Achadas as tuas palavras, logo as comi; as tuas palavras me foram gozo e alegria para o coração, pois pelo teu nome sou chamado, ó SENHOR, Deus dos Exércitos. Jeremias 15:16

domingo, 11 de agosto de 2019

A súplica do justo - Tg 5:13-20

3ª IPC de Guarulhos
Domingo, 10 de agosto de 2019
Pr. Plínio Fernandes
Meus irmãos, eu quero iniciar lendo dois textos da Bíblia com vocês:
1º Rs 18:41-45
41 Então, disse Elias a Acabe: Sobe, come e bebe, porque já se ouve ruído de abundante chuva.  42 Subiu Acabe a comer e a beber; Elias, porém, subiu ao cimo do Carmelo, e, encurvado para a terra, meteu o rosto entre os joelhos,  43 e disse ao seu moço: Sobe e olha para o lado do mar. Ele subiu, olhou e disse: Não há nada. Então, lhe disse Elias: Volta. E assim por sete vezes.  44 À sétima vez disse: Eis que se levanta do mar uma nuvem pequena como a palma da mão do homem. Então, disse ele: Sobe e dize a Acabe: Aparelha o teu carro e desce, para que a chuva não te detenha.  45 Dentro em pouco, os céus se enegreceram, com nuvens e vento, e caiu grande chuva. Acabe subiu ao carro e foi para Jezreel.
Tg 5:13-20
13 Está alguém entre vós sofrendo? Faça oração. Está alguém alegre? Cante louvores.  14 Está alguém entre vós doente? Chame os presbíteros da igreja, e estes façam oração sobre ele, ungindo-o com óleo, em nome do Senhor.  15 E a oração da fé salvará o enfermo, e o Senhor o levantará; e, se houver cometido pecados, ser-lhe-ão perdoados.  16 Confessai, pois, os vossos pecados uns aos outros e orai uns pelos outros, para serdes curados. Muito pode, por sua eficácia, a súplica do justo.  17 Elias era homem semelhante a nós, sujeito aos mesmos sentimentos, e orou, com instância, para que não chovesse sobre a terra, e, por três anos e seis meses, não choveu.  18 E orou, de novo, e o céu deu chuva, e a terra fez germinar seus frutos. 19 Meus irmãos, se algum entre vós se desviar da verdade, e alguém o converter,  20 sabei que aquele que converte o pecador do seu caminho errado salvará da morte a alma dele e cobrirá multidão de pecados.
Na segunda parte do v. 16, nós lemos assim: Muito pode, por sua eficácia, a súplica do justo.
Esta carta preciosa que temos diante de nós foi escrita por Tiago, irmão de nosso Senhor, que se converteu após a ressurreição de Jesus.
De acordo com Paulo em 1ª Co 15, Jesus apareceu pessoalmente a Tiago depois de sua ressurreição.
E conforme  Atos capítulo 15, desde cedo Tiago foi considerado um dos colunas, um dos homens mais respeitados da Igreja em Jerusalém.
Aquele texto nos mostra não somente o conhecimento que Tiago tinha da Palavra de Deus, mas também a firmeza com a qual ele a colocava em prática.
De fato, Tiago entendia que a nossa fé na palavra de Deus é algo muito prático em nosso dia a dia, de tal modo que podemos viver a cada momento vivendo de acordo com a vontade de Deus.
A grande ênfase doutrinária que Tiago nos dá nesta carta é que a nossa fé em Deus resulta numa vida de boas obras, abençoada e abençoadora.
Eusébio, um historiador da igreja primitiva, nos diz que Tiago ficou conhecido acima de tudo como um homem de oração; tanto que o descreve como um homem de joelhos calejados, de joelhos grossos como os de um camelo, pelo muito tempo que ele passava em oração.
Não sabemos se a descrição física que Eusébio faz de Tiago é uma completa verdade, mas nesta carta nós percebemos como Tiago realmente acreditava no poder da oração. Ele ensina sobre oração no capítulo 1, no capítulo 4, e aqui no capítulo 5.
Aqui ele nos diz que devemos orar por nós mesmos, que devemos orar uns pelos outros, e que quando necessário, devemos também pedir oração aos nossos presbíteros.
No v 16 ele nos ensina sobre o poder da oração:
– Muito pode, por sua eficácia, a súplica do justo.
