Achadas as tuas palavras, logo as comi; as tuas palavras me foram gozo e alegria para o coração, pois pelo teu nome sou chamado, ó SENHOR, Deus dos Exércitos. Jeremias 15:16

domingo, 15 de setembro de 2019

Amizade com Deus - Rm 5:1-10

IPC de Pda. de Taipas
Domingo, 7 de fevereiro de 2016
Pr. Plínio Fernandes
Justificados, pois, mediante a fé, temos paz com Deus por meio de nosso Senhor Jesus Cristo;  2 por intermédio de quem obtivemos igualmente acesso, pela fé, a esta graça na qual estamos firmes; e gloriamo-nos na esperança da glória de Deus.  3 E não somente isto, mas também nos gloriamos nas próprias tribulações, sabendo que a tribulação produz perseverança;  4 e a perseverança, experiência; e a experiência, esperança.  5 Ora, a esperança não confunde, porque o amor de Deus é derramado em nosso coração pelo Espírito Santo, que nos foi outorgado.  6 Porque Cristo, quando nós ainda éramos fracos, morreu a seu tempo pelos ímpios.  7 Dificilmente, alguém morreria por um justo; pois poderá ser que pelo bom alguém se anime a morrer.  8 Mas Deus prova o seu próprio amor para conosco pelo fato de ter Cristo morrido por nós, sendo nós ainda pecadores.  9 Logo, muito mais agora, sendo justificados pelo seu sangue, seremos por ele salvos da ira.  10 Porque, se nós, quando inimigos, fomos reconciliados com Deus mediante a morte do seu Filho, muito mais, estando já reconciliados, seremos salvos pela sua vida.
Alguns dias atrás um querido irmão, residente numa cidade do interior me ligou a fim de compartilhar algumas dificuldades que tem enfrentado no trabalho – e consequentemente a família. Nós oramos, e combinamos que alguns dias depois eu e a Terezinha iríamos até eles, passar um tempo juntos.
E foi o que fizemos uns dias depois.
No Livro dos Provérbios, o Espírito Santo diz que o homem que tem muitos amigos sai perdendo, mas também que há amigo mais chegado que um irmão[1].
E esta família é uma daquelas que podemos com alegria dizer, são amigos assim, que têm estado conosco há mais de vinte anos, em todo tipo de circunstâncias, e nas idas e vindas que a vida promove, que têm sido usados por Deus inúmeras vezes em nossas vidas.
Então alguns dias depois nós fomos até eles, passamos uma deliciosa e edificante tarde juntos, ouvindo-os, orando e compartilhando a Palavra de Deus.
Um amigo, amigo de verdade, é um bem inestimável.
Hoje eu desejo meditar com vocês sobre a grande amizade, a amizade suprema de nossa vida com o grande amigo, mais chegado que um irmão, o nosso Deus e Salvador, o Senhor Jesus Cristo.
No v. 1 aqui do texto que lemos, a Palavra de Deus nos revela duas das muitas bênçãos que temos junto a Deus mediante a fé em Jesus.
Uma delas é a nossa “justificação”, o ato através do qual Deus, o juiz de todos os homens, nos declara sem culpa diante do seu tribunal. Graças a Jesus, os que têm fé estão justificados dos seus pecados.
E a outra bênção é que, uma vez justificados, temos também “paz com Deus”; isto é, à luz do v. 10, nós que éramos inimigos de Deus por causa dos nossos pecados, fomos reconciliados. Agora, em vez de inimizade, o que existe entre nós é aquilo que Abraão, nosso pai na fé, também experimentou, e foi chamado amigo de Deus[2].
Que coisa grandiosa, meus irmãos, é a nossa eterna salvação. E não poderia ser diferente, pois o nosso Salvador é grande. Cada aspecto daquilo que Jesus conquistou para nós, na cruz, é simplesmente admirável.
A regeneração, esta misteriosa obra do Espírito Santo, pela qual ele nos faz renascer espiritualmente, e assim nos dá vida nova, arrependimento e fé...
A justificação pela fé em Jesus, mediante a qual somos declarados sem culpa...
A santificação do Espírito, mediante a qual somos separados a fim de viver para Deus, e pela qual nosso crescimento espiritual rumo à eternidade tem início...
Todas estas coisas, e muitas outras que Jesus nos concede trazem alegria e paz ao nosso coração.
Vamos meditar sobre alguns aspectos práticos desta reconciliação com Deus mediante a fé em Jesus, a nossa relação de amizade com Deus.
1. A reconciliação com Deus nos dá a confiança de sermos amados por ele
Eu gostaria de ilustrar isto com trechos de uma história narrada em João 11.
Vamos ler Jo 11:11
Nosso amigo Lázaro adormeceu, mas vou para despertá-lo.
