Achadas as tuas palavras, logo as comi; as tuas palavras me foram gozo e alegria para o coração, pois pelo teu nome sou chamado, ó SENHOR, Deus dos Exércitos. Jeremias 15:16

segunda-feira, 18 de julho de 2016

Vida genuína - Ap 3:1-6

IPC de Pda. de Taipas
Domingo, 17 de julho de 2016
Pr. Plínio Fernandes
Ao anjo da igreja em Sardes escreve: Estas coisas diz aquele que tem os sete Espíritos de Deus e as sete estrelas: Conheço as tuas obras, que tens nome de que vives e estás morto.  2 Sê vigilante e consolida o resto que estava para morrer, porque não tenho achado íntegras as tuas obras na presença do meu Deus.  3 Lembra-te, pois, do que tens recebido e ouvido, guarda-o e arrepende-te. Porquanto, se não vigiares, virei como ladrão, e não conhecerás de modo algum em que hora virei contra ti.  4 Tens, contudo, em Sardes, umas poucas pessoas que não contaminaram as suas vestiduras e andarão de branco junto comigo, pois são dignas.  5 O vencedor será assim vestido de vestiduras brancas, e de modo nenhum apagarei o seu nome do Livro da Vida; pelo contrário, confessarei o seu nome diante de meu Pai e diante dos seus anjos.  6 Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas.
Esta é a quinta, das sete cartas que Jesus enviou às igrejas da Ásia menor, através de seu servo João.
São preciosas e verdadeiras cartas de amor enviadas por Jesus, nas quais ele está encorajando, corrigindo, repreendendo suas queridas igrejas, as quais ele segura em sua mão, nas quais seu Espírito se faz presente, a fim de que elas perseverem em sua vida de fé, amor e esperança. Desta maneira ele as está preparando para o dia de sua vinda.
E não somente aquelas antigas igrejas. Pois ele deixa claro aqui em Apocalipse que este livro foi escrito para todo o seu povo, e cada uma de todas as suas igrejas.[1]
Este livro foi escrito para nós.
Pois bem; em todas as cartas anteriores, vimos que as igrejas daquela região estavam vivendo dias de intensas batalhas espirituais contra as forças do mal que desejavam destruí-las: havia a perseguição religiosa, tanto da parte dos judeus hostis a Jesus, quanto das autoridades do império romano, com toda a sua idolatria.
E também havia os conflitos internos, os falsos ensinos de mestres que, dizendo-se cristãos, desviavam os crentes da doutrina de Jesus.
Então, a cada uma destas igrejas, o Senhor Jesus dirige sua Palavra, a fim de endireitar o que estava errado, bem como para encorajar a fé.
Agora, os cristãos da cidade de Sardes não estavam passando os mesmos problemas que seus irmãos da região: embora localizada numa cidade idólatra e moralmente devassa, não havia qualquer perseguição contra eles. Também não é mencionada qualquer falsa doutrina.
Além disto, eles tinham a fama de serem uma igreja “viva”.
– “Tens nome de que vives...”, disse o Senhor.
Era uma igreja aparentemente ativa, vibrante, atuante, envolvida nas coisas de Deus. No dia a dia de uma igreja do final do século I, eles praticavam os seus atos de culto com liberdade e tranquilidade: o ensino e pregação, os cânticos e orações, o exercício de seus dons, a ceia do Senhor, os batismos, as obras de caridade (embora a cidade fosse próspera), tudo era feito em paz.
Mas Jesus é aquele que não somente tem as sete estrelas, isto é, as sete igrejas, em sua mão. Ele também tem os sete Espíritos de Deus, quer dizer, é aquele que está espiritualmente presente em cada uma de suas igrejas.
No cap. 5, esta presença também é chamada “sete olhos”, que está não somente na igreja, mas em toda a terra.[2]
E ele, que enxerga não com olhos da carne, mas com os olhos do Espírito, vê que aquela vida da igreja de Sardes era apenas aparente. Não podia ser considerada vida espiritual de verdade.
“Tens nome de que vives, mas estás morto...”
Mas, se de um lado, os cristãos de Sardes aparentemente não tinham batalhas a vencer, por outro lado haviam se tornado espiritualmente frios, relapsos e acomodados.
Pareciam vivos, mas a não ser uns poucos fiéis, a maioria deles estava espiritualmente morta.
Daí a repreensão do Senhor.
Nesta carta à igreja de Sardes, meus irmãos, Jesus está nos ensinando sobre a necessidade de uma vida espiritual real, e não apenas aparente. É sobre isto que vamos falar.