Agora, nós sabemos, irmãos, que isto é mais que um mero pensamento humano. Sabemos que estas palavras foram inspiradas pelo Espírito Santo, e portanto são Palavras dele, de Deus.
É Deus quem nos declara que devemos orar porque “muito pode, por sua eficácia, a súplica do justo”.
A oração do justo é uma súplica eficaz, que surte efeito, que trás consequências.
Nós temos aqui um ensino do Espírito Santo, que nos mostra como devemos agir para alcançar bênçãos de Deus para nós mesmos e também para outras pessoas.
Nós também temos aqui um mandamento de Deus, no sentido de que devemos levar a ele as nossas necessidades, tanto do corpo como da alma, tanto as nossas como uns dos outros.
Nós também temos aqui uma promessa: se um justo ora, a sua oração pode muito em seus resultados.
Vamos meditar nesta Palavra do Senhor.
A súplica do justo pode muito em seus efeitos. A oração de uma pessoa justa pode alcançar muitas coisas.
Eu tenho a impressão, meus irmãos, que quando pensamos nestas coisas, já imaginamos que Tiago esteja falando de outra pessoa, e sobre nós.
Pois veja: Deus está nos dizendo que ouve a súplica das pessoas justas, e nós sabemos que somos pecadores, que muitas vezes desobedecemos aos mandamentos de Deus.
Ora, quando nós não temos uma devida compreensão, de acordo com a Bíblia, do significa ser justo aos olhos de Deus, de fato, nós vivemos em desobediência, e o nosso maior ato de desobediência  é justamente o de não orar como Deus ordena.
Mas, amados, que doutrina maravilhosa! A vida justa, que Deus ordena, está colocada bem aqui, diante de nós.
1. Eu quero considerar o significado da palavra “justo”, conforme usada aqui por Tiago
1.1 – Ela não quer dizer, aqui, “uma pessoa que não peca”.
Pois embora ser justo signifique, basicamente, não cometer injustiça alguma e fazer tudo de modo muito santo, a própria Bíblia nos ensina também que neste sentido não há uma pessoa justa, nem uma sequer.[1]
Neste mesmo texto o próprio Tiago nos dá o exemplo de um homem justo, e que por causa disto orava com empenho, e o Senhor o ouvia.
No v. 17 ele nos fala sobre o profeta Elias: era homem semelhante a nós; sujeito aos mesmos sentimentos (ARA). A versão corrigida traduz “paixões”.
A NVI,  a BV e a BLH traduzem: Elias era homem como nós, ou, tão humano quanto nós. Ele tinha os mesmos temores, as mesmas fraquezas, as mesmas ansiedades e preocupações.
Isto é, Elias, como nós, era um pecador; e orou insistentemente, e foi ouvido.
A história de Elias, aquele grande profeta de Israel, está registrada no 1º livro dos Reis.
Em 1º Reis, capítulo 17 em diante, a Bíblia nos conta que Elias, primeiramente orou para que chovesse, e assim não houve chuva durante três anos e seis meses. Depois ele orou para que o Senhor mandasse chuvas, e Deus o ouviu novamente.
Isto é maravilhoso, irmãos: o que Tiago está nos dizendo é que, neste sentido não há diferença entre nós e Elias. Assim como o Senhor o ouviu, ele pode ouvir-nos também.
Agora, se Elias era um ser humano sujeito às mesmas fraquezas que nós, o que foi que o caracterizou como justo diante de Deus?
A Bíblia responde mostrando-nos que Elias acreditava em Deus e sua Palavra. Colocando em outras palavras, Elias tinha fé em Deus, e isto o tornava justo aos olhos de Deus.
Repetidas vezes, meus irmãos, esta é a doutrina que Deus nos ensina na Bíblia, segundo a qual uma pessoa é considerada justa por Deus:
Hc 2:4 – Eis o soberbo! Sua alma não é reta nele; mas o justo viverá pela sua fé.
Rm 1:17 – ... Visto que a justiça de Deus se revela no evangelho, de fé em fé, como está escrito: O justo viverá por fé.
Gl 3:11 – E é evidente que, pela lei, ninguém é justificado diante de Deus, porque o justo viverá pela fé.
Hb 10:38 – Todavia, o meu justo viverá pela fé; e: Se retroceder, nele não se compraz a minha alma.
