Achadas as tuas palavras, logo as comi; as tuas palavras me foram gozo e alegria para o coração, pois pelo teu nome sou chamado, ó SENHOR, Deus dos Exércitos. Jeremias 15:16

sexta-feira, 2 de agosto de 2013

A justiça eterna - Dn 9:20-27

Igreja Evangélica Presbiteriana
Domingo, 08 de janeiro de 2012
Pr. Plínio Fernandes
Meus amados, vamos ler Daniel capítulo 9:1-3, e em seguida, 20-27
1 No primeiro ano de Dario, filho de Assuero, da linhagem dos medos, o qual foi constituído rei sobre o reino dos caldeus, 2 no primeiro ano do seu reinado, eu, Daniel, entendi, pelos livros, que o número de anos, de que falara o SENHOR ao profeta Jeremias, que haviam de durar as assolações de Jerusalém, era de setenta anos. 3 Voltei o rosto ao Senhor Deus, para o buscar com oração e súplicas, com jejum, pano de saco e cinza...
20 Falava eu ainda, e orava, e confessava o meu pecado e o pecado do meu povo de Israel, e lançava a minha súplica perante a face do SENHOR, meu Deus, pelo monte santo do meu Deus. 21 Falava eu, digo, falava ainda na oração, quando o homem Gabriel, que eu tinha observado na minha visão ao princípio, veio rapidamente, voando, e me tocou à hora do sacrifício da tarde. 22 Ele queria instruir-me, falou comigo e disse: Daniel, agora, saí para fazer-te entender o sentido. 23 No princípio das tuas súplicas, saiu a ordem, e eu vim, para to declarar, porque és mui amado; considera, pois, a coisa e entende a visão. 24 Setenta semanas estão determinadas sobre o teu povo e sobre a tua santa cidade, para fazer cessar a transgressão, para dar fim aos pecados, para expiar a iniquidade, para trazer a justiça eterna, para selar a visão e a profecia e para ungir o Santo dos Santos.
25 Sabe e entende: desde a saída da ordem para restaurar e para edificar Jerusalém, até ao Ungido, ao Príncipe, sete semanas e sessenta e duas semanas; as praças e as circunvalações se reedificarão, mas em tempos angustiosos. 26 Depois das sessenta e duas semanas, será morto o Ungido e já não estará; e o povo de um príncipe que há de vir destruirá a cidade e o santuário, e o seu fim será num dilúvio, e até ao fim haverá guerra; desolações são determinadas. 27 Ele fará firme aliança com muitos, por uma semana; na metade da semana, fará cessar o sacrifício e a oferta de manjares; sobre a asa das abominações virá o assolador, até que a destruição, que está determinada, se derrame sobre ele.
Esta é a terceira vez que nos detemos aqui no cap. 9. Pretendo que seja a última nesta breve série de estudos, mas, se o Senhor nos conceder, não será a última em nossa caminhada, pois há muitas facetas maravilhosas de tudo quanto nos é ensinado aqui, e que precisamos estudar, para o bem de nossas almas.
Neste capítulo, estamos com Daniel no ano 539 A.C. O império babilônico caiu, e agora é Ciro, ou Dario, rei dos medos e dos persas, quem governa a Babilônia. Ao ler as escrituras do profeta Jeremias, Daniel percebe que a promessa do Senhor é que em breve os israelitas seriam libertados do cativeiro, e conduzidos de volta à sua terra. Então ele se põe a orar mais uma vez.
Nos vs. 1-19, nós temos, nesta oração de Daniel, um dos mais profundos ensinos da Bíblia sobre como orar com sabedoria e fé.
Oração a JAVÉ, o Deus da Aliança – a Aliança de Deus com Israel, pela qual os israelitas pertenciam totalmente a JAVÉ, e pela qual deveriam ser, por sua intimidade com Deus, por seu modo de vida, uma luz para os povos, bênção para as nações, anunciando os feitos de Deus e a sua salvação até os confins da terra.
Daniel fala sobre as estipulações desta Aliança, suas promessas de bênçãos decorrentes da obediência, e suas ameaças de maldição, caso fossem desobedientes ao Senhor. Descreve a desobediência de Israel, a sua infidelidade e o consequente castigo de Deus através do cativeiro na Babilônia.E também a justiça de Deus, não somente no castigar, mas também no perdoar, no exercer misericórdia, e no restaurar o seu povo escolhido, isto é, aqueles que buscassem ao Senhor.
