IPC de Pda. de Taipas
Domingo, 17 de julho de 2016
Pr. Plínio
Fernandes
Ao anjo da
igreja em Sardes escreve: Estas coisas diz aquele que tem os sete Espíritos de
Deus e as sete estrelas: Conheço as tuas obras, que tens nome de que vives e
estás morto. 2
Sê vigilante e consolida o resto que estava para morrer, porque não tenho
achado íntegras as tuas obras na presença do meu Deus. 3
Lembra-te, pois, do que tens recebido e ouvido, guarda-o e arrepende-te.
Porquanto, se não vigiares, virei como ladrão, e não conhecerás de modo algum
em que hora virei contra ti. 4 Tens, contudo, em Sardes, umas
poucas pessoas que não contaminaram as suas vestiduras e andarão de branco
junto comigo, pois são dignas. 5 O vencedor será assim vestido de
vestiduras brancas, e de modo nenhum apagarei o seu nome do Livro da Vida; pelo
contrário, confessarei o seu nome diante de meu Pai e diante dos seus anjos. 6
Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas.
Esta é a quinta, das sete cartas que Jesus enviou
às igrejas da Ásia menor, através de seu servo João.
São preciosas e verdadeiras cartas de amor enviadas
por Jesus, nas quais ele está encorajando, corrigindo, repreendendo suas
queridas igrejas, as quais ele segura em sua mão, nas quais seu Espírito se faz
presente, a fim de que elas perseverem em sua vida de fé, amor e esperança.
Desta maneira ele as está preparando para o dia de sua vinda.
E não somente aquelas antigas igrejas. Pois ele
deixa claro aqui em Apocalipse que este livro foi escrito para todo o seu povo,
e cada uma de todas as suas igrejas.[1]
Este livro foi escrito para nós.
Pois bem; em todas as cartas anteriores, vimos que as
igrejas daquela região estavam vivendo dias de intensas batalhas espirituais
contra as forças do mal que desejavam destruí-las: havia a perseguição
religiosa, tanto da parte dos judeus hostis a Jesus, quanto das autoridades do
império romano, com toda a sua idolatria.
E também havia os conflitos internos, os falsos ensinos de
mestres que, dizendo-se cristãos, desviavam os crentes da doutrina de Jesus.
Então, a cada uma destas igrejas, o Senhor Jesus dirige sua
Palavra, a fim de endireitar o que estava errado, bem como para encorajar a fé.
Agora, os cristãos da cidade de Sardes não estavam passando os
mesmos problemas que seus irmãos da região: embora localizada numa cidade
idólatra e moralmente devassa, não havia qualquer perseguição contra eles.
Também não é mencionada qualquer falsa doutrina.
Além disto, eles tinham a fama de serem uma igreja “viva”.
– “Tens nome de que
vives...”, disse o Senhor.
Era uma igreja aparentemente ativa, vibrante, atuante,
envolvida nas coisas de Deus. No dia a dia de uma igreja do final do século I, eles
praticavam os seus atos de culto com liberdade e tranquilidade: o ensino e pregação,
os cânticos e orações, o exercício de seus dons, a ceia do Senhor, os batismos,
as obras de caridade (embora a cidade fosse próspera), tudo era feito em paz.
Mas Jesus é aquele que não somente tem as sete estrelas,
isto é, as sete igrejas, em sua mão. Ele também tem os sete Espíritos de Deus, quer
dizer, é aquele que está espiritualmente presente em cada uma de suas igrejas.
No cap. 5, esta presença também é chamada “sete olhos”, que
está não somente na igreja, mas em toda a terra.[2]
E ele, que enxerga não com olhos da carne, mas com os olhos
do Espírito, vê que aquela vida da igreja de Sardes era apenas aparente. Não
podia ser considerada vida espiritual de verdade.
– “Tens nome de que
vives, mas estás morto...”
