Igreja Evangélica Presbiteriana
Domingo, 11 de
setembro de 2011
Uma das
coisas que mais enternecem o meu coração, irmãos, é ver os nossos filhinhos, os
mais pequeninos, e os adolescentes, servindo ao Senhor em nossa igreja, e dando
testemunho de sua fé lá fora. Isto é um grande conforto para o nosso coração.
No texto que vamos meditar hoje nós também vemos o testemunho de quatro
adolescentes, que por causa do amor que tinham a Deus, decidiram santificar-se.
1 No ano
terceiro do reinado de Jeoaquim, rei de Judá, veio Nabucodonosor, rei da
Babilônia, a Jerusalém e a sitiou. 2 O Senhor lhe entregou nas mãos
a Jeoaquim, rei de Judá, e alguns dos utensílios da Casa de Deus; a estes,
levou-os para a terra de Sinar, para a casa do seu deus, e os pôs na casa do
tesouro do seu deus.
3 Disse o rei a Aspenaz, chefe dos seus eunucos, que
trouxesse alguns dos filhos de Israel, tanto da linhagem real como dos nobres,
4 jovens sem nenhum defeito, de boa aparência, instruídos em toda a
sabedoria, doutos em ciência, versados no conhecimento e que fossem competentes
para assistirem no palácio do rei e lhes ensinasse a cultura e a língua dos
caldeus. 5 Determinou-lhes o rei a ração diária, das finas iguarias
da mesa real e do vinho que ele bebia, e que assim fossem mantidos por três
anos, ao cabo dos quais assistiriam diante do rei.
6 Entre eles, se achavam, dos filhos de Judá, Daniel,
Hananias, Misael e Azarias. 7 O chefe dos eunucos lhes pôs outros
nomes, a saber: a Daniel, o de Beltessazar; a Hananias, o de Sadraque; a
Misael, o de Mesaque; e a Azarias, o de Abede-Nego.
8 Resolveu Daniel, firmemente, não contaminar-se com as
finas iguarias do rei, nem com o vinho que ele bebia; então, pediu ao chefe dos
eunucos que lhe permitisse não contaminar-se. 9 Ora, Deus concedeu a
Daniel misericórdia e compreensão da parte do chefe dos eunucos. 10
Disse o chefe dos eunucos a Daniel: Tenho medo do meu senhor, o rei, que
determinou a vossa comida e a vossa bebida; por que, pois, veria ele o vosso
rosto mais abatido do que o dos outros jovens da vossa idade? Assim, poríeis em
perigo a minha cabeça para com o rei. 11 Então, disse Daniel ao
cozinheiro-chefe, a quem o chefe dos eunucos havia encarregado de cuidar de
Daniel, Hananias, Misael e Azarias: 12 Experimenta, peço-te, os teus
servos dez dias; e que se nos deem legumes a comer e água a beber. 13
Então, se veja diante de ti a nossa aparência e a dos jovens que comem das
finas iguarias do rei; e, segundo vires, age com os teus servos.
14 Ele
atendeu e os experimentou dez dias. 15 No fim dos dez dias, a sua
aparência era melhor; estavam eles mais robustos do que todos os jovens que
comiam das finas iguarias do rei. 16 Com isto, o cozinheiro-chefe
tirou deles as finas iguarias e o vinho que deviam beber e lhes dava legumes.
17 Ora, a estes quatro jovens Deus deu o conhecimento e a
inteligência em toda cultura e sabedoria; mas a Daniel deu inteligência de
todas as visões e sonhos. 18 Vencido o tempo determinado pelo rei
para que os trouxessem, o chefe dos eunucos os trouxe à presença de
Nabucodonosor. 19 Então, o rei falou com eles; e, entre todos, não
foram achados outros como Daniel, Hananias, Misael e Azarias; por isso,
passaram a assistir diante do rei. 20 Em toda matéria de sabedoria e
de inteligência sobre que o rei lhes fez perguntas, os achou dez vezes mais
doutos do que todos os magos e encantadores que havia em todo o seu reino.21
Daniel continuou até ao primeiro ano do rei Ciro.