Todas estas coisas estavam presentes na alma de Daniel, em sua mente, em seu coração, coisas que ele, em cumprimento das palavras de Jeremias e Isaías, como que “lembra a Deus, e o desperta”[i], para que perdoe Israel, e restaure a cidade santa.
Daniel lê as Escrituras, confia nelas, e ora insistentemente:
Senhor, tu és justo, e nós somos pecadores.
Tua Palavra é a verdade, e por causa da tua justiça é que nós estamos aqui no cativeiro.
Pois na lei de Moisés o Senhor disse que se nós guardássemos a tua aliança e cumpríssemos os teus mandamentos o Senhor nos abençoaria em nossa terra, mas se fossemos rebeldes, viria sobre nós maldição.
E Senhor, nós desobedecemos: não guardamos os teus estatutos, não quisemos ouvir os teus profetas, não te buscamos, e por isto todo este mal que veio sobre nós.
Então, Senhor, a ti pertence a justiça, e a nós, pertence o corar de vergonha.
Mas Senhor, tu também disseste que o castigo e a maldição não seriam para sempre.
Tu disseste que depois que se cumprissem os setenta (70) anos para a Babilônia o Senhor nos levaria de volta.
Quando nos convertêssemos, quando te buscássemos de todo o coração.
Então estou te buscando, Senhor, confessando os meus pecados, e os pecados do meu povo, de nossos reis, de nossos príncipes e de nossos pais.
Ó Senhor, assim como pela tua justiça, tu nos castigasse, agora também, por tua justiça (e não a nossa, pois somos pecadores), mas por tua justiça, por amor do teu nome, perdoa, restaura, porque somos o teu povo, o povo da tua aliança (vs. 1-19)
Hoje nós vamos nos concentrar na resposta de Deus.
Pois, a partir do v. 20, Daniel nos conta que, enquanto orava, veio a ele, voando, “o homem Gabriel”.
Gabriel que se nos tornou mais conhecido através da história do nascimento de Jesus, quando ele foi enviado a Maria, para anunciar o Salvador. Gabriel diz a Daniel que sua oração fora ouvida. E que Deus estava respondendo também por que Daniel era muito amado.
Não é maravilhoso, irmãos, que apesar dos nossos pecados, das nossas infidelidades diante de um Deus justo, ainda sejamos amados por ele? Mas então Gabriel traz a resposta de Deus. E nesta resposta estão contidos pelo menos três propósitos de Deus.
Para nós aqui, pela ordem cronológica dos acontecimentos:
Deus diz que iria sair o decreto para a reconstrução de Jerusalém – isto está no v. 25. A ordem sobre a qual o anjo fala foi dada cerca de um ano depois, em 538 A.C.
Vale a pena lermos Ed 1:1 e 2, sobre o cumprimento desta Palavra de Deus: aqui nós lemos que Deus despertou o espírito de Ciro, o rei da Pérsia. Conforme já dissemos em estudos anteriores, entendemos, a partir de dados arqueológicos, que Ciro e Dario são dois nomes diferentes dados ao mesmo rei.
Não era incomum, na Antiguidade, que uma pessoa fosse conhecida por mais de um nome, como vemos em várias instâncias na própria Bíblia: Israel e Jacó, Salomão e Jedidias, Mateus e Levi, e muitos outros...
Ed 1:1,2
1 No primeiro ano de Ciro, rei da Pérsia, para que se cumprisse a palavra do SENHOR, por boca de Jeremias, despertou o SENHOR o espírito de Ciro, rei da Pérsia, o qual fez passar pregão por todo o seu reino, como também por escrito, dizendo: 2 Assim diz Ciro, rei da Pérsia: O SENHOR, Deus dos céus, me deu todos os reinos da terra e me encarregou de lhe edificar uma casa em Jerusalém de Judá.
Então esta foi uma das coisas que Gabriel disse a Daniel: que Jerusalém seria reconstruída. E a reconstrução começaria aqui, a partir do templo.
Em segundo lugar, Gabriel falou a Daniel sobre a expiação, isto é, o perdão dos pecados. Voltemos a Daniel 9:
Dn 9:24-26
24 Setenta semanas estão determinadas sobre o teu povo e sobre a tua santa cidade, para fazer cessar a transgressão, para dar fim aos pecados, para expiar a iniquidade, para trazer a justiça eterna, para selar a visão e a profecia e para ungir o Santo dos Santos. 25 Sabe e entende: desde a saída da ordem para restaurar e para edificar Jerusalém, até ao Ungido, ao Príncipe, sete semanas e sessenta e duas semanas; as praças e as circunvalações se reedificarão, mas em tempos angustiosos. 26 Depois das sessenta e duas semanas, será morto o Ungido e já não estará; e o povo de um príncipe que há de vir destruirá a cidade e o santuário, e o seu fim será num dilúvio, e até ao fim haverá guerra; desolações são determinadas.