Este capítulo todo nos conta a história da ressurreição de Lázaro, irmão de Marta e Maria, discípulos de Jesus que moravam numa cidadezinha próxima a Jerusalém, chamada Betânia. Os evangelhos nos dão a entender que sempre que ia a Jerusalém, Jesus hospedava-se na casa destes três irmãos[3].
Os três primeiros versículos aqui deste capítulo nos dizem que Lázaro ficou enfermo, e suas irmãs mandaram avisar a Jesus.
Jesus não foi de imediato, pois o plano de Deus era no sentido de que Lázaro viria a falecer, e depois de quatro dias o Senhor o ressuscitaria.
O que desejo destacar agora é a maneira como Jesus se refere a Lázaro neste versículo 11: nosso amigo. Era assim que Jesus o considerava; a ele e às suas irmãs, Marta e Maria.
E dentro deste contexto, algumas referências ao sentimento e ao comportamento de Jesus para com eles.
Jo 11:5
Ora, amava Jesus a Marta, e a sua irmã, e a Lázaro.
Agora, alguns dias depois, quando Jesus está com as irmãs, os discípulos e alguns conhecidos, já diante do túmulo de Lázaro.
Jo 11:35, 36
Jesus chorou.  Então, disseram os judeus: Vede quanto o amava.
Veja a comoção de espírito do Senhor diante do sofrimento dos seus queridos. Jesus, Deus que se fez carne e habitou entre nós, sofreu em seu próprio coração, em sua própria alma, em seu próprio corpo, os nossos sofrimentos. Não somente sofreu as mesmas tentações que nós sofremos, mas também as nossas dores.
Por isto também o escritor da Epístola os Hebreus nos ensina que ele é um sumo-sacerdote perfeito. Ele se compadece de nós em nossas aflições, e intercede por nós[4].
O que vemos nestas coisas todas são afirmações do amor de Jesus para com seus amigos. Amor que se envolve, que faz estar juntos, que se alegra com a alegria, que chora nas tristezas, que se compadece nas aflições, que vem ao encontro nas necessidades.
Jesus é amigo mais chegado que um irmão.
2. A reconciliação com Deus nos leva a desejar sua glória e o bem dos seus amados
Jo 3:26-30
E foram ter com João e lhe disseram: Mestre, aquele que estava contigo além do Jordão, do qual tens dado testemunho, está batizando, e todos lhe saem ao encontro.  27 Respondeu João: O homem não pode receber coisa alguma se do céu não lhe for dada.  28 Vós mesmos sois testemunhas de que vos disse: eu não sou o Cristo, mas fui enviado como seu precursor.  29 O que tem a noiva é o noivo; o amigo do noivo que está presente e o ouve muito se regozija por causa da voz do noivo. Pois esta alegria já se cumpriu em mim.  30 Convém que ele cresça e que eu diminua.
João Batista foi um profeta enviado por Deus a preparar o caminho de Jesus. O próprio ministério de João já havia sido profetizado muitos anos antes, pelo profeta Isaías[5]. A sua pregação era um anúncio de que a vinda do Salvador do mundo estava próxima, e as pessoas deveria se arrepender e preparar o coração para receber a Jesus.
Com sua pregação, João estava alcançando multidões de pessoas, e elas eram batizadas em sinal desse arrependimento.
Então a promessa se cumpriu: Jesus, o Filho de Deus se manifestou. E multidões passaram a segui-lo. Da mesma forma que João, os discípulos de Jesus passaram a batizar as pessoas que se arrependiam[6].
Então algumas pessoas vieram contar estas coisas a João, como que dizendo: – “Olha, surgiu outro profeta pregando, Jesus; e tem muita gente seguindo ele. Agora você tem um concorrente, e parece que ele está ganhando...”
E ele responde usando uma figura de comparação, para explicar a maneira como entendia esta nova situação.
Ele diz que o encontro de Jesus com os seus escolhidos era como a celebração de um casamento. Jesus é o noivo, o povo de Deus é a noiva. E ele, João, é apenas um amigo do noivo.
Esta mesma figura será usada várias outras vezes no Novo Testamento para descrever o relacionamento de amor entre Cristo e sua igreja[7].
Cristo amou sua igreja e a si mesmo se entregou por ela, para purificá-la, para santificá-la, preparando-a para ser sua esposa.
Então a resposta de João foi esta:
“Eu não sou o noivo da igreja. Ela não é minha; ela é de Jesus; e é a ele que a igreja deve amar, e não a mim. Eu sou amigo dele. Só de ouvir a voz dele eu já fico contente. Convém que ele seja engrandecido, e que eu diminua”.
Que atitude de amor vemos em João. Amor a Jesus, e à sua igreja. Ele não quer ser amado em primeiro lugar; ele não quer ser um ídolo na vida dos crentes. Ele quer que Jesus seja seguido.
O amigo de Jesus não deseja ser o foco da atenção, mas que Jesus seja o centro.
