IPC de Parada de Taipas
Domingo, 7 de agosto de 2016
Pr. Plínio Fernandes
24 Ninguém pode servir a dois senhores;
porque ou há de aborrecer-se de um e amar ao outro, ou se devotará a um e
desprezará ao outro. Não podeis servir a Deus e às riquezas. 25 Por isso, vos digo:
não andeis ansiosos pela vossa vida, quanto ao que haveis de comer ou beber;
nem pelo vosso corpo, quanto ao que haveis de vestir. Não é a vida mais do que
o alimento, e o corpo, mais do que as vestes? 26 Observai as aves do céu: não
semeiam, não colhem, nem ajuntam em celeiros; contudo, vosso Pai celeste as
sustenta. Porventura, não valeis vós muito mais do que as aves? 27 Qual de vós, por
ansioso que esteja, pode acrescentar um côvado ao curso da sua vida? 28 E por que andais
ansiosos quanto ao vestuário? Considerai como crescem os lírios do campo: eles
não trabalham, nem fiam. 29 Eu, contudo, vos afirmo que nem
Salomão, em toda a sua glória, se vestiu como qualquer deles. 30 Ora, se Deus veste
assim a erva do campo, que hoje existe e amanhã é lançada no forno, quanto mais
a vós outros, homens de pequena fé? 31 Portanto, não vos inquieteis,
dizendo: Que comeremos? Que beberemos? Ou: Com que nos vestiremos? 32 Porque os gentios é
que procuram todas estas coisas; pois vosso Pai celeste sabe que necessitais de
todas elas; 33 buscai,
pois, em primeiro lugar, o seu reino e a sua justiça, e todas estas coisas vos
serão acrescentadas. 34 Portanto, não vos inquieteis com
o dia de amanhã, pois o amanhã trará os seus cuidados; basta ao dia o seu
próprio mal.
Nos capítulos 5 a 7 deste Evangelho de Mateus, o nosso Salvador,
o Senhor Jesus Cristo, está nos ensinando o tipo de vida que ele deseja para nós.
O tipo de vida que devemos ter, uma vez que somos povo dele,
gente com quem ele fez uma aliança no seu sangue, e assim nos libertou dos
nossos pecados a fim de que vivamos como cidadãos do seu reino.
Uma vida na qual ele é exaltado como sendo o nosso Deus,
nosso rei, e na qual nós, seus súditos, somos felizes em sua presença.
Aqui neste texto temos um mandamento de nosso Senhor que é
repetido três vezes
No v. 25 ele diz: – “Não
andeis ansiosos pela vossa vida”.
No v. 31: – “Não vos
inquieteis...”
No v. 34: – “Não vos
inquieteis...”
Jesus nos dá este mandamento logo após dizer-nos, nos
versículos anteriores, que nossa fidelidade a ele deve ser total.
Primeiro, nos vs. 19-21, ele diz que não devemos nos
preocupar em acumular riquezas materiais; que não devemos fazer do dinheiro de
bens o desejo do nosso coração, mas que devemos colocar os nossos desejos, e ajuntar
tesouros, no céu.
Depois, no 24, ele diz que não podemos servir a dois
senhores: não podemos servir a Deus, e ao mesmo tempo servir o “deus riquezas".
E depois, como que prevendo a pergunta que pode subir à nossa
mente: – “Então, o que iremos fazer?”,
ele nos dá a resposta: – “Não andeis
ansiosos...”.
Como nosso Deus sábio e amoroso, que primeiramente criou o
Jardim do Éden para que nele o homem fosse feliz, e que depois veio ao mundo
para restaurar a felicidade destruída pelo pecado, o Senhor deseja que nossa
vida seja livre de ansiedade.
Então, à luz destas coisas, aqui ele nos ensina como ser livres dela. Este é o tema da
nossa meditação de hoje.
1. O que é “ansiedade”?
A palavra usada por Jesus aparece cinco vezes no texto grego
(nos vs. 25,27,28,31 e 34).