Eu confesso que quando chegam estes números fico todo embaralhado: “uma”, porque, de minha natureza, detesto fazer contas. “Outra”, porque muitos homens, melhores do que eu, têm se debruçado sobre estes números, procurando entendê-los, se são literais ou simbólicos, se devem ser tomados matematicamente, ou como representativos de períodos, e são várias as opiniões sobre isto. Só este fato nos diz o quanto é difícil saber ao certo.
Mas algumas coisas são menos difíceis de entender:
No v. 24, onde, em nossas versões, lemos “setenta semanas”, o texto original diz literalmente “setenta setes”, isto é, “setenta vezes (x) sete”. As palavras do texto não eram difíceis para um judeu que conhecia a Bíblia. Então precisamos prestar bastante atenção porque, para entender o que significam, devemos ter em mente uma cosmovisão bíblica.
Em Levítico 25:8-24 somos ensinados sobre o ano do jubileu. Na lei de Moisés, Deus havia estipulado que a cada sete anos, entre os judeus, deveria haver um ano sabático para a terra. A terra seria cultivada seis anos, mas o sétimo ano era sábado, isto é, ano em que a terra deveria descansar, para renovar as suas forças.
Além disto, os judeus deveriam contar “sete setes”, quer dizer, quarenta e nove anos; e depois de cada “sete setes”, haveria o ano no jubileu, um ano de descanso para toda a sociedade: as dívidas seriam perdoadas, os escravos seriam libertados, os bens e terras voltariam aos seus antigos donos, tudo para que houvesse igualdade e justiça na terra.[ii]
Assim sendo, nós entendemos que setenta semanas, ou “setentas setes”, são setenta vezes (x) sete anos. Setenta anos, desde o cativeiro, estavam determinados para o início da reconstrução de Jerusalém, o que se cumpriria em breve.
Mas Daniel deveria olhar além, para um plano mais amplo de Deus, que se realizaria em “setenta setes”. Estes setenta “setes”, por sua vez, seriam divididos em “sete setes” mais (+) “sessenta e dois setes”, isto é, “sessenta e nove setes, e um sete final”.
Nestes setes, dois grandes acontecimentos: um deles é que a transgressão cessaria, seria dado um fim aos pecados, a iniquidade seria expiada, seria trazida a justiça eterna, a visão se cumpriria e o santo dos santos (mais especificamente, “um santíssimo”, tratando-se de uma pessoa, e não um lugar) seria ungido.
Ungido é uma palavra importantíssima. Ela é a tradução da palavra hebraica Messias, que em grego é Cristo. No v. 24 diz que um santíssimo seria ungido. E no v. 25, que este Ungido seria um Príncipe, isto é, alguém de descendência real.
E o outro grande acontecimento é que depois os sessenta e dois setes o Ungido seria morto, e já não estaria. Então, no último sete, quando o Ungido já não mais estivesse, o povo de um príncipe que viria, destruiria a cidade e o santuário.
Mas veja, quando a cidade e o santuário fossem destruídos, já não seria mais necessário haver santuário, pois a iniquidade já fora expiada para sempre. Então, já não mais sacrifícios pelos pecados. De modo, meus irmãos, que seja qual for a dificuldade que tenhamos para entender estes setes, fica claro que dentro destes “setenta setes” estas coisas importantíssimas aconteceriam:
Jerusalém seria reedificada, os pecados seriam expiados, o Ungido viria e seria morto, e então o santuário poderia ser destruído de uma vez, sem mais necessidade de novos sacrifícios.
Com eu disse anteriormente, para entender o que isto significa nós precisamos ter uma cosmovisão bíblica, isto é, precisamos entender esta profecia a partir dos profetas de Israel, de sua história, e também do Novo Testamento.
Pois assim entendemos que este Ungido, o Messias, o Cristo que foi morto, seria Jesus, que por sua morte fez a expiação dos pecados, trouxe a justiça eterna e selou a visão, isto é, cumpriu a profecia.