Quando aconteceram as coisas narradas neste capítulo, Daniel e seus
companheiros deveriam ter entre 14 e 16 anos de idade. A história aqui registrada cobre os três primeiros anos
deles no exílio babilônico.
Em cumprimento das palavras de advertência dos profetas, especialmente
Isaías, Jeremias e Habacuque, o reino de Judá foi conquistado pelos exércitos
babilônicos. Eram tempos de disciplina do Senhor sobre a nação judaica, para
que de uma vez por todas eles abandonassem o pecado da idolatria. Então
Jerusalém foi sitiada e invadida pelas tropas de Nabucodonosor.
Talvez, como símbolo de que, na visão do invasor, o seu deus tivesse lhe
dado esta vitória, foram retirados alguns utensílios da casa do Senhor, em
Jerusalém, e colocados na casa do tesouro do templo de um deus babilônico.
Nabucodonosor era um grande estrategista, e uma de suas estratégias para
manter seu império unido era o de fragilizar qualquer tipo de oposição. Assim
que normalmente os reis em terras conquistadas continuavam a governar, mas em
submissão a ele.
Além disto, era do seu costume o tomar da elite das terras conquistadas e
associá-las ao seu governo. Deste modo, como parte de sua estratégia, tal como
fizera noutros lugares, ordenou que alguns jovens da nobreza, inclusive da
linhagem real judaica, fossem levados para a Babilônia. Deveriam ser jovens
cultos, bonitos, sem defeito físico, capazes. Eles deveriam, por um período de
três anos, ser treinados em toda a cultura e idioma dos babilônios. Deveriam
aprender as suas ciências, a sua história, a sua filosofia e sua religião. E
depois de três anos passariam a fazer parte do enorme grupo de conselheiros do
rei, que era constituído de pessoas das várias nações conquistadas.
Não sabemos quantos jovens judeus foram levados, mas entre eles estavam
Daniel, Misael, Hananias e Azarias. E estes quatro jovens, entre a maioria dos
judeus que foram para o exílio, se destacaram pelo testemunho de sua fé. Eles
eram espiritualmente fortes, e por esta força fizeram proezas para a honra de
Deus. Eles ilustraram bem a vida daqueles a respeito de quem o Espírito Santo
testemunha no cap. 12 v. 32: “...o povo
que conhece ao seu Deus se tornará forte e ativo.” No capítulo que temos diante
de nós, lemos sobre a proeza da santificação.
Primeiramente
consideremos...
1 – A decisão que Daniel
tomou – ele resolveu não contaminar-se
v.8 – “Resolveu Daniel, firmemente,
não contaminar-se com as finas iguarias do rei, nem com o vinho que ele bebia...”.
Eu gostaria que você se colocasse, por um pouco, no lugar de Daniel: Primeiramente,
ele e seus amigos foram tirados violentamente de suas famílias e de sua pátria.
Foram levados para uma nação desconhecida, que falava outro idioma, que tinha
outros costumes, outra religião.
Quando eles nasceram, cada um deles havia recebido um nome que fazia alusão
ao fato de que pertenciam ao Senhor: Daniel significa “Deus é o meu juiz”. Misael
significa “quem é semelhante a Deus?”. Hananias, “Javé é gracioso”. E Azarias,
“Javé auxilia”.
Mas na Babilônia, Daniel passou a ser chamado de Beltessazar, aquele que
“guarda os segredos de Bel” (um deus babilônico). Misael, Mesaque (uma
referência a Vênus). Hananias passou a ser Sadraque, em referência ao deus
Marduque. E Azarias passou a ser “Abede-Nego” (servo do deus Nego)[1].
Grosso modo, vamos fazer uma comparação: É como se, acontecendo que a Terezinha
e eu morrêssemos, nossas filhas fossem adotadas por pessoas de outras religiões.
