3ª IPC de Guarulhos
Quarta-feira, 28 de agosto de 2019
Pr. Plínio Fernandes
Amados irmãos, vamos ler no livro do Profeta Jeremias, cap. 3, vs. 14-17.
14 Convertei-vos, ó filhos rebeldes, diz o SENHOR; porque eu sou o vosso esposo e vos tomarei, um de cada cidade e dois de cada família, e vos levarei a Sião. 15 Dar-vos-ei pastores segundo o meu coração, que vos apascentem com conhecimento e com inteligência. 16 Sucederá que, quando vos multiplicardes e vos tornardes fecundos na terra, então, diz o SENHOR, nunca mais se exclamará: A arca da Aliança do SENHOR! Ela não lhes virá à mente, não se lembrarão dela nem dela sentirão falta; e não se fará outra. 17 Naquele tempo, chamarão a Jerusalém de Trono do SENHOR; nela se reunirão todas as nações em nome do SENHOR e já não andarão segundo a dureza do seu coração maligno.
Quando Jeremias pronunciou estas palavras, o povo de Deus estava passando, mais uma vez, por um tempo de grande esfriamento espiritual:
Idolatria, devassidão moral, mentiras, desonestidade nos negócios, exploração e opressão haviam se tornado pecados comuns.
O Espírito Santo estava entristecido.
E uma das razões que mais contribuíam para aquele terrível estado de coisas, era que os “pastores de Israel” haviam se tornado “mundanos”.
Os governantes, os magistrados, os profetas e os sacerdotes, homens que deveriam ser instrumentos do Senhor para a condução do rebanho do Senhor, haviam abandonado a Palavra de Deus, e tal como era o povo, assim eram eles, cada um andando após as suas próprias cobiças.
Então o Senhor, cujo amor pela justiça e pelo seu povo é um amor eterno, promete que as coisas não continuariam para sempre daquela mesma maneira: pois ele, o Senhor, levantaria e daria ao povo escolhido pastores segundo o seu coração, que os apascentassem de acordo com a vontade de Deus.
Por isto, mais uma vez, o Senhor, como um pai de filhos rebeldes, como um marido de uma esposa infiel, chama Israel de volta para ele:
– Convertei-vos, ó filhos rebeldes, diz o SENHOR; porque eu sou o vosso esposo e vos tomarei, um de cada cidade e dois de cada família, e vos levarei ao monte santo de Sião.
Como quem diz: – Vou reuni-los no lugar onde fica o santo templo, a minha casa...
– Dar-vos-ei pastores segundo o meu coração, que vos apascentem com conhecimento e com inteligência.
– E neste tempo, quando vos multiplicardes e vos tornardes fecundos na terra, então, diz o SENHOR, nunca mais se exclamará: A arca da Aliança do SENHOR! Ela não lhes virá à mente, não se lembrarão dela nem dela sentirão falta; e não se fará outra.
– Naquele tempo, chamarão a Jerusalém de Trono do SENHOR; nela se reunirão todas as nações em nome do SENHOR e já não andarão segundo a dureza do seu coração maligno.
Estes tempos prometidos chegaram quando Deus se fez carne e habitou entre nós na pessoa de seu Filho Jesus:
Jerusalém tornou-se o trono do Senhor não somente para Israel, mas para todas as nações, das quais o Senhor escolhe e reúne um enorme rebanho de seres humanos que, convertidos a ele o invocam e o servem.
É à sua igreja que ele diz: – Dar-vos-ei pastores segundo o meu coração...
Agora vocês já não precisam da arca do Senhor (a arca da aliança, onde se fazia expiação pelos pecados), nem precisam se lembrar dela, nem precisam fazer outra.
Pois convertidos a Deus, justificados, santificados, purificados dos seus pecados, pelo sangue de Jesus, já não são mais necessários sacrifícios expiatórios.
Dar-vos-ei pastores segundo o meu coração... que vos apascentem...
