IPC de Pda. de Taipas
Domingo, 20 de dezembro de 2015
Pr. Plínio Fernandes[1]
Queridos irmãos, vamos ler 2ª aos Coríntios 8:1-9
Também, irmãos, vos
fazemos conhecer a graça de Deus concedida às igrejas da Macedônia; 2
porque, no meio de muita prova de tribulação, manifestaram abundância de
alegria, e a profunda pobreza deles superabundou em grande riqueza da sua
generosidade. 3 Porque eles,
testemunho eu, na medida de suas posses e mesmo acima delas, se mostraram
voluntários, 4 pedindo-nos, com muitos rogos, a graça de
participarem da assistência aos santos. 5
E não somente fizeram como nós esperávamos, mas também deram-se a si mesmos
primeiro ao Senhor, depois a nós, pela vontade de Deus; 6 o que nos
levou a recomendar a Tito que, como começou, assim também complete esta graça
entre vós. 7 Como, porém, em
tudo, manifestais superabundância, tanto na fé e na palavra como no saber, e em
todo cuidado, e em nosso amor para convosco, assim também abundeis nesta
graça. 8 Não vos falo na
forma de mandamento, mas para provar, pela diligência de outros, a sinceridade
do vosso amor; 9 pois conheceis a graça de nosso Senhor Jesus
Cristo, que, sendo rico, se fez pobre por amor de vós, para que, pela sua
pobreza, vos tornásseis ricos.
Estamos comemorando o Natal, o nascimento de nosso
Senhor e Salvador, Jesus Cristo.
O dia em que Deus, o nosso Criador, na pessoa de
seu Filho, “se fez carne”, assumiu a forma humana e habitou entre nós, para que
nós pudéssemos conhecê-lo.
Deus veio do céu até nós, que somos pecadores, a
fim de nos salvar, de nos levar para o céu.
E porque ele fez isto? O que foi que o motivou?
No texto que acabamos de ler, temos uma das muitas
reafirmações da Bíblia que nos explicam porque Jesus veio ao mundo.
Quando Paulo escreveu esta carta, muitas igrejas
estavam, juntamente com os demais apóstolos, empenhadas em levantar uma
generosa oferta financeira para as igrejas da Judeia, porque aquela região
estava passando por um período de grande fome.
Então, nos primeiros cinco versículos aqui, lemos o
testemunho que ele dá a respeito das igrejas da Macedônia, região ao norte da
Grécia.
Ele diz que os crentes daquele lugar, mesmo sendo
pobres, haviam feito questão de cooperar com as ofertas em favor dos seus
irmãos em Jesus, e contribuíram não somente de acordo com o que podiam, mas até
acima disto, pois eram pessoas cujo coração estava transbordante da graça de
Deus.
Eles haviam entregado suas vidas a Jesus, o Deus
que se entregou por nós, e também haviam se entregado aos irmãos, aqueles pelos
quais Jesus se entregou.
Então, uma vez que amavam a Jesus e aos seus
irmãos, quiseram contribuir e o fizeram generosamente.
Depois, a partir do v. 6, Paulo diz que esta mesma
disposição generosa ele certamente veria também nos crentes da cidade de
Corinto.
Aqueles irmãos de Corinto, a quem o apóstolo tanto
amava, também costumavam manifestar abundância da graça de Deus – na fé, no
cuidado, na sabedoria. Então Paulo não queria deixá-los de fora desta bênção, a
bênção de contribuir.
Em resumo, com diz o v. 9, eles deveriam contribuir
porque conheciam a graça de Jesus.
E neste versículo, amados, nós também temos de
forma muito simples e completa, toda a doutrina do Evangelho.
Pois conheceis a graça
de nosso Senhor Jesus Cristo, que, sendo rico, se fez pobre por amor de vós,
para que, pela sua pobreza, vos tornásseis ricos.
Vamos tomar estas palavras do apóstolo como base
para nossa meditação
1. Primeiro, ele nos lembra da graça de Jesus Cristo
Pois conheceis a graça
de nosso Senhor Jesus Cristo...
Quando a Bíblia usa a palavra “graça”, está se
referindo à boa disposição que há no coração de Deus em relação aos que nele
confiam.
É uma boa disposição em Deus que nós não alcançamos
mediante os nossos esforços para agradá-lo, não é um pagamento pelas nossas
boas ações, mas é atitude, um “estado de alma bondosa para conosco” que é
inerente ao próprio coração de Deus.
Em outro lugar, a Palavra de Deus nos diz que, por
meio de Jesus Cristo, antes mesmo de que fossem criadas todas as coisas, “num
tempo em que não havia tempo”, quando nós existíamos apenas nos planos de Deus,
pela sua graça, e não pelas nossas obras, ele determinou a nossa salvação.
2ª Tm 1:9
(Deus) que nos salvou e
nos chamou com santa vocação; não segundo as nossas obras, mas conforme a sua
própria determinação e graça que nos foi dada em Cristo Jesus, antes dos tempos
eternos...
Neste contexto, vale trazer à nossa lembrança um
registro do Evangelho de Lucas sobre esta graça de Jesus.
