. Jesus, de acordo com a Bíblia, é nosso
amigo, e nosso irmão. São coisas maravilhosas.
Outra verdade
surpreendentemente confortadora é que Jesus, nosso amigo e nosso irmão, também
é para nós um sumo-sacerdote eterno diante de Deus Pai. A Bíblia diz que nós
somos pecadores, e por causa de nossos pecados estávamos afastados da presença
santa de Deus. Que o salário do pecado é a morte; que em vez de bênçãos, éramos
merecedores da ira de Deus. Mas Deus nos amou tanto que a Santíssima Trindade
estabeleceu uma aliança eterna para a nossa salvação.
Por esta aliança de
amor, Jesus veio ao mundo, nos trouxe a Palavra de Deus, ensinou o caminho da
salvação, morreu em nosso lugar, sofreu em si mesmo o castigo que era nosso, e
desta forma satisfez a justiça divina. Por esta aliança de amor, Deus Pai
aceitou o sacrifício de Jesus em nosso favor. E também por esta aliança de
amor, o Espírito Santo nos purificou a alma, nos regenerou, nos deu fé em
Jesus, veio habitar em nosso coração e a cada dia de nossa vida está nos
conduzindo para que conheçamos a Deus, e nos preparemos para estar com ele não
somente aqui, mas na eternidade. E por esta aliança Jesus e o Espírito Santo
estão continuamente diante do Pai a interceder em nosso favor. Uma intercessão
que Deus Pai prazerosamente aceita e atende.
Então Jesus é nosso
amigo eterno, nosso irmão eterno, e nosso profeta supremo e nosso eterno sumo-sacerdote.
Mas estas coisas todas
não são tudo o que Jesus é para nós. Ele é tudo isto e muito mais.
No texto que lemos hoje
Mateus comenta a reação que não somente os discípulos aos quais ele se dirigia
primariamente, mas também a multidão que se aproximou para ouvi-lo, tiveram
diante do que Jesus acabara de ensinar.
Quando Jesus acabou de proferir estas palavras,
estavam as multidões maravilhadas da sua doutrina; porque ele as ensinava como
quem tem autoridade e não como os escribas.
Eles ficaram
profundamente impressionados; porque Jesus não era apenas mais um rabi, um
mestre judeu. Jesus era O Mestre; alguém
que falava com uma autoridade inigualável.
Ora, quando o Espírito
Santo registra este fato, certamente não está nos dizendo que Jesus apenas parecia ter autoridade, como um orador
experiente, bem articulado, que usava palavras cuidadosamente estudadas, com o
propósito de causar impacto em seus ouvintes. Não está dizendo que Jesus era
mestre na “arte do bem falar”.
Mas está dizendo que
Jesus, de fato, tem autoridade, uma autoridade que era percebida por aqueles
que o ouviam de boa mente. Uma autoridade que Jesus tem, que o eleva acima de
todos os homens. Uma autoridade que tem origem, não em sua simples maneira de
falar, mas no conteúdo de todas as verdades que ele fala a respeito de si
mesmo. Uma autoridade que, segundo a Bíblia, o coloca na mais alta posição
diante dos homens, dos anjos e de todo o universo, que o coloca inclusive, na
mais alta posição aos olhos do Pai. Uma autoridade que deve ser alegremente
reconhecida e anunciada a cada nova geração, pois ele deu ordens dizendo: “Toda a autoridade me foi dada nos céus e na
terra; portanto, ide, fazei discípulos de todas as nações...” (Mt 28:18,
19).
É o reconhecimento, a
fé nesta autoridade de Jesus, em outras palavras, o reconhecimento de Jesus
como não somente amigo e irmão, não somente como nosso profeta e sacerdote, mas
como Senhor, que nos distingue como cristãos, segundo o ensino da Bíblia. Pois
como está escrito:
Se, com a tua boca, confessares Jesus como Senhor
e, em teu coração, creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos, serás salvo (Rm 10:9).
Porque é certo
reconhecemos a Jesus como aquele que tem toda a autoridade sobre nós?