Hb 11:4 – Pela fé, Abel ofereceu a Deus mais excelente sacrifício do que Caim; pelo qual obteve testemunho de ser justo, tendo a aprovação de Deus quanto às suas ofertas...
1.2 – O que torna um homem justo aos olhos de Deus é o homem confiar em Deus, depender de Deus.
E é isto o que vemos em Elias, quando ele se dedica a orar: ele tinha confiança de que Deus cumpriria sua Palavra.
Pois em Deuteronômio 28, e também 1º Crônicas  capítulo 7, está escrito que se o povo israelita se desviasse dos caminhos de Deus, o Senhor os repreenderia fechando as janelas do céu para que não chovesse mais.
Mas se, diante da repreensão do Senhor o povo israelita se arrependesse e se convertesse, buscando novamente a Deus, o Senhor então lhes perdoaria e enviaria chuvas novamente.
Pois bem, nos dias de Elias era isto o que estava acontecendo: o povo de Israel havia se desviado, estava adorando a Baal. Foi um período de enorme apostasia espiritual e multiplicação da iniquidade. O pecado caracterizava tudo os que os israelitas faziam em sua vida cotidiana.
Então Elias orou de acordo com a Palavra de Deus. Orou insistentemente, pedindo que não chovesse, para que Israel não somente fosse disciplinado, mas sentisse sede de Deus. Ele orou por insistentemente, e o céu parou de dar chuvas.
Foi uma seca que durou três anos. Três anos depois os israelitas se voltariam ao Senhor, e então Elias sabia que chegara o momento de pedir chuvas novamente. Assim sendo ele prostrou-se diante de Deus e não se levantou enquanto não viu os primeiros sinais de chuvas no céu.
É por isto que Tiago diz que Elias orou com instância, fervorosamente; ele cria que o Senhor o ouviria. Ele cria que o Senhor cumpriria sua Palavra.
Ser justo é confiar em Deus. Querido irmão, será que você pode confiar em Deus?
Esta, meus irmãos, é a chave para a resposta às nossas orações: a fé em que Deus nos dará o que pedimos. Vejamos o ensino de Tiago novamente, agora no capitulo 1 de sua carta:
Tg 1:5-8 – 5 Se, porém, algum de vós necessita de sabedoria, peça-a a Deus, que a todos dá liberalmente e nada lhes impropera; e ser-lhe-á concedida.  6 Peça-a, porém, com fé, em nada duvidando; pois o que duvida é semelhante à onda do mar, impelida e agitada pelo vento.  7 Não suponha esse homem que alcançará do Senhor alguma coisa;  8 homem de ânimo dobre, inconstante em todos os seus caminhos.
Vamos ler também Tiago 4:2, 3
2 Cobiçais e nada tendes; matais, e invejais, e nada podeis obter; viveis a lutar e a fazer guerras. Nada tendes, porque não pedis;  3 pedis e não recebeis, porque pedis mal, para esbanjardes em vossos prazeres.
Eu tenho que pedir com fé, sem duvidar em meu coração. Eu posso pedir com fé quando estou pedindo o que é bom, segundo a vontade de Deus.
Ou como também nos ensina o apóstolo João:
1ª Jo 5:14-16 – 14 E esta é a confiança que temos para com ele: que, se pedirmos alguma coisa segundo a sua vontade, ele nos ouve.  15 E, se sabemos que ele nos ouve quanto ao que lhe pedimos, estamos certos de que obtemos os pedidos que lhe temos feito. Se alguém vir a seu irmão cometer pecado não para morte, pedirá, e Deus lhe dará vida, aos que não pecam para morte. Há pecado para morte, e por esse não digo que rogue.
No v. 16 ele nos dá um exemplo do que é orar de acordo com a vontade de Deus:
Se alguém vir a seu irmão cometer pecado não para morte, pedirá, e Deus lhe dará vida, aos que não pecam para morte. Há pecado para morte, e por esse não digo que rogue.
Mas aqui, amados, é que muitos filhos de Deus têm uma dificuldade real. Eu quase posso ouvir os pensamentos de alguns irmãos, dizendo assim:
– Então pastor... como é que eu posso ter esta fé, sem duvidar? Como posso ter certeza de que aquilo que eu estou pedindo é o que bom, conforme Deus quer que eu peça?