Mas, se de um lado, os cristãos de Sardes aparentemente não
tinham batalhas a vencer, por outro lado haviam se tornado espiritualmente
frios, relapsos e acomodados.
Pareciam vivos, mas a não ser uns poucos fiéis, a maioria
deles estava espiritualmente morta.
Daí a repreensão do Senhor.
Nesta carta à igreja de Sardes, meus irmãos, Jesus está nos
ensinando sobre a necessidade de uma vida espiritual real, e não apenas
aparente. É sobre isto que vamos falar.
1. Jesus nos ensina que vida espiritual verdadeira não é constituída apenas de sinais exteriores
v.1 – Conheço as tuas obras, que tens nome de que vives,
e estás morto.
Em certa ocasião nosso Senhor disse uma frase memorável a
respeito de seu propósito em vir ao mundo:
– “Eu vim para que tenham vida, e a tenham em abundância”.[3]
Vida plena, construtiva, feliz, livre. Vida que seja um
reflexo, ou antes, uma retomada em direção àquelas incontáveis bênçãos que
foram dadas aos nossos primeiros pais na criação do mundo.
Vida que nos foi tirada quando o pecado entrou na história
da humanidade.
E assim, quando veio o Senhor, nós, que estávamos
espiritualmente mortos em nossos delitos e pecados,[4]
por meio da fé em Jesus fomos livres da condenação, e passamos da morte para a
vida.
Jo 5:24
Em verdade, em
verdade vos digo: quem ouve a minha palavra e crê naquele que me enviou tem a
vida eterna, não entra em juízo, mas passou da morte para a vida.
Esta é a promessa e a realidade de todos os crentes
em Jesus. Não estão mais sob a condenação da lei divina; não estão mais sob a
escravidão de sua própria vontade ao pecado; não estão mais sob o jugo de
Satanás; não estão mais condenados à morte.
O crente passou da morte para a vida abundante,
livre, abençoada e eterna.
Mas a Palavra de Jesus à igreja de Sardes é severa:
– “Tens nome de que
vives, e estás morto”.
– “Você é conhecido
como quem está espiritualmente vivo, mas na verdade não está”.
Estou pensando numa coisa que vi muitos anos atrás. Eu era
apenas um menino.
Um homem estava me mostrando um lagarto que acabara de
matar. O lagarto estava sem a cabeça, mas o corpo todo estava se mexendo. Eu
pensei: – “Acho que ele ainda está vivo”.
E ainda se passaram alguns minutos até que parasse der se mexer. Mas o fato é
que o lagarto já havia morrido quando sua cabeça foi esmagada. Pra mim, o pobre
animalzinho ainda parecia vivo, mas estava morto.
Assim também Jesus diz que quando outras pessoas olhavam
para aquela igreja, ela parecia estar viva.
– Conheço as tuas
obras.
Veja: a fé sem obras é morta.[5]
E naquela igreja, obras não faltavam.
Havia várias, e que sabe, muitas atividades.
Havia reuniões, serviços de culto, trabalhos, orações, e
tudo o mais que você possa descrever como atividades prescritas na Bíblia, para
a igreja. A igreja tinha seus líderes espirituais. Tinha o seu pastor. Certamente
tinha os seus diáconos e tudo o mais.
Tinha aparência.
Me faz pensar também naquela figueira que Jesus encontrou na
beira da estrada, e desejando comer alguma coisa, foi procurar pra ver se nela
havia algum fruto; mas não encontrou nada. A figueira só tinha aparência, mas
não tinha figos.[6]
Assim acontecia com a igreja de Sardes.
Amados, a lição é óbvia: forma externa de trabalhos,
multiplicidade de afazeres, encontros, relatórios de atividades, número de
estudos bíblicos, e muitas coisas semelhantes, tudo isto, por si só, não quer
dizer nada.
Pode ser que uma igreja faça todas estas coisas e muito mais,
e ainda assim, ser uma igreja espiritualmente morta.
