Achadas as tuas palavras, logo as comi; as tuas palavras me foram gozo e alegria para o coração, pois pelo teu nome sou chamado, ó SENHOR, Deus dos Exércitos. Jeremias 15:16

segunda-feira, 20 de abril de 2015

Às vezes crer é difícil - Êx 5:19-6-13

3ª IPC de São Paulo
Domingo, 19 de novembro de 2006[1]
Pr. Plínio Fernandes
Então, os capatazes dos filhos de Israel se viram em aperto, porquanto se lhes dizia: Nada diminuireis dos vossos tijolos, da vossa tarefa diária. 20 Quando saíram da presença de Faraó, encontraram Moisés e Arão, que estavam à espera deles; 21 e lhes disseram: Olhe o SENHOR para vós outros e vos julgue, porquanto nos fizestes odiosos aos olhos de Faraó e diante dos seus servos, dando-lhes a espada na mão para nos matar. 22 Então, Moisés, tornando-se ao SENHOR, disse: Ó Senhor, por que afligiste este povo? Por que me enviaste? 23 Pois, desde que me apresentei a Faraó, para falar-lhe em teu nome, ele tem maltratado este povo; e tu, de nenhuma sorte, livraste o teu povo. 6:1 Disse o SENHOR a Moisés: Agora, verás o que hei de fazer a Faraó; pois, por mão poderosa, os deixará ir e, por mão poderosa, os lançará fora da sua terra. 2 Falou mais Deus a Moisés e lhe disse: Eu sou o SENHOR. 3 Apareci a Abraão, a Isaque e a Jacó como Deus Todo-Poderoso; mas pelo meu nome, O SENHOR, não lhes fui conhecido. 4 Também estabeleci a minha aliança com eles, para dar-lhes a terra de Canaã, a terra em que habitaram como peregrinos. 5 Ainda ouvi os gemidos dos filhos de Israel, os quais os egípcios escravizam, e me lembrei da minha aliança. 6 Portanto, dize aos filhos de Israel: eu sou o SENHOR, e vos tirarei de debaixo das cargas do Egito, e vos livrarei da sua servidão, e vos resgatarei com braço estendido e com grandes manifestações de julgamento. 7 Tomar-vos-ei por meu povo e serei vosso Deus; e sabereis que eu sou o SENHOR, vosso Deus, que vos tiro de debaixo das cargas do Egito. 8 E vos levarei à terra a qual jurei dar a Abraão, a Isaque e a Jacó; e vo-la darei como possessão. Eu sou o SENHOR. 9 Desse modo falou Moisés aos filhos de Israel, mas eles não atenderam a Moisés, por causa da ânsia de espírito e da dura escravidão. 10 Falou mais o SENHOR a Moisés, dizendo: 11 Vai ter com Faraó, rei do Egito, e fala-lhe que deixe sair de sua terra os filhos de Israel. 12 Moisés, porém, respondeu ao SENHOR, dizendo: Eis que os filhos de Israel não me têm ouvido; como, pois, me ouvirá Faraó? E não sei falar bem. 13 Não obstante, falou o SENHOR a Moisés e a Arão e lhes deu mandamento para os filhos de Israel e para Faraó, rei do Egito, a fim de que tirassem os filhos de Israel da terra do Egito.
Já aconteceu com você de, por mais que você não queira perder a esperança, num dado momento de sua vida, premido pelas circunstâncias difíceis, “simplesmente” não conseguir crer nas promessas de Deus?
Já aconteceu de você ler as promessas da Palavra, ou ouvi-las pela pregação, ou em particular, mas isto não renovar a sua esperança, não fortalecer seu coração, e você se sentir sem forças para acreditar?
Veja o que aconteceu com os israelitas neste momento, de acordo com o v. 9:
Desse modo falou Moisés aos filhos de Israel, mas eles não atenderam a Moisés, por causa da ânsia de espírito e da dura escravidão.
Eles não atenderam, não ouviram, ficaram indiferentes ao que Moisés lhes falava da parte de Deus, por causa da ânsia de espírito, e por causa da dura escravidão.
O livro do Êxodo nos conta como os israelitas, os descendentes de Abraão, Isaque e Jacó foram libertos da escravidão na terra dos faraós.
Cerca de quatrocentos anos antes, eles haviam emigrado para o Egito, no tempo em que José, filho de Jacó, havia sido elevado à dignidade de administrador geral dos bens daquele país.
Ali os filhos de Abraão viveram em paz e prosperidade por muitos anos, até que aquela geração toda veio a falecer.
Depois disto, uma nova dinastia de faraós subiu ao poder, e passou a escravizá-los.
