IPC em Pda. de Taipas
Domingo, 10 de agosto de 2014
Amados
irmãos, vamos ler o Evangelho de João, capítulo 17
Tendo Jesus falado estas coisas, levantou os olhos ao céu
e disse: Pai, é chegada a hora; glorifica a teu Filho, para que o Filho te
glorifique a ti, 2 assim como lhe conferiste autoridade sobre toda a carne,
a fim de que ele conceda a vida eterna a todos os que lhe deste. 3
E a vida eterna é esta: que te conheçam a ti, o único Deus verdadeiro, e a
Jesus Cristo, a quem enviaste. 4 Eu te glorifiquei na terra,
consumando a obra que me confiaste para fazer; 5 e, agora, glorifica-me,
ó Pai, contigo mesmo, com a glória que eu tive junto de ti, antes que houvesse
mundo. 6 Manifestei o teu nome aos homens
que me deste do mundo. Eram teus, tu mos confiaste, e eles têm guardado a tua
palavra. 7 Agora, eles reconhecem que todas
as coisas que me tens dado provêm de ti; 8 porque eu lhes tenho
transmitido as palavras que me deste, e eles as receberam, e verdadeiramente
conheceram que saí de ti, e creram que tu me enviaste. 9
É por eles que eu rogo; não rogo pelo mundo, mas por aqueles que me deste,
porque são teus; 10 ora, todas as minhas coisas são tuas, e as tuas coisas
são minhas; e, neles, eu sou glorificado. 11 Já
não estou no mundo, mas eles continuam no mundo, ao passo que eu vou para junto
de ti. Pai santo, guarda-os em teu nome, que me deste, para que eles sejam um,
assim como nós. 12 Quando eu estava com eles,
guardava-os no teu nome, que me deste, e protegi-os, e nenhum deles se perdeu,
exceto o filho da perdição, para que se cumprisse a Escritura. 13
Mas, agora, vou para junto de ti e isto falo no mundo para que eles tenham o
meu gozo completo em si mesmos. 14 Eu lhes tenho dado a tua
palavra, e o mundo os odiou, porque eles não são do mundo, como também eu não
sou. 15 Não peço que os tires do mundo,
e sim que os guardes do mal. 16 Eles não são do mundo, como também eu não sou. 17
Santifica-os na verdade; a tua palavra é a verdade. 18
Assim como tu me enviaste ao mundo, também eu os enviei ao mundo. 19
E a favor deles eu me santifico a mim mesmo, para que eles também sejam
santificados na verdade. 20 Não rogo somente por estes, mas
também por aqueles que vierem a crer em mim, por intermédio da sua palavra; 21 a fim de que todos sejam um; e como és tu, ó Pai, em mim
e eu em ti, também sejam eles em nós; para que o mundo creia que tu me
enviaste. 22 Eu lhes tenho transmitido a
glória que me tens dado, para que sejam um, como nós o somos; 23 eu neles, e tu em mim, a fim de que sejam aperfeiçoados
na unidade, para que o mundo conheça que tu me enviaste e os amaste, como
também amaste a mim. 24 Pai, a minha vontade é que onde
eu estou, estejam também comigo os que me deste, para que vejam a minha glória
que me conferiste, porque me amaste antes da fundação do mundo. 25
Pai justo, o mundo não te conheceu; eu, porém, te conheci, e também estes
compreenderam que tu me enviaste. 26 Eu lhes fiz conhecer o teu nome
e ainda o farei conhecer, a fim de que o amor com que me amaste esteja neles, e
eu neles esteja.
Alguém já disse que aqui em João 17 nós estamos como
que entrando no “santo dos santos” do Novo Testamento.
Estamos diante da oração que Jesus fez ao Pai, na noite
anterior ao dia de sua crucificação.
Em breve sua obra estaria consumada.
Ele estivera em todo o tempo glorificando a Deus,
fosse pregando o evangelho, fosse curando os enfermos, ou libertando os
oprimidos do diabo, ou declarando perdão os pecadores; em todo o tempo e em
todo lugar transmitindo a graça, a glória, e a verdade de Deus.
Agora, desde o cap. 13, João nos diz que, Jesus
sabia, era chegada a hora de voltar para o Pai, de quem viera.
E ele passa a se despedir dos discípulos, prometendo
que assim que ele fosse para o Pai, enviaria o Espírito Santo, o Consolador que
estaria com eles pra sempre, ajudando-os em toda e qualquer situação, ensinando
coisas novas sobre Jesus, e também ajudando-os a se lembrar de tudo quanto ele
já os ensinara.