1. Por causa daquilo que Jesus Cristo é em si
mesmo, em sua natureza – ele é Deus
Jesus fala com
autoridade porque ele é a autoridade
suprema sobre todos os seres do universo.
Já temos visto isto
afirmado no Evangelho de Mateus várias vezes. Aprendemos que ele nasceu, ou
melhor, foi concebido como um ser humano no ventre da virgem Maria, pelo poder
do Espírito Santo. Aprendemos também que, embora formado como um ser humano no
devido tempo, no ventre de uma mulher, Jesus é Emanuel, o Deus eterno, o
criador de todas as coisas, que veio habitar entre nós. Depois vimos o
testemunho do Espírito Santo e da voz do céu, quando Jesus foi batizado.
É de conformidade com
estas coisas que o Novo Testamento todo desenvolve o ensino de que Jesus é Deus
que se fez homem. João nos diz que Jesus é Deus, o Verbo eterno, o criador do
universo, que se fez carne e habitou entre nós. Na carta aos Colossenses Paulo
nos ensina que em Jesus foram criadas todas as coisas, as visíveis e as
invisíveis, os anjos, os planetas, e tudo o que existe. A carta aos Hebreus nos
diz que Jesus é o esplendor da glória de Deus, a expressão exata do seu ser,
por meio de quem Deus fez o universo.
Além disto, o Novo
testamento também afirma categoricamente que Jesus sustenta todas as coisas que
existem pela palavra do seu poder. E que toda a sabedoria humana, toda a
capacidade de entendimento, de desenvolvimento científico, artístico, que seja
qual for a área para a qual nossa sabedoria é dirigida, ali está Jesus, pois
ele é a luz que ilumina a todo o homem que vem ao mundo.
Diante das muitíssimas
afirmações que o Espírito Santo nos dá neste sentido, qual deve ser a nossa
atitude? A mesma que vemos em Tomé:
Jo 20:27-29
27 E logo disse a Tomé: Põe aqui o dedo e vê as minhas
mãos; chega também a mão e põe-na no meu lado; não sejas incrédulo, mas crente.
28 Respondeu-lhe Tomé: Senhor meu e Deus meu! 29
Disse-lhe Jesus: Porque me viste, creste? Bem-aventurados os que não viram e
creram.
Esta conversa reveladora entre Jesus e Tomé aconteceu uma semana depois da
ressurreição. Quando Jesus apareceu pela
primeira vez aos discípulos, Tomé não estava entre eles. E quando soube da
notícia se recusou a crer que o Senhor havia ressuscitado, e disse que somente
creria se visse Jesus vivo, com as marcas dos cravos nas mãos e nos pés. Então
Jesus, que é tão cheio de misericórdia para com os seus escolhidos
manifestou-se novamente, no domingo seguinte, e desta vez Tomé estava entre
eles.
E logo disse a Tomé:
Põe aqui o dedo e vê as minhas mãos; chega também a mão e põe-na no meu lado; não
sejas incrédulo, mas crente.
Foi então que aconteceu uma das mais ousadas e verdadeiras declarações de
fé que temos registradas na Bíblia: Senhor
meu e Deus meu! E para o nosso bem, o Senhor repreendeu a Tomé: Porque me viste, creste? Bem-aventurados os
que não viram e creram. Como quem diz: Depois
de tudo o que eu já havia ensinado, você ainda precisou ver para crer? Você já
devia ser crente, Tomé.
Você, assim como eu, e a maior parte dos crentes de toda a história da
igreja, jamais viu a Jesus, jamais tocou em suas mãos e pés. Mas a todos os que
não viram, e creram, a todos os que não viram, mas confessam, Senhor meu e Deus meu, Jesus dá a sua
bênção. Jesus dá a sua aprovação.
Bem-aventurados aqueles
que não viram, e creram.
Reconhecemos a autoridade de Jesus porque ele é o nosso Senhor e Deus.
2. Também reconhecemos a autoridade de Jesus
porque ele é o Senhor da Bíblia
Com isto eu quero me
referir, hoje, especificamente à Escritura, a lei e os profetas, que nos revelam
a vontade de Deus dada no Antigo Testamento, e depois revelada com ainda maior
clareza no Novo Testamento.