1. Jesus nos ensina que vida espiritual verdadeira não é constituída apenas de sinais exteriores

v.1 – Conheço as tuas obras, que tens nome de que vives, e estás morto.
Em certa ocasião nosso Senhor disse uma frase memorável a respeito de seu propósito em vir ao mundo:
– “Eu vim para que tenham vida, e a tenham em abundância”.[3]
Vida plena, construtiva, feliz, livre. Vida que seja um reflexo, ou antes, uma retomada em direção àquelas incontáveis bênçãos que foram dadas aos nossos primeiros pais na criação do mundo.
Vida que nos foi tirada quando o pecado entrou na história da humanidade.
E assim, quando veio o Senhor, nós, que estávamos espiritualmente mortos em nossos delitos e pecados,[4] por meio da fé em Jesus fomos livres da condenação, e passamos da morte para a vida.
Jo 5:24
Em verdade, em verdade vos digo: quem ouve a minha palavra e crê naquele que me enviou tem a vida eterna, não entra em juízo, mas passou da morte para a vida.
Esta é a promessa e a realidade de todos os crentes em Jesus. Não estão mais sob a condenação da lei divina; não estão mais sob a escravidão de sua própria vontade ao pecado; não estão mais sob o jugo de Satanás; não estão mais condenados à morte.
O crente passou da morte para a vida abundante, livre, abençoada e eterna.
Mas a Palavra de Jesus à igreja de Sardes é severa:
– “Tens nome de que vives, e estás morto”.
– “Você é conhecido como quem está espiritualmente vivo, mas na verdade não está”.
Estou pensando numa coisa que vi muitos anos atrás. Eu era apenas um menino.
Um homem estava me mostrando um lagarto que acabara de matar. O lagarto estava sem a cabeça, mas o corpo todo estava se mexendo. Eu pensei: – “Acho que ele ainda está vivo”. E ainda se passaram alguns minutos até que parasse der se mexer. Mas o fato é que o lagarto já havia morrido quando sua cabeça foi esmagada. Pra mim, o pobre animalzinho ainda parecia vivo, mas estava morto.
Assim também Jesus diz que quando outras pessoas olhavam para aquela igreja, ela parecia estar viva.
– Conheço as tuas obras.
Veja: a fé sem obras é morta.[5] E naquela igreja, obras não faltavam.
Havia várias, e que sabe, muitas atividades.
Havia reuniões, serviços de culto, trabalhos, orações, e tudo o mais que você possa descrever como atividades prescritas na Bíblia, para a igreja. A igreja tinha seus líderes espirituais. Tinha o seu pastor. Certamente tinha os seus diáconos e tudo o mais.
Tinha aparência.
Me faz pensar também naquela figueira que Jesus encontrou na beira da estrada, e desejando comer alguma coisa, foi procurar pra ver se nela havia algum fruto; mas não encontrou nada. A figueira só tinha aparência, mas não tinha figos.[6]
Assim acontecia com a igreja de Sardes.
Amados, a lição é óbvia: forma externa de trabalhos, multiplicidade de afazeres, encontros, relatórios de atividades, número de estudos bíblicos, e muitas coisas semelhantes, tudo isto, por si só, não quer dizer nada.
Pode ser que uma igreja faça todas estas coisas e muito mais, e ainda assim, ser uma igreja espiritualmente morta.
Pode ser que se manifestem dons espirituais dos mais variados, coisas que chamem e prendam a atenção dos de fora. Pode ser uma igreja dinâmica, que se considera avivada, mais ainda assim ser viva só de nome.
Pode ser que uma igreja tenha bons pregadores, música de qualidade, organização, e ainda assim não ter vida.
Pode ser que um crente seja visto como um “bom cristão”, mas que sua “bondade cristã” seja só de aparência.
Este era o caso da igreja de Sardes.
Jesus tem um discernimento melhor do que qualquer ser humano poderia ter. E quando ele olhava para aquela igreja, não via vida espiritual genuína.
Mas vamos ao segundo ponto.

