IPC em Pda. de Taipas
Manhã de domingo, 1º de março de
2015
Queridos irmãos, vamos ler Números
cap. 12
Falaram Miriã e Arão
contra Moisés, por causa da mulher cuxita que tomara; pois tinha tomado a
mulher cuxita. 2 E disseram: Porventura, tem falado o SENHOR somente
por Moisés? Não tem falado também por nós? O SENHOR o ouviu. 3 Era o
varão Moisés mui manso, mais do que todos os homens que havia sobre a terra. 4
Logo o SENHOR disse a Moisés, e a Arão, e a Miriã: Vós três, saí à tenda da
congregação. E saíram eles três. 5 Então, o SENHOR desceu na coluna
de nuvem e se pôs à porta da tenda; depois, chamou a Arão e a Miriã, e eles se
apresentaram. 6 Então, disse: Ouvi, agora, as minhas palavras; se
entre vós há profeta, eu, o SENHOR, em visão a ele, me faço conhecer ou falo
com ele em sonhos. 7 Não é assim com o meu servo Moisés, que é fiel
em toda a minha casa. 8 Boca a boca falo com ele, claramente e não
por enigmas; pois ele vê a forma do SENHOR; como, pois, não temestes falar
contra o meu servo, contra Moisés? 9 E a ira do SENHOR contra eles
se acendeu; e retirou-se. 10 A nuvem afastou-se de sobre a tenda; e
eis que Miriã achou-se leprosa, branca como neve; e olhou Arão para Miriã, e
eis que estava leprosa. 11 Então, disse Arão a Moisés: Ai! Senhor
meu, não ponhas, te rogo, sobre nós este pecado, pois loucamente procedemos e
pecamos. 12 Ora, não seja ela como um aborto, que, saindo do ventre
de sua mãe, tenha metade de sua carne já consumida. 13 Moisés clamou
ao SENHOR, dizendo: Ó Deus, rogo-te que a cures. 14 Respondeu o
SENHOR a Moisés: Se seu pai lhe cuspira no rosto, não seria envergonhada por
sete dias? Seja detida sete dias fora do arraial e, depois, recolhida. 15
Assim, Miriã foi detida fora do arraial por sete dias; e o povo não partiu
enquanto Miriã não foi recolhida. 16 Porém, depois, o povo partiu de
Hazerote e acampou-se no deserto de Parã.
Em Êxodo 12:38 está escrito que, quando o povo de
Israel saiu do Egito, foi acompanhado por um grupo muito grande de pessoas de
outras nações.
E aqui lemos que Moisés tomou para si uma mulher
deste grupo, uma etíope[1].
Moisés não pecou com isto, pois estes estrangeiros
estavam implicitamente seguindo ao Deus de Israel; e além disto, os próprios
israelitas conheciam o coração do estrangeiro, pois eles mesmos o tinham sido no
Egito, e deveriam amar os estrangeiros entre eles[2].
No entanto, o ato de Moisés foi visto com desprezo.
Nós podemos estranhar, pois àquela altura Moisés
deveria ser muito respeitado por todos, mas a natureza humana é terrivelmente
ingrata.
E Arão e Miriã (além de irmãos de Moisés, ele,
sumo-sacerdote, e ela, uma profetiza), falaram contra o pastor do seu rebanho[3].
Segundo eles, Moisés estava pensando ser o único a
quem Deus usava, e isto parecia estar lhe dando o direito de fazer o que
quisesse.
Do v. 3 em diante nós lemos que o Senhor ficou
irado e repreendeu fortemente aos dois murmuradores. Miriã até mesmo ficou
leprosa.
Há muitas lições preciosas para o nosso dia a dia,
que podemos aprender deste acontecimento.
Uma delas é que Deus não tem prazer, e até mesmo se
ira, se os seus filhos falam mal uns dos outros[4].
Outra é que o pecado nos afasta de Deus, nos afasta
uns dos outros e também prejudica a igreja – pois Israel não pode continuar a
sua caminhada enquanto o pecado de Miriã não foi tratado.
Mas o que desejo destacar para a nossa edificação
nesta hora é o testemunho que o Espírito Santo nos dá aqui sobre Moisés, no v. 3:
Era o varão Moisés mui
manso, mais do que todos os homens que havia sobre a face da terra.
Vamos falar sobre mansidão.
1. Mansidão é uma virtude
que agrada a Deus
No Salmo 37:11, nós lemos que os mansos herdarão a
terra.
Depois, em Mt 5:5, no Sermão do Monte, Jesus repete
o mesmo ensino.
Bem aventurados os
mansos, porque eles herdarão a terra.
Quando escreveu a respeito do fruto do Espírito
Santo no coração do crente em Jesus, Paulo acrescentou:
Gl 5:22, 23
Mas o fruto do Espírito
é: amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, 23
mansidão, domínio próprio. Contra estas coisas não há lei.
E em Mt 11:28, 29 nós lemos o convite de Jesus
Vinde a mim, todos os
que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei. 29 Tomai
sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração;
e achareis descanso para a vossa alma.
O que aprendemos com isto?
Entre outras coisas, que mansidão não é uma
característica que temos em nossa própria natureza, mas que se nós andarmos com
Deus, aprendemos com ele.
Jesus disse para aprendermos dele, pois ele é
humilde e manso de coração. Paulo acrescenta que quando seguimos a Jesus,
conduzidos pelo Espírito Santo que habita em nossos corações, e que nos fala
através das Escrituras e através de seus ensinos, à nossa consciência, nós
aprendemos a ser mansos como Jesus.
Moisés foi sempre um homem manso?
Se você voltar a muitos anos antes deste momento
registrado aqui em Números 12, verá que não.
Êxodo 2 nos conta que um dia Moisés, que havia sido
criado na corte egípcia, foi visitar aos seus irmãos hebreus.
Ele viu um egípcio maltratando um hebreu, e zeloso
pelo seu povo, matou o egípcio, e precisou fugir do Egito.
Estevão nos diz que Moisés tinha boas intenções,
mas com toda a sua boa intenção ele fez tudo errado[5].
Então Moisés passou quarenta anos no deserto, sabendo
que de si mesmo não podia cuidar dos seus irmãos.
Foi tempo de quebrantamento do seu orgulho, de
aprendizado.
Mansidão é resultado do “ego” orgulhoso e cheio de
si, “mandão e briguento”, ter sido quebrantado.
Notem, irmãos, que mansidão não é fraqueza,
covardia ou qualquer coisa neste sentido.
Paulo aprendeu a ser manso, e Davi, e José. Mas
nenhum destes homens foi fraco ou medroso. Antes, são nossos heróis.
Mas ao mesmo tempo, estes homens não foram “donos
de si mesmos”, das situações, tampouco “donos” de seus irmãos.
Antes, foram homens humildes de coração, à
semelhança do nosso Salvador.
Mas em
segundo lugar, consideremos...
2. Duas características
de um homem manso
2.1. É alguém que não está preocupado consigo mesmo
Quando falaram contra Moisés, ele simplesmente não
se impacientou, não reagiu, “não deu o troco”.
Ele não defendeu a sua própria reputação, não
defendeu seu próprio nome, não defendeu os seus próprios direitos.
Neste sentido, eu acho muito interessante o
comportamento de Davi registrado em 2º Sm 16:11, 12
Disse mais Davi a
Abisai e a todos os seus servos: Eis que meu próprio filho procura tirar-me a
vida, quanto mais ainda este benjamita? Deixai-o; que amaldiçoe, pois o SENHOR
lhe ordenou. 12 Talvez o SENHOR olhará para a minha aflição e o
SENHOR me pagará com bem a sua maldição deste dia.
Desde o cap. 15 (aqui de 2º Samuel) nós lemos que o
rei Davi precisou fugir de Jerusalém, pois Absalão, através de muitas intrigas conseguiu
fazer com que o povo da cidade se voltasse contra o rei.
E aqui, desde o v. 5, lemos que a certa altura, um
homem chamado Simei, começou a atirar pedras no rei, e amaldiçoá-lo, chamando-o
de assassino. E dizia que era bem-feito o que estava acontecendo.
Então Abisai, um dos fieis a Davi se aproximou e
disse:
- “Quem é
este cão morto para amaldiçoar ao meu senhor? Deixe-me tirar a cabeça dele...”.
E os vs. que lemos são a resposta de Davi:
- “Deixe que
ele amaldiçoe. Tudo o que está acontecendo é plano de Deus. Quem sabe o Senhor
não verá a minha aflição, e tornará em bênção toda esta maldição...?”.
Ele simplesmente se colocou nas mãos de Deus.
E é irmãos, a mesma atitude que devemos aprender.
Mas temos um exemplo ainda maior:
2ª Pe 2:20-23
Pois que glória há, se,
pecando e sendo esbofeteados por isso, o suportais com paciência? Se,
entretanto, quando praticais o bem, sois igualmente afligidos e o suportais com
paciência, isto é grato a Deus. 21 Porquanto para isto mesmo fostes
chamados, pois que também Cristo sofreu em vosso lugar, deixando-vos exemplo
para seguirdes os seus passos, 22 o qual não cometeu pecado, nem
dolo algum se achou em sua boca; 23 pois ele, quando ultrajado, não
revidava com ultraje; quando maltratado, não fazia ameaças, mas entregava-se
àquele que julga retamente.
2.1. Outra característica: um coração compassivo
No v. 13 de nosso texto nós lemos que Moisés pediu
ao Senhor acerca de Miriã:
- “Ó
Deus, rogo-te que a cures”.
Perdoar, abençoar e interceder diante de Deus em
favor daqueles que lhes fazem mal é bem característico dos filhos de Deus.
Você se lembra de quais foram as últimas palavras
de Estevão, aquele querido diácono da antiga Igreja de Jerusalém? Ele foi o
primeiro cristão a morrer por sua fé.
E enquanto morria, orou ao Senhor em favor dos seus
assassinos: “Senhor, não lhes imputes
este pecado”. E com estas palavras, adormeceu[6].
Com isto ele estava imitando ao próprio Senhor
Jesus, que pendurado ali na cruz, levando sobre si o castigo dos nossos
pecados, orou em favor daqueles que o maltratavam:
- “Pai,
perdoai-lhes, porque não sabem o que fazem” [7].
Ora, a mesma atitude, o Senhor nos ensina, devemos
ter todos nós, como discípulos dele:
Mt 5:44, 45
Eu, porém, vos digo:
amai os vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem; 45 para que
vos torneis filhos do vosso Pai celeste, porque ele faz nascer o seu sol sobre
maus e bons e vir chuvas sobre justos e injustos.
Agora eu desejo citar...
3. O resultado da
mansidão
Na verdade, é apenas um resultado, que se manifesta
de muitas maneiras: o homem manso tem comunhão com Deus.
Mansidão, por um lado, é resultado da comunhão com
Deus, de aprender de Deus, de ter um coração quebrantado e humilde.
Por outro lado, a mansidão estreita a nossa
comunhão com Deus.
E aqui nós vemos duas manifestações desta comunhão.
O v. 3 nos diz que Moisés era o homem mais manso da
terra. Ele não deu resposta alguma quando Arão e Miriã falaram mal dele.
Mas o final do v. 2: “O Senhor o ouviu”, isto é, ouviu Arão e Miriã maldizendo.
E então:
3.1. O Senhor defendeu a Moisés
Primeiro, os vs. 4-8 dizem que o Senhor repreendeu
duramente os maldizentes. Que eles não se deixassem convencer, que não se
tornassem presunçosos, apenas porque eram profetas do Senhor.
Depois, nos vs. 9 e 10, lemos que o Senhor
retirou-se, irado, e Miriã ficou leprosa.
Interessante, irmãos, que no v. 14, o Senhor, ao
dizer que Miriã “estava de castigo”, se compara com um pai que humilha a filha.
Ao mesmo tempo em que isto é uma “palavra dura”, no
sentido de que não é fácil suportar, é também uma palavra doce, pois ele está
dizendo que Miriã é sua filha.
Ora, o Senhor
corrige a quem ama, e castiga a todo o filho que recebe [8].
Quando leio esta história, eu sempre me lembro de
um pastor, lá em Manaus. Foi o homem que levou minha esposa a conhecer a
Cristo. Ele se chamava Hernani.
Mas eu o ouvi contando certa ocasião, que certo
homem estava muito bravo com ele. É que a esposa deste homem havia “se tornado
crente”, e este pastor é quem a tinha evangelizado.
Agora, todo domingo a esposa queria ir para a
igreja, e era culpa do pastor. Em sua ira ele deu “um tapa” no rosto do pastor
Hernani.
E nosso querido irmão (que também era “lutador de
caratê”), simplesmente orou dizendo: “Senhor, eu me coloco nas tuas mãos”.
O homem furioso foi embora. E alguns dias depois
voltou ao pastor, para pedir perdão. É que sua mão havia ficado paralítica. Não
conseguia mais movimentá-la.
Bem, irmãos, é claro que o pastor Hernani perdoou
aquele homem, e orou por ele.
Isto ilustra o fato de que, de uma forma ou de
outra, o Senhor se coloca do lado dos seus.
Não pensem vocês que aquelas pessoas que estão
sendo cruelmente mortas nestes dias, ou em qualquer tempo, só pelo fato de serem
cristãs, não terão o seu galardão. Pois assim como Estevão, estão sendo
recebidas pelo Pai celestial.
E os que as maltratam, não pense que o Senhor não
está vendo. Também terão a sua “recompensa”.
2.2. O Senhor ouviu a oração de Moisés
Os vs. 14 e 15 nos dizem que Deus respondeu à
oração de Moisés. Ele disse que Miriã primeiro “iria ficar de castigo” fora do
acampamento sete dias (quando uma pessoa ficava leprosa não podia ter contato
com outras, enquanto não fosse curada), mas que depois de sete dias poderia ser
trazida de volta, isto é, estaria curada.
Estas são duas manifestações deste fruto da
mansidão, que é a comunhão com Deus: o Senhor defende os seus, e ouve as suas
orações.
Conclusão e aplicação
Eu desejo encerrar nossa meditação com esta promessa
de Deus aos que andam em mansidão:
Sl 37:4-8
Agrada-te do SENHOR, e
ele satisfará os desejos do teu coração. 5 Entrega o teu caminho ao
SENHOR, confia nele, e o mais ele fará. 6 Fará sobressair a tua
justiça como a luz e o teu direito, como o sol ao meio-dia. 7
Descansa no SENHOR e espera nele, não te irrites por causa do homem que
prospera em seu caminho, por causa do que leva a cabo os seus maus desígnios. 8
Deixa a ira, abandona o furor; não te impacientes; certamente, isso acabará mal.
Sl 37:11
Mas os mansos herdarão
a terra e se deleitarão na abundância de paz.
Irmão querido, você é uma pessoa mansa? É uma
pessoa humilde, perdoadora, intercessora, cordata? Você é uma pessoa que se
cala quando ultrajada, colocando tudo nas mãos de Deus, ou é do tipo que “não
leva desaforo pra casa”?
Veja, eu não estou dizendo que você deve se tornar
um fraco, ou que não deva zelar pela casa de Deus ou pelo amor ao evangelho.
Não estou dizendo que você não deva zelar pela manutenção da justiça. Mas que
você deve ser uma pessoa que não se preocupa com o seu próprio ego, deixando
tudo nas mãos de Deus.
Pois, para que Deus seja honrado, para que ele nos
defenda, para que ele seja tudo em todos, devemos aprender a mansidão.
Nós temos habitando dentro de nós o Espírito
daquele que é manso e humilde de coração, e podemos aprender.
Às vezes, para que nós aprendamos, à semelhança de
Moisés, precisamos passar pelos nossas desertos.
Se você está “no deserto”, isto é, na solidão, na
terra da improdutividade, se você está se sentindo como terra seca, aproveite
para aprender, até que o Senhor te restabeleça.
Tome consigo esta resolução: nos meus
relacionamentos em casa, nos meus relacionamentos no trabalho, nos meus
relacionamentos na escola, nos meus relacionamentos na igreja, nas “mídias
sociais”, vou seguir nos passos de Jesus, manso e humilde de coração.
Ajuda-nos, Senhor. Amém.
Nenhum comentário:
Postar um comentário