Pode ser que se manifestem dons espirituais dos mais
variados, coisas que chamem e prendam a atenção dos de fora. Pode ser uma
igreja dinâmica, que se considera avivada, mais ainda assim ser viva só de
nome.
Pode ser que uma igreja tenha bons pregadores, música de
qualidade, organização, e ainda assim não ter vida.
Pode ser que um crente seja visto como um “bom cristão”, mas
que sua “bondade cristã” seja só de aparência.
Este era o caso da igreja de Sardes.
Jesus tem um discernimento melhor do que qualquer ser humano
poderia ter. E quando ele olhava para aquela igreja, não via vida espiritual
genuína.
Mas vamos ao segundo
ponto.
2. Jesus também nos ensina que é vida espiritual verdadeira
E quanto a isto há dois aspectos ensinados pelo Senhor.
Primeiro: vida espiritual verdadeira é constituída de integridade na
presença de Deus
No v. 2, Jesus descreve uma das razões pelas quais aquela
igreja não tinha vida.
– Sê vigilante e
consolida o resto que estava para morrer, porque não tenho achado íntegras as
tuas obras na presença do meu Deus
A palavra “íntegras”, na maior parte das versões que temos,
é “perfeitas”. É a tradução de uma palavra grega que significa “pleno,
completo, inteiro”.
A ideia que ela transmite é que estes cristãos eram gente
sem inteireza nas coisas que faziam para Deus.
Em outros textos nós vemos exortações no sentido de que
devemos ser “inteiros” diante de Deus.
Por exemplo, em Gn 17:1, disse o Senhor a Abraão:
– “Eu sou o Deus Todo-Poderoso. Anda na minha presença e
sê perfeito”.
Em Mt 5:8, o Senhor Jesus no exorta:
– “Portanto, sede vós perfeitos, como perfeito é o vosso
Pai celeste”.
Jesus diz isto num contexto em que nos ensina a imitar o
amor de Deus. Implica em aprender com o nosso Pai celestial, estar com ele.
Por outro lado, falando de um modo negativo, o profeta
Isaías descreve uma adoração que não agradava ao Senhor, dizendo:
– Este povo honra-me com os lábios, mas o coração está
longe de mim.[7]
Isto é, com a boca estavam louvando, mas por dentro, não
havia verdadeira adoração.
O que é ser inteiro, ou perfeito, diante de Deus? É fazer as
obras de Deus como quem anda com ele, como quem olha para ele, como quem
percebe e sente a sua presença. É fazer todas as coisas com todo o coração,
toda a alma, todo o entendimento, todas as forças.
Como resultado de conhecer, amar e andar com Deus.
Colocando de forma negativa, é viver sem comodismo, sem
frieza, sem relaxo, pois como diz o profeta Jeremias,
“...maldito é aquele que fizer a obra do Senhor
relaxadamente”.[8]
É fazer a obra do Senhor com temor do Senhor no coração.
Segundo: vida espiritual verdadeira significa andar em dignidade, em
santidade diante de Deus.
No v. 4, ele descreve umas poucas pessoas da igreja de
Sardes que permaneceram assim.
v. 4 – Tens, contudo, em Sardes, umas poucas pessoas
que não contaminaram as suas vestiduras e andarão de branco junto comigo, pois
são dignas.
Em outros lugares, e mais especialmente no
Apocalipse, a Palavra de Deus se descreve a salvação e a santidade como
“vestiduras limpas”.
Por exemplo, em 7:9
Depois destas
coisas, vi, e eis grande multidão que ninguém podia enumerar, de todas as
nações, tribos, povos e línguas, em pé diante do trono e diante do Cordeiro,
vestidos de vestiduras brancas, com palmas nas mãos.
Aqui “vestiduras brancas” revela a pureza daqueles
que estarão diante do trono do Senhor Jesus.
No v. 14 ele explica que são, e como estas pessoas foram
purificadas.
Respondi-lhe:
meu Senhor, tu o sabes. Ele, então, me disse: São estes os que vêm da grande
tribulação, lavaram suas vestiduras e as alvejaram no sangue do Cordeiro.