Ela é traduzida de vários modos na Bíblia:
Estar ansioso; estar inquieto; estar cuidadoso; estar
preocupado.
Em Lucas cap. 10, naquela conhecida passagem que fala sobre
Marta e Maria, é a palavra usada para descrever a preocupação de Marta, onde se
diz que agitava-se de um lado para outro, ocupada em muitos serviços.[1]
Esta palavra, “agitada”
significa estar mentalmente estressada, estar distraída.
Assim à luz do v. 24 em Mateus 6, o que Jesus está nos
dizendo é
– “Não deixe que sua
mente fique distraída como a preocupação com as coisas deste mundo; coloque sua
atenção concentre seus esforços, na busca de servir a Deus, ao reino de Deus”.
Naturalmente Jesus não está dizendo que não devemos pensar
no que comer, no que beber, no que vestir. Também não está dizendo que devamos
dedicar todo o tempo de nossas vidas às coisas eclesiásticas.
Naturalmente Jesus não está dizendo que não devemos pensar
no futuro.
O que ele está dizendo é que estas coisas não devem ocupar o
centro de nossa atenção, estas coisas não podem ocupar o primeiro lugar.
Se isto acontecer, nossa mente e coração ficam divididos.
Ao invés de acumular tesouros no céu, passamos a acumular na
terra.
Em vez de servir a Deus, passamos a servir ao “deus” das
riquezas, aos deuses deste mundo.
Então, ansiedade é
distrair-se de colocar nossa atenção nas coisas de Deus...
2. De onde
surgem as ansiedades? Quais as fontes da preocupação, da inquietação, da solicitude?
O Senhor menciona algumas delas
Primeiro, nossa
preocupação com o sustento presente
v. 25 – O que haveremos de comer, beber, ou vestir
Jesus é tão sábio - em poucas palavras ele resume aquilo que
é mais essencial em nossa vida
O que comer, beber, vestir, tem a ver com aquilo que é
básico
Existem outras coisas essenciais: onde morar, trabalhar,
onde estudar, a nossa saúde.
Com quem casar, quando casar, as coisas que precisamos
comprar.
A preocupação com todas estas coisas varia de pessoa para
pessoa, mas todas as têm.
Também existe a
preocupação com o dia de amanhã, o futuro
Isto nos é lembrado no v. 34.
Volto a dizer: Jesus não está dizendo que não devemos pensar
no amanhã.
Por exemplo, em Lc 14:28-30 Jesus nos ensina que devemos “calcular
o preço, se queremos ser seus discípulos”.
Se não pudéssemos pensar no amanhã, qualquer investimento
neste sentido seria pecado, mas devemos
investir no futuro, seja profissional, intelectual, familiar – como maneiras de
continuar servindo a Deus.
E por último no v. 30
Jesus menciona a terceira fonte de ansiedade: nossa pequena fé (e se confiança
e amor andam juntos, então também podemos dizer “pequeno amor”, pois como diz o
apóstolo João, o perfeito amor lança fora todo o medo.[2])
3. Como lidar
com a ansiedade?
Jesus nos dá duas orientações básicas
3.1 – Ele apela para a nossa razão, o entendimento
Usando uma série de argumentos, o Senhor nos mostra que
temos um Pai no céu que nos valoriza e que é poderoso para cuidar de nós, em
cada uma das nossas necessidades e ansiedades
3.1.1– Primeiro argumento de Jesus: a vida é mais do
que o alimento, e o corpo mais do que as vestes
v. 25 – Por isso, vos digo: não andeis ansiosos
pela vossa vida, quanto ao que haveis de comer ou beber; nem pelo vosso corpo,
quanto ao que haveis de vestir. Não é a vida mais do que o alimento, e o corpo,
mais do que as vestes?
Deus nos dá a vida, que é maior. Se ele nos dá a vida, não é
poderoso e cuidadoso para dar as coisas menores?