Irmãos, eu desejo meditar com vocês sobre esta doce promessa do Senhor à sua igreja, considerando: o que é um pastor segundo o coração de Deus?
De acordo com nosso texto...
1. É um pastor “dado” por Deus
Com isto quero dizer que o ministério pastoral de acordo com a vontade de Deus não é algo que algum homem decida realizar por sua iniciativa própria.
É verdade que existe no coração de um verdadeiro ministro do Evangelho um desejo muito forte, uma santa aspiração no sentido de servir a Deus como pastor de sua igreja.[1]
Mas ser pastor não é, em primeira instância, uma escolha do homem.
Aliás, nos dias de Jeremias, assim como em muitos outros momentos da história, houve homens que a si mesmo “se fizeram pastores”, sem que o Senhor realmente os houvesse ordenado.
E tais homens forma de grande prejuízo para a casa de Deus.
Vejamos alguns exemplos aqui mesmo em Jeremias. Por favor, leia comigo alguns versículos aqui no cap. 23:
vs. 1, 2 – Ai dos pastores que destroem e dispersam as ovelhas do meu pasto! -- diz o SENHOR. 2 Portanto, assim diz o SENHOR, o Deus de Israel, contra os pastores que apascentam o meu povo: Vós dispersastes as minhas ovelhas, e as afugentastes, e delas não cuidastes; mas eu cuidarei em vos castigar a maldade das vossas ações, diz o SENHOR.
Depois de advertir sobre o seu castigo contra os falsos pastores, o Senhor aponta para Jesus, o bom pastor que nasceria da descendência de Davi:
vs. 3-6 – 3 Eu mesmo recolherei o restante das minhas ovelhas, de todas as terras para onde as tiver afugentado, e as farei voltar aos seus apriscos; serão fecundas e se multiplicarão. 4 Levantarei sobre elas pastores que as apascentem, e elas jamais temerão, nem se espantarão; nem uma delas faltará, diz o SENHOR. 5 Eis que vêm dias, diz o SENHOR, em que levantarei a Davi um Renovo justo; e, rei que é, reinará, e agirá sabiamente, e executará o juízo e a justiça na terra. 6 Nos seus dias, Judá será salvo, e Israel habitará seguro; será este o seu nome, com que será chamado: SENHOR, Justiça Nossa.
Mas ele continua a descrever os pastores falsos:
vs. 21,22 – Não mandei esses profetas; todavia, eles foram correndo; não lhes falei a eles; contudo, profetizaram. 22 Mas, se tivessem estado no meu conselho, então, teriam feito ouvir as minhas palavras ao meu povo e o teriam feito voltar do seu mau caminho e da maldade das suas ações.
Pastores que não buscam a presença de Deus. Pastores que não falam a Palavra de Deus, pastores que não chamam o povo de Deus ao arrependimento, não são pastores que Deus enviou.
v. 26 – Até quando sucederá isso no coração dos profetas que proclamam mentiras, que proclamam só o engano do próprio coração?
vs. 31,32 – Eis que eu sou contra esses profetas, diz o SENHOR, que pregam a sua própria palavra e afirmam: Ele disse. 32 Eis que eu sou contra os que profetizam sonhos mentirosos, diz o SENHOR, e os contam, e com as suas mentiras e leviandades fazem errar o meu povo; pois eu não os enviei, nem lhes dei ordem; e também proveito nenhum trouxeram a este povo, diz o SENHOR.
Por outro lado, o Espírito Santo é claro ao afirmar que ele mesmo tem aqueles a quem verdadeiramente escolhe para falar em seu nome. O próprio profeta Jeremias é um exemplo disto.
Vejamos Jr 1:4, 5 - A mim me veio, pois, a palavra do SENHOR, dizendo: Antes que eu te formasse no ventre materno, eu te conheci, e, antes que saísses da madre, te consagrei, e te constituí profeta às nações.