Quando uma pessoa recebe o Espírito do Senhor Jesus
em sua vida, então suas vestes são purificadas pelo precioso sangue de Jesus. E
daí por diante ela anda deve andar nesta santidade e pureza.
Mas se menosprezar o sangue de Jesus, e deixar a
contaminação do pecado sujar suas vestes, estará contrariando a natureza de sua
vida espiritual. Se nisto persistir, como diria Pedro, será como um cão que
voltou ao próprio vômito, como um animal imundo que tem prazer na lama e volta
para ela.[9]
Assim, poucas pessoas da igreja em Sardes faziam
parte desta numerosa multidão, pois estavam vivendo de modo contaminado.
Vamos ao último ponto.
3. Jesus nos ensina como manter vida espiritual verdadeira, ou, se ela estiver perecendo, como reavivá-la
Primeiro, “sê vigilante” (v. 2).
Isto é, acorde. Saia deste sono. Desperte.
Tome consciência de sua letargia espiritual. Perceba que
isto não é sadio. Perceba que isto não é normal. Perceba sua falta.
Jesus ilustra a necessidade de vigilância com a figura de um
homem dormindo. Se um homem estiver acordado, e alguém tentar entrar para
roubar sua casa, o homem vigilante, alerta, reagirá. Mas aquele que está
dormindo é pego de surpresa.
Para os que não estão espiritualmente vigilantes, diz o
Senhor, a sua vinda será como a de um ladrão, isto é, na hora em que o homem
não está preparado, e assim será uma vinda de juízo, e não de alegria.
Então, ele diz, sê vigilante. Pastor, sê vigilante, e
consolida o resto que estava para morrer. Igreja, sê vigilante.
Segundo: coloque em prática aquilo que você tem ouvido (v. 3).
Lembra-te, pois, do que tens recebido e ouvido, guarda-o e arrepende-te.
Porquanto, se não vigiares, virei como ladrão, e não conhecerás de modo algum
em que hora virei contra ti.
Pois o que é apenas uma pessoa que ouve a Palavra,
mas não a pratica, é como um homem tolo que edifica a sua casa sobre a areia,
sem alicerces. Quando vem a provação, quando chega a hora do juízo, ou da
angustia, quando a sua fé é provada, não permanece na presença de Deus.[10]
Veja a promessa para os que vencem esta terrível
frieza da alma:
Ele será vestido de
vestiduras brancas. Como uma bonita noiva, adornada para o dia do seu
casamento, ele será no dia da vinda do seu Senhor.
O seu nome, de modo
nenhum será apagado Livro da Vida.
O próprio Senhor
Jesus dará testemunho a seu respeito diante do Pai celeste, e diante dos seus
anjos.
Conclusão e aplicação
O que é vida espiritual genuína?
Não é apenas obras, atividades externas,
religiosidade.
É vida interior, íntegra, na presença de Deus.
É vida de santidade. É andar de vestiduras brancas
na presença do Senhor. Vestiduras lavadas no sangue precioso do Cordeiro de
Deus que tira o pecado do mundo.
É vida segundo a Palavra de Deus.
É praticar aquilo que temos recebido
Amado, que o Senhor Jesus, ao olhar para você, encontre
vida.
Mas, e se não for assim? E se suas vestiduras não estiverem
limpas?
Você não precisa sair daqui assim, nesta noite.
Pois a Palavra final do Senhor à sua igreja é sempre um
convite da graça. Basta que você ouça o que o Espírito diz às igrejas. Ouça. Guarde,
mude, busque ao Senhor.
[1] 1:1-3;
2:7; 22:17-21
[2] 5:6
[3] Jo 10:10
[4] Ef 2:1-3
[5] Tg 2:26
[6] Mc 11:13
[7] Is 29:13
[8] Jr 48:10
[9] 2ª Pe
2:22
[10] Mt 7:26
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