Achadas as tuas palavras, logo as comi; as tuas palavras me foram gozo e alegria para o coração, pois pelo teu nome sou chamado, ó SENHOR, Deus dos Exércitos. Jeremias 15:16

quarta-feira, 4 de setembro de 2013

Buscando a plenitude do Espírito - At 4:31

Igreja Evangélica Presbiteriana
Domingo, 1 de agosto de 2013
Pr. Plínio Fernandes
Meus amados irmãos, vamos ler Atos 4:23-31
Uma vez soltos, procuraram os irmãos e lhes contaram quantas coisas lhes haviam dito os principais sacerdotes e os anciãos. 24 Ouvindo isto, unânimes, levantaram a voz a Deus e disseram: Tu, Soberano Senhor, que fizeste o céu, a terra, o mar e tudo o que neles há; 25 que disseste por intermédio do Espírito Santo, por boca de Davi, nosso pai, teu servo: Por que se enfureceram os gentios, e os povos imaginaram coisas vãs? 26 Levantaram-se os reis da terra, e as autoridades ajuntaram-se à uma contra o Senhor e contra o seu Ungido; 27 porque verdadeiramente se ajuntaram nesta cidade contra o teu santo Servo Jesus, ao qual ungiste, Herodes e Pôncio Pilatos, com gentios e gente de Israel,28 para fazerem tudo o que a tua mão e o teu propósito predeterminaram; 29 agora, Senhor, olha para as suas ameaças e concede aos teus servos que anunciem com toda a intrepidez a tua palavra, 30 enquanto estendes a mão para fazer curas, sinais e prodígios por intermédio do nome do teu santo Servo Jesus. 31 Tendo eles orado, tremeu o lugar onde estavam reunidos; todos ficaram cheios do Espírito Santo e, com intrepidez, anunciavam a palavra de Deus.
Em nossas duas últimas meditações, estivemos considerando o nosso relacionamento com o Espírito Santo.
Vimos que ele é a terceira pessoa da santíssima Trindade, que procede do Pai e do Filho, enviado ao nosso coração para ser o Deus presente em nossa vida como nosso salvador – pois noutros aspectos ele está presente em todo o universo.
Das pessoas da Trindade, ele quem aplica na vida daqueles a quem o Pai elegeu, todas as graças da salvação conquistada pelo Filho.
Ele é quem nos regenerou, quem nos selou como filhos de Deus, quem nos santifica, quem nos ilumina, quem nos concede dons espirituais, quem nos capacita e ensina a orar, a testemunhar, quem nos dá poder para vencermos as tentações, quem nos guia, quem nos torna um só corpo e uma só família em Jesus; enfim, todas as coisas relacionadas à nossa vida com Deus nos vêm através do Espírito Santo. Até para entendermos que nem sempre os nossos santos desejos serão atendidos nós precisamos do Espírito Santo. Nós somos o seu templo, o lugar da sua habitação, tanto individualmente, tanto como igreja.
Ele é o nosso Consolador, nosso Conselheiro, o Espírito de Deus e de Cristo que habita em nós.
Então consideramos também que sendo ele uma pessoa santa, se queremos ter comunhão com ele, há certas atitudes das quais devemos conscientemente nos separar, e certas coisas que conscientemente devemos buscar: devemos, como disse Deus a Jeremias, fazer separação entre o que é precioso e o que é vil[1], fazer distinção entre o que é santo e o que é profano, nos apartar de tudo o que é impuro aos olhos dele, e devemos buscar tudo aquilo que é condizente com o seu caráter santo, e com isto quero dizer.
Hoje eu gostaria de considerar mais um aspecto do nosso relacionamento com ele, enfatizando que devemos buscá-lo, conscientemente, através da oração, e para isto, tomar como modelo a oração feita pela igreja de Jerusalém, registrada neste texto que temos diante de nós.
A igreja de Jesus estava sendo perseguida pelas autoridades judaicas. Então esta igreja, que conhece a Deus e sua palavra, ergue sua voz aos céus e ora, pedindo que Deus lhes concedesse coragem (v. 29), que não ficassem intimidados diante das ameaças humanas, e, tendo eles orado, todos ficaram cheios do Espírito Santo, e com ousadia anunciavam a palavra de Deus (v. 31).
É claro que não imaginamos a igreja orando em uníssono, não é irmãos? Penso que havia uma pessoa orando, e a igreja dizendo amém, como uma só mente e coração, como Paulo nos ensina em 1ª Co 14. E devia ser alguém da liderança, daqueles discípulos a quem Jesus abriu o entendimento para que compreendessem tudo quanto as Escrituras do Antigo Testamento prediziam a seu respeito[2]. Pois em sua oração revela claro conhecimento dos propósitos de Deus para o seu Ungido, conforme as Escrituras.