O amigo de Jesus não rouba dele a glória que lhe pertence. O amigo de Jesus não disputa com outros para ser o mais amado, o mais popular, o mais bem quisto. O amigo de Jesus não quer que a sua voz prevaleça, mas que a voz do noivo seja ouvida.
Ele ama o noivo e a noiva. Mas ele não quer que a noiva seja dele, e sim pertença ao noivo.
Agora, o que João Batista fez enquanto Jesus não veio? Cuidou bem da noiva, dando-lhe a Palavra de Deus, concedendo perdão aos arrependidos, ameaçando os lobos devoradores.
Neste contexto não é difícil entender a condição que Jesus impõe para que nossa amizade com ele seja nutrida.
Jo 15:14
Vós sois meus amigos, se fazeis o que eu vos mando.
Jo 15:17
Isto vos mando: que vos ameis uns aos outros.
Jo 15:12
O meu mandamento é este: que vos ameis uns aos outros, assim como eu vos amei.
Jesus amou a igreja, e foi capaz de morrer por ela também.
Amigos do noivo amam a noiva.
3. A reconciliação nos faz ter intimidade com Deus, seja falando a ele, seja ouvindo o que ele tem a dizer
Uma das passagens mais ternas da Escritura é
Êx 33:11
Falava o SENHOR a Moisés face a face, como qualquer fala a seu amigo; então, voltava Moisés para o arraial, porém o moço Josué, seu servidor, filho de Num, não se apartava da tenda.
O contexto todo aqui é lindo. Mas vou destacar apenas isto: Deus falando com Moisés, aquele servo que pela fé não cobiçou os prazeres transitórios do pecado, mas permaneceu firme, com quem vê aquele que é invisível[8].
Deus lhe fala como qualquer pessoa fala com seu amigo, face a face. E Moisés responde, dizendo que deseja sua presença sempre. E Deus torna a falar, e Moisés fala de novo, e o Senhor responde, e atende à sua oração.
Este mesmo tipo de certeza, de resposta à oração com base na amizade, foi um dos argumentos de Jesus quando ele estava nos ensinando a orar.
Lc 11:8-9
Digo-vos que, se não se levantar para dar-lhos por ser seu amigo, todavia, o fará por causa da importunação e lhe dará tudo o de que tiver necessidade.  9 Por isso, vos digo: Pedi, e dar-se-vos-á; buscai, e achareis; batei, e abrir-se-vos-á.
Nos versículos anteriores o Senhor faz uma ilustração:
“Vamos supor que você esteja deitado com seus filhos, já tarde da noite, e um vizinho venha bater à sua porta, dizendo: ‘Amigo, eu preciso de ajuda. É que chegou um visitante distante, e eu não tenho nada para servir a esta hora. Você pode me emprestar uns pães’? É claro que você se levantará para atendê-lo em sua necessidade. Se não fizer isto por causa da amizade, pelo menos se levantará por causa a importunação”.
Na história de Jesus, a primeira razão para você atender ao seu vizinho necessitado é a amizade.
Então ele conclui: – “Se é assim, peçam a Deus, e ele dará; busquem, e encontrarão; insistam, e alcançarão”.
Quando existe amizade com Deus, existe a certeza de que nele, em seu amor, em seu poder, em sua fidelidade, podemos confiar.
É o que nos faz insistir em oração. Que nos faz buscar sua Palavra, ouvir sua voz, nos deleitar na comunhão, e também falar-lhe de nossas ansiedades, de nossas necessidades, de nossos desejos.
É o que noz faz confessar quem somos, pois ele é um amigo fiel.
E da mesma forma, se somos amigos, nos deleitamos em saber o que ele gosta, nos deleitamos em fazer sua vontade.
Conclusão
Eu desejo encerrar nossa meditação trazendo à lembrança mais uma palavra do nosso amigo:
Jr 31:3
De longe se me deixou ver o SENHOR, dizendo: Com amor eterno eu te amei; por isso, com benignidade te atraí.
Se você conhece ao Senhor Jesus você conhece, você conhece também, eu seu coração, o doce significado, e o doce poder destas palavras.
Você as conhece no íntimo de sua alma. Sabe que é amado de Deus, e o ama.
Então viva este amor. Viva com alegria, pois o amor alegra o coração. Viva sem medo, pois o perfeito amor lança fora o medo. Viva com esperança, pois o amor de Deus que foi derramado em teu coração, pelo Espírito Santo que te foi outorgado, faz de você uma pessoa cheia de alegre expectativa das bênçãos que ainda virão.
Mas amado, e se você ainda não conhece este amor de Deus? Volte-se para Jesus, com arrependimento e fé, pois ele prometeu:
“Todo aquele que vem a mim de modo nenhum o lançarei fora...” [9]
Se você fizer isto, você conhecerá o amor de Deus.






[1] Pv. 18:24
[2] Is 41:8
[3] Jo 12:1, 2; Lc 10:38-42
[4] Hb 4:13-16
[5] Is 40:3; Mt 3:3; Jo 1:23, etc.
[6] Jo 4:1, 2
[7] Por exemplo, Ef 5:25-32; Ap 19:7, 9; 21:2
[8] Hb 11:27
[9] Jo 6:37

Nenhum comentário:

Postar um comentário

▲Topo