IPC em Pda. de Taipas
Domingo, 14 de setembro de 2014
Meus amados irmãos, vamos ler Gálatas
1:6-9
Admira-me que estejais passando tão depressa daquele que vos chamou na
graça de Cristo para outro evangelho, 7 o qual não é outro, senão que há alguns que vos perturbam e querem
perverter o evangelho de Cristo. 8 Mas, ainda que nós ou mesmo um
anjo vindo do céu vos pregue evangelho que vá além do que vos temos pregado,
seja anátema. 9 Assim, como já dissemos, e agora
repito, se alguém vos prega evangelho que vá além daquele que recebestes, seja
anátema.
Cristo se entregou a si mesmo
pelos nossos pecados. Em seu amor ele morreu em nosso lugar, levando sobre si o
castigo que era nosso. Na morte de Jesus, ele morreu a nossa morte, para que já
não mais caia sobre nós o castigo de eterna condenação. E ressuscitou para que,
unidos a ele pela fé, possamos viver para Deus em novidade de vida. Essa é a
Palavra do Evangelho, a boa notícia que a Bíblia nos trás sobre a salvação de
nossas almas.
Nós somos evangélicos! Somos
pessoas conhecidas e chamadas como povo que crê, obedece e vive de acordo com
esta mensagem do evangelho de Jesus Cristo. Como evangélicos, somos portadores,
em nossa mente e coração, desta mensagem especial e única. Somos portadores de
uma fé que nos trouxe ao conhecimento do amor de Jesus Cristo tem por nós. Somos
portadores de uma fé que nos torna livres da escravidão ao mal, ao pecado e às
forças espirituais das trevas. Somos portadores de uma fé que nos leva a
conhecer por experiência a bondade de Deus para conosco.
O evangelho é uma mensagem
maravilhosa: ele nos dá salvação da alma; ele nos dá perdão dos pecados. Vida
eterna nos céus, vida transformada na Terra. Vida de santidade. Ele nos dá
alegria. O evangelho é o maior tesouro que um homem pode ter, a sua maior
riqueza. Ter o evangelho é ter o reino de Deus.
Agora, a palavra “evangelho” quer
dizer “boa notícia”, é uma mensagem, uma palavra de Deus. Sendo assim é, este
tesouro não pode ser guardado em cofres de banco, mas um tesouro que se guarda
no coração e na mente, em nosso ser interior, em nossa alma.
Acontece que, assim como existem
ladrões que roubam os tesouros terrenos, existe um ladrão, a quem a Bíblia
chama de Satanás, que busca roubar este tesouro das almas humanas. Satanás,
aquele príncipe do mal, cujo nome, quer dizer “adversário”, “inimigo”. Ele
tenta tirar o evangelho dos corações humanos, para que os homens não creiam e
sejam salvos.
Como o evangelho é uma mensagem, e
assim um tesouro que se guarda no coração, o ladrão de almas tenta atacar do coração
humano, através da mente, para que o evangelho não possa frutificar ali.
O adversário faz isto com todos os
homens: ele ataca a mente e o coração dos que não conhecem o poder do
evangelho, cegando o entendimento deles, no intuito de fazer com que não venham
a crer (2ª Co 4:3,4). Ele usa de todas as formas de mentira para isto; ele até
mesmo faz com que as pessoas pensem que ser evangélico é perigoso para a alma. Certa
vez, quando trabalhava como missionário em Manaus, eu li uma “instrução
doutrinária para cristãos”, onde o escritor dizia que quando o diabo quer
enganar o cristão ele faz duas coisas: uma delas é tentar levar o cristão a ser
maçom, a outra é levar o cristão a ler a Bíblia e virar crente.
Mas ele ataca também a mente e o
coração daqueles que já creem no evangelho. Dali ele também tenta arrancar esta
mensagem de salvação.