Note que esta igreja já havia recebido o batismo com o Espírito Santo, conforme lemos no capítulo 2, tanto a respeito dos primeiros discípulos (2:32, 33), como das pessoas que se converteram com a pregação deles (2:37, 38).
Mas agora, quando oram, o Senhor lhes concede uma nova plenitude do Espírito.
Eles pedem coragem e Deus lhes concede a plenitude do Espírito. Porque? Porque ele, como lemos em 2ª Timóteo 1:7, “não é espírito de covardia, mas de amor, poder e domínio próprio”.
Por isto também que em Mateus 7:11 lemos Jesus nos ensinando que o Pai celeste concede todas as coisas boas aos que lhe pedem, e no texto paralelo de Lucas 11:13, que o Pai concede o Espírito Santo aos que lhe pedem – pois como tenho enfatizado, o Espírito Santo é a pessoa da santíssima Trindade através da qual todas as bênçãos que temos em Cristo são trazidas a nós.
Assim, amados, uma vez que pela graça de Deus somos igreja de Jesus também quero destacar, segundo o modelo que vemos em nossos irmãos do passado, quatro motivos pelos quais precisamos orar, a cada dia, para que sejamos cheios do Espírito Santo.
1.      Podemos pedir a plenitude do Espírito porque é a nossa maior necessidade
Pois entre outras coisas, orar é apresentar a Deus as nossas necessidades, como a palavra de Deus nos ensina quase que a cada página.
Devemos orar sem cessar, apresentando ao nosso Pai todas as nossas necessidades, tanto espirituais como materiais, as nossas ansiedades, os nossos pensamentos, os nossos desejos, enfim, não há nada a respeito do qual não devamos orar.
E vemos isto ilustrado aqui: nossos irmãos pedem ousadia para testemunhar de Jesus, e o Pai lhes concede este Espírito de amor, poder e domínio próprio.
Ora, a plenitude do Espírito, isto é, uma consciência da presença de Deus em nossa vida, é algo que experimentamos, mais ou menos, conforme buscamos a ele.
Esta plenitude claramente é a vontade de Deus para nós, pois ele ordena (Ef 5:18), que deixemo-nos encher do Espírito.
Mas também é uma grande necessidade nossa. Aliás, é a nossa maior necessidade, pois somos filhos de Deus que desejam andar com ele.
Eu quero rapidamente mencionar três aspectos de nossa necessidade dele:
Precisamos dele porque ele é quem nos inclina a buscar as coisas de Deus
Rm 8:5
Porque os que se inclinam para a carne cogitam das coisas da carne; mas os que se inclinam para o Espírito, das coisas do Espírito. porque o pendor da carne dá para a morte, mas o do Espírito, para a vida e paz.
Os que se inclinam para a carne pensam em coisas carnais, mas os que se inclinam para o Espírito pensam em coisas espirituais.
E o resultado de termos os pensamentos dirigidos pelo Espírito é obediência a Deus, que nos concede vida e paz.
A carne é inimiga de Deus, e nunca irá obedecê-lo, mas os mandamentos da lei do Senhor não são penosos para os que andam no Espírito; ao contrário, são o seu prazer.
Ora, amados, a cada dia somos ferozmente bombardeados com pensamentos, filosofias, modos de vida, completamente opostos ao Espírito Santo.
E parece que o diabo está cada vez mais ativo: basta que você saia de casa para ver quantas coisas horrorosas a tal liberdade de expressão está produzindo em nossa sociedade.
Não preciso voltar a falar de todos os pecados que são cometidos cada vez mais descaradamente, em nome do amor à humanidade, e que estão colocando cada vez mais nosso mundo “nas mãos do diabo”.
Mas será que você precisa sair de casa para ver o mal? Ligue a televisão, ou seu computador na internet. Não é a mesma coisa, talvez pior ainda?
Mas irmãos, será que para percebermos a inclinação natural humana para as coisas carnais precisamos mesmo olhar para algo fora de nós? Será que não basta olharmos para o nosso próprio coração e verificarmos que se o deixarmos por nossa própria conta o seu fruto será iras, inimizades, malícias, e coisas semelhantes a estas?
Para dar exemplos bem fáceis: quem de vocês, nesta última semana, não ficou, de alguma forma “ansioso pela vida, quanto ao que há de comer, o que há de vestir, como pagará suas contas?”.