2. Jesus também nos ensina que é vida espiritual verdadeira

E quanto a isto há dois aspectos ensinados pelo Senhor.
Primeiro: vida espiritual verdadeira é constituída de integridade na presença de Deus
No v. 2, Jesus descreve uma das razões pelas quais aquela igreja não tinha vida.
– Sê vigilante e consolida o resto que estava para morrer, porque não tenho achado íntegras as tuas obras na presença do meu Deus
A palavra “íntegras”, na maior parte das versões que temos, é “perfeitas”. É a tradução de uma palavra grega que significa “pleno, completo, inteiro”.
A ideia que ela transmite é que estes cristãos eram gente sem inteireza nas coisas que faziam para Deus.
Em outros textos nós vemos exortações no sentido de que devemos ser “inteiros” diante de Deus.
Por exemplo, em Gn 17:1, disse o Senhor a Abraão:
– “Eu sou o Deus Todo-Poderoso. Anda na minha presença e sê perfeito”.
Em Mt 5:8, o Senhor Jesus no exorta:
– “Portanto, sede vós perfeitos, como perfeito é o vosso Pai celeste”.
Jesus diz isto num contexto em que nos ensina a imitar o amor de Deus. Implica em aprender com o nosso Pai celestial, estar com ele.
Por outro lado, falando de um modo negativo, o profeta Isaías descreve uma adoração que não agradava ao Senhor, dizendo:
– Este povo honra-me com os lábios, mas o coração está longe de mim.[7]
Isto é, com a boca estavam louvando, mas por dentro, não havia verdadeira adoração.
O que é ser inteiro, ou perfeito, diante de Deus? É fazer as obras de Deus como quem anda com ele, como quem olha para ele, como quem percebe e sente a sua presença. É fazer todas as coisas com todo o coração, toda a alma, todo o entendimento, todas as forças.
Como resultado de conhecer, amar e andar com Deus.
Colocando de forma negativa, é viver sem comodismo, sem frieza, sem relaxo, pois como diz o profeta Jeremias,
“...maldito é aquele que fizer a obra do Senhor relaxadamente”.[8]
É fazer a obra do Senhor com temor do Senhor no coração.
Segundo: vida espiritual verdadeira significa andar em dignidade, em santidade diante de Deus.
No v. 4, ele descreve umas poucas pessoas da igreja de Sardes que permaneceram assim.
v. 4 – Tens, contudo, em Sardes, umas poucas pessoas que não contaminaram as suas vestiduras e andarão de branco junto comigo, pois são dignas.
Em outros lugares, e mais especialmente no Apocalipse, a Palavra de Deus se descreve a salvação e a santidade como “vestiduras limpas”.
Por exemplo, em 7:9
Depois destas coisas, vi, e eis grande multidão que ninguém podia enumerar, de todas as nações, tribos, povos e línguas, em pé diante do trono e diante do Cordeiro, vestidos de vestiduras brancas, com palmas nas mãos.
Aqui “vestiduras brancas” revela a pureza daqueles que estarão diante do trono do Senhor Jesus.
No v. 14 ele explica que são, e como estas pessoas foram purificadas.
Respondi-lhe: meu Senhor, tu o sabes. Ele, então, me disse: São estes os que vêm da grande tribulação, lavaram suas vestiduras e as alvejaram no sangue do Cordeiro.
Quando uma pessoa recebe o Espírito do Senhor Jesus em sua vida, então suas vestes são purificadas pelo precioso sangue de Jesus. E daí por diante ela anda deve andar nesta santidade e pureza.
Mas se menosprezar o sangue de Jesus, e deixar a contaminação do pecado sujar suas vestes, estará contrariando a natureza de sua vida espiritual. Se nisto persistir, como diria Pedro, será como um cão que voltou ao próprio vômito, como um animal imundo que tem prazer na lama e volta para ela.[9]
Assim, poucas pessoas da igreja em Sardes faziam parte desta numerosa multidão, pois estavam vivendo de modo contaminado.
Vamos ao último ponto.

