IPC de Vila Continental, domingo, 02 de julho de 2017
Pr. Plínio Fernandes
Naqueles dias, quando outra vez se reuniu grande
multidão, e não tendo eles o que comer, chamou Jesus os discípulos e lhes
disse: 2 Tenho compaixão desta gente, porque há três dias que
permanecem comigo e não têm o que comer.
3 Se eu os despedir para suas casas, em jejum, desfalecerão
pelo caminho; e alguns deles vieram de longe.
4 Mas os seus discípulos lhe responderam: Donde poderá alguém
fartá-los de pão neste deserto? 5 E Jesus lhes perguntou: Quantos
pães tendes? Responderam eles: Sete. 6
Ordenou ao povo que se assentasse no chão. E, tomando os sete pães, partiu-os,
após ter dado graças, e os deu a seus discípulos, para que estes os
distribuíssem, repartindo entre o povo. 7
Tinham também alguns peixinhos; e, abençoando-os, mandou que estes igualmente
fossem distribuídos. 8
Comeram e se fartaram; e dos pedaços restantes recolheram sete cestos. 9 Eram cerca de quatro mil homens.
Então, Jesus os despediu.
Uma das coisas mais admiráveis
que eu vejo no ministério do Senhor Jesus, é imensa capacidade que ele tinha de,
apenas pela sua presença, pelos seus gestos e palavras de graça, atrair
multidões.
O texto nos diz que ele, seus
discípulos e esta multidão estavam num lugar deserto, e já havia três dias que
estavam juntos.
Nós vemos isto em grande medida
também no profeta João Batista, “a voz que clamava no deserto, preparando o
caminho do Senhor”.
Nem Jesus, nem João Batista,
precisavam divulgar que em tal dia e tal hora estariam em tal lugar, para
atrair multidões. Não precisavam de um estádio, ou de um templo, ou qualquer
outro local apropriado. As pessoas iam até eles no deserto, tal era a unção do
Espírito Santo na vida deles, atraindo muita gente para o reino de Deus.
Pois bem; o texto nos diz que,
nesta ocasião, havia três dias que estas quase quatro mil pessoas estavam
seguindo a Jesus. Não voltaram pra casa; deixaram seus afazeres de lado. Quando
é que uma pessoa deixa tudo para seguir outra durante três dias?
Jesus precisava ordená-las que voltassem
aos seus lares, à sua vida cotidiana, mas não quis que elas fossem sem se
alimentar.
Então, mais uma vez, aquele que
fez o universo do nada, manifestou o seu poder, multiplicando sete pães e
alguns peixinhos, de tal forma que quase quatro mil pessoas foram saciadas.
Com isso, nosso Senhor estava
“correndo um risco muito grande”.
Digo isto porque em duas ocasiões
diferentes Jesus realizou o milagre da multiplicação dos alimentos:
A primeira delas está registrada
nos quatro evangelhos: Mateus 14, Marcos 6, Lucas 9 e João 6 – quando o Senhor
tomou cinco pães e dois peixes, e alimentou mais de cinco mil pessoas.
E esta segunda vez está
registrada em Mateus 15 e aqui em nosso texto.
Na primeira vez, diante do que
fizera, conforme registrado em João 6, as pessoas ficaram tão entusiasmadas que
quiseram arrebatar a Jesus para o proclamarem rei – aliás, se eu estivesse
entre aquela multidão, também gostaria de tê-lo como rei: um rei que resolveria
de vez o problema da escassez, que solucionaria de vez o problema da pobreza.
Mas se ele aceitasse isto, a sua
missão seria completamente desvirtuada.
Por outro lado, Jesus não tinha
necessidade alguma de fazer uma demonstração de poder.
E aqui o vemos publicamente,
diante de quatro mil testemunhas, demonstrando o seu infinito poder,
multiplicando alimentos pela segunda vez. Mas não o faz por exibicionismo. Não o
faz em busca de popularidade.
Em todo o comportamento de nosso
Senhor existe uma atitude profundamente espiritual, que deve nos fortalecer a
confiança nele, a nossa admiração e amor por ele.