Ou muitos de vocês não ficaram irados no transito? Ou não ficaram com medo diante de situações, sem forças para enfrentar as dificuldades?
Eu quero perguntar: estes sentimentos, estas atitudes, e coisas parecidas, são provenientes do Espírito Santo, ou são da nossa própria carne?
Percebem como precisamos o Espírito Santo nos mínimos detalhes, pois, sem ele, nada podemos fazer?
Sem ele não temos coragem, fé, esperança, amor. Sem ele não nos arrependemos dos nossos pecados. Sem ele nos sentimos derrotados e fracassados. Precisamos dele.
Precisamos do Espírito Santo para que o propósito de Deus se manifeste em nós
2ª Co 3:17, 18
Ora, o Senhor é o Espírito; e, onde está o Espírito do Senhor, aí há liberdade. E todos nós, com o rosto desvendado, contemplando, como por espelho, a glória do Senhor, somos transformados, de glória em glória, na sua própria imagem, como pelo Senhor, o Espírito.
O Senhor nosso Deus tem um grande propósito para cada um de nós: ele nos predestinou para que sejamos conformes à imagem de seu Filho Jesus, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos (Rm 8:28, 29).
É fato que só seremos semelhantes a ele na eternidade, quando o virmos face a face (1ª Jo 3:1-3), mas agora, enquanto estamos neste mundo, já estamos experimentando e manifestando, em grande medida, todas as bênçãos da eternidade.
Vejam, irmãos: neste texto lemos que onde está o Espírito do Senhor, aí há liberdade: somos livres do poder do mal, do pecado, do mundo e do diabo, e somos livres para Deus.
E nesta liberdade na qual vivemos em comunhão com Deus “conhecendo a Deus através da face de Cristo”, à medida em que, com os olhos da fé nas Escrituras, contemplamos aquele que é invisível, somos transformados, de glória em glória, quer dizer, cada vez mais, na sua imagem, pelo poder do Espírito agindo em nós.
Veja o que Deus quer para nós: que a nossa vida seja cada vez mais bela, à semelhança da vida do Senhor Jesus. Ele quer que a bondade, o amor, a mansidão, a coragem, a força, a ternura do Senhor Jesus, sejam vistos em nós.
Você consegue imaginar uma vida mais bonita do que a vida de Jesus? Ora, quanto mais comunhão com o Espírito Santo, mais a beleza de Cristo é vista em nós.
Precisamos do Espírito Santo para que o seu fruto, isto é, o caráter de Cristo seja produzido em nós:
Gl 5:22, 23
Mas o fruto do Espírito é: amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, domínio próprio. Contra estas coisas não há lei.
Contra estas coisas, diz a Escritura, não há lei, isto é, nada disto é pecado, pois são expressões do caráter de Deus, da beleza de Jesus.
Mas é claro: de nós mesmos, nada podemos fazer. Nossas melhores tentativas seriam apenas caricaturas do caráter de Deus.
Quanto precisamos do Espírito Santo!
2. Podemos pedir a plenitude do Espírito Santo sabemos em quem temos crido
A igreja de Jerusalém, ao orar, demonstra que conhecia a Deus, e que nos acontecimentos de seus dias conseguia enxergar claramente os propósitos de Deus sendo realizados, pois eles haviam sido anunciados nas Escrituras.
Não é meu propósito aqui explorar longamente este ensino fascinante, mas consideremos brevemente:
Vejamos o conhecimento que eles tinham de Deus, conforme o v. 24:
Ouvindo isto, unânimes, levantaram a voz a Deus e disseram: Tu, Soberano Senhor, que fizeste o céu, a terra, o mar e tudo o que neles há...
Deus, para eles é Criador e Senhor Soberano, dos céus, da terra, do mar, e de tudo o que neles há.
Se você ler os versículos seguintes verá que, no entendimento deles, Deus é o Senhor da história, porque até mesmo as decisões humanas e o comportamento das nações, são coisas predeterminadas por ele.
A morte de Jesus, ainda que por decisão dos homens, foi desígnio de Deus.
Deus é o Senhor de tudo e de todos, até mesmo dos corações humanos, porque ele é quem pode dar coragem aos seus servos a fim de que cumpram o seu querer.
Agora note que o fato de Deus ser soberano ano impediu que estes crentes orassem. Ao contrário, os levou a orar.
Muitas vezes vejo as pessoas argumentando contra a doutrina da soberania de Deus, dizendo mais ou menos assim: “Se tudo já está predeterminado por Deus, porque orar? Porque orar se Deus já sabe tudo o que vai acontecer?”