Me parece, queridos, que a dificuldade é que às vezes nós pensamos que a vontade de Deus aqui descrita é aquele plano secreto de Deus, pelo qual ele preordenou todas as coisas.
Então, se eu não sei o que Deus tem determinado, como posso orar com fé que ele irá atender?
Mas irmãos, nós nunca somos ensinados na Bíblia a orar de acordo com isto. Nós somos ordenados a orar de acordo com a vontade de Deus, conforme revelada na Bíblia.
Devemos orar confiando na Bíblia.
Se por alguma razão secreta aprouver a Deus não nos responder de acordo com aquilo que estamos pedindo, ainda assim devemos orar de acordo com a Bíblia, confiando em Deus, e sabendo que ele nos responderá de modo infinitamente melhor do que tudo o que podemos imaginar.[2]
Ser justo é confiar em Deus, e isto implica em confiar no que ele nos diz em sua Palavra escrita para nós. Querido irmão, será que você pode confiar em Deus? E se você confiar...
2. O que Deus diz que a sua oração confiante, perseverante, pode alcançar?
Neste texto o Espírito Santo como que “distribui” alguns motivos de oração entre as diversas posições que as pessoas têm, mostrando que aos presbíteros é dada uma tarefa especial de oração.
Mas ao mesmo tempo ele nos diz que devemos orar uns pelos outros, e mostra que ser ouvido por Deus não é privilégio somente dos presbíteros, mas de todos os justos, isto é, de todos os crentes.
Qual o efeito da oração dos crentes? O que ela pode alcançar? Vejamos os exemplos dados aqui:
2.1 - A oração é a solução de Deus para as nossas dificuldades emocionais
v. 13 – Está alguém entre vós sofrendo? Faça oração. Está alguém alegre? Cante louvores.
Eu acho maravilhosa esta sensibilidade do Senhor para com nossas fraquezas. Ele não nos obriga a “cantar louvores em todo o tempo”, se estamos sofrendo.
Há tempo de cantar, e há tempo de “pendurar as nossas harpas”.[3]
Está alguém entre vós sofrendo? Faça oração.
Esta, certamente, era a experiência de Tiago. Era a experiência de Jesus.[4]
É a experiência, por exemplo, descrita no Sl 34.
v. 6 – Clamou este aflito, e o SENHOR o ouviu e o livrou de todas as suas tribulações.
v. 4 – Busquei o SENHOR, e ele me acolheu; livrou-me de todos os meus temores.
v. 9 – Temei o SENHOR, vós os seus santos, pois nada falta aos que o temem.
v. 22 – O SENHOR resgata a alma dos seus servos, e dos que nele confiam nenhum será condenado.
v. 17 – Clamam os justos, e o SENHOR os escuta e os livra de todas as suas tribulações.
2.2 - A oração também é o meio que devemos usar para vencer nossos pecados
Tg 5:16a – Confessai, pois, os vossos pecados uns aos outros e orai uns pelos outros, para serdes curados.
Eu sei que não podemos confessar nossos pecados a qualquer pessoa: às vezes passamos por experiências amargas, que nos trazem profundos desapontamentos.
Eu sei que às vezes nossos pecados nos trazem grande vergonha, e fica difícil compartilhar com alguém e pedir oração.
Mas existem pessoas com quem podemos partilhar, e elas nos ajudam a vencer nossos pecados. No decorrer dos meus dias, o Senhor me tem dado alguns companheiros de oração. Não são muitos, e não precisam ser muitos.
Mas estes companheiros são um poderoso instrumento de Deus, um doce lenitivo, com quem eu posso compartilhar minhas dores, meus sofrimentos, minhas necessidades, meus pecados, e como tem sido preciosa a intercessão destes irmãos. Quantas vitórias eu tenho alcançado!
Eu quero encorajá-lo, irmão: tenha um amigo de oração. Se não tem, peça a Deus.
Inclusive peça oração aos pastores que o Senhor te deu...
2.3 - A oração também é um meio que devemos usar na busca pela cura de nossas enfermidades.
vs. 14 e 15 – 14 Está alguém entre vós doente? Chame os presbíteros da igreja, e estes façam oração sobre ele, ungindo-o com óleo, em nome do Senhor.  15 E a oração da fé salvará o enfermo, e o Senhor o levantará; e, se houver cometido pecados, ser-lhe-ão perdoados.
