3ª IPC de Guarulhos
Domingo, 29 de abril de 2018
Pr. Plínio Fernandes
Amados irmãos, vamos ler Jeremias
18:1-6
“Palavra
do SENHOR que veio a Jeremias, dizendo: 2
Dispõe-te, e desce à casa do oleiro, e lá ouvirás as minhas palavras. 3 Desci à casa do oleiro, e eis
que ele estava entregue à sua obra sobre as rodas. 4 Como o vaso que o oleiro fazia
de barro se lhe estragou na mão, tornou a fazer dele outro vaso, segundo bem
lhe pareceu. 5 Então, veio a
mim a palavra do SENHOR: 6
Não poderei eu fazer de vós como fez este oleiro, ó casa de Israel? -- diz o
SENHOR; eis que, como o barro na mão do oleiro, assim sois vós na minha mão, ó
casa de Israel.”
Ao sul de Jerusalém, num lugar
chamado “Vale de Hinon”, havia uma região conhecida como o “Campo do Oleiro”.
Era um centro manufatureiro de cerâmica.
Naquela época não havia objetos
de plástico, e os de pedra, vidro ou metal eram muito caros.
Por isto a argila, um material
abundante e versátil, era largamente empregada, para se fazer copos, bacias,
vasos, jarras para leite, vinho, cerveja, água; xícaras, lamparinas, tigelas,
potes, pratos – tudo era feito de argila naquele lugar.
O oleiro tomava uma porção de
argila, misturava com água, colocava sobre as rodas de um torno vertical, e à
medida em que o torno girava, ele ia dando àquela massa a forma que desejasse.
Depois pintava e colocava para secar.
Pois bem, um dia o Espírito Santo
disse a Jeremias:
– “Levante-se, vá à casa do oleiro, e lá você ouvirá a minha palavra”.
Jeremias fez como o Senhor
ordenou. Na casa do oleiro, ficou observando o homem trabalhando.
De repente, o vaso se estragou,
se deformou em sua mão. O oleiro não desistiu: amassou o barro e começou de
novo, para fazer o vaso que desejava.
Então, através do que viu,
Jeremias ouviu a Palavra do Senhor:
v.
6 - “Não poderei eu fazer de vós como fez este oleiro, ó casa de Israel? - diz
o Senhor; eis que, como o barro na mão do oleiro, assim sois vós na minha mão,
ó casa de Israel.”
– “Israel, meu povo, meus filhos, minha
igreja, será que eu não tenho o direito e o poder de fazer com a vida de vocês
da mesma maneira que este oleiro faz com o barro em suas mãos? Assim como o
barro nas mãos do oleiro, assim são vocês nas minhas mãos”.
Numa
belíssima metáfora, o Senhor afirma sua total soberania sobre a vida humana:
sobre as nações, e também a sua total soberania sobre a vida de cada um de nós.
O Espírito diz que Deus é
soberano sobre a nossa vida. Vamos meditar sobre esta verdade maravilhosa.
1.
Todo o nosso ser, toda a nossa vida, está nas mãos do Senhor Deus - v.6
– “Assim como o barro está nas mãos do oleiro que, tomando a argila, a
mistura com água, a amassa, a coloca sobre as rodas, e faz dela um utensílio,
assim são vocês nas minhas mãos...”
Nossa vida, meus amados, não
pertence a nós mesmos.
Leiamos Jr 10:23
“Eu sei, ó Senhor, que não cabe
ao homem determinar o seu caminho, nem ao que caminha o dirigir os seus
passos.”
Se nossa vida não nos pertence,
se não está em nossas mãos o dirigir o nosso destino, estaremos então à mercê
do acaso, como uma folha que voa ao sabor do vento?
Não! Nós pertencemos a Deus. Dentro deste
contexto, há uma passagem bastante conhecida nossa, que vale a pena citar:
Sl 139:13-16
“Pois
tu formaste o meu interior tu me teceste no seio de minha mãe. 14 Graças te dou, visto que por
modo assombrosamente maravilhoso me formaste; as tuas obras são admiráveis, e a
minha alma o sabe muito bem; 15
os meus ossos não te foram encobertos, quando no oculto fui formado e
entretecido como nas profundezas da terra.
16 Os teus olhos me viram a substância ainda informe, e no
teu livro foram escritos todos os meus dias, cada um deles escrito e
determinado, quando nem um deles havia ainda.”