E Rute, “amizade”, passasse a ser chamada de Krishna, em referência ao deus
hindu. E Sara, “princesa”, passasse a ser
Iara, em referência à mãe d’água. E Ana Paula, “pequena graciosa”, tivesse seu
nome trocado para Aparecida. Seria como se a identidade espiritual delas
estivesse sendo tirada, e sendo imposta uma nova identidade.
Além disto tudo, os utensílios da casa do Senhor, o Deus a quem serviam,
tinham sido retirados dali e levados para um templo pagão. E na Babilônia não
havia o templo de adoração ao Senhor. Eu vejo dois tipos de pressão aqui,
amados:
Primeiro, a pressão
espiritual – poderia parecer que o Senhor havia sido derrotado, ou que ele abandonara
a sua igreja, o povo a quem ele dizia amar. Se você tem a impressão de que Deus não te
ama, fica meio difícil permanecer na fé. Por isto a esposa de Jó disse a ele:
“Abandone logo essa fé e morra. Não vale a pena”.
Segundo, a pressão
social – estão numa terra estranha, de língua desconhecida, aprendendo uma cultura
diferente. E veja a tentação: a intenção do rei é colocá-los e alta posição, no
palácio real, para participar das decisões que afetarão a história do império. Por
isto os quer instruídos, bem preparados intelectualmente e fisicamente. Então
lhes ordena também que sejam alimentados do bom e do melhor: das finas iguarias
e do vinho do rei.
Mas Daniel e seus companheiros sentem que, se eles participassem daquelas
coisas, estariam se contaminando. Os estudiosos não sabem exatamente o porquê: Alguns
pensam que a comida babilônica era impura diante das leis judaicas. Outros
pensam que a comida do rei era oferecida aos deuses. Outros pensam que comer
das coisas do rei envolveria uma espécie de capitulação do coração, como se, se
um criminoso, digamos, um mafioso convidasse você para um churrasco na casa
dele, e você fosse, e comesse da carne e bebesse daquela cerveja que, você
sabe,é fruto de crime. Você ficaria moralmente comprometido. Da mesma forma,
parece que se eles comessem das coisas oferecidas da mesa de um rei ímpio, eles
estariam se comprometendo moralmente. Mas seja qual for a razão, uma coisa é
clara: Daniel resolveu, firmemente, que ele não iria se contaminar.
Isto revela duas coisas:
Primeira – Que mesmo diante de
todos os acontecimentos que pareciam dizer o contrário, Daniel cria que Deus
continuava digno de ser amado, honrado, obedecido. Daniel não se sentia
abandonado por Deus. Não pensava que Deus estava distante, que tinha ficado na
terra de Judá. E como veremos, também não pensava que o seu Deus já não podia
salvar.
Segunda – Toda a pressão social
que ele estava sofrendo não diminuiu a sua fé, nem o seu compromisso com Deus.
Ele decidiu, firmemente, que não iria se contaminar.
Amados, tal como Daniel e seus amigos, a igreja de hoje, individual e
coletivamente, é pressionada, a tentada a abandonar suas convicções e sua postura
diante do mundo.
Jovens crentes são convidados a beber, a usar drogas. Crentes são
convidados a participar de festas que não agradam a Deus, marcadas pela
sensualidade, pela bebida, pelas músicas que agradam ao diabo. É baladinha, é baile funk, é festinha de
aniversário, é mundanismo para todo o gosto. Homens de negócio são convidados à
maçonaria, à sociedade com os incrédulos. A igreja é pressionada a não falar
contra a promiscuidade sexual e outros pecados. A escola é lugar de pressão. O
ambiente de trabalho é lugar de pressão. As redes sociais. A internet de modo
geral, a televisão, os livros e revistas, com seu encorajamento à pornografia,
com seus ataques à religião. Aqueles grupos que a si mesmos chamam “igrejas”,
mas que encorajam a concupiscência, isto é, o amor às coisas deste mundo, como
se o reino de Deus fosse comida e bebida.