Lc 4:17-22
Então, lhe deram o
livro do profeta Isaías, e, abrindo o livro, achou o lugar onde estava escrito:
18 O Espírito do Senhor está sobre mim, pelo que me ungiu para
evangelizar os pobres; enviou-me para proclamar libertação aos cativos e
restauração da vista aos cegos, para pôr em liberdade os oprimidos, 19
e apregoar o ano aceitável do Senhor. 20
Tendo fechado o livro, devolveu-o ao assistente e sentou-se; e todos na
sinagoga tinham os olhos fitos nele. 21
Então, passou Jesus a dizer-lhes: Hoje, se cumpriu a Escritura que acabais de
ouvir. 22 Todos lhe davam
testemunho, e se maravilhavam das palavras de graça que lhe saíam dos lábios, e
perguntavam: Não é este o filho de José?
Ele estava numa sinagoga na cidade de Nazaré. E
tendo sido lhe dada a Palavra, tomou a profecia de Isaías explicando que ela se
cumpria nele.
Ele veio para curar enfermos, libertar cativos do
diabo, por em liberdade os oprimidos. Ele veio para anunciar aos pobres a boa
notícia da salvação eterna. É o que nós o vemos fazendo o tempo todo nos
evangelhos.
E aqui na sinagoga, as pessoas que o ouviam ficaram
admirados, pois tudo quanto Jesus dizia não eram palavras próprias de um mero
carpinteiro, mas palavras de quem conhece a Deus profundamente, palavras de
graça, palavras que abençoavam.
Não é sem motivo que em João 1:14 o Espírito Santo
diz que o “Verbo se fez carne e habitou
entre nós, cheio de graça e de verdade”.
Agora, em nosso primeiro texto, Paulo destaca o
clímax da graça de Deus por nós, com estas palavras:
Nosso Senhor Jesus
Cristo, sendo rico, se fez pobre, por amor de vós...
2. Elas nos dizem como Jesus manifestou a sua graça
Jesus era rico e se fez pobre.
Eu quero ler com vocês agora o que diz a Carta aos
Filipenses.
Fp 2:5-8
Tende em vós o mesmo
sentimento que houve também em Cristo Jesus, 6 pois ele, subsistindo
em forma de Deus, não julgou como usurpação o ser igual a Deus; 7
antes, a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo, tornando-se em
semelhança de homens; e, reconhecido em figura humana, 8 a si mesmo se
humilhou, tornando-se obediente até à morte e morte de cruz.
A Palavra de Deus está exortando aos que conhecem a
graça de Jesus a serem seus imitadores, nos pensamentos, nos sentimentos, nas
atitudes.
E diz que Jesus subsistia em forma de Deus, isto é,
vivia “na eternidade”, no céu.
Aqui e ali o Novo Testamento nos ensina que Jesus
foi quem criou e quem sustenta todas as coisas, e todos os seres que existem:
os homens e os anjos, os planetas, as estrelas, os céus e a terra e tudo o que
neles se contém.
Antes de vir ao mundo, à direita do trono de Deus
Pai, sendo adorado pelos anjos, e desfrutando de todas as alegrias
inimagináveis da comunhão com seu Pai.
Mas então, subsistindo em forma de Deus, ele não se
apegou a isto, mas deixou a sua glória celestial, e se fez um ser humano, no
ventre da virgem Maria.
Jesus nasceu entre nós, como um menininho frágil e
carente, que precisava ser alimentado, asseado, educado, que precisava crescer
e aprender.
Um menino pobre, de uma família pobre e
trabalhadora, temente a Deus. Era conhecido como carpinteiro, pois aprendera o
ofício de seu “pai adotivo”, José, e assim deve ter trabalhado nos primeiros
anos.
Ele era tão pobre que certa vez se comparou com os
animaizinhos dizendo:
Mt 8:20
As raposas têm seus
covis, e as aves do céu, ninhos; mas o Filho do Homem não tem onde reclinar a
cabeça.
Jesus viveu aqui de forma humilde, servindo, e não
desejando ser servido.
Curando, abençoando, anunciando o reino de Deus e
sua salvação.
Jesus dava atenção aos pecadores, aos marginalizados,
às criancinhas; numa sociedade preconceituosa em relação às mulheres, o Senhor
as tratava com dignidade.
Jesus lavou os pés dos discípulos.
Ele foi bondoso, puro e santo em tudo o que fez;
nunca cometeu pecado algum, mas depois disto, através das mãos de homens
iníquos, Jesus entregou sua própria vida, morrendo na cruz, pelos nossos
pecados.
Sendo rico, se fez pobre, humilde, servo,
esvaziou-se de si mesmo, obediente ao Pai até à morte, e morte de cruz, por
amor de nós.
E em todas estas coisas Jesus tinha um grande
propósito no coração...
3. Então vejamos a razão de Jesus ter manifestado a sua
graça
...para que pela sua
pobreza, fôsseis enriquecidos...
Qual o significado disto? Em que sentido o
Evangelho diz que através da pobreza de nosso Senhor nós fomos enriquecidos?