Sabemos que Tiago não está menosprezando os recursos medicinais que temos à nossa disposição. Cremos que toda a sabedoria das ciências médicas nos são dados por Deus, e devemos ser gratos e nos servirmos dela como instrumentos de Deus para a nossa saúde física e emocional.
Mas mesmo que nos utilizemos dos recursos da medicina, sabemos que eles são eficazes somente pelo agir de Deus. Como remédio ou sem remédio, é o Senhor quem perdoa as nossas iniquidades e quem sara as nossas enfermidades.[5]
Todos nós devemos orar uns pelos outros, a fim de que o Senhor nos cure.
Mas Deus nos diz especialmente que devemos pedir orações de nossos presbíteros.
O que dizer do óleo? A maneira como os crentes entendem esta instrução tem sido variada. Alguns irmãos muito fiéis pensam que Tiago está dizendo que juntamente com a oração nós devemos usar remédios, pois nos dias do Novo Testamento o óleo era usado como remédio em muitas situações.
Mas eu respeitosamente discordo, entre outras coisas, porque não me parece que os presbíteros tenham autoridade para prescrever remédios para qualquer pessoa, e Tiago não está falando aqui apenas de enfermidades que possam ser pensadas com óleo, mas de enfermidade no sentido geral.
Segundo eu entendo, irmãos, óleo aqui, deve ter a mesma função espiritual que vemos no Antigo Testamento, quando da unção dos sacerdotes, profetas e reis, quando estas pessoas eram separadas para Deus. Era um símbolo do Espírito Santo.
Algumas pessoas contrárias a esta ideia até dizem que a palavra grega “ungir” (de onde vem a nossa palavra Cristo significa “derramar óleo”), e a palavra que Tiago usa no texto grego aqui é uma palavra que significa “untar”, como quem passa óleo sobre uma ferida.
Verdade: a palavra grega quer dizer isto mesmo. Mas em Êxodo 40:13 e 40:25, a versão grega traduz as duas palavras para se referir à unção dos sacerdotes. E também o historiador judeu Flávio Josefo usa a mesma palavra de Tiago, descrevendo a unção sacerdotal.[6]
E também não me parece, irmãos, que Tiago esteja falando sobre presbíteros que tinham dons de curas, pois ele simplesmente fala de presbíteros.[7]
Agora, uma coisa é clara: o óleo era apenas um símbolo. Como o óleo com que os apóstolos ungiam os enfermos ao orar por eles. 
Se você está enfermo, ensina Tiago, chame os presbíteros da igreja, e peça que orem por você. E diz: A oração da fé (não o óleo) salvará o enfermo.
2.4 – Por último, irmãos, quero citar os vs. 19 e 20, como base para nossas orações em favor dos que se afastam dos caminhos do Senhor.
vs. 19,20 – 19 Meus irmãos, se algum entre vós se desviar da verdade, e alguém o converter,  20 sabei que aquele que converte o pecador do seu caminho errado salvará da morte a alma dele e cobrirá multidão de pecados.
Me parece que aqui, a rigor, meus irmãos, Tiago aqui já não esteja falando diretamente sobre oração pelos que se desviam, mas sobre o nosso dever de buscar aquele que, em suas palavras, se desviou dos caminhos do Senhor.
Então é claro: buscar e salvar os que se desviam de Deus, é uma daquelas coisas boas que Deus deseja que façamos. É a vontade de Deus.
Sendo assim, orar pelos que se afastam do caminho da fé é uma maneira de cumprir o mandamento que diz: – Orai sem cessar.
Conclusão e aplicações
Muito pode, por sua eficácia, a súplica do justo.
Alguns anos atrás eu passei por uma situação, a princípio embaraçosa, mas que depois se revelou deliciosamente abençoadora.
Eu estava num Instituto Bíblico em Americana, no interior de São Paulo, num pequeno sítio chamado Recanto SAL.
E nós, os alunos, a certa altura do nosso treinamento evangelístico, fomos enviados de dois em dois, para participar de um trabalho chamado "convivência missionária". Era uma busca por imitar aquele treinamento dos discípulos de Jesus quando ele os enviou de dois em dois, a fim de pregar o Evangelho nas cidades de Israel.
Então fomos, apenas com uma muda de roupas, sem dinheiro no bolso, e deveríamos trabalhar, evangelizar e viver somente com o que alguém nos desse.