Nos dias de hoje as trevas são chamadas luz, e a luz é chamada trevas. E
para que não sejamos levados a pecar, há uma necessidade: a de seguirmos o
exemplo destes jovens, liderados por Daniel – Ele resolveu no seu coração que
não iria se contaminar; e resolveu com firmeza.
Em segundo lugar,
consideremos...
2. Porque Daniel tomou
esta decisão? Porque ele resolveu não se contaminar?
Este texto nos dá uma resposta implícita quase que a cada parágrafo, em
várias afirmações. Daniel nos revela aqui o que ele estava pensando sobre toda
aquela situação. Veja a descrição, no v. 2, da queda de Jerusalém
“O Senhor lhe entregou (isto é, a Nabucodonosor),
o Senhor lhe entregou nas mãos a Jeoaquim, rei de Judá, e alguns dos utensílios
da casa de Deus”.
v. 9 – “Ora, Deus concedeu a Daniel misericórdia e
compreensão da parte do chefe dos eunucos”.
v. 17 – “Ora, a estes quatro jovens Deus deu
conhecimento e inteligência em toda a cultura e sabedoria...”.
Você notou quantas vezes surge a expressão “Deus deu”, para se referir aos
acontecimentos externos ou internos. Foi
o Senhor que entregou Judá nas mãos de Nabucodonosor. Quanto ao chefe dos
eunucos, o coração dele estava nas mãos
do Senhor, e o Senhor o inclinou conforme
desejou fazer. Da mesma forma Daniel e seus companheiros: a sua inteligência, a
sua sabedoria, as suas circunstâncias, tudo estava nas mãos de Deus.
E todo o capítulo nos mostra que é assim. Deus concedeu a Daniel
misericórdia e compreensão da parte do chefe dos eunucos.
Pois ele controla o
coração de cada ser humano e Daniel sabia que é assim.
Então, de posse deste conhecimento, ele foi falar com os seus superiores
imediatos: primeiramente o chefe dos eunucos, que também era o homem
encarregado pelo rei de cuidar dos jovens que estariam no conselho real. E
depois também falou com o cozinheiro chefe. Falou com sabedoria e respeito. Ou
como mais tarde escreveria Pedro, deu seu testemunho com mansidão[2].
E assim como está escrito que Deus forma o coração de todos os homens[3], o
Senhor inclinou o coração do chefe dos eunucos. Mas e se, em vez deste homem
ter se tornado favorável, o coração dele tivesse se endurecido? Será que Daniel
votaria atrás em sua decisão? Certamente que não:
Veja Daniel 3:13-18
13 Então, Nabucodonosor, irado e
furioso, mandou chamar Sadraque, Mesaque e Abede-Nego. E trouxeram a estes
homens perante o rei. 14
Falou Nabucodonosor e lhes disse: É verdade, ó Sadraque, Mesaque e Abede-Nego,
que vós não servis a meus deuses, nem adorais a imagem de ouro que levantei?
15 Agora, pois, estai dispostos e, quando ouvirdes o som da trombeta, do
pífaro, da cítara, da harpa, do saltério, da gaita de foles, prostrai-vos e
adorai a imagem que fiz; porém, se não a adorardes, sereis, no mesmo instante,
lançados na fornalha de fogo ardente. E quem é o deus que vos poderá livrar das
minhas mãos? 16 Responderam Sadraque, Mesaque e Abede-Nego ao rei: Ó
Nabucodonosor, quanto a isto não necessitamos de te responder. 17 Se
o nosso Deus, a quem servimos, quer livrar-nos, ele nos livrará da fornalha de
fogo ardente e das tuas mãos, ó rei. 18 Se não, fica sabendo, ó rei,
que não serviremos a teus deuses, nem adoraremos a imagem de ouro que
levantaste.