3. Jesus nos ensina como manter vida espiritual verdadeira, ou, se ela estiver perecendo, como reavivá-la

Primeiro, “sê vigilante” (v. 2). Isto é, acorde. Saia deste sono. Desperte.
Tome consciência de sua letargia espiritual. Perceba que isto não é sadio. Perceba que isto não é normal. Perceba sua falta.
Jesus ilustra a necessidade de vigilância com a figura de um homem dormindo. Se um homem estiver acordado, e alguém tentar entrar para roubar sua casa, o homem vigilante, alerta, reagirá. Mas aquele que está dormindo é pego de surpresa.
Para os que não estão espiritualmente vigilantes, diz o Senhor, a sua vinda será como a de um ladrão, isto é, na hora em que o homem não está preparado, e assim será uma vinda de juízo, e não de alegria.
Então, ele diz, sê vigilante. Pastor, sê vigilante, e consolida o resto que estava para morrer. Igreja, sê vigilante.
Segundo: coloque em prática aquilo que você tem ouvido (v. 3).
Lembra-te, pois, do que tens recebido e ouvido, guarda-o e arrepende-te. Porquanto, se não vigiares, virei como ladrão, e não conhecerás de modo algum em que hora virei contra ti.  
Pois o que é apenas uma pessoa que ouve a Palavra, mas não a pratica, é como um homem tolo que edifica a sua casa sobre a areia, sem alicerces. Quando vem a provação, quando chega a hora do juízo, ou da angustia, quando a sua fé é provada, não permanece na presença de Deus.[10]
Veja a promessa para os que vencem esta terrível frieza da alma:
Ele será vestido de vestiduras brancas. Como uma bonita noiva, adornada para o dia do seu casamento, ele será no dia da vinda do seu Senhor.
O seu nome, de modo nenhum será apagado Livro da Vida.
O próprio Senhor Jesus dará testemunho a seu respeito diante do Pai celeste, e diante dos seus anjos.  

Conclusão e aplicação

O que é vida espiritual genuína?
Não é apenas obras, atividades externas, religiosidade.
É vida interior, íntegra, na presença de Deus.
É vida de santidade. É andar de vestiduras brancas na presença do Senhor. Vestiduras lavadas no sangue precioso do Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo.
É vida segundo a Palavra de Deus.
É praticar aquilo que temos recebido
Amado, que o Senhor Jesus, ao olhar para você, encontre vida.
Mas, e se não for assim? E se suas vestiduras não estiverem limpas?
Você não precisa sair daqui assim, nesta noite.
Pois a Palavra final do Senhor à sua igreja é sempre um convite da graça. Basta que você ouça o que o Espírito diz às igrejas. Ouça. Guarde, mude, busque ao Senhor.



[1] 1:1-3; 2:7; 22:17-21
[2] 5:6
[3] Jo 10:10
[4] Ef 2:1-3
[5] Tg 2:26
[6] Mc 11:13
[7] Is 29:13
[8] Jr 48:10
[9] 2ª Pe 2:22
[10] Mt 7:26

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