Da mesma forma temos o testemunho do apóstolo Paulo.
Gl 1:1 – Paulo, apóstolo, não da parte de homens, nem por intermédio de homem algum, mas por Jesus Cristo e por Deus Pai, que o ressuscitou dentre os mortos,
Gl 1:15, 16 – Quando, porém, ao que me separou antes de eu nascer e me chamou pela sua graça, aprouve 16 revelar seu Filho em mim, para que eu o pregasse entre os gentios, sem detença, não consultei carne e sangue...
E o Evangelho de Marcos nos fala sobre os doze, dizendo:
Mc 3:13, 14 – Depois, subiu ao monte e chamou os que ele mesmo quis, e vieram para junto dele. 14 Então, designou doze para estarem com ele e para os enviar a pregar.
Em segundo lugar, um pastor segundo o coração de Deus...
2. É um pastor que apascenta com conhecimento
Conhecimento de Deus é uma frase que em certo sentido resume todo o conteúdo da vida do crente.
Em Daniel 11:32 está escrito que o povo que conhece o seu Deus é um povo forte. Em João 17:3, Jesus nos diz que a vida eterna consiste em conhecer a Deus.
As pessoas que conhecem a Deus são espiritualmente fortes. Fortes em sua fé, em seu amor, em sua consagração a Deus, em seu testemunho diante do mundo.
Por outro lado, vejamos as consequências da falta de conhecimento
Vejamos Os 4:1-5
Ouvi a palavra do SENHOR, vós, filhos de Israel, porque o SENHOR tem uma contenda com os habitantes da terra, porque nela não há verdade, nem amor, nem conhecimento de Deus. 2 O que só prevalece é perjurar, mentir, matar, furtar e adulterar, e há arrombamentos e homicídios sobre homicídios. 3 Por isso, a terra está de luto, e todo o que mora nela desfalece, com os animais do campo e com as aves do céu; e até os peixes do mar perecem. 4 Todavia, ninguém contenda, ninguém repreenda; porque o teu povo é como os sacerdotes aos quais acusa. 5 Por isso, tropeçarás de dia, e o profeta contigo tropeçará de noite; e destruirei a tua mãe.
No v. 6, Oséias nos diz quem é o grande responsável, quando o povo de Deus não o conhece:
O meu povo está sendo destruído, porque lhe falta o conhecimento. Porque tu, sacerdote, rejeitaste o conhecimento, também eu te rejeitarei, para que não sejas sacerdote diante de mim; visto que te esqueceste da lei do teu Deus, também eu me esquecerei de teus filhos.
È claro, meus irmãos, que se uma pessoa não tem um pastor que lhe ensine a boa Palavra do Senhor, significa que ela seja inocente se andar em caminhos errados, pois cada um anda em caminhos errados pela dureza do seu próprio coração. As pessoas que correm atrás de doutrinas erradas, que promovem o egoísmo, a autoidolatria, a cobiça, não são vítimas.
Mas por outro lado, os que não ensinam o arrependimento para com Deus, a fé em Jesus, a santificação, as boas obras como um modo de vida que glorifica o nome do Senhor, comparecerão perante o tribunal de Cristo.
Por isto também Tiago escreve que os mestres da Palavra de Deus serão julgados com maior rigor.[2]
Veja o que diz Malaquias:
Ml 2:7 – Porque os lábios do sacerdote devem guardar o conhecimento, e da sua boca devem os homens procurar a instrução, porque ele é mensageiro do SENHOR dos Exércitos.
Daí que todo pastor verdadeiramente enviado por Deus precisa conhecer a Deus e sua Palavra
3. É um pastor que apascenta com inteligência
O que é inteligência? Neste contexto, significa a capacidade de aplicar o conhecimento que tem de acordo com as necessidades do povo de Deus a quem pastoreia.
Significa ter discernimento dos ensinos que são necessários para a edificação.