Mas como já consideramos isto em outras ocasiões, e também o faremos outras vezes, quando for apropriado nos delongarmos, áqueo apenas dizer isto, agora: a crença na soberania de Deus não nos leva ao comodismo, não nos leva ao fatalismo, mas nos leva à dependência dele, nos incita a orar, a interceder, nos incita a nos colocarmos de joelhos diante daquele em cujas mãos está o nosso destino.
Foi o que nossos irmãos “aqui em Jerusalém” fizeram. Pois “o povo que conhece ao seu Deus se tornará forte e ativo”.
E conhecimento de Deus, que assim pode ser verdadeiramente chamado, só vem através do conhecimento de sua palavra.
Eles criam que o Soberano Senhor, Criador de tudo o que existe, que enviou seu Servo Jesus para nos salvar, também falou, pelo Espírito Santo, através das Escrituras.
v. 25
Que disseste por intermédio do Espírito Santo, por boca de Davi, nosso pai, teu servo: Por que se enfureceram os gentios, e os povos imaginaram coisas vãs?
E depois, no v. 26, continuam a citar as Escrituras. Eles estão se referindo ao Salmo 2, que é um Salmo profético acerca do Senhor Jesus, escrito mais ou menos uns mil anos antes de Cristo.
Veja o que eles pensam das Escrituras: são a palavra de Deus, inspiradas pelo Espírito Santo, e nelas podemos aprender sobre a vontade e os propósitos de Deus.
Amados, assim como eles, nós temos conhecido a Deus e sua palavra. Temos sido iluminados em nosso entendimento, em nosso coração, para que conheçamos e creiamos em Jesus.
Temos conhecido a vontade de Deus para nós, pois as Escrituras no-la revela.
E conhecemos que ser cheios do Espírito é o que Deus deseja para nós.
Temos conhecido que ele é Deus de palavra, que fez conosco uma aliança eterna, pela qual somos salvos.
Temos conhecido que Deus é fiel, e opera em nós o querer e o realizar de sua vontade.
Temos conhecido, pois ele nunca nos abandona, seja qual for a circunstância pela qual passamos.
Temos sido abençoados, atendidos, provados, disciplinados, instruídos, consolados, encorajados, fortalecidos.
Temos conhecido que Deus é fiel, e podemos dizer: “Sei em quem tenho crido. E sei que ele responde às orações”.
Isto nos conduz à ultima consideração:
3. Podemos pedir a plenitude do Espírito Santo porque orar trás resultados
Tendo eles orado, todos foram cheios do Espírito Santo, e com ousadia anunciavam a palavra de Deus.
Mais uma demonstração bíblica de que a oração do justo pode muito em seus efeitos (Tg 5:16).
Mas uma demonstração bíblica de que o Pai dará coisas boas a todo aquele que pedir (Mt 7:11).
Mais uma demonstração de que se pedirmos de acordo com a sua vontade, podemos ter a confiança de que ele nos ouve, e se sabemos que ele ouve, estamos certos de que obtemos os pedidos que lhe temos feito (1ª Jo 5:14, 15).
Podemos estar certos, e pela fé na palavra de Deus, receber a plenitude que temos pedido, de glória em glória, a cada dia, cada vez mais, aqueles rios de água viva fluindo em nosso coração, trazendo a nós a paz de Deus em meio às tribulações, o poder para enfrentar os sofrimentos da vida com coragem, sem desanimar, o poder para amar os pecadores e anunciar a Jesus, os dons com os quais servimos uns aos outros.
Podemos estar certos, e pela fé receber aquele que nos santifica, que nos capacita a orar, que nos ilumina o entendimento para entender a palavra de Deus, e crescer mais em mais no conhecimento de Deus e sua graça.
Conclusão e aplicação
Meu querido irmão, eu desejo que seja gravado, em nome de Deus, este mandamento em seu coração: “Ore. Ore sem cessar”.
Ore sem cessar àquele que tem um coração infinitamente amoroso, cujos pensamentos a teu respeito são pensamentos de paz, e não de mal, para lhe dar o fim que deseja.
Ore àquele que é poderoso para fazer infinitamente mais do que tudo o que pedimos ou pensamos, conforme o seu poder que opera em nós.
Ore ao Deus que não é homem para mentir, nem filho de homem para se arrepender de suas promessas.
Ore àquele que prometeu mais e mais de seu Espírito a todos os seus filhos.
Ore porque você necessita. Ore porque você sabe em quem tem crido. Ore porque ele atende às suas orações.





[1] Jr 15:19
[2] Cf. Lucas 24:44, 45

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