Meu amigo e eu fomos trabalhar numa fazenda de tomates, na cidade de Tietê.
Era um inverno muito seco. Depois de uns quinze dias na plantação, certa tarde nós estávamos conversando com o proprietário da fazenda, e ele disse que a plantação estava morrendo por falta de chuvas, pois mesmo a água da irrigação não estava sendo suficiente.
Eram quase três da tarde, e nós costumávamos orar pelo Brasil naquele horário.
Então meu amigo disse ao dono da plantação, que era incrédulo: – Então nós vamos orar a Deus, e nosso Deus que é poderoso e bom enviará chuvas. O meu irmão Plínio vai fazer esta oração.
É claro, meus irmãos, que eu me senti bem constrangido . Confesso que se eu fosse dizer alguma coisa, jamais teria,  passado pela minha cabeça dizer que eu iria orar e Deus mandaria chuvas.
Mas então nos demos as mãos, como era o nosso costume. E oramos. Entre outras coisas eu pedi ao Senhor que nos concedesse chuvas para salvar a plantação. Por volta das quatro horas da tarde a chuva chegou, e choveu bastante.
Você sabe que quando eu pedi isto a Deus, foi com uma incrível, porém costumeira, falta de fé. Mas o Senhor misericordiosamente atendeu, para que sua graça se revelasse e nos fortalecesse em nossa pequenez.
A oração do justo pode muitos em seus efeitos.
Irmão, tome estas palavras de Tiago como aquilo que elas realmente são: palavras do Espírito Santo.
Ouça o que o Espírito diz às igrejas.
Suas emoções estão enfermas? Está você sofrendo? Tristeza, angústia, tribulação, falta de paz? Ansiedade? O Espírito Santo diz para você orar.
Ou você está enfermo espiritualmente? Há tentações e pecados que você não está conseguindo superar? Coisas como sentimentos ruins, maus hábitos, incredulidade, lascívia? Coisas que, se você imaginasse que alguém soubesse, você ficaria profundamente envergonhado? O Espírito Santo diz para você orar.
Você está enfermo do corpo? O Espírito diz para você orar.
Ore sem cessar. Ore confiantemente, com base na Palavra de Deus. Oração não é apenas falar a Deus, mas falar com Deus. Então não somente fale, mas também ouça.
Eu quero encorajá-lo a fazer o seguinte:
1. No seu dia a dia, conforme Jesus ensinou, tome tempo para  estar a sós com Deus.
Abra sua Bíblia em atitude de oração, leia, medite, ouça Deus falando com você nas Escrituras. E ore com base na Palavra de Deus. Adore ao Senhor, confesse seus pecados, fale de suas necessidades, de seus medos, de seus desejos. Busque orientação, consagre a Deus sua vida. Ore pela sua família. Ore pela igreja. Ore por todos os homens.
Ore diariamente, perseverantemente. Ore quanto tempo for necessário. Ore e vigie, prestando atenção, pois quando buscamos, Deus fala conosco. Aprenda a ouvir a voz de Deus.
2. Participe das nossas reuniões de oração.
Às vezes, ouvimos em nosso meio uma terrível frase, mãos ou menos assim: – “Ah, hoje eu não vou à igreja. É só uma reunião de oração”.
 Irmão, isto é o que o Diabo quer que você pense, que as reuniões de oração não têm importância, ou valor. Irmão, o Diabo só vem pra matar, roubar e destruir. Não faça o que o Diabo quer. Na medida de sua disponibilidade, venha orar conosco.
3. Tenha um companheiro de oração.
Até Jesus pediu a Pedro, Tiago e João: – Ficai aqui e vigiai comigo.
Tenha um companheiro de oração, e seja o companheiro de alguém. Seja um intercessor.
A oração do justo pode muito em seus efeitos.


[1] Rm 3:10
[2] Ef 3:20
[3] Sl 137
[4] Mt 26:37-39
[5] Sl 103
[6] Moo, Douglas J.; Tiago, Intr. e Com. (São Paulo: Vida Nova e Mundo Cristão, 1990, pág. 180).
[7] João Calvino entendia que a unção com o óleo era um símbolo do Espírito Santo, mas que fazia parte do dom de curas, que deixou de existir há muito tempo (cf. Calvino, J; Institutas da Religião Cristã, IV:XIX:18).
[8] Mc 8:23

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