Por exemplo: o apóstolo Paulo, além de ser um grande doutor em teologia, era também um grande conhecedor da cultura de sua época, nas mais variadas nações do império romano.
Ele não conhecia somente teologia, mas também filosofia, literatura, e leis e idiomas.
Mas um dia ele foi pregar na cidade de Corinto. E conhecia a fascinação que a filosofia exercia sobre os cidadãos dali.
Também percebia a soberba resultante da pretensa sabedoria nas diversas escolas filosóficas. E as discussões, e antagonismos, e sectarismos, e amargas contendas.
Se ele quisesse, poderia facilmente ter muitos seguidores em Corinto, que diriam: “Eu sou de Paulo”, enquanto outros seguiriam outros mestres.
Mas Paulo não tinha o propósito de conseguir seguidores para si mesmo; o seu alvo era ser uma pastor segundo o coração de Deus.
Então vejam a atitude com a qual ele chegou à cidade de Corinto, e com a qual ele pregou:
1ª Co 2:1-5 – Eu, irmãos, quando fui ter convosco, anunciando-vos o testemunho de Deus, não o fiz com ostentação de linguagem ou de sabedoria. 2 Porque decidi nada saber entre vós, senão a Jesus Cristo e este crucificado. 3 E foi em fraqueza, temor e grande tremor que eu estive entre vós. 4 A minha palavra e a minha pregação não consistiram em linguagem persuasiva de sabedoria, mas em demonstração do Espírito e de poder, 5 para que a vossa fé não se apoiasse em sabedoria humana, e sim no poder de Deus.
Sim: Paulo não desejava outra coisa, senão que seus ouvintes conhecessem a Jesus.
E se ele apenas expusesse o seu conhecimento, sem discernimento das fraquezas e pecados, em outras palavras, sem considerar as necessidades daquelas pessoas, Paulo não poderia verdadeiramente edificá-los na fé em Deus.
Como é terrível quando, em vez de simplesmente transmitir a Palavra de Deus às necessidades dos seus ouvintes, uma pessoa quer apresentar o seu próprio conhecimento.
Por isto Deus diz que um pastor segundo o seu coração é aquele que apascenta com conhecimento, mas também com inteligência, discernimento.
Conclusão e aplicação
Dar-vos-ei pastores segundo o meu coração, que vos apascentem com conhecimento e com inteligência.
Irmãos, este é um dom do amor de Deus à sua igreja: servos da Palavra, que levam ao povo a Palavra do Senhor revelada nas Escrituras, que levam ao povo o Evangelho do conhecimento de Jesus.
Vamos pensar nalgumas implicações práticas desta dádiva do Senhor para todos nós.
A primeira que eu desejo mencionar é a gratidão que devemos ao Senhor pelos pastores que ele nos concede, pois o Senhor o faz em seu amor, em seu cuidado pela igreja, em sua fidelidade. Sejamos gratos a Deus pela vida de cada um dos nossos ministros da Palavra.
Em segundo lugar, tenhamos em alto apreço aqueles a quem Deus tem escolhido para este ministério. O privilégio que tem os pastores é muito grande, mas também a responsabilidade. São homens dados por Deus, e assim devem ser reconhecidos. O Senhor Jesus disse, dos seus profetas, que aquele que os recebe na qualidade de ministros do Senhor, receberão o mesmo galardão.[3]
Respeito pelos ministros, apreço, amor, submissão, apoio, sustento, orações em seu favor, são as obras e atitudes apropriadas, ensinadas e ordenadas pelo Espírito Santo.[4]
Oração por mais pastores. A seara continua sendo grande, meus irmãos, e a necessidade de mais ministros da Palavra continua se fazendo presente. Mas a promessa do Senhor é enviar trabalhadores para a sua seara. A igreja é rebanho do Senhor. Então sejamos confiantes na promessa do Senhor: “Eu vos darei pastores”. E sejamos obedientes ao seu mandamento: “Rogai ao Senhor da seara...”[5]
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