Será que Jesus morreu numa cruz para que nós pudéssemos ter dinheiro?
O apóstolo Paulo, o homem que escreveu estas
palavras, foi um homem rico, de boa posição social, que possuía muitos bens?
E os demais apóstolos de Jesus, eram homens ricos?
Mas se assim fosse, não seria uma contradição com a
doutrina de nosso Senhor? Pois ele ensinou que o tesouro do crente está no céu,
onde nem a traça nem a ferrugem corroem, e onde o ladrão não rouba.
Em que sentido então, o Senhor Jesus se fez pobre
párea que nós fossemos enriquecidos?
São muitas as passagens bíblicas que nos ensinam
sobre nossa riqueza, mas apenas quero citar duas ou três. Vamos apenas ler,
pois o nosso tempo é curto.
Ef 1:3
Bendito o Deus e Pai de
nosso Senhor Jesus Cristo, que nos tem abençoado com toda sorte de bênção
espiritual nas regiões celestiais em Cristo,
1ª Co 1:4-7
Sempre dou graças a meu Deus a vosso respeito, a
propósito da sua graça, que vos foi dada em Cristo Jesus; 5 porque,
em tudo, fostes enriquecidos nele, em toda a palavra e em todo o conhecimento; 6
assim como o testemunho de Cristo tem sido confirmado em vós, 7 de
maneira que não vos falte nenhum dom, aguardando vós a revelação de nosso
Senhor Jesus Cristo,
Rm 8:17
Ora, se somos filhos,
somos também herdeiros, herdeiros de Deus e co-herdeiros com Cristo; se com ele
sofremos, também com ele seremos glorificados.
Você percebe? Ele tem nos enriquecido com toda
sorte de bênção espiritual, de maneira que tudo quanto precisamos para
desfrutar das alegrias da comunhão com Deus já nos tem sido concedido.
O Senhor é o nosso pastor, e se ele é o nosso
pastor, então não precisamos mais nada, e não precisamos mais ninguém.
Pois nele temos perdão, redenção, isto é,
libertação de nossas almas do poder do pecado, temos aceitação, justificação,
santificação, temos paz no coração, temos fé, amor e esperança, e toda sorte de
bênçãos espirituais.
E por fim, todos os sofrimentos que muitas vezes
experimentamos neste mundo, por amor a Jesus, serão recompensados, pois onde
está Jesus agora, em sua glória, nós estaremos também.
Somos herdeiros de Deus, herdeiros da vida eterna
em Cristo Jesus.
Conclusão e aplicação
É Natal, amados. Um dia em que a Cristandade,
embora não deixe de fazê-lo a cada dia, comemora o dia em que o Deus eterno
“nasceu entre nós”, na forma de um ser humano, num “humilde presépio”, pobre,
servo de Deus e dos homens.
O dia em que Deus deixou a sua glória, e veio nos
buscar para a sua glória.
Esta é a suprema graça de nosso Senhor Jesus
Cristo.
Eu quero fazer duas aplicações gerais às nossas
vidas, com base neste texto:
1. Paulo diz
aos coríntios: e conheceis a graça de
nosso Senhor Jesus Cristo.
Não são todas as pessoas que conhecem esta graça.
O Evangelho de João nos diz que Jesus veio para o
que era seu, mas os seus não o receberam. Mas a todos quantos o receberam, os
que creem no seu nome, deu-lhes o poder de serem chamados filhos de Deus.
Jesus, o Criador de todos, veio para o mundo
inteiro, mas não são todos os que conhecem a Jesus.
Muitos nem relacionam o Natal com o nascimento de
Jesus; apenas o têm como um feriado de final de ano.
Muitos ouvem falar de Jesus, mas irão comemorar o
Natal em festas blasfemas, orgias, bebedices, glutonarias e coisas semelhantes.
Rejeitam a mensagem de Jesus.
Muita gente religiosa até não conhece a Jesus, não
conhece a sua graça que perdoa, que santifica, que transforma o coração.
Então eu quero exortá-lo: se você ainda não conhece
a graça transformadora de Jesus, se você ainda não tem esta riqueza, hoje é dia
de ser enriquecido; arrependa-se de seus pecados, e creia em Jesus; receba
Jesus em seu coração e siga-o. Você será feito herdeiro de Deus.
2. Uma palavra ao que conhecem esta graça
Seja agradecido. E você sabe: todos os dias. Porque
todos os dias o Senhor “abre as janelas do céu” e derrama sobre nós toda sorte
de bênçãos espirituais, e também para esta vida. A cada dia, seja agradecido
por todas as coisas, em todas as circunstâncias. Porque em tudo temos sido
enriquecidos.
Seja gracioso. E você sabe, todos os dias. Pela
graça, você tem recebido o Evangelho. Tem recebido perdão, paz, alegria, amor,
esperança. “De graça recebestes, de graça
dai”.
[1] Devo
esta mensagem a um comentário do Rev. Wilson Francisco da Silva, da IPC do
Riacho Grande, São Bernardo do Campo, sobre este versículo, na posse da
Comissão Executiva do Presbitério Piratininga, em 13 de dezembro de 2015
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