Os primeiros capítulos deste livro nos dizem que, vendo o sofrimento do seu povo, e lembrando-se das antigas promessas feitas a Abraão, Isaque e Jacó, no sentido de que depois de quatrocentos anos eles sairiam do Egito e herdariam a terra de Canaã, o Senhor Deus suscitou a Moisés, para que por intermédio dele Israel fosse libertado.
O Senhor apareceu a Moisés e lhe disse:
- “Vá ao meu povo, e diga-lhe que me revelei a você. Diga-lhes que em breve os libertarei e os conduzirei à terra que prometi aos seus antepassados. Vá também ao faraó e diga que eu estou lhe ordenando que liberte o meu povo. Eu irei demonstrar o meu grande poder libertando os filhos de Israel”.
Assim, Moisés e Arão, seu irmão, fizeram como o Senhor ordenara. Mas quando eles deram ao faraó o mandamento do Senhor, aconteceu algo que eles não estavam esperando.
O faraó respondeu:
- “O problema destes escravos é que eles estão trabalhando muito pouco, e por isto têm tempo de pensar o que não devem. Vamos aumentar o trabalho deles, e não terão tempo para ociosidade. E assim a servidão se tornou ainda mais cruel”.
Era deste modo mesmo que, Deus sabia, o faraó iria reagir. E ele não somente sabia, mas iria se valer da dureza do coração do faraó para demonstrar ainda mais o seu grande poder libertando os israelitas e trazendo seu juízo contra os pecados do Egito.
No trecho que lemos, vemos Moisés se voltando para o Senhor e se queixando; porque depois que ele e seu irmão foram falar com o faraó as coisas ficaram mais difíceis do que antes.
Cap. 5:22,23
Senhor, por que maltrataste este povo? Afinal, por que me enviaste? Desde que me dirigi ao faraó para falar em teu nome, ele tem maltratado este povo, e tu de modo algum libertaste o teu povo!
A situação ficara pior.
Assim, conforme o cap. 6, quando pela segunda vez, Moisés vai falar aos filhos de Israel, em nome de Deus, eles não atendem à voz de Moisés.
Porque o povo de Deus não atendeu às palavras de Moisés?
Porque os filhos de Deus, num dado momento de suas vidas, se sentem sem forças para crer nas promessas?
1. Eles tiveram dificuldade para crer por causa da angústia de espírito que estavam experimentando
O coração do povo estava triste; mais do que triste: estava cheio de tristeza, estava angustiado.Vejamos a razão:
Comecemos no cap. 4:29-31
Então, se foram Moisés e Arão e ajuntaram todos os anciãos dos filhos de Israel. 30 Arão falou todas as palavras que o Senhor tinha dito a Moisés, e este fez os sinais à vista do povo.  31 E o povo creu; e, tendo ouvido que o Senhor havia visitado os filhos de Israel e lhes vira a aflição, inclinaram-se e o adoraram.
Que momento sublime foi este! Eles receberam Moisés como sendo quem ele de fato era: um enviado de Deus. Ouviram a mensagem, viram os sinais da presença de Deus. Creram; adoraram ao Senhor; seus corações se tornaram cheios de esperança.
Então, lá se vão Moisés e Arão dando a ordem ao faraó, conforme a Palavra do Senhor. Mas vejamos qual foi a reação do rei do Egito:
Cap. 5:6-9
Naquele mesmo dia, pois, deu ordem faraó aos superintendentes do povo e aos seus capatazes, dizendo: 7 Daqui em diante não torneis a dar palha ao povo, para fazer tijolos, como antes; eles mesmos que vão e ajuntem para si a palha.  8 E exigireis deles a mesma conta de tijolos que antes faziam; nada diminuireis dela; estão ociosos e, por isso, clamam: Vamos e sacrifiquemos ao nosso Deus.  9 Agrave-se o serviço sobre esses homens, para que nele se apliquem e não deem ouvidos a palavras mentirosas.
O faraó reagiu exatamente ao contrário do que Israel esperava. Você quer saber qual o diagnóstico de Deus a respeito do coração cuja esperança não se realiza?
Pv 13:12
A esperança que se adia faz adoecer o coração, mas o desejo cumprido é árvore de vida.
Do ponto de vista dos israelitas, o que aconteceu foi até mais que uma esperança adiada: foi uma esperança frustrada, invertida ao contrário.
Como se um homem deixasse um emprego com a promessa de que começaria num outro melhor, com melhores vencimentos e melhores condições de trabalho, e depois descobrisse que a nova empresa não o poderia contratar. Então ele se vê desempregado. Assim sente que saiu de uma situação ruim e entrou numa situação desesperadora. Numa ocasião como esta o coração pode adoecer de angústia.