Além disso, o Senhor Deus também controla as circunstâncias físicas, e não
somente as psicológicas.
vs. 11-16
11 Então, disse Daniel ao cozinheiro-chefe, a quem o chefe dos eunucos havia
encarregado de cuidar de Daniel, Hananias, Misael e Azarias: 12
Experimenta, peço-te, os teus servos dez dias; e que se nos deem legumes a
comer e água a beber. 13 Então, se veja diante de ti a nossa
aparência e a dos jovens que comem das finas iguarias do rei; e, segundo vires,
age com os teus servos. 14 Ele atendeu e os experimentou dez dias. 15
No fim dos dez dias, a sua aparência era melhor; estavam eles mais robustos do
que todos os jovens que comiam das finas iguarias do rei.16 Com
isto, o cozinheiro-chefe tirou deles as finas iguarias e o vinho que deviam
beber e lhes dava legumes.
Alguns anos atrás eu ouvi de uma professora no
ensino médio, sobre uma experiência científica, realizada para verificar se o
que aconteceu com Daniel sucederia sempre que as pessoas fizessem o mesmo que
ele e seus companheiros. Conforme ela nos disse, os resultados foram o oposto.
Aqui, segundo entendemos, o Senhor agiu de modo sobrenatural. Mas como já
dissemos, mesmo se ele assim não o fizesse, Daniel continuaria firme.
Deus também se manifestou controlando o ser
interior de seus filhos, dando-lhes capacidades especiais. Vejam: eles já
possuíam certas capacidades, que podemos chamar “naturais”. Eram jovens de boa
formação, bonitos, saudáveis. E tudo isto, naturalmente, vem de Deus. Mas além
destas coisas, ao final dos três anos eles se distinguiram dos demais.
vs. 17-20
17 Ora, a
estes quatro jovens Deus deu o conhecimento e a inteligência em toda cultura e
sabedoria; mas a Daniel deu inteligência de todas as visões e sonhos. 18
Vencido o tempo determinado pelo rei para que os trouxessem, o chefe dos
eunucos os trouxe à presença de Nabucodonosor. 19 Então, o rei falou
com eles; e, entre todos, não foram achados outros como Daniel, Hananias,
Misael e Azarias; por isso, passaram a assistir diante do rei. 20 Em
toda matéria de sabedoria e de inteligência sobre que o rei lhes fez perguntas,
os achou dez vezes mais doutos do que todos os magos e encantadores que havia
em todo o seu reino.
Porque o Senhor lhe concedeu a capacidade de interpretar visões e sonhos?
Porque era o que o seu serviço requisitava, de acordo com a cosmovisão babilônica.
Resultado: v. 21 nos diz que Daniel permaneceu, isto é, foi conselheiro dos
reis, até o primeiro ano do rei Ciro, isto é, cerca de 68 anos.
Assim, irmãos, neste capítulo nós temos a afirmação de
duas doutrinas que dominarão todo o livro; que aliás, dominam toda a história
bíblica e da humanidade. Duas doutrinas que governam a nossa vida e todo o
nosso relacionamento com Deus.
São duas doutrinas paradoxais, isto é, que, aparentemente,
são contraditórias, mas que, tanto do ponto de vista bíblico como do ponto de
vista da nossa experiência, se complementam harmoniosamente.
A primeira, é a
doutrina da soberania de Deus:
O Senhor Deus governa todas as coisas. Foi ele que
entregou Judá nas mãos dos babilônios; foi ele quem entregou os utensílios do
templo, pois ele conduz os acontecimentos da história das nações. Ele inclinou
o coração do chefe dos eunucos, para que este tivesse misericórdia de Daniel em
sua situação difícil, pois segundo a sua vontade ele conduz o coração de todos
os homens. Como diz Provérbios, o coração do rei está nas mãos do Senhor, e
segundo o seu querer ele o inclina[4].
Ele deu a Daniel e seus companheiros, sabedoria, inteligência, e a Daniel uma
capacidade especial de interpretar sonhos. Em sua santidade, sabedoria, poder,
majestade, glória, amor e misericórdia , o Senhor faz o que quer, quando quer,
com quem quer.