E agora ele ora.
Ora em voz alta, para que seus discípulos ouvissem e
fossem consolados.
E para que nós sejamos consolados também.
Então, nos primeiros cinco versículos, Jesus pede ao
Pai que, assim como ele o havia glorificado, agora fosse também recebido na
glória do céu, com aquela mesma glória que ele sempre tivera, desde antes da
criação do mundo.
E depois de haver orado por si mesmo, nosso Senhor
passa a orar por seus discípulos.
Aqueles que haviam sido dados a ele pelo Pai celeste.
Aqueles que, deixando tudo, o haviam seguido.
Que guardaram a sua palavra.
Que o receberam, que o reconheceram como enviado e Filho
de Deus, como o salvador do mundo.
Aqueles que, por meio da fé nele, haviam se tornado
também filhos de Deus.[1]
E por último, no versículo 20, Jesus diz estar
orando também por todos os seus demais seguidores, de todos os tempos, de todos
os lugares.
Ele estava orando por nós; por mim e por você.
E abriu seu coração diante do Pai, dizendo-lhe o que
esperava ver realizado em nossa vida; em nós e através de nós.
Ele expressa o seu propósito, a sua vontade, o seu
desejo para conosco.
É sobre os desejos de Jesus, revelados nesta oração,
que iremos meditar hoje.
Vamos começar com o v. 18:
“Assim como tu me enviaste ao mundo, também
eu os enviei ao mundo”
1. Jesus menciona o fato de que Deus, o
Pai, o enviou ao mundo.
O que é “mundo”? Há pelo menos três sentidos em que
a palavra “mundo” é usada em nossas versões bíblicas.
O universo
criado por Deus. Por exemplo, em Hebreus 11:3 nós lemos que pela fé
entendemos que o mundo foi criado pela palavra de Deus. Ali a palavra “mundo”
se refere ao universo material: o sol, a lua, as estrelas, os planetas.
A terra e tudo o que nela se contém: os mares, as montanhas,
os vales, os rios, as plantas, os animais, enfim, tudo o que existe à nossa
volta. Também podemos incluir os seres espirituais, isto é, os anjos. O salmo
104 diz que este nosso mundo material é constantemente renovado pelo Espírito
de Deus; este mundo é bom.
Mas o Novo Testamento
também usa a palavra “mundo” para se referir a este sistema, esta estrutura
social, que se afastou de Deus, um sistema controlado por Satanás, escravizado
ao pecado, que se opõe a Deus, inimigo de Deus
Por exemplo, em Jo 14:30, Jesus nos diz que, neste
sentido, o diabo é o príncipe, o governante deste mundo. E em 1ª Jo 5:17 o
apóstolo escreve que “o mundo jaz no maligno” (está sob o domínio, está
sepultado sob o poder do maligno).
Mundo, então, é um sistema no qual prevalece o
pecado: a idolatria, a mentira, a imoralidade, a corrupção, a embriaguez, a
inveja, a desonestidade nos relacionamentos, nos negócios, os roubos, o
desrespeito aos pais, aos irmãos, a falta de amor, os assassinatos, o amor do
dinheiro, o orgulho, e toda a espécie de males.
Resumo: é o sistema que se opõe aos valores de Deus,
a vontade de Deus. E neste sentido também temos a exortação: “Não ameis o mundo, pois se alguém amar o
mundo, o amor do Pai não está nele”.[2]
Mas em
terceiro lugar a palavra “mundo” também é usada para se referir às pessoas que
fazem parte deste sistema - a humanidade perdida em seus pecados, afastada de
Deus e espiritualmente sem vida.
Homens, mulheres, crianças: todos os seres humanos. Pessoas
criadas por Deus, que têm uma alma eterna. Que trabalham, que brincam, que sofrem,
que amam, que se alegram, que choram, que se casam, que se separam, que vencem,
que se sentem derrotadas. Pessoas que vemos pelo jornal, na TV. Pessoas com
quem temos contato diário, com quem conversamos, convivemos, companheiros de
trabalho, amigos, inimigos, parentes. Uma multidão enorme de pessoas, homens e
mulheres, pecadores, afastados de Deus, escravizados ao pecado, condenados ao
sofrimento eterno.
A este mundo Deus enviou Jesus. E a razão ele já
havia ensinado antes
Jo 3:16
Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que
deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê, não pereça, mas tenha
a vida eterna.
Foi por isto, por causa deste amor de Deus, que
Jesus deixou sua glória do céu.