Sempre que menciono esta
passagem, gosto de enfatizar que a formação de nosso ser, lá no ventre de nossa
mãe, desde o momento de nossa concepção, quando as células de nossos pais se
encontraram, é obra das mãos do Senhor.
Nós somos criação de Deus. A
nossa aparência física é obra das mãos do Senhor.
Mas o que eu gostaria de destacar
agora é o v. 16b:
“Os teus olhos me viram a substância ainda informe, e no teu livro
foram escritos todos os meus dias, cada
um deles escrito e determinado, quando nem um deles havia ainda.”
Cada um dos nossos dias foi
antecipadamente escrito e determinado por Deus.
Cada um dos nossos passos está
nas mãos de Deus, o nosso destino está nas mãos de Deus.
Nada disto cabe a nós determinar:
o nosso trabalho, o lugar do nascimento, a família, o lugar onde morar, os
amigos, o casamento, a saúde, tudo.
Até hoje, tudo quanto aconteceu
na sua vida, está nas mãos de Deus, no presente, tudo está nas mãos de Deus, o
futuro está nas mãos de Deus. Até mesmo as profundezas do nosso ser, as
inclinações últimas do coração, estão nas mãos do Senhor:
Sl 33:13-15
“O
SENHOR olha dos céus; vê todos os filhos dos homens; 14 do lugar de sua morada, observa
todos os moradores da terra, 15
ele, que forma o coração de todos eles,
que contempla todas as suas obras.”
“Ele, que forma o coração de todos eles, que contempla todas as suas
obras.” As decisões, as boas disposições da mente, as atitudes, ele é quem
opera em nós.
Até a conversão de nossa vida a
ele é obra de suas mãos, concedendo-nos o arrependimento, a fé, o entendimento
espiritual:
At 16:14
“Certa
mulher, chamada Lídia, da cidade de Tiatira, vendedora de púrpura, temente a
Deus, nos escutava; o Senhor lhe abriu o
coração para atender às coisas que Paulo dizia.”
2.
O nosso ser, a nossa vida, o Senhor dirige como melhor lhe parece - v. 4b
“Como
o vaso que o oleiro fazia de barro se lhe estragou na mão, tornou a fazer dele
outro vaso, segundo bem lhe pareceu.”
Deus dirige a nossa vida de
acordo com o propósito de sua vontade.
Há três afirmações da Bíblia que
desejo mencionar, que nos mostram o propósito de Deus ao dirigir a vida dos
seus ecolhidos:
2.1. Isaías 43:7 – nós o povo de
Deus, fomos criados para a glória dele
“A
todos os que são chamados pelo meu nome, e os que criei para minha glória, e
que formei, e fiz.”
A principal razão da sua
existência é esta: Deus criou você para o louvor de sua glória, isto é, para
que através de sua vida o nome dele seja honrado, exaltado.
Agora veja: vamos supor que
alguém contrate um profissional para que realize algum trabalho. Um pintor, por
exemplo. Você o contrata para pintar sua casa. Então ele vem e realiza seu
trabalho.
Se ele realizar bem o seu
trabalho, o nome dele será honrado, você falará dele para outras pessoas e o
recomendará, não é mesmo? Mas se ele for um mau trabalhador, e alguém lhe pedir
informações a respeito dele, você terá coragem de recomendar este mal
profissional? É claro que não.
Amados, se Deus nos criou para a
glória do seu nome, é evidente que ele nos criou do melhor modo, que ele está
realizando em nós o mais excelente trabalho, pois não deseja que por nossa
causa o seu nome seja blasfemado.
Por isto conscientemente devemos
viver para glorificar a Deus (Is 43:21)
2.2. Romanos 9:21-24 – Nós somos vasos
de misericórdia
“Ou
não tem o oleiro direito sobre a massa, para do mesmo barro fazer um vaso para
honra e outro, para desonra? 22
Que diremos, pois, se Deus, querendo mostrar a sua ira e dar a conhecer o seu
poder, suportou com muita longanimidade os vasos de ira, preparados para a
perdição, 23 a fim de que
também desse a conhecer as riquezas da sua glória em vasos de misericórdia, que
para glória preparou de antemão, 24
os quais somos nós, a quem também chamou, não só dentre os judeus, mas também
dentre os gentios?”
Aqui, o apóstolo está dando um
passo adiante, além do fato de que o Senhor é o nosso criador.
