3ª
IPC de Guarulhos
Domingo,
10 de agosto de 2019
Pr.
Plínio Fernandes
Meus
irmãos, eu quero iniciar lendo dois textos da Bíblia com vocês:
1º
Rs 18:41-45
41 Então, disse Elias a Acabe: Sobe, come e bebe,
porque já se ouve ruído de abundante chuva.
42 Subiu Acabe a comer e a beber; Elias, porém, subiu ao cimo
do Carmelo, e, encurvado para a terra, meteu o rosto entre os joelhos, 43 e disse ao seu moço: Sobe e
olha para o lado do mar. Ele subiu, olhou e disse: Não há nada. Então, lhe
disse Elias: Volta. E assim por sete vezes.
44 À sétima vez disse: Eis que se levanta do mar uma nuvem
pequena como a palma da mão do homem. Então, disse ele: Sobe e dize a Acabe:
Aparelha o teu carro e desce, para que a chuva não te detenha. 45 Dentro em pouco, os céus se
enegreceram, com nuvens e vento, e caiu grande chuva. Acabe subiu ao carro e
foi para Jezreel.
Tg
5:13-20
13 Está alguém
entre vós sofrendo? Faça oração. Está alguém alegre? Cante louvores. 14 Está alguém entre vós doente?
Chame os presbíteros da igreja, e estes façam oração sobre ele, ungindo-o com
óleo, em nome do Senhor. 15 E
a oração da fé salvará o enfermo, e o Senhor o levantará; e, se houver cometido
pecados, ser-lhe-ão perdoados. 16 Confessai,
pois, os vossos pecados uns aos outros e orai uns pelos outros, para serdes
curados. Muito pode, por sua eficácia, a súplica do justo. 17 Elias era homem semelhante a
nós, sujeito aos mesmos sentimentos, e orou, com instância, para que não
chovesse sobre a terra, e, por três anos e seis meses, não choveu. 18 E orou, de novo, e o céu deu
chuva, e a terra fez germinar seus frutos. 19 Meus irmãos, se algum
entre vós se desviar da verdade, e alguém o converter, 20 sabei que aquele que converte o
pecador do seu caminho errado salvará da morte a alma dele e cobrirá multidão
de pecados.
Na
segunda parte do v. 16, nós lemos assim: Muito pode, por sua eficácia, a
súplica do justo.
Esta
carta preciosa que temos diante de nós foi escrita por Tiago, irmão de nosso
Senhor, que se converteu após a ressurreição de Jesus.
De
acordo com Paulo em 1ª Co 15, Jesus apareceu pessoalmente a Tiago depois de sua
ressurreição.
E
conforme Atos capítulo 15, desde cedo
Tiago foi considerado um dos colunas, um dos homens mais respeitados da Igreja
em Jerusalém.
Aquele
texto nos mostra não somente o conhecimento que Tiago tinha da Palavra de Deus,
mas também a firmeza com a qual ele a colocava em prática.
De
fato, Tiago entendia que a nossa fé na palavra de Deus é algo muito prático em
nosso dia a dia, de tal modo que podemos viver a cada momento vivendo de acordo
com a vontade de Deus.
A grande ênfase doutrinária que Tiago nos dá nesta carta é que a nossa fé em Deus resulta numa vida de boas obras, abençoada e abençoadora.
Eusébio, um historiador da igreja primitiva, nos diz que Tiago ficou conhecido
acima de tudo como um homem de oração; tanto que o descreve como um homem de
joelhos calejados, de joelhos grossos como os de um camelo, pelo muito tempo que
ele passava em oração.
Não
sabemos se a descrição física que Eusébio faz de Tiago é uma completa verdade,
mas nesta carta nós percebemos como Tiago realmente acreditava no poder da
oração. Ele ensina sobre oração no capítulo 1, no capítulo 4, e aqui no capítulo 5.
Aqui
ele nos diz que devemos orar por nós mesmos, que devemos orar uns pelos outros,
e que quando necessário, devemos também pedir oração aos nossos presbíteros.
No
v 16 ele nos ensina sobre o poder da
oração:
– Muito pode, por sua eficácia, a
súplica do justo.
Agora,
nós sabemos, irmãos, que isto é mais que um mero pensamento humano. Sabemos que
estas palavras foram inspiradas pelo Espírito Santo, e portanto são Palavras
dele, de Deus.
É
Deus quem nos declara que devemos orar porque “muito pode, por sua eficácia, a súplica do justo”.