Nós, os que cremos em Jesus, já fizemos parte deste
mundo de gente perdida, mas desde o momento em que conhecemos a Jesus, e por
meio dele conhecemos o Pai, agora já não estamos mais perecendo.
Jo 5:24
Em verdade, em verdade vos digo: quem ouve a minha
palavra e crê naquele que me enviou tem a vida eterna, não entra em juízo, mas
passou da morte para a vida.
Agora estamos salvos. Agora conhecemos a Deus. Agora
somos filhos de Deus. E agora então Jesus nos dá uma missão:
“assim como tu me enviaste ao mundo, também
eu os enviei ao mundo”
Assim
consideremos também o propósito pelo qual Jesus nos envia...
2. O propósito
A razão pela qual Jesus nos envia ao mundo está
expressa em dois versículos
v.21
A fim de que todos sejam um; e como és tu, ó Pai, em mim
e eu em ti, também sejam eles em nós; para que o mundo creia que tu me enviaste
Para que o mundo creia...
v.23
Eu neles, e tu em mim, a fim de que sejam aperfeiçoados
na unidade, para que o mundo conheça que tu me enviaste e os amaste, como
também amaste a mim.
Para que o mundo conheça...
E quando o mundo conhece que Jesus foi enviado por
Deus, quando o mundo crê que Jesus foi enviado por Deus, então, a mesma graça
espiritual que foi operada em nós, que antes também éramos do mundo, ocorre
neles:
v.3
E a vida eterna é esta: que te conheçam a ti, o único
Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste.
O desejo de Jesus é que assim como os doze vieram a crer por meio de seu
ensino, e outros vieram a crer por meio deles, e assim a mensagem chegou até
nós, por nosso intermédio outros venham a crer também.
Jo 15:16
Não fostes vós que me escolhestes a mim; pelo contrário,
eu vos escolhi a vós outros e vos designei para que vades e deis fruto, e o
vosso fruto permaneça; a fim de que tudo quanto pedirdes ao Pai em meu nome,
ele vo-lo conceda.
O propósito de Jesus para conosco é que, através de
nós, o mundo conheça a ele, creia nele, e viva. É que, assim como a graça e a
verdade de Deus se manifestaram através dele, manifestem-se agora através de
nós. E assim façamos discípulos de Jesus...
Agora
consideremos também...
3. A maneira como a graça e a verdade se
manifestam por nosso intermédio para que o mundo creia
3.1 - Quando vivemos em santidade
v.19
E a favor deles eu me santifico a mim mesmo, para que
eles também sejam santificados na verdade.
Jesus santificou-se por nós - consagrou-se a Deus.
Não temos como imaginar “um Jesus Cristo” que não
fosse santo. Mas (impossível), o que seria de nós se nosso salvador, em vez de
se santificar, escolhesse o caminho do mundanismo, do egoísmo, da desobediência
ao Pai? Poderia ele fazer a vontade de Deus? Poderia ele ser o nosso salvador?
Uma vida tocada pela graça de Deus, necessariamente
será uma vida santificada, pois Deus é santo.
vs. 15-17
15 Não peço que os tires
do mundo, e sim que os guardes do mal. 16 Eles não são do mundo,
como também eu não sou. 17 Santifica-os na verdade; a tua
palavra é a verdade. Santifica-os na verdade; a tua palavra
é a verdade
Ser santo é, em nosso caráter, ser parecidos com
Jesus. À medida em que vivemos, pensamos, falamos como Jesus, Deus revela seu
amor, sua graça, através de nós.
Santificação não é isolamento do mundo. É, numa
atitude de consagração a Deus, afastar-se do pecado, mas estar perto das
pessoas, e manifestar o amor de Deus
Amados, o mundo precisa que nós sejamos santos. Se
nós não nos santificarmos, estaremos afastando o mundo ainda mais do
conhecimento de Deus. Primeiro, porque estaremos dizendo ao mundo que Deus não
é santo: que ele não se importa com a maneira que vivamos; e isto não é
verdade. Depois, estaremos dizendo que não existe diferença entre a vida das
pessoas que conhecem a Jesus e as que não conhecem; e isto também não é
verdade.
Então, diante de nossa mensagem mentirosa, das duas,
uma: as pessoas do mundo não se interessarão em crer “num Jesus que não faz
diferença alguma na nossa vida”; ou então, irão “abraçar um Jesus que deixa a
gente continuar a viver no pecado”, um Jesus falso, um ídolo criado pelo
coração pecador. E continuarão perdidos.