Além disto, entendemos que a queda de Jerusalém e a destruição do santuário pelos romanos, o povo de um príncipe que ainda viria, fazia parte do plano de Deus no sentido de centralizar a obra da redenção, não mais num lugar, num santuário, nem mais em sacrifícios cruentos, mas numa pessoa, Jesus, que pode e deve ser adorado em qualquer lugar do mundo, pois como o Senhor Jesus mesmo declarou, estava chegando a hora em que os adoradores de Deus não se preocupariam mais em ter que ir ao templo em Jerusalém, pois Deus procura adoradores que o adorem em espírito e em verdade.
Você vê quantas coisas maravilhosas temos aqui?
Como até agora o que eu falei foi a introdução, é necessário ser breve. Vamos fazer algumas observações sobre a resposta de Deus a Daniel.
1. Na resposta de Deus, vemos que ele é poderoso para fazer infinitamente mais do que tudo quanto pedimos ou pensamos, conforme o seu poder que opera em nós
Daniel estava orando, e não estava pedindo pouca coisa.
Ele pedia nada menos que o seu povo, que estava subjugado no exílio, pudesse voltar para sua terra, reconstruir sua cidade e seu templo.Estava pedindo que seus pecados fossem perdoados.
Isto significava que corações de reis conquistadores deveriam ser mudados. E também deveria haver mudanças entre os israelitas: um grande despertamento espiritual deveria ocorrer entre eles, para que buscassem a Deus, para que se dispusessem também a voltar e começar uma grande reconstrução.
E Deus respondeu “sim” a Daniel. Mas também respondeu muito além do que Daniel estava pedindo; na realidade, muito além do que Daniel estava desejando, ou sonhando. Pois enviaria um perdão que não seria só para Israel, e também não seria um perdão parcial. Enviaria um Messias, que não seria só para o grupo étnico dos judeus, mas um Cristo que faria expiação pelos pecados do mundo inteiro. Porque esta é uma característica do ser e do agir de Deus.
Ef 3:20, 21
20 Ora, àquele que é poderoso para fazer infinitamente mais do que tudo quanto pedimos ou pensamos, conforme o seu poder que opera em nós, 21 a ele seja a glória, na igreja e em Cristo Jesus, por todas as gerações, para todo o sempre. Amém!
Então o anjo diz a Daniel: “O decreto real vai sair, a cidade vai ser reconstruída, mas olhe prá frente, olhe mais além, olhe para coisas maiores e melhores”.
Mais uma vez: o que é que Deus está querendo nos incitar a fazer, com estas palavras? O que ele está nos dizendo?
O Espírito de Deus está nos ensinando:
“Meus filhos, orem. Meu filho, ore. Eu sou poderoso. Eu tenho coisas grandes, boas, além do que vocês possam imaginar, para conceder a vocês. Eu tenho em minhas mãos o coração dos reis. Eu mudo o coração de cada um conforme o meu querer. Eu movo a história. E cumpro a minha Palavra de um modo muito maior que você possam pensar. Então orem. Peçam. Como Daniel. E você terão resposta.”
2. Na resposta de Deus, vemos que em seu Ungido, o Senhor Jesus, Deus nos deu uma salvação muito maior do que o ser humano poderia conceber
Veja as frases usadas para descrever a obra o Messias, no v. 24: cessar a transgressão, dar fim aos pecados, expiar a iniquidade, trazer justiça eterna, cumprir a profecia.
São frases que trazem em si a ideia de algo que foi levado ao término, completado. São frases que descrevem o que o Novo Testamento nos ensina sobre a morte de Cristo em nosso favor.
A doutrina da morte de Cristo, no Novo Testamento, nos mostra que por esta morte, ao retirar de sobre nós a maldição dos nossos pecados, abriu o caminho entre nós e o trono de Deus, de tal maneira que em Cristo nós recebemos da parte do Pai, toda a sorte de bênção espiritual.
Haveria muito que explorar, mas vejamos apenas duas ou três referências:
Hb 10:10-17
10Nessa vontade é que temos sido santificados, mediante a oferta do corpo de Jesus Cristo, uma vez por todas.11 Ora, todo sacerdote se apresenta, dia após dia, a exercer o serviço sagrado e a oferecer muitas vezes os mesmos sacrifícios, que nunca jamais podem remover pecados; 12 Jesus, porém, tendo oferecido, para sempre, um único sacrifício pelos pecados, assentou-se à destra de Deus, 13 aguardando, daí em diante, até que os seus inimigos sejam postos por estrado dos seus pés. 14 Porque, com uma única oferta, aperfeiçoou para sempre quantos estão sendo santificados. 15 E disto nos dá testemunho também o Espírito Santo; porquanto, após ter dito: 16 Esta é a aliança que farei com eles, depois daqueles dias, diz o Senhor: Porei no seu coração as minhas leis e sobre a sua mente as inscreverei, 17 acrescenta: Também de nenhum modo me lembrarei dos seus pecados e das suas iniquidades, para sempre.