A
oração do justo é uma súplica eficaz, que surte efeito, que trás consequências.
Nós
temos aqui um ensino do Espírito Santo, que nos mostra como devemos agir para
alcançar bênçãos de Deus para nós mesmos e também para outras pessoas.
Nós também temos aqui um mandamento de Deus, no sentido de que devemos levar a ele as
nossas necessidades, tanto do corpo como da alma, tanto as nossas como uns dos
outros.
Nós também temos aqui uma promessa: se um justo ora, a sua oração pode muito em seus
resultados.
Vamos
meditar nesta Palavra do Senhor.
A súplica do justo pode muito em seus
efeitos. A oração de uma pessoa justa pode alcançar muitas coisas.
Eu
tenho a impressão, meus irmãos, que quando pensamos nestas coisas, já imaginamos que
Tiago esteja falando de outra pessoa, e sobre nós.
Pois
veja: Deus está nos dizendo que ouve a súplica das pessoas justas, e nós
sabemos que somos pecadores, que muitas vezes desobedecemos aos mandamentos de
Deus.
Ora,
quando nós não temos uma devida compreensão, de acordo com a Bíblia, do
significa ser justo aos olhos de Deus, de fato, nós vivemos em desobediência, e
o nosso maior ato de desobediência é
justamente o de não orar como Deus ordena.
Mas,
amados, que doutrina maravilhosa! A vida justa, que Deus ordena, está colocada
bem aqui, diante de nós.
1. Eu quero considerar o significado da palavra
“justo”, conforme usada aqui por Tiago
1.1 – Ela não quer dizer,
aqui, “uma pessoa que não peca”.
Pois
embora ser justo signifique, basicamente, não cometer injustiça alguma e fazer
tudo de modo muito santo, a própria Bíblia nos ensina também que neste sentido
não há uma pessoa justa, nem uma sequer.[1]
Neste
mesmo texto o próprio Tiago nos dá o exemplo de um homem justo, e que por causa
disto orava com empenho, e o Senhor o ouvia.
No
v. 17 ele nos fala sobre o profeta Elias: era homem semelhante a nós; sujeito
aos mesmos sentimentos (ARA). A versão corrigida traduz “paixões”.
A
NVI, a BV e a BLH traduzem: Elias era
homem como nós, ou, tão humano quanto nós. Ele tinha os mesmos temores, as
mesmas fraquezas, as mesmas ansiedades e preocupações.
Isto
é, Elias, como nós, era um pecador; e orou insistentemente, e foi ouvido.
A
história de Elias, aquele grande profeta de Israel, está registrada no 1º livro
dos Reis.
Em
1º Reis, capítulo 17 em diante, a Bíblia nos conta que Elias, primeiramente orou
para que chovesse, e assim não houve chuva durante três anos e seis meses.
Depois ele orou para que o Senhor mandasse chuvas, e Deus o ouviu novamente.
Isto
é maravilhoso, irmãos: o que Tiago está nos dizendo é que, neste sentido não há
diferença entre nós e Elias. Assim como o Senhor o ouviu, ele pode ouvir-nos
também.
Agora,
se Elias era um ser humano sujeito às mesmas fraquezas que nós, o que foi que o
caracterizou como justo diante de Deus?
A
Bíblia responde mostrando-nos que Elias acreditava em Deus e sua Palavra.
Colocando em outras palavras, Elias tinha fé em Deus, e isto o tornava justo
aos olhos de Deus.
Repetidas vezes, meus
irmãos, esta é a doutrina que Deus nos ensina na Bíblia, segundo a qual uma
pessoa é considerada justa por Deus:
Hc 2:4 – Eis o soberbo! Sua
alma não é reta nele; mas o justo viverá pela sua fé.
Rm 1:17 – ... Visto que a
justiça de Deus se revela no evangelho, de fé em fé, como está escrito: O justo
viverá por fé.
Gl 3:11 – E é evidente que,
pela lei, ninguém é justificado diante de Deus, porque o justo viverá pela fé.
Hb 10:38 – Todavia, o meu
justo viverá pela fé; e: Se retroceder, nele não se compraz a minha alma.
Hb 11:4 – Pela fé, Abel
ofereceu a Deus mais excelente sacrifício do que Caim; pelo qual obteve
testemunho de ser justo, tendo a aprovação de Deus quanto às suas ofertas...