Existe algo que você espera há muito tempo, que está demorando acontecer?
Alguma promessa que Deus sempre parece estar adiando, e que às vezes você tem a impressão de que ele nem atenderá? Algum santo desejo do teu coração que não se cumpre? De tal modo que o seu coração quer crer mas está difícil?
Então olhe para Israel neste momento. E que isto seja consolo para você. Às vezes, em certos momentos de angústia, filhos amados do Senhor, que nele creem, que o adoram, têm real dificuldade para crer nas promessas
2. Eles também não atenderam a Moisés por causa da opressão que estavam sofrendo
Este livro começa descrevendo o sofrimento pelo qual estavam passando.
Leiamos o cap. 2:23-25
Decorridos muitos dias, morreu o rei do Egito; os filhos de Israel gemiam sob a servidão e por causa dela clamaram, e o seu clamor subiu a Deus.  24 Ouvindo Deus o seu gemido, lembrou-se da sua aliança com Abraão, com Isaque e com Jacó.  25 E viu Deus os filhos de Israel e atentou para a sua condição.
O povo israelita está sendo submetido a trabalhos forçados. Eles são maltratados, eles são humilhados. Suas crianças são mortas.
Então clamam ao Senhor, e o Senhor atende; diz que irá libertá-los. Mas, num primeiro momento, em vez de liberdade, o que eles veem é uma escravidão ainda mais cruel.
Antes de Moisés estava ruim. Depois de Moisés ficou ainda pior, um sofrimento mais agudo, mais extenuante.
Amados, isto parece ser uma “lei na história do povo de Deus”: antes de chegar a bênção, ou chegarem as bênçãos prometidas, uma intensificação das angústias, um crescimento das provações.
Pense por exemplo em Davi, aquele simples pastor de ovelhas que o Senhor escolheu para ser o pastor de Israel. Quando ungido como rei através da profecia de Samuel, ele era apenas um adolescente. Mas foi reconhecido e coroado como rei somente aos trinta anos, e isto apenas das tribos do sul. Somente oito anos mais tarde tornou-se rei de todo o Israel. Entre a sua unção como rei e sua coroação sobre Israel passaram-se muitos anos cheios de angústias, perseguições e conflitos.
Pense em José. Antes que se cumprissem as promessas, anos de provações, privações, sofrimentos.
Pense nos apóstolos. Antes de se tornarem pescadores de homens: tantas decepções consigo mesmos. E Paulo: quatorze anos no deserto.
Isto é como que uma lei: antes da grande bênção, a grande provação.
Mas estas provações, que são dadas por Deus para o nosso crescimento, estas opressões podem fazer com que o coração, num dado momento, fique esmorecido. O filho de Deus se sente sem forças para atender.
3. Eles também não atenderam porque o entendimento que tinham de Deus e dos seus planos era limitado
Aquela opressão, aquele endurecimento do coração do faraó, de modo algum estavam frustrando os planos de Deus.
Ao contrário, faziam parte daquele plano:
Cap. 4:21
Disse o Senhor a Moisés: Quando voltares ao Egito, vê que faças diante de faraó todos os milagres que te hei posto na mão; mas eu lhe endurecerei o coração, para que não deixe ir o povo.
Então quando o faraó se recusou a atender a Moisés, Deus não precisou colocar um “plano B” em ação, pois nada estava fugindo ao seu controle.
Aliás, mesmo depois da narrativa aqui do cap. 6, o coração do faraó continuaria a ser endurecido por Deus.
Cap. 6:1
Disse o Senhor a Moisés: Agora, verás o que hei de fazer a faraó; pois, por mão poderosa, os deixará ir e, por mão poderosa, os lançará fora da sua terra.
Cap. 7:3,4
Eu, porém, endurecerei o coração de faraó e multiplicarei na terra do Egito os meus sinais e as minhas maravilhas.  4 faraó não vos ouvirá; e eu porei a mão sobre o Egito e farei sair as minhas hostes, o meu povo, os filhos de Israel, da terra do Egito, com grandes manifestações de julgamento.
Assim, vemos que havia um propósito duplo do Senhor ao endurecer o coração do faraó: manifestar o seu grande poder salvando o seu povo, e manifestar o seu grande poder julgando o Egito por causa de seus pecados.
Isto também é consolo: se você vê uma pessoa má prosperando em seus maus caminhos, persistindo na dureza de seu coração, fique certo de que não é porque Deus não vê ou não se importa; há um limite a respeito do qual o Senhor diz: “Daqui não passa.”.