Em relação a isto, há
três fatos nos evangelhos que desejo destacar:
1º - Jesus se apresenta
como aquele que nos dá a verdadeira interpretação da lei, o verdadeiro
entendimento da vontade de Deus.
Ele se opõe a toda a
interpretação errônea de seus contemporâneos nas diversas vezes em que diz aos
discípulos: “Ouvistes o que foi dito...,
eu porém vos digo...”
Por exemplo, aqui no
sermão do monte: Cap. 5:21, 22; 27, 28; 31, 32; 33, 34; 38, 39; 43, 44.
Em todos estes
versículos, o que o Senhor está dizendo é:
Os homens têm ensinado assim para vocês, mas eu
estou ensinando diferente. Eu estou mostrando qual é o verdadeiro sentido da
lei e dos profetas. É a mim que vocês têm que ouvir e obedecer.
2º – Jesus se apresenta
como o Senhor da lei.
Aliás, esta
revindicação de autoridade sobre a lei foi uma das razões pelas quais os
escribas e fariseus tinham tanto ódio de Jesus. Para eles isto era blasfêmia, era tomar o nome
de Deus em vão, e desde cedo o desejavam matar. E de fato, isto seria uma
blasfêmia, se Jesus não fosse Deus, se ele fosse apenas um simples homem.
Mateus 12 nos conta um
destes episódios. Começa dizendo que em certo tempo, em dia de sábado, Jesus e seus discípulos
passavam pelas plantações. Os seus discípulos estavam com fome, começaram a
colher espigas e a comer.
E os fariseus, vendo isto,
disseram: os teus discípulos fazem o que não é lícito fazer em dia de sábado. Mas Jesus respondeu:
“Vocês não leram o que
fez Davi quando ele e seus companheiros tiveram fome? Como entrou na Casa de Deus, e comeram os
pães da proposição, os quais não lhes era lícito comer, nem a ele nem aos que
com ele estavam, mas exclusivamente aos sacerdotes? Ou não leram na Lei que, aos sábados, os sacerdotes no
templo violam o sábado, porque trabalham, e ficam sem culpa”?
“E aqui está quem é
maior que o templo”!
“Mas vocês não entendem
a lei de Deus; não entendem sua vontade, não entendem que tudo o que Deus quer
é que sejam misericordiosos, e não fiquem apenas oferecendo holocaustos
ritualísticos e sem amor”.
“Por isto ficam
condenando gente inocente, que não está pecando”.
E terminou – veja o v. 8:
“Porque o Filho do
Homem é senhor do sábado”.
Esta expressão, Filho do Homem, era uma das preferidas de Jesus,
referindo-se a si mesmo. Jesus é maior
que o templo, o lugar de maior proeminência em Israel, o lugar da adoração, a
casa do Pai. Jesus é Senhor do sábado, isto é, daquilo que diz a lei. É Senhor
de tudo o que diz o Antigo Testamento. Ele diz que o Antigo Testamento, com
tudo que ordena, com tudo o que ensina, aponta para esta vontade de Deus:
misericórdia.
Pois a lei e os profetas revelam um Deus de amor, que nos dá mandamentos
para o nosso bem. Revelam um Deus de
misericórdia que, conhecendo a dureza do nosso coração, sabe também que não
vamos guardar com perfeição os seus mandamentos de amor, e por isto igualmente,
na mesma lei, providencia a expiação, o perdão dos pecados no sangue do
Cordeiro, para todo aquele que crê e se arrepende.
Um Deus santo, de justiça, amor, misericórdia, que deseja filhos
semelhantes a ele. É por isto que precisamos orar também no sentido de que
aprendamos a ler o Antigo Testamento sem legalismos, mas “com os olhos de Jesus”:
com olhos na justiça amorosa de Deus, que nos dá mandamentos para que
obedeçamos com amor e alegria, e que também nos perdoa pelo sangue da cruz.
O que nos leva a mais um aspecto deste relacionamento entre Jesus e a
Bíblia:
3º – Ela é a revelação de Deus. Como Jesus é Deus que se fez homem, a lei e
os profetas nos revelam Jesus.