Você reparou a maneira como ele descreve a eficácia da morte de Jesus pelos nossos pecados?
É um sacrifício de valor infinito, por isto não precisa estar mais se repetindo, como os sacrifícios do Antigo Testamento. É um sacrifício tão eficaz, que, aos olhos de Deus, nos purifica de nossos pecados, de uma vez para sempre, que nos aperfeiçoa de uma vez para sempre. É um sacrifício que de tal modo nos santifica para Deus, que somos capacitados, no coração e na mente, a andar nos caminhos do Senhor. E mesmo que prevaleçam as nossas transgressões, ele nos perdoa, pois o sacrifico de Jesus é eficaz.
1ª Jo 2:1, 2
1 Filhinhos meus, estas coisas vos escrevo para que não pequeis. Se, todavia, alguém pecar, temos Advogado junto ao Pai, Jesus Cristo, o Justo; 2 e ele é a propiciação pelos nossos pecados e não somente pelos nossos próprios, mas ainda pelos do mundo inteiro.
Esta palavra, “propiciação”, é o mesmo que “expiação”, e significa “satisfazer a justiça”. Jesus satisfez a justiça de Deus, pois se a desobediência às leis da Aliança traziam a maldição, Jesus, ao morrer na cruz levou sobre si a maldição que era nossa.
Gl 3:13, 14
13 Cristo nos resgatou da maldição da lei, fazendo-se ele próprio maldição em nosso lugar (porque está escrito: Maldito todo aquele que for pendurado em madeiro),  14 para que a bênção de Abraão chegasse aos gentios, em Jesus Cristo, a fim de que recebêssemos, pela fé, o Espírito prometido.
Irmãos, as implicações disto são indescritivelmente maravilhosas.
Todo o argumento do apóstolo Paulo neste contexto é no sentido de que nós nunca poderíamos ser salvos através de uma obediência perfeita, pois somos pecadores. Somos gente que de uma forma ou de outra sempre transgride a lei de Deus.
E veja: como nos diz Tiago, o Deus que ordenou “não adulterarás”, também ordenou “não matarás”[iii]. Se não adulteras, porém matas, vens a ser transgressor da lei. E Jesus, e João[iv] também nos ensinam que se não matamos alguém literalmente, mas nutrimos em nosso coração desejos de vingança, então em nosso coração já somos assassinos. Pois a lei de Deus, disse Paulo, não é uma coisa carnal, externa, apenas; mas é acima de tudo, uma coisa espiritual, do coração e da alma[v].
Ora, quando nós olhamos para dentro de nós mesmos, à luz da Palavra de Deus, somos convencidos de que somos pecadores. E como pecadores, merecedores da maldição.
Mas que maravilha! Jesus se fez maldição em nosso lugar, pois foi levado à morte, no madeiro da cruz, para expiar os nossos pecados.
Existem algumas pessoas, nos dias de hoje, que se dizem cristãs, mas vivem achando que estão debaixo de maldição, e que tem que fazer campanhas para quebra de maldições e coisas parecidas. Mas quando entendem que Jesus já se fez maldição em nosso lugar, de uma vez por todas, num sacrifício perfeito, abandonam as supertições e passam a ter paz no coração.
Como eu já disse, temos que ser breves. Não há como estudarmos todas as implicações da salvação em nossa vida, agora.
Mas eu quero apenas citar mais um texto:
1ª Co 2:9-16
9 mas, como está escrito: Nem olhos viram, nem ouvidos ouviram, nem jamais penetrou em coração humano o que Deus tem preparado para aqueles que o amam.10 Mas Deus no-lo revelou pelo Espírito; porque o Espírito a todas as coisas perscruta, até mesmo as profundezas de Deus. 11 Porque qual dos homens sabe as coisas do homem, senão o seu próprio espírito, que nele está? Assim, também as coisas de Deus, ninguém as conhece, senão o Espírito de Deus. 12 Ora, nós não temos recebido o espírito do mundo, e sim o Espírito que vem de Deus, para que conheçamos o que por Deus nos foi dado gratuitamente. 13 Disto também falamos, não em palavras ensinadas pela sabedoria humana, mas ensinadas pelo Espírito, conferindo coisas espirituais com espirituais. 14 Ora, o homem natural não aceita as coisas do Espírito de Deus, porque lhe são loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente. 15 Porém o homem espiritual julga todas as coisas, mas ele mesmo não é julgado por ninguém.16 Pois quem conheceu a mente do Senhor, que o possa instruir? Nós, porém, temos a mente de Cristo.