Mas quando os crentes vivem vidas santas, são sal da
terra, e luz num mundo de trevas, de tal modo que a graça do evangelho se
manifesta com verdade. Aí o mundo pode realmente conhecer e crer.
3.2
- Quando vivemos em unidade
v.21
A fim de que todos sejam um; e como és tu, ó Pai, em mim
e eu em ti, também sejam eles em nós; para que o mundo creia que tu me enviaste
v.23
Eu neles, e tu em mim, a fim de que sejam aperfeiçoados
na unidade, para que o mundo conheça que tu me enviaste e os amaste, como
também amaste a mim.
“Que sejam
aperfeiçoados na unidade”...
Se Jesus ora para que sejamos aperfeiçoados em
unidade, isto significa que a unidade entre os que nele creem já existe.
E de fato, com diz o apóstolo Paulo, nós, os
crentes, somos um só corpo, somos todos habitação do mesmo Espírito Santo,
temos todos um só Senhor, uma só fé, um só batismo, um só Pai. Fomos todos
chamados por Deus com uma só esperança.[3]
Então, se Jesus ora para que sejamos aperfeiçoados
nesta unidade, isto significa que a unidade precisa crescer a cada dia.
A nossa unidade, diz o Senhor, deve semelhante
àquela que existe entre ele e o Pai celestial:
Jo 10:30
Eu e o Pai somos um
Jesus não está aqui afirmando a sua divindade, mas a
sua comunhão de propósito, a sua sintonia de vontade com a vontade do Pai.
E ele ora para que sejamos da mesma forma “um com
Deus e uns com os outros”. À medida em que crescemos em santificação, somos
aperfeiçoados na unidade. Quanto mais unidos a Deus, mais unidos uns aos outros.
Quando somos imitadores de Deus, vivemos em unidade.
E uma das manifestações mais fortes desta unidade é
a nutrição do amor uns pelos outros:
Jo 13:35
Nisto conhecerão todos que sois meus discípulos: se
tiverdes amor uns aos outros.
Pois se Deus é amor, e por amor enviou seu Filho, aquele que é unido a Deus
também tem um coração pleno de amor, que revela o amor que Deus tem, e assim o
mundo pode crer.
3.3
- Quando pregamos sua Palavra
v. 20
Não rogo somente por estes, mas também por aqueles que
vierem a crer em mim, por intermédio da sua palavra
A pregação é o meio que o Espírito Santo usa para
conceder fé aos escolhidos de Deus. Estamos aqui porque amados irmãos nos pregaram
o evangelho. E antes que houvesse aqueles que pregaram a nós, aqueles que
pregaram a eles, e assim, até os primeiros discípulos de Jesus. Houve gente que
foi de tal forma tocada pelo conhecimento da graça de Deus que alegremente
partilhou esta graça com outros.
Digo “alegremente”. Mas também digo que muitas vezes
chorando, com sacrifícios imensuráveis, deixando até sua terra, suas famílias,
muitas vezes até morrendo por causa do seu testemunho, ou sofrendo maus tratos,
e privações, pois consideraram que a mensagem de Jesus é tão digna de ser
anunciada que os sofrimentos deste mundo são um preço pequeno a ser pago, se
queremos fazer parte de uma obra tão grande.
Em Atos 17, quando Paulo e Silas chegam em
Tessalônica para pregar o Evangelho, algumas pessoas movidas de inveja
alvoroçaram a cidade, clamando: “Aqueles
que têm transtornado o mundo chegaram também aqui”; tal era o impacto que
aqueles irmãos causavam com sua pregação.
Isto porque o Evangelho que pregavam era uma
subversão à toda a maneira imoral, desamorosa e egoísta pela qual vivem os
homens sem Deus.
E “de lá para cá” em todo o lugar onde este
Evangelho é pregado, ele realmente é um “transtorno” a uma sociedade pecadora,
mas que a transforma para o bem do mundo e a glória de Deus.
Conclusão e aplicação
No v.4, Jesus diz assim ao Pai:
Eu te glorifiquei na terra, consumando a obra que me
confiaste para fazer
Da mesma forma que nosso Senhor, cremos que esta é a
razão da nossa existência: glorificar a Deus, e nos alegrarmos nele
eternamente.[4]
Ora, Deus é glorificado quando:
Andamos em santidade – então andemos em santidade.
Vivemos em unidade – então vivamos em unidade.
Anunciamos sua Palavra – então proclamemos a Palavra.
E assim o mundo crê, e a igreja de Jesus é
edificada.
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