Ele diz isto explicitamente em Lc 24:27:
E, começando por
Moisés, discorrendo por todos os Profetas, expunha-lhes o que a seu respeito
constava em todas as Escrituras.
Jesus tem autoridade sobre nós, porque ele é o Senhor da Bíblia, o
legislador das nossas vidas. Ele é o Senhor da revelação deste Deus de amor.
E isto nos conduz ao
nosso terceiro ponto...
3. Jesus tem autoridade
em nossa vida por causa do seu grande amor por nós
Já enfatizamos que
Jesus é Deus, e por isto ele é o nosso Senhor. Já enfatizamos que ele é também
o Senhor da Bíblia; ele nos dá a
Bíblia, ele nos ensina a entender o que ela diz, a conhecê-lo por meio dela, a
crer nele e a viver por meio dela.
Agora vamos considerar
que tudo ele o faz por causa de seu grande amor por nós, mas principalmente,
ele salva nossas almas, por causa do seu grande amor por nós.
Deus é amor, e tudo o
que ele faz, é em amor e por amor. Deus ama ao mundo, a toda a humanidade. Ele
manifesta este grande amor em obras de bondade, fidelidade, misericórdia,
compaixão. E toda a terra está plena destas manifestações de amor.
O sol e a chuva, o
homem saindo para o seu trabalho, as plantas e animais, tudo o que existe para
o nosso mantimento, a família, a amizade, o sorriso e a risada, as
brincadeiras, as nações, a ordem social, as ciências tecnológicas, médicas,
naturais, seja qualquer área do conhecimento, as artes, as leis, os governos,
tudo o que existe para o nosso bem estar, tudo o que é bom, que nos protege e
deleita, todas estas coisas manifestam a sabedoria e a bondade de Deus.
Também por isto todos
os seres humanos devem amar e servir a Deus. E por isto tudo também o não se
converter a Deus, mas deixar de reconhecê-lo e adorá-lo, torna o homem
condenado perante a lei do Senhor.
Mas a suprema
manifestação do amor de Deus se encontra na cruz de Jesus Cristo.
Como o Antigo
Testamento já ensinava, desde o princípio a vinda de Jesus estava nos planos de
Deus para a nossa salvação. Desde o princípio da história humana, a Escritura
dizia que o descendente da mulher esmagaria a cabeça da serpente. Desde Abraão,
o Senhor anunciara que a sua semente seria uma bênção para todas as nações da
terra. Desde a lei de Moisés anunciava o Cordeiro de Deus. E passando pelos
profetas, anunciava o profeta, o sacerdote e sacrifício, o rei eterno.
E agora, com a sua
vinda, tudo quanto havia sido prometido, estava se cumprindo. Como Mateus
escreve muitas vezes em seu Evangelho, tudo aconteceu para que se cumprissem as
Escrituras. Como disse Paulo, Jesus morreu pelos nossos pecados, segundo as
Escrituras. E foi sepultado e ressuscitou ao terceiro dia, segundo as
Escrituras. Pois o nosso Deus é o Senhor do futuro, que determina tudo quanto
há de acontecer.
Jesus morava acima das
estrelas do céu. Estava, por assim
dizer, à direita do Pai, face a face com o Pai. Os anjos lhe davam louvores e
serviam incessantemente. Ele “não sabia” o que era fome. “Não sabia” o que era
sede e cansaço, “não sabia” o que era medo. Mas sabia o que é amor. E do céu
nos contemplava, à humanidade, e nos abençoava com tudo o que há de bom nesta
vida.
E também nos
contemplava em toda a nossa miséria, em todos os nossos pecados, desencontros,
tristezas, em todos os nossos males. E desejava nos dar salvação.
Então ele deixou a sua casa,
acima das estrelas. E se fez homem; veio nos buscar para a casa do Pai. E aqui,
“em carne e osso”, Jesus sentiu fome, e sede, e cansaço. E sofreu tentações. E
sentiu os ataques de Satanás. E foi humilhado, ofendido, rejeitado, zombado.