Eu gostaria apenas de destacar
brevemente três atitudes que podemos aprender e cultivar, ao meditar no
comportamento de Jesus ao multiplicar os pães e peixes.
1º
- Uma atitude de profunda e simples confiança na infalível providência de
Jesus.
Como eu disse, o Senhor não fez
este milagre por exibicionismo. Não teve como propósito alimentar seu próprio
ego, e contar a todos que ele era “o ungido de Deus”.
Você consegue imaginar? Já faz
três dias que estão juntos: Jesus, os discípulos imediatos, e as multidões. Não
estão num acampamento com todo o conforto, como costumamos fazer em nossos
retiros.
Homens, mulheres e crianças, com
poucas condições de higiene, alimentação, sem lugares confortáveis para
reclinar a cabeça, mas ávidas por ouvir ao Senhor. Quantos ali vendo nele o tão
esperado Salvador, que redimiria a Israel de todas as suas tribulações.
Sem dúvida, poderia haver também
muita gente que “apenas estava ali”, não porque estivesse buscando o reino de
Deus em primeiro lugar.
Mas Jesus diz a respeito de
todos:
2 Tenho compaixão desta gente, porque
há três dias que permanecem comigo e não têm o que comer. 3 Se eu os despedir para suas
casas, em jejum, desfalecerão pelo caminho; e alguns deles vieram de longe.
Eu penso que a palavra
“compaixão” é uma das mais fortes e doces de toda a Bíblia Sagrada, e muito
especialmente no comportamento de Jesus.
A palavra compaixão é o
substantivo que corresponde ao verbo “com-padecer”, que significa sofrer com,
sentir com.
Quando a Bíblia diz que Jesus se
compadeceu está dizendo que ele como que “entrou na nossa pele”, e sentiu em
sua própria pele as nossas necessidades, as nossas dores, os nossos
sofrimentos, o nosso cansaço, as nossas tentações.
É por causa de sua compaixão que
ele se entregou na cruz por nós.
É por causa de sua compaixão que
Jesus se tornou o nosso grande sumo sacerdote.
Vamos ler Hebreus 4:14-16
14Tendo, pois, a Jesus, o Filho de Deus, como grande sumo
sacerdote que penetrou os céus, conservemos firmes a nossa confissão. 15 Porque não temos sumo sacerdote
que não possa compadecer-se das nossas fraquezas; antes, foi ele tentado em
todas as coisas, à nossa semelhança, mas sem pecado. 16 Acheguemo-nos, portanto,
confiadamente, junto ao trono da graça, a fim de recebermos misericórdia e
acharmos graça para socorro em ocasião oportuna.
Irmão, em todas as suas
necessidades espirituais, confie na compaixão que Jesus tem por você, porque
Jesus não muda. Ele é o mesmo ontem, hoje, e o será para sempre.
Ele tem alimento mais que
suficiente, para nossas almas.
Mesmo que você se sinta faminto,
fraco, caídos até, jamais se deixe esmorecer, porque Jesus, o teu sumo
sacerdote, se compadece de você.
O seu trono é um trono de graça,
onde encontramos socorro em nossas necessidades.
E da mesma forma em suas
necessidades da vida presente.
Jesus conhece as nossas
necessidades diárias. Ele próprio as experimentou, pois quando esteve entre nós
também se sentiu cansado, também sentiu fome e sede, e teve dores físicas, e
também precisou dinheiro para o dia a dia, e até para pagar impostos.
Ele sempre nos suprirá sempre,
ele sempre cuidará de nós.
Mesmo que leve “três dias”, isto
é, mesmo que não seja tão imediato quanto achamos que deveria ser, nunca
devemos deixar de confiar na compaixão e nos cuidados do Senhor por nós.
2º
- Devemos desenvolver uma permanente atitude de gratidão diante de todas as
coisas que o Pai celestial nos concede.
O v. 6 nos diz que o milagre
aconteceu e Jesus alimentou a multidão depois de ter dado graças ao Pai pelo
alimento.
Ele dá graças aqui, como também o
fez diante da refeição pascal, na noite em que instituiu a santa ceia.