A segunda, é a
doutrina da responsabilidade humana:
Deus é soberano sobre todos os acontecimentos. Mas ao
mesmo tempo, embora nós não saibamos explicar todos os aspectos, tanto a Bíblia
como a nossa experiência demonstram que nós somos agentes responsáveis por
nossas decisões, por nossas atitudes. Somos agentes livres, que têm uma
consciência de seus deveres, que podem fazer escolhas de acordo com o que
queremos. Por causa do seu amor, de sua fé, de seu compromisso com Deus, Daniel
decidiu não se contaminar.
Se feito de outro material, diante das circunstâncias
adversas, Daniel poderia ter se rebelado contra Deus, ou perdido sua fé. Poderia
ter sucumbido diante das pressões do mundo. Mas ele decidiu que continuaria
confiando, amando e servindo ao seu Deus.
Porque, cada ser humano precisa tomar uma decisão: se
ele servirá a Deus ou se ele servirá ao mundo e a si mesmo.
Vejamos agora algumas aplicações:
1ª. Você deve ter percebido: Daniel e seus amigos
conheciam ao Senhor desde a juventude. Certamente eles tiveram pais ou
responsáveis piedosos, que ensinaram aos seus filhos a Palavra e os caminhos do
Senhor. Que lhes ensinaram a orar. Que lhes ensinaram a ser santos. A igreja de
Deus, de modo geral estava em grande decadência, mundana, fria. Mas as famílias
destes jovens lhes ensinaram a amar a Deus.
Da mesma forma, não podemos deixar de ensinar aos nossos
filhos. Temos que livrá-los do materialismo que nos dias de hoje assola a igreja.
Temos que livrá-los do falso humanismo que assola o mundo.
2ª. Você, que é jovem, que é um adolescente: Embora o que
vou dizer seja verdade sobre todos os crentes, quero enfatizar que Daniel fez
isto desde adolescente: ele era uma testemunha santa, não alguém que anda de
acordo com a última modinha.
Daniel era, como se dizia antigamente, “crente prá chuchu,
e não crente chuchu” (o chuchu adquire o sabor dos alimentos em que é cozido).
Você, adolescente, pode ser diferente, e esta diferença não diminuirá você, ao
contrário, fará de você uma pessoa melhor, que faz diferença no mundo.
Numa época em que tantos crentes falam palavrão, vão a
baladinhas, e curtem as coisas do mundo, não oram, não conhecem a Bíblia, você
pode ser diferente. Pode se santificar. Num mundo em que tanta gente se
embriaga, rouba, mente, se corrompe, você pode não se contaminar. Você não tem
como sair do mundo, mas você tem como não pertencer ao mundo. Todos nós podemos
ser diferentes, e fazer diferença.
3ª. Em todas as circunstâncias, em todos os acontecimentos,
em todos os momentos, por mais difíceis que sejam, podemos confiar no Senhor.
Saber que ele é soberano, que ele está no controle de tudo, e que ele nunca nos
abandona. Podemos amá-lo sempre. Podemos confiar em seus planos. E podemos
aceitar serenamente cada circunstância como vinda de suas mãos. Podemos
continuar servindo, seja qual for a situação.
4ª. Em quarto lugar, podemos ver a importância da
quantidade numérica de uma igreja, aos olhos do Senhor.
Eles eram apenas quatro jovens isolados dos demais judeus,
num mundo cultural e religiosamente hostil, mas mesmo em pequeno número, foram
fortes fizeram proezas. Não estou dizendo, amados, que devemos desejar ser uma
igreja pequena; ao contrário, devemos desejar, orar e trabalhar pelo
crescimento numérico da igreja. Mas o meu propósito é fazer com que os irmãos
entendam – o fato de não sermos em grande número não deve nos desanimar, pois
podemos servir a Deus assim mesmo. A coisa mais importante aos olhos do Senhor,
e assim deve ser também aos nossos olhos, é que o amemos, que confiemos nele, e
que sigamos nossa vida com fidelidade.
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