Na véspera de sua crucificação,
Jesus sentiu muito medo, e forte tentação para fugir daquela situação. A
crucificação era um meio terrível de execução que havia naqueles dias, um
castigo destinado aos piores criminosos, como o assassino ou o traidor.
Era um castigo de tortura física
e mental até à morte: o homem condenado à cruz, depois de açoitado, deveria
carregar a travessa na qual seria pregado, ou amarrado, pelas ruas da cidade
até o lugar de execução, ao mesmo tempo em que um arauto, com uma placa na mão,
que descrevia o crime do acusado, proclamava o que ele havia feito.
Ali chegando, seria despido,
crucificado e abandonado; ninguém poderia ajudá-lo, a não ser com uma mistura
de vinho e fel que o entorpeceria um pouco, e alguns dias depois morreria de
fome, de dor, sede e insolação.
Jesus morreu numa cruz! De um e
do outro lado, estavam crucificados mais dois homens, dois criminosos. No meio
Jesus: uma coroa de espinhos ferindo sua cabeça, muito sangue jorrando. Sangue
também das muitas chicotadas que ele recebeu nas costas. Sangue e dor: nos
cravos nas mãos e nos pés.
O homem crucificado ficava pouco
acima do solo, apenas um pouco mais alto que as demais pessoas. Muitos estavam
zombando.
E Maria, e João, e outras pessoas
que o amavam olhando tudo, sofrendo muito, mas sem poder fazer nada. O chefe
dos soldados que crucificou Jesus olha para ele, mas não consegue ver nele
crime algum pelo qual ele devesse ser condenado à morte: ninguém na Terra
poderia acusar Jesus em verdade. Nem no céu, pois nem aos olhos santos de Deus,
o Pai, Jesus havia cometido algum crime ou algum pecado.
Nem Maria ou qualquer outra
pessoa alguma vez ouviu um palavrão, uma palavra chula, uma blasfêmia sair dos
lábios de Jesus. Jesus nunca agrediu alguém, nunca enganou alguém, nunca foi
falso. E foi crucificado para morrer sofrendo o castigo que era nosso!
Sabe, eu percebo que Deus colocou
algumas pessoas em minha vida que me amam. Eu sei que elas me amam porque fazem
de tudo por mim. São dedicadas, negam-se a si mesmas, se envolvem com meus
problemas, são amigas, oram comigo, oram por mim, sofrem quando eu sofro, ficam
alegres quando estou alegre. E eu não consigo reagir de outra maneira a não ser
amando estas pessoas também. Pessoas assim, só amando também. Só cuidando, só
sendo grato.
Sabe aquela frase, “o seu pedido
é uma ordem”? É a reação natural que temos quando nos sentimos amados por
alguém. O amor faz com que nosso coração se torne um servo. Nós gostamos de
servir aos que nos amam. Gostamos de fazer o bem. Gostamos de honrar.
Se é assim, quando estamos
pensando nos nossos familiares, nos nossos amigos, nos nossos irmãos, quanto
mais quando nós pensamos na razão pela qual Jesus morreu na cruz:
Gl 2:20
19b Estou crucificado com Cristo; 20 logo, já não
sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim; e esse viver que, agora, tenho na
carne, vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou e a si mesmo se entregou por
mim.
O Filho de Deus me amou e a si mesmo se entregou por mim! Jesus
morreu na cruz por mim! Jesus morreu na cruz porque me amou!
Aliás, tudo o que Jesus fez, ao deixar a sua glória nos mais
altos céus, ao se fazer homem, ao andar entre nós, tudo o que ele fez foi por
amor. Todas as palavras que ele disse foram em amor e por amor: todos os seus
ensinamentos, as suas histórias, os seus mandamentos. Todas as coisas que ele
fez foram por amor.
Certa vez ele encontrou um homem que havia entregado sua
vida totalmente ao diabo: este homem estava tão possesso que uma legião de
demônios como que morava dentro dele. Jesus amou aquele homem e o libertou de
todos aqueles espíritos maus. Noutra ocasião, Jesus encontrou um homem que
havia trinta e oito anos estava paralítico, em consequência de algum grande
pecado que ele cometera. Jesus o curou e perdoou seus pecados. Noutro momento
ele ressuscitou o filho de uma viúva. Ele também impediu que uma adúltera fosse
apedrejada. Ele lavou os pés dos discípulos.