O apóstolo Paulo segue a mesma linha de raciocínio (do maior
para o menor), para que tenhamos a certeza da provisão de Deus
Rm 8:32
Aquele que não poupou o seu próprio Filho, antes,
por todos nós o entregou, porventura, não nos dará graciosamente com ele todas
as coisas?
Se Deus não deixou de nos
dar o mais importante, o melhor de todas as suas riquezas, que próprio Senhor
Jesus, então certamente ele também nos dará toda sorte de coisas boas.
Por isto também que em
outro lugar ele escreve que o nosso Deus, segundo a sua riqueza, e
gloriosamente, suprirá, em Cristo Jesus, cada uma das nossas necessidades.[3]
3.1.2 – Segundo argumento: nosso valor aos olhos de
Deus
v. 26 – Observai as aves do céu: não
semeiam, não colhem, nem ajuntam em celeiros; contudo, vosso Pai celeste as
sustenta. Porventura, não valeis vós muito mais do que as aves?
Vs. 28-30
E por que andais ansiosos quanto ao vestuário?
Considerai como crescem os lírios do campo: eles não trabalham, nem fiam. 29 Eu, contudo, vos
afirmo que nem Salomão, em toda a sua glória, se vestiu como qualquer deles. Ora, se Deus veste assim a erva do campo, que hoje existe e amanhã é
lançada no forno, quanto mais a vós outros, homens de pequena fé?
Não quer dizer que não devamos pensar no amanhã. Em 2ª Co
12:14 Paulo alude ao provérbio de que os pais devem entesourar para os filhos.
Em 2ª Ts 3:10 ele escreve que “se alguém não
quer trabalhar, que também não coma”.
Jesus está nos dizendo que temos muito valor aos olhos de
Deus, e por isto podemos ter a certeza de que ele cuida de nós, como um pai
cuida de seu precioso filho.
3.2.3 – Terceiro argumento: temos um Pai celeste
v. 32 – Porque os gentios é que procuram
todas estas coisas; pois vosso Pai celeste sabe que necessitais de todas elas.
A palavra “gentio”, num
contexto de fé, no Novo Testamento, significa “alguém que não conhece a Deus”.
Jesus está nos dizendo
que preocupação é para aqueles que não conhecem a Deus. Que não sabem que têm
um Pai celestial. Mas temos um Pai
celeste que sabe todas as nossas necessidades.
3.3.4 – Quarto argumento: a ansiedade não é capaz de
acrescentar nada à nossa vida
v. 27 - Qual de vós, por ansioso que esteja,
pode acrescentar um côvado ao curso da sua vida?
Ao contrário, a ansiedade, como um ladrão que rouba, mata e destrói,
pode tirar a nossa vida, pois a “esperança
que se adia faz adoecer o coração”.[4]
3.2 - A segunda orientação de Jesus é uma sequencia
lógica: já que temos um Pai no céu que se ocupa de nós, então coloquemos nossa
atenção nele, e o resto é com ele
v. 33 – buscai, pois, em primeiro lugar, o
seu reino e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas.
Buscar o reino: o governo, o domínio do Senhor, a justiça, a
paz, a alegria do Espírito Santo
Crer nele, obedecer sua Palavra.
Quero citar algumas promessas relacionadas.
Sl 37:4,5 – Agrada-te do SENHOR, e ele satisfará
os desejos do teu coração. 5 Entrega o teu caminho ao SENHOR,
confia nele, e o mais ele fará.
Pv 10:24 – Aquilo que teme o perverso, isso lhe sobrevém, mas o anelo dos justos Deus o
cumpre.
Is 64:4 – Porque desde a antiguidade não se
ouviu, nem com ouvidos se percebeu, nem com os olhos se viu Deus além de ti,
que trabalha para aquele que nele espera.
Conclusão
Neste sentido, de distração de nossa mente de Deus, a ansiedade
é pecado.
A ansiedade com as coisas do mundo, do futuro...
Temos um Pai
Que nos valoriza
Que se ocupa de nós
Que supre nossas necessidades
Busquemos o seu reino...
Muito rico e edificante. Aleluia...
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