Está explicando que, por causa do
pecado de nossos primeiros pais, Adão e Eva, todos nós nascemos também com uma
natureza pecaminosa, inclinada a fazer o que é mau, e que por causa disto, se
Deus condenasse a todos nós à perdição eterna, ainda assim ele continuaria
sendo justo.
Ele endurece a quem quer, e tem
misericórdia de quem quer. Ao contemplar a dureza do coração de Faraó, decidiu
deixá-lo entregue à sua própria dureza.
Mas, e quanto a nós, o que Deus
fez? Ele, que tem todo o direito de nos condenar, de fazer de nós, vasos de sua
ira, de nos condenar à perdição eterna, decidiu fazer de nós, os que nele
cremos e dele nos aproximamos por meio de seu Filho, Jesus Cristo, vasos de misericórdia,
pessoas destinadas a receber sua misericórdia, seu perdão, sua salvação.
Vasos de misericórdia; e
misericórdias que não tem fim – o que me vem à mente é um vaso no qual uma
pessoa começa a derramar água, para enchê-lo. Então ela enche o vaso, mas
continua a derramar esta água, de modo que ela transborda, e vai se derramando
para fora, e a pessoa continua a derramar água, como num chafariz que jamais
deixa de fluir.
Lm 3:22, 23
“As
misericórdias do SENHOR são a causa de não sermos consumidos, porque as suas
misericórdias não têm fim; 23 renovam-se cada manhã. Grande é a tua
fidelidade.”
As misericórdias do Senhor não têm fim. Agora veja o contexto em
que ele diz isto – ele está sofrendo, por causa da desobediência à Palavra do
Senhor (1:18), mas reconhece que até seu sofrimento é por causa da misericórdia
de Deus, que através desse sofrimento o leva de volta aos seus caminhos.
Lm 3:34-33
“A
minha porção é o SENHOR, diz a minha alma; portanto, esperarei nele. 25
Bom é o SENHOR para os que esperam por ele, para a alma que o busca. 26
Bom é aguardar a salvação do SENHOR, e isso, em silêncio. 27 Bom é
para o homem suportar o jugo na sua mocidade. 28 Assente-se
solitário e fique em silêncio; porquanto esse jugo Deus pôs sobre ele; 29
ponha a boca no pó; talvez ainda haja esperança. 30 Dê a face ao que
o fere; farte-se de afronta. 31 O Senhor não rejeitará para sempre; 32
pois, ainda que entristeça a alguém, usará de compaixão segundo a grandeza das
suas misericórdias; 33 porque não aflige, nem entristece de bom
grado os filhos dos homens”.
Tudo na tua vida, cada instante,
não é somente para a glória de Deus, mas é também debaixo da graça de Deus, de
seu perdão, bondade e amor.
Por isto Paulo diz em Rm 8:28,
que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que
foram chamados de acordo com seu propósito.
2.3. 1ª Pe 3:7 – Somos herdeiros da
graça de vida
“Maridos,
vós, igualmente, vivei a vida comum do lar, com discernimento; e, tendo
consideração para com a vossa mulher como parte (vaso) mais frágil, tratai-a
com dignidade, porque sois, juntamente, herdeiros da mesma graça de vida, para
que não se interrompam as vossas orações.”
A mulher deve ser considerada
pelo homem como o vaso mais frágil, de constituição mais delicada.
A idéia é que o homem tem nas
mãos um bem precioso, e sabe daquelas coisas preciosas e delicadas, nas quais
há uma embalagem que diz: “Cuidado! Frágil!”? Assim o marido deve cuidar de sua
esposa.
Mas o que desejo enfatizar é que,
segundo este texto, tanto o homem quanto a mulher são vasos nas mãos do Senhor,
e como vasos, herdeiros da graça de vida, ou vida da graça, isto é, herdeiros
da salvação eterna
3.
De nosso ser, de nossa vida, à qual o Senhor está dirigindo, moldando segundo
seu propósito, ele não desiste - v. 4
O vaso se estragou, se deformou
nas mãos do oleiro.
Certa vez um irmão estava me
explicando como acontece isto – o oleiro vai ao campo, do solo extrai a argila
com a qual irá trabalhar e a coloca sobre a roda.
Acontece que esta argila está
misturada com pedras, sujeiras, gravetos, e quando a argila começa a ser girada
e moldada, estas impurezas começam a vir para fora, para serem retiradas.