E de que forma ele ataca? Nem
sempre se apresenta de forma grotesca, dizendo que o evangelho não é verdade. O
que ele faz é tentar alterar o evangelho, mudar o seu conteúdo, acrescentando
outras coisas, ou tirando algumas, e desta maneira, o evangelho, deixando de
ser puro, se tornaria ineficaz. Continua a parecer com evangelho, mas não é
mais. Nas palavras de Paulo, é “outro evangelho”, e assim já não é mais o
genuíno, já não é mais o mesmo.
Para fazer uma comparação: se uma
pessoa coloca água no suco de uma fruta e vende como se fosse o suco puro, ou
uma pessoa que mistura querosene na gasolina e vende como se fosse gasolina
pura.
Assim também a vida do crente se
torna menos que evangélica. É disto que trata esta carta aos Gálatas. Quando
Paulo a escreveu, um perigo muito grande estava ameaçando a vida espiritual dos
crentes da Galácia. Um perigo que não era novo:
No cap. 2:4, ele menciona falsos
irmãos, “fiscais da liberdade” dos crentes, pessoas que ficavam como que à
espreita, e querendo reduzir a vida dos cristãos a uma fé escrava de obras
humanas. Em 2:11-13 ele diz que até mesmo Pedro e Barnabé, a certa altura de
suas vidas, deixaram-se envolver e se tornaram dissimulados.
E no cap. 1:6, vemos que agora os
crentes da Galácia estavam se afastando do evangelho, e se afastando assim da
graça de Deus.
Sim, irmãos, Satanás quer tornar a
nossa vida menos que evangélica. Ele quer tirar as coisas que Deus nos dá em
sua graça. Ele quer tirar sua fé, roubar sua alegria, seu espírito de louvor e
adoração, sua liberdade em Cristo, ele quer que você não receba o que Deus tem
para te dar. Ele quer de novo colocar sobre você um jugo de escravidão.
Nesta carta Paulo está ensinando
os crentes como guardar o evangelho no coração, como não deixar que ele seja
roubado. Como desfrutar do evangelho em sua plenitude. Como guardar o
evangelho?
Lembrando que o lugar que Satanás
ataca é o nosso coração, através da nossa mente, o que precisamos fazer é alimentar
e fortalecer o nosso entendimento.
1.
Entenda o que é o evangelho
Leiamos novamente o v. 6
Admira-me que estejais passando tão depressa daquele que vos chamou na
graça de Cristo para outro evangelho
Depois de ter anunciado, nos vs. anteriores,
que Cristo morreu para nos livrar deste mundo mau, o Espírito nos diz que o
evangelho, isto é, a boa notícia, é o evangelho da graça de Cristo.
O que isto significa? O que quer
dizer? Significa que Jesus Cristo, o Filho de Deus, tem para conosco uma
disposição bondosa, amorosa, favorável, de acordo com a qual ele não nos trata
segundo os nossos pecados. Significa que, uma vez que cremos em Cristo como
aquele que se entregou por nós, Deus, em vez de nos punir por nossos erros, nos
abençoa ricamente.
Eu gostaria de provar isto com
três demonstrações bíblicas
1.1 – Uma declaração doutrinária
Ef 2:7-9
...para mostrar, nos séculos vindouros, a suprema riqueza da sua graça, em
bondade para conosco, em Cristo Jesus. 8 Porque pela graça sois salvos,
mediante a fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus; 9 não de obras, para que ninguém se glorie.
De acordo com esta Palavra aqui
registrada, isto é graça: é Deus ser bondoso para conosco, concedendo-nos a
salvação apenas porque cremos em Jesus, e não como recompensa por nossas obras.
E até mesmo a fé que temos é um dom da graça de Deus.
1.2 – Um fato histórico – Gn 28:10-16
Gn 28:10-17
Partiu Jacó de Berseba e seguiu para Harã. 11 Tendo chegado a certo lugar, ali
passou a noite, pois já era sol-posto; tomou uma das pedras do lugar, fê-la seu
travesseiro e se deitou ali mesmo para dormir. 12 E sonhou: Eis posta na terra uma
escada cujo topo atingia o céu; e os anjos de Deus subiam e desciam por ela. 13 Perto dele estava o
SENHOR e lhe disse: Eu sou o SENHOR, Deus de Abraão, teu pai, e Deus de Isaque.