1.2 – O que torna um
homem justo aos olhos de Deus é o homem confiar em Deus, depender de Deus.
E
é isto o que vemos em Elias, quando ele se dedica a orar: ele tinha confiança
de que Deus cumpriria sua Palavra.
Pois
em Deuteronômio 28, e também 1º Crônicas
capítulo 7, está escrito que se o povo israelita se desviasse dos
caminhos de Deus, o Senhor os repreenderia fechando as janelas do céu para que
não chovesse mais.
Mas
se, diante da repreensão do Senhor o povo israelita se arrependesse e se
convertesse, buscando novamente a Deus, o Senhor então lhes perdoaria e
enviaria chuvas novamente.
Pois
bem, nos dias de Elias era isto o que estava acontecendo: o povo de Israel
havia se desviado, estava adorando a Baal. Foi um período de enorme apostasia espiritual e multiplicação da iniquidade. O pecado caracterizava tudo os que os israelitas faziam em sua vida cotidiana.
Então
Elias orou de acordo com a Palavra de Deus. Orou insistentemente, pedindo que
não chovesse, para que Israel não somente fosse disciplinado, mas sentisse sede de Deus. Ele orou por insistentemente, e o céu parou de dar chuvas.
Foi
uma seca que durou três anos. Três anos depois os israelitas se voltariam ao
Senhor, e então Elias sabia que chegara o momento de pedir chuvas novamente.
Assim sendo ele prostrou-se diante de Deus e não se levantou enquanto não viu
os primeiros sinais de chuvas no céu.
É
por isto que Tiago diz que Elias orou com instância, fervorosamente; ele cria que o
Senhor o ouviria. Ele cria que o Senhor cumpriria sua Palavra.
Ser
justo é confiar em Deus. Querido irmão, será que você pode confiar em Deus?
Esta,
meus irmãos, é a chave para a resposta às nossas orações: a fé em que Deus nos
dará o que pedimos. Vejamos o ensino de Tiago novamente, agora no capitulo 1 de sua carta:
Tg 1:5-8 – 5 Se,
porém, algum de vós necessita de sabedoria, peça-a a Deus, que a todos dá
liberalmente e nada lhes impropera; e ser-lhe-á concedida. 6 Peça-a, porém, com fé, em nada
duvidando; pois o que duvida é semelhante à onda do mar, impelida e agitada
pelo vento. 7 Não suponha
esse homem que alcançará do Senhor alguma coisa; 8 homem de ânimo dobre,
inconstante em todos os seus caminhos.
Vamos ler
também Tiago 4:2, 3
2 Cobiçais e nada tendes; matais, e invejais, e nada podeis obter; viveis a lutar e a fazer
guerras. Nada tendes, porque não pedis; 3
pedis e não recebeis, porque pedis mal, para esbanjardes em vossos prazeres.
Eu tenho que pedir com fé, sem duvidar em meu coração. Eu posso
pedir com fé quando estou pedindo o que é bom, segundo a vontade de Deus.
Ou como
também nos ensina o apóstolo João:
1ª Jo 5:14-16 – 14
E esta é a confiança que temos para com ele: que, se pedirmos alguma coisa
segundo a sua vontade, ele nos ouve. 15
E, se sabemos que ele nos ouve quanto ao que lhe pedimos, estamos certos de que
obtemos os pedidos que lhe temos feito. Se alguém vir a seu irmão cometer pecado não para morte, pedirá, e Deus lhe dará vida, aos que não pecam para morte. Há pecado para morte, e por esse não digo que rogue.
No v. 16 ele
nos dá um exemplo do que é orar de acordo com a vontade de Deus:
Se alguém vir a seu irmão
cometer pecado não para morte, pedirá, e Deus lhe dará vida, aos que não pecam
para morte. Há pecado para morte, e por esse não digo que rogue.
Mas aqui,
amados, é que muitos filhos de Deus têm uma dificuldade real. Eu quase posso
ouvir os pensamentos de alguns irmãos, dizendo assim:
– Então pastor... como é que eu posso ter esta fé,
sem duvidar? Como posso ter certeza de que aquilo que eu estou pedindo é o que
bom, conforme Deus quer que eu peça?
Me parece,
queridos, que a dificuldade é que às vezes nós pensamos que a vontade de Deus
aqui descrita é aquele plano secreto de Deus, pelo qual ele preordenou todas as
coisas.