Aliás, frequentemente nós vemos
nos evangelhos, o Senhor Jesus erguendo os olhos ao Pai celestial e
agradecendo.
Por exemplo, em Mt 11:25 e Lc
10:21, ele diz: – “Graças te dou, ó Pai,
Senhor dos céus e da terra, porque... revelaste estas coisas aos pequeninos...”.
Em Jo 11:41, ele diz: – “Pai, graças te dou, porque me ouviste... aliás,
eu sei que sempre me ouves...”.
Jesus tinha o hábito de agradecer
o pão de cada dia pois sabia que tudo provém de Deus, o nosso Pai.
Com isto aprendemos que todo o
alimento que temos diante de nós, seja suficiente para alimentar quatro mil,
seja apenas sete pães, tudo vem de Deus, e por eles o nosso coaração deve ser
grato.
Certamente que todo o alimento
que recebemos, seja espiritual, seja físico, é uma preciosa dádiva que
recebemos do Pai celestial. Tudo o que coopera para a manutenção de nossa vida
é dom de Deus.
Algum tempo atrás, uma querida
irmã testemunhou: ela estava contando que não gostava de tomar remédios, mas
precisa tomar certos remédios de uso contínuo.
Certa ocasião, tomou um
comprimido nas mãos, com má vontade, e já estava para reclamar por ter que
tomar aquele comprimido mais uma vez. De repente, percebeu que é graças a este
medicamento que está viva. E percebeu então que aquele pequeno comprimido que
ele precisa tomar todos os dias é uma resposta de Deus às suas orações. Então o
seu coração se tornou grato.
As coisas mais simples: o
alimento cotidiano, as roupas que vestimos, a residência em que moramos, o ar
que respiramos, e até a capacidade de respirar, tudo vem das mãos do Senhor.
Então, irmão querido, seja sempre
grato a Deus, por todas as pequenas coisas que ele dia a dia te concede em sua
providência.
3º
- Devemos administrar bem todas as coisas que o Senhor nos dá.
Nas duas ocasiões em que Jesus
multiplicou os alimentos, ele ordenou que tudo quanto havia sobrado deveria ser
recolhido.
Na primeira ocasião foram
recolhidos doze cestos de pães.
E agora, sete cestos.
E João registra o motivo pelo
qual o Senhor ordenou que tudo fosse recolhido:
Jo 6:12-13
12 E, quando já estavam fartos, disse
Jesus aos seus discípulos: Recolhei os pedaços que sobraram, para que nada se
perca. 13 Assim, pois, o fizeram e encheram doze cestos de pedaços
dos cinco pães de cevada, que sobraram aos que haviam comido.
Penso que nos dias seguintes eles tiveram muito pão para distribuir e
também com que se alimentar.
Com isto, o Senhor está nos ensinando que desperdício é pecado.
Muitas vezes, acontece que não nos damos conta disto, e quando Deus nos
supre abundantemente nós esbanjamos, desperdiçamos, e depois sentimos falta, e
ficamos apertados.
Mas não é que Deus não supriu: ele supriu, mas não fizemos bom uso. Sejamos
bons administradores dos bens que o Senhor nos dá: usando, repartindo e
poupando.
Temos uma preciosa promessa de Deus que nos é feita de muitas maneiras:
Sl 23:1 – O Senhor é o meu pastor, e
nada me faltará.
Fp 4:19 – E o meu Deus há de suprir
cada uma das vossas necessidades.
Mt 6:33 – Buscai primeiro o reino de
Deus e a sua justiça, e todas as coisas vos serão acrescentadas.
Então é necessário que, além de ser gratos por tudo quanto o Senhor nos dá,
não o desperdicemos.
Conclusão e aplicação
A quem Jesus alimentou?
Às pessoas que o seguiam havia três dias, colocando Jesus em primeiro
lugar.
Sigamos a Jesus: sua pessoa. Aprendamos com seu comportamento.
– Confie na providência de Deus.
– Seja grato por todas as coisas.
– Administre bem aquilo que o Senhor
te concede,
Nenhum comentário:
Postar um comentário