A terra em que agora estás deitado, eu ta darei, a ti e à tua descendência. 14 A tua descendência
será como o pó da terra; estender-te-ás para o Ocidente e para o Oriente, para
o Norte e para o Sul. Em ti e na tua descendência serão abençoadas todas as
famílias da terra. 15 Eis que eu estou contigo, e te
guardarei por onde quer que fores, e te farei voltar a esta terra, porque te
não desampararei, até cumprir eu aquilo que te hei referido. 16 Despertado Jacó do seu
sono, disse: Na verdade, o SENHOR está neste lugar, e eu não o sabia. 17 E, temendo, disse:
Quão temível é este lugar! É a Casa de Deus, a porta dos céus.
Jacó estava fugindo da casa de seu
pai, depois de ter feito tudo errado: havia mentido para o seu pai e roubado
seu irmão. Seu modo de vida justificava o nome que tinha: enganador, usurpador.
Jacó era um espertalhão que não merecia nada, nem da parte dos homens nem da parte
de Deus, e agora precisou fugir de casa, pois seu irmão desejava matá-lo. Estava
colhendo o que plantara.
Mas Deus, graciosamente se revela
a Jacó, e lhe faz promessas graciosas, que se cumprem. Foi assim, pela graça, e
não por suas obras, que Jacó veio a conhecer a Deus. Mais tarde, em Romanos
cap. 9, Paulo explica que esta maneira graciosa de lidar com Jacó é também a
maneira pela qual ele lida com todos os seus escolhidos.
1.3 – Uma parábola de Jesus
Mt 22:10
E, saindo aqueles servos pelas estradas, reuniram todos os que encontraram,
maus e bons; e a sala do banquete ficou repleta de convidados.
Jesus está aqui concluindo uma
parábola, uma estória na qual destaca esta grande mensagem: o reino de Deus, a
salvação é uma dádiva da graça de Deus, sem que nós a mereçamos.
Deus, nosso Pai, não é um Deus
irado, furioso conosco, zangado, que fica com um caderno na mão anotando todas
as coisas erradas que fazemos para depois nos lançar no inferno. Ele não é um
Deus destrutivo que vive espreitando cada ato nosso, para a cada falha que
cometermos “enviar um raio do céu”. Ele não é um Deus que fica colocando falsos
irmãos para espreitar a liberdade que temos em Cristo de modo que depois fica
nos acusando de nossas falhas.
Ele é Deus de amor e bondade, que
nos trata com amor e compaixão. Ele é Deus que nos abençoa livremente, que tem
prazer em perdoar, em restaurar nossa vida, de nos fazer renascer em sua
história a cada instante.
Então, mesmo que você seja um
traiçoeiro como Jacó, um blasfemo como Paulo, um adúltero como Davi, um
feiticeiro como Manassés, se você se voltar para Deus, reconhecendo que não
merece nada a não ser castigo, mas suplicar a graça, crer na graça, é a graça
que você receberá.
Satanás não quer que você creia
nisto. Ele que lhe convencer de que, além da graça, você precisa outras coisas:
você precisa obras, você precisa leis, você precisa sinais sobrenaturais, seres
sobrenaturais como anjos e espíritos.
E sabe por que Satanás não quer
que você creia neste evangelho da graça? Porque este evangelho da graça não é
de Satanás: ele é o evangelho da graça de
Cristo. E o que é de Cristo Satanás não deseja para você.
Então, em segundo lugar...
2.
Entenda a origem do evangelho: ele vem de Cristo
No v. 6 de nosso texto, Paulo
enfatiza muito que esta palavra da graça de Deus não é algo que ele inventou,
ou que outros homens tenham inventado e agora queriam obrigar os outros a
crerem. No v. 1, ele inicia dizendo que