Então, se eu
não sei o que Deus tem determinado, como posso orar com fé que ele irá atender?
Mas irmãos,
nós nunca somos ensinados na Bíblia a orar de acordo com isto. Nós somos
ordenados a orar de acordo com a vontade de Deus, conforme revelada na Bíblia.
Devemos orar
confiando na Bíblia.
Se
por alguma razão secreta aprouver a Deus não nos responder de acordo com aquilo
que estamos pedindo, ainda assim devemos orar de acordo com a Bíblia, confiando
em Deus, e sabendo que ele nos responderá de modo infinitamente melhor do que
tudo o que podemos imaginar.[2]
Ser
justo é confiar em Deus, e isto implica em confiar no que ele nos diz em sua
Palavra escrita para nós. Querido irmão, será que você pode confiar em Deus? E
se você confiar...
2. O que Deus diz que a sua oração confiante,
perseverante, pode alcançar?
Neste
texto o Espírito Santo como que “distribui” alguns motivos de oração entre as
diversas posições que as pessoas têm, mostrando que aos presbíteros é dada uma
tarefa especial de oração.
Mas
ao mesmo tempo ele nos diz que devemos orar uns pelos outros, e mostra que ser
ouvido por Deus não é privilégio somente dos presbíteros, mas de todos os
justos, isto é, de todos os crentes.
Qual
o efeito da oração dos crentes? O que ela pode alcançar? Vejamos os exemplos
dados aqui:
2.1 - A oração é a
solução de Deus para as nossas dificuldades emocionais
v.
13 – Está alguém entre vós
sofrendo? Faça oração. Está alguém alegre? Cante louvores.
Eu
acho maravilhosa esta sensibilidade do Senhor para com nossas fraquezas. Ele
não nos obriga a “cantar louvores em todo o tempo”, se estamos sofrendo.
Há
tempo de cantar, e há tempo de “pendurar as nossas harpas”.[3]
–
Está alguém entre vós sofrendo? Faça
oração.
Esta,
certamente, era a experiência de Tiago. Era a experiência de Jesus.[4]
É
a experiência, por exemplo, descrita no Sl 34.
v.
6 – Clamou este aflito, e o SENHOR o ouviu e o livrou de todas as suas
tribulações.
v.
4 – Busquei o SENHOR, e ele me acolheu; livrou-me de todos os meus temores.
v.
9 – Temei o SENHOR, vós os seus santos, pois nada falta aos que o temem.
v.
22 – O SENHOR resgata a alma dos seus servos, e dos que nele confiam nenhum
será condenado.
v.
17 – Clamam os justos, e o SENHOR os escuta e os livra de todas as suas
tribulações.
2.2 - A oração também é o
meio que devemos usar para vencer nossos pecados
Tg
5:16a – Confessai,
pois, os vossos pecados uns aos outros e orai uns pelos outros, para serdes
curados.
Eu
sei que não podemos confessar nossos pecados a qualquer pessoa: às vezes
passamos por experiências amargas, que nos trazem profundos desapontamentos.
Eu
sei que às vezes nossos pecados nos trazem grande vergonha, e fica difícil
compartilhar com alguém e pedir oração.
Mas
existem pessoas com quem podemos partilhar, e elas nos ajudam a vencer nossos pecados.
No decorrer dos meus dias, o Senhor me tem dado alguns companheiros de oração.
Não são muitos, e não precisam ser muitos.
Mas
estes companheiros são um poderoso instrumento de Deus, um doce lenitivo, com
quem eu posso compartilhar minhas dores, meus sofrimentos, minhas necessidades,
meus pecados, e como tem sido preciosa a intercessão destes irmãos. Quantas
vitórias eu tenho alcançado!
Eu
quero encorajá-lo, irmão: tenha um amigo de oração. Se não tem, peça a Deus.
Inclusive
peça oração aos pastores que o Senhor te deu...
2.3 - A oração também é um
meio que devemos usar na busca pela cura de nossas enfermidades.
vs.
14 e 15 – 14 Está alguém entre vós doente? Chame os presbíteros da
igreja, e estes façam oração sobre ele, ungindo-o com óleo, em nome do
Senhor. 15 E a oração da fé
salvará o enfermo, e o Senhor o levantará; e, se houver cometido pecados,
ser-lhe-ão perdoados.
Sabemos que
Tiago não está menosprezando os recursos medicinais que temos à nossa
disposição. Cremos que toda a sabedoria das ciências médicas nos são dados por
Deus, e devemos ser gratos e nos servirmos dela como instrumentos de Deus para
a nossa saúde física e emocional.