E quantas coisas mais poderíamos dizer, mas se fossemos
mencionar todas as coisas que Jesus fez por amor, teríamos que contar tudo
quanto dizem os evangelhos, pois tudo o que Jesus fez e falou foi por amor. Voltando
a João 15:13, ele diz, com palavras muito claras, que foi por amor que ele se
entregou na cruz.
“Ninguém tem maior amor do que este: de dar
alguém a própria vida em favor dos seus amigos.”
Quando entendo a grandeza do amor de Jesus, que ele sofreu
por mim, que ele morreu por mim, que neste amor todos os meus pecados foram
cancelados para sempre, o meu coração se ajoelha, Jesus tem autoridade sobre a
minha vida, uma autoridade conquistada pelo amor.
Autoridade de quem, tendo todo o poder no céu e na terra, mas assim mesmo
se ajoelha diante dos homens, e lava-lhes os pés, só para mostrar que Deus é
amor. Não é de admirar que, tendo Jesus acabado de ensinar ali naquele monte,
as multidões estavam maravilhadas com seus ensinamentos. Eram palavras de quem
tem toda a autoridade, nos céus e na terra.
Conclusão
Jesus é nosso grande, e maior de todos os amigos. Só por isto ele já teria
ascensão sobre nós. Ele é o nosso irmão primogênito. Só por isto já teria a supremacia
entre nós. É o grande profeta, o nosso grande sumo-sacerdote, o único nome que
nos religa ao Pai, que trás o Pai a nós, e que nos leva de volta ao Pai.
Mas Jesus é muito mais: ele é o nosso Criador, o nosso Provedor, o nosso
Senhor e Rei, a expressão exata do ser de Deus. Ele é o Senhor da Bíblia, a
Palavra que nos revela quem ele é, que nos revela sua vontade, que nos revela
como conhecê-lo pela fé. Ele é o Senhor do nosso destino, pois morreu na cruz
por nós, e assim nos livrou de toda a condenação.
Aplicação
Qual é o valor desta doutrina para nossa vida?
1. Ela nos faz ter um conhecimento verdadeiro a respeito de Deus
Não podemos pensar em Jesus apenas como nosso amigo, como nosso irmão, como
um grande Mestre. Isto o espiritismo kardecista também ensina. E os teólogos
liberais também. Mas acima de tudo, Jesus Cristo é a encarnação do Deus eterno.
Quem nega o Filho, nega também o Pai (1ª Jo 2:23). Cristianismo verdadeiro,
vale dizer, Cristianismo Bíblico, só existe onde isto é ensinado e crido.
2. Ela é indispensável para a nossa salvação
Pois como disse Jesus ao Pai, “a vida
eterna é esta: que te conheçam a ti, como único Deus verdadeiro, e a Jesus
Cristo, a quem enviaste”.
E Paulo: “Se com tua boca confessares
a Jesus como Senhor, e em teu coração creres que Deus o ressuscitou dentre os
mortos, será salvo...”
Ora, segundo a Bíblia, não somente esta doutrina é indispensável, mas
também nos dá uma firme convicção a respeito de nosso destino eterno: Se for
assim, diz o apóstolo, você será salvo.
E também acrescenta João: “Quem tem o
Filho de Deus tem a vida... estas coisas vos escrevo para que saibais que
tendes a vida eterna, a vós, os que credes no nome do Filho de Deus” (1ª Jo
5:12, 13)
3. Ela nos conduz a uma atitude e a um viver digno de quem Jesus Cristo é
Nós reconhecemos a Bíblia como sua verdadeira, infalível e Palavra,
totalmente sem erros. Nós o amamos, porque ele nos amou primeiro. Nós o
adoramos, o servimos. Nós dependemos dele e confiamos a ele nossa vida, não só
aqui, mas eternamente. E temos para com a humanidade o mesmo amor que tem o
Deus a quem servimos. Por isto também anunciamos a Jesus, através de nossas
obras, através de nosso serviço, e através de nossas palavras.
Estudo fantástico.
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