As coisas referentes à nossa salvação não inimagináveis, estão além do que nós poderíamos desejar, ou buscar, ou planejar.
As riquezas das quais a Bíblia fala são muito maiores do que todas as riquezas deste mundo, e nós podemos aprender sobre elas. Porque Deus, por causa de Jesus, enviou seu Espírito ao nosso coração. E este Espírito nos dá a capacidade de aprender as coisas espirituais.
Então faça o seguinte: como Daniel, passe tempo com Deus. Será que é muito eu ficar repetindo isto a cada domingo, a cada reunião nossa? Como eu gostaria que isto penetrasse profundamente no coração, na alma, na vida diária de vocês.
Busquem a Deus, resistam a Satanás. Meditem nas Escrituras, alimentem suas almas com as Escrituras. Ela é uma mina inesgotável das riquezas de Cristo para as nossas vidas. Riquezas que custaram caro para Deus, pois custaram o sangue de Jesus.
3. A resposta de Deus nos ensina que, agora que a expiação foi feita, e somos eternamente justos aos olhos de Deus, já não existe mais um santuário para sacrifícios; já não existe um único lugar da terra para se buscar a Deus
Que bom! Eu não preciso pagar um cruzeiro caro a Jerusalém para sentir a presença de Deus, pois já não é no monte Sião, nem no templo, que há muito foi destruído, nem no santo sepulcro (que são pelo menos dois, fora os outros quatro que não cristãos apontam).
Também não preciso que alguém vá lá orar por mim, ou trazer óleo santo prá mim. Não preciso ir nem pagar prá que alguém faça isto por mim.
Agora os adoradores de Deus estão espalhados pelo mundo, adorando em qualquer lugar do mundo, pois por meio de Jesus não precisamos templos, sacrifícios cruentos e coisas semelhantes[vi].
Mas qualquer lugar do mundo onde os crentes ser reúnem é templo do Espírito Santo[vii]. Nos primeiros dias da igreja, os crentes se reuniam em suas casas. Com o passar do tempo, por questões práticas, também começaram e construir edifícios religiosos.
Na medida do possível, é bom que tenhamos templos (estamos orando por isto), mas acima de tudo, em qualquer lugar podemos servir a Deus.
E mesmo o crente, individualmente, se por razões circunstanciais se veja privado da companhia de seus irmãos, é templo do Espírito Santo[viii]. Onde ele estiver, pode ter comunhão com seu Deus; como Daniel sabia de sua própria experiência.
Conclusão
Jerusalém foi reconstruída.O Cristo, o Príncipe, Príncipe da Paz, que traria paz com Deus, que expiaria os pecados, que traria justiça eterna, foi enviado, e foi morto. E trouxe paz e justiça eternas.O santuário foi destruído.
Esta resposta do anjo era o consolo de que Daniel precisava. Deus é poderoso para fazer infinitamente mais do que tudo quanto pedimos ou pensamos. Em Cristo ele nos deu salvação completa, eterna, derramou sobre nós toda a sorte de bênção espiritual. Em qualquer lugar do mundo, os alcançados pela graça de Jesus têm pleno acesso a Deus.
Aplicação
Será que diante de tudo o que Deus fez para nos salvar, será que diante de tudo o que a Bíblia diz, dá prá você perceber o quanto Deus te ama? O quanto ele te quer? O quanto ele tem prazer em te abençoar? Não dá prá perceber que ele é o nosso pastor, o nosso Deus, o nosso guia? E se Deus nos quer tanto assim, não é simplesmente apropriado que o amor de Cristo nos constranja, e respondamos “sim” a este amor?
Então, constrangido por este amor, confie em Deus, creia em Jesus. E ame-o, e busque-o, e viva com ele e para ele.



[i] Is 62:6, 7
[ii] Cf. Baldwin, pág. 181
[iii] Tg 2:10, 11
[iv] Mt 5:21, 22; 1ª Jo 3:15
[v] Rm 7:14
[vi] Jo 4:23, 24
[vii] 1ª Co 3:3:16, 17
[viii] 1ª Co 6:19, 20

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