E assim então o Senhor começou a enviar as suas pragas contra o Egito. E a cada uma delas o coração do faraó se endurecia ainda mais
Até que um dia o Senhor disse a Moisés:
- “A libertação será agora. Diga a cada família do meu povo: Escolham e tomem cordeiros para cada família, e façam o sacrifício da Páscoa”. 
- “Tomem um molho de folhas de hissopo, molhem-no no sangue do cordeiro e marquem a verga da porta e suas ombreiras com o sangue.Nenhum de vocês saia da porta da sua casa até pela manhã”.
- “Porque o Senhor passará para ferir os egípcios; quando vir, porém, o sangue na verga da porta e em ambas as ombreiras, passará o Senhor aquela porta e não permitirá ao Destruidor que entre em suas casas, para lhes ferir” (Êx 12). 
E foram os filhos de Israel e fizeram isso; como o Senhor ordenara a Moisés e a Arão.
Aconteceu que, à meia-noite, o Senhor feriu todos os primogênitos na terra do Egito, desde o primogênito de faraó, que se assentava no seu trono, até ao primogênito dos cativos, e todos os primogênitos dos animais. 
O faraó se levantou de noite, ele, todos os seus oficiais e todos os egípcios; e fez-se grande clamor no Egito, pois não havia casa em que não houvesse morto.
Então, naquela mesma noite, faraó chamou a Moisés e a Arão e lhes disse:
- “Levantem-se, saiam do meio do meu povo, levem também suas ovelhas e seu gado, como tendes dito; vão embora...”
Os egípcios apertavam o povo, apressando-se em lançá-los fora da terra, pois diziam: - “Todos morreremos”.
O Novo Testamento nos ensina que aquele cordeiro que foi morto era um símbolo, no Antigo Testamento, de Jesus, o cordeiro de Deus, que nos tirou da escravidão a Satanás.
“Cristo”, escreve Paulo, “é o nosso cordeiro de páscoa[2]. Por meio de Cristo Deus nos tirou do império das trevas e nos transportou para o reino do filho do seu amor” [3].
Assim como os israelitas, colocando-se sob a proteção do sangue do cordeiro, foram livres da morte e da escravidão, todo aquele que se coloca sob ao sangue de Jesus que foi derramado na cruz em nosso favor é também libertado da morte eterna e da escravidão ao pecado e ao diabo.
Foi assim que Israel conheceu que tudo fazia parte do grande plano de Deus.
Conclusão
Eu desejo concluir relendo com você os vs. 9-13
Desse modo falou Moisés aos filhos de Israel, mas eles não atenderam a Moisés, por causa da ânsia de espírito e da dura escravidão.  10 Falou mais o Senhor a Moisés, dizendo:  11 Vai ter com faraó, rei do Egito, e fala-lhe que deixe sair de sua terra os filhos de Israel.  12 Moisés, porém, respondeu ao Senhor, dizendo: Eis que os filhos de Israel não me têm ouvido; como, pois, me ouvirá faraó? E não sei falar bem.  13 Não obstante, falou o Senhor a Moisés e a Arão e lhes deu mandamento para os filhos de Israel e para faraó, rei do Egito, a fim de que tirassem os filhos de Israel da terra do Egito.
Não obstante a fraqueza de seus corações, o Senhor continuou a falar, pois é por meio de sua Palavra que o Senhor nos ajuda em nossa falta de fé.
Não obstante a fraqueza de seus corações, o Senhor realizou a sua obra, o Senhor cumpriu sua Palavra e os libertou.
E tudo o que eles precisaram fazer? Nada, a não ser o se colocar sob a proteção do sangue do cordeiro.
Igreja do Senhor, às vezes o seu coração se sente fraco?
Às vezes você tem a impressão de que as promessas estão acontecendo às avessas?
Aquele despertamento espiritual parece cada vez mais distante?
A conversão daquela pessoa a quem ama, e por quem ora tanto?
Se o teu coração às vezes se sente fraco, se a tua fé quer esmorecer, se a angústia é grande, filhinho do Senhor, lembre-se de que você não precisa ser um “super-crente”.
Simplesmente confie no sangue de Jesus, que foi derramado por você, e saiba que mediante a aliança que Deus tem com você no sangue de Jesus, ele cumprirá todas as boas palavras que tem dado a você.

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[1] Neste último domingo eu não preguei; mas um querido amigo me lembrou desta mensagem que eu pregara há alguns anos, e assim fui motivado a publicá-la aqui, desejoso de edificar meus irmãos leitores do blog.
[2] 1ª Co 5:7
[3] Cl 1:13, 14

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