Mas mesmo que
nos utilizemos dos recursos da medicina, sabemos que eles são eficazes somente
pelo agir de Deus. Como remédio ou sem remédio, é o Senhor quem perdoa as
nossas iniquidades e quem sara as nossas enfermidades.[5]
Todos nós
devemos orar uns pelos outros, a fim de que o Senhor nos cure.
Mas Deus nos
diz especialmente que devemos pedir orações de nossos presbíteros.
O que dizer
do óleo? A maneira como os crentes entendem esta instrução tem sido variada.
Alguns irmãos muito fiéis pensam que Tiago está dizendo que juntamente com a
oração nós devemos usar remédios, pois nos dias do Novo Testamento o óleo era
usado como remédio em muitas situações.
Mas eu
respeitosamente discordo, entre outras coisas, porque não me parece que os
presbíteros tenham autoridade para prescrever remédios para qualquer pessoa, e
Tiago não está falando aqui apenas de enfermidades que possam ser pensadas com
óleo, mas de enfermidade no sentido geral.
Segundo eu
entendo, irmãos, óleo aqui, deve ter a mesma função espiritual que vemos no
Antigo Testamento, quando da unção dos sacerdotes, profetas e reis, quando
estas pessoas eram separadas para Deus. Era um símbolo do Espírito Santo.
Algumas
pessoas contrárias a esta ideia até dizem que a palavra grega “ungir” (de onde
vem a nossa palavra Cristo significa “derramar óleo”), e a palavra que Tiago
usa no texto grego aqui é uma palavra que significa “untar”, como quem passa
óleo sobre uma ferida.
Verdade: a
palavra grega quer dizer isto mesmo. Mas em Êxodo 40:13 e 40:25, a versão grega
traduz as duas palavras para se referir à unção dos sacerdotes. E também o
historiador judeu Flávio Josefo usa a mesma palavra de Tiago, descrevendo a
unção sacerdotal.[6]
E também não
me parece, irmãos, que Tiago esteja falando sobre presbíteros que tinham dons
de curas, pois ele simplesmente fala de presbíteros.[7]
Agora, uma
coisa é clara: o óleo era apenas um símbolo. Como o óleo com que os apóstolos ungiam os enfermos ao orar por eles.
Se você está
enfermo, ensina Tiago, chame os presbíteros da igreja, e peça que orem por
você. E diz: A oração da fé (não o óleo) salvará o enfermo.
2.4 – Por último,
irmãos, quero citar os vs. 19 e 20, como base para nossas orações em favor dos
que se afastam dos caminhos do Senhor.
vs.
19,20 – 19 Meus irmãos, se algum entre vós se desviar da verdade, e
alguém o converter, 20 sabei
que aquele que converte o pecador do seu caminho errado salvará da morte a alma
dele e cobrirá multidão de pecados.
Me
parece que aqui, a rigor, meus irmãos, Tiago aqui já não esteja falando
diretamente sobre oração pelos que se desviam, mas sobre o nosso dever de buscar aquele que, em suas palavras, se desviou dos caminhos do Senhor.
Então é claro: buscar e salvar os que se desviam de Deus, é uma daquelas
coisas boas que Deus deseja que façamos. É a vontade de Deus.
Sendo assim, orar pelos que se afastam do caminho da fé é uma maneira de cumprir o
mandamento que diz: – Orai sem cessar.
Conclusão e aplicações
Muito pode, por sua eficácia, a súplica
do justo.
Alguns
anos atrás eu passei por uma situação, a princípio embaraçosa, mas que depois se
revelou deliciosamente abençoadora.
Eu
estava num Instituto Bíblico em Americana, no interior de São Paulo, num
pequeno sítio chamado Recanto SAL.
E
nós, os alunos, a certa altura do nosso treinamento evangelístico, fomos
enviados de dois em dois, para participar de um trabalho chamado "convivência
missionária". Era uma busca por imitar aquele treinamento dos discípulos de
Jesus quando ele os enviou de dois em dois, a fim de pregar o Evangelho nas cidades
de Israel.
Então
fomos, apenas com uma muda de roupas, sem dinheiro no bolso, e deveríamos
trabalhar, evangelizar e viver somente com o que alguém nos desse.
Meu
amigo e eu fomos trabalhar numa fazenda de tomates, na cidade de Tietê.
Era
um inverno muito seco. Depois de uns quinze dias na plantação, certa tarde nós
estávamos conversando com o proprietário da fazenda, e ele disse que a
plantação estava morrendo por falta de chuvas, pois mesmo a água da irrigação
não estava sendo suficiente.
Eram
quase três da tarde, e nós costumávamos orar pelo Brasil naquele horário.
Então
meu amigo disse ao dono da plantação, que era incrédulo: – Então nós vamos orar a Deus, e nosso Deus que é poderoso e bom
enviará chuvas. O meu irmão Plínio vai fazer esta oração.
É
claro, meus irmãos, que eu me senti bem constrangido . Confesso que se eu fosse
dizer alguma coisa, jamais teria,
passado pela minha cabeça dizer que eu iria orar e Deus mandaria chuvas.
Mas
então nos demos as mãos, como era o nosso costume. E oramos. Entre outras
coisas eu pedi ao Senhor que nos concedesse chuvas para salvar a plantação. Por
volta das quatro horas da tarde a chuva chegou, e choveu bastante.
Você
sabe que quando eu pedi isto a Deus, foi com uma incrível, porém costumeira,
falta de fé. Mas o Senhor misericordiosamente atendeu, para que sua graça se
revelasse e nos fortalecesse em nossa pequenez.
A oração do justo pode muitos em seus
efeitos.
Irmão,
tome estas palavras de Tiago como aquilo que elas realmente são: palavras do
Espírito Santo.
Ouça
o que o Espírito diz às igrejas.
Suas
emoções estão enfermas? Está você sofrendo? Tristeza, angústia, tribulação,
falta de paz? Ansiedade? O Espírito Santo diz para você orar.
Ou
você está enfermo espiritualmente? Há tentações e pecados que você não está
conseguindo superar? Coisas como sentimentos ruins, maus hábitos,
incredulidade, lascívia? Coisas que, se você imaginasse que alguém soubesse,
você ficaria profundamente envergonhado? O Espírito Santo diz para você orar.
Você
está enfermo do corpo? O Espírito diz para você orar.
Ore
sem cessar. Ore confiantemente, com base na Palavra de Deus. Oração não é
apenas falar a Deus, mas falar com Deus. Então não somente fale, mas também
ouça.
Eu
quero encorajá-lo a fazer o seguinte:
1. No seu dia a dia,
conforme Jesus ensinou, tome tempo para
estar a sós com Deus.
Abra
sua Bíblia em atitude de oração, leia, medite, ouça Deus falando com você nas
Escrituras. E ore com base na Palavra de Deus. Adore ao Senhor, confesse seus
pecados, fale de suas necessidades, de seus medos, de seus desejos. Busque
orientação, consagre a Deus sua vida. Ore pela sua família. Ore pela igreja.
Ore por todos os homens.
Ore
diariamente, perseverantemente. Ore quanto tempo for necessário. Ore e vigie,
prestando atenção, pois quando buscamos, Deus fala conosco. Aprenda a ouvir a
voz de Deus.
2. Participe das nossas
reuniões de oração.
Às
vezes, ouvimos em nosso meio uma terrível frase, mãos ou menos assim: – “Ah, hoje eu não vou à igreja. É só uma
reunião de oração”.
Irmão, isto é o que o Diabo quer que você
pense, que as reuniões de oração não têm importância, ou valor. Irmão, o Diabo
só vem pra matar, roubar e destruir. Não faça o que o Diabo quer. Na medida de
sua disponibilidade, venha orar conosco.
3. Tenha um companheiro
de oração.
Até
Jesus pediu a Pedro, Tiago e João: – Ficai
aqui e vigiai comigo.
Tenha
um companheiro de oração, e seja o companheiro de alguém. Seja um intercessor.
A
oração do justo pode muito em seus efeitos.
[1] Rm
3:10
[2] Ef
3:20
[3] Sl
137
[4] Mt
26:37-39
[5] Sl
103
[6]
Moo, Douglas J.; Tiago, Intr. e Com.
(São Paulo: Vida Nova e Mundo Cristão, 1990, pág. 180).
[7] João Calvino entendia que a unção com o óleo era um símbolo do
Espírito Santo, mas que fazia parte do dom de curas, que deixou de existir há
muito tempo (cf. Calvino, J; Institutas
da Religião Cristã, IV:XIX:18).
[8] Mc
8:23
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