Muitas vezes é um pedaço de pedra tão grande que deixa um buraco no vaso que
está sendo moldado.
Então o oleiro amassa o barro de
novo e recomeça.
Irmãos, a analogia é óbvia: assim
também conosco, à medida em que Deus realiza sua obra em nós.
Ele nos tomou do lamaçal de uma
vida de pecado, e agora está a cada dia nos moldando, para sermos santificados
em toda a nossa maneira de ser, até que a imagem, o caráter de Cristo seja
formado em nós.
As nossas impurezas, as nossas
fraquezas, vão aparecendo, vêm à tona, à medida em que o Espírito de Deus
trabalha em nós
E a obra de Deus em nós produz
aquilo que muitos teólogos chamam “quebrantamento”.
Por quebrantamento nos referimos
àquela obra que Deus realiza através da Palavra, das circunstâncias, dos
amigos, e que nos leva a reconhecer que não somos nada de nós mesmos, ao
contrário, se somos grandes em alguma coisa é em pecado.
É aquela obra que nos leva a ser
arrependidos, mansos, humildes, capazes de aprender, capazes de perdoar,
benignos e ternos, como o Senhor Jesus
E quando permitimos que Deus nos
quebrante, percebemos quão grande é a sua graça para conosco.
2ª Co 4:7 – Vasos de barro
“Temos,
porém, este tesouro em vasos de barro, para que a excelência do poder seja de
Deus e não de nós.”
O tesouro ao qual o apóstolo
Paulo se refere é, usando as palavras dele, o conhecimento da glória de Deus
através de Jesus Cristo, que nos orienta, nos ilumina, nos santifica, por meio
do Espírito Santo que habita em nós
Este grande tesouro está em vasos
frágeis, quebradiços, mas está, e não vai nos deixar nunca.
– “Nunca te deixarei, jamais te abandonarei” (Hb 13:5)
Eu acho que uma das mais belas
ilustrações desta verdade é o que Jesus fez com Pedro após sua morte e
ressurreição – a maneira como ele o restaurou completamente.
Deus não desiste de nós. Deus não
desiste de nos amar.
Conclusão
e aplicação
Nossa vida e destino estão nas
mãos do Senhor
Ele decidiu fazer de nós, para
sua gloria, vasos de misericórdia, herdeiros da vida eterna.
Embora sendo tão pecadores,
propensos ao erro, ele não desiste de nós. Trabalha incessantemente, para nos
purificar, para nos santificar, para fazer de nós vasos de honra para o seu
nome.
O que esta doutrina deve provocar em
nós?
1. Uma inabalável confiança no
amor, sabedoria e providência de Deus, em todas as circunstâncias de nossa
vida. Deus nos ama, ele sabe o que faz, e em tudo está nos moldando segundo o
seu querer – 2ª Co 4:7-9, 16
“Temos, porém, este tesouro em vasos
de barro, para que a excelência do poder seja de Deus e não de nós. 8
Em tudo somos atribulados, porém não angustiados; perplexos, porém não
desanimados; 9 perseguidos, porém não desamparados; abatidos, porém
não destruídos”
“Por
isso, não desanimamos; pelo contrário, mesmo que o nosso homem exterior se
corrompa, contudo, o nosso homem interior se renova de dia em dia.”
2. Uma busca constante por uma
vida santa, pura, separada do pecado, para que conscientemente glorifiquemos a
Deus com nossa vida – 2ª Tm 2:20,21
“Ora,
numa grande casa não há somente utensílios de ouro e de prata; há também de
madeira e de barro. Alguns, para honra; outros, porém, para desonra. 21 Assim, pois, se alguém a si
mesmo se purificar destes erros, será utensílio para honra, santificado e útil
ao seu possuidor, estando preparado para toda boa obra.”
3. Uma atitude de gratidão e
submissão aos propósitos de Deus. Não temos o direito de nos rebelar contra
alguém que é todo poderoso, todo amor e todo sabedoria – Is 45:7
“Ai
daquele que contende com o seu Criador! E não passa de um caco de barro entre
outros cacos. Acaso, dirá o barro ao que lhe dá forma: Que fazes? Ou: A tua
obra não tem alça?.”
4. Uma
atitude de louvor em todo o tempo – Is 43:21
Pois somos que, diz o Senhor, “...que formei para mim, para celebrar o meu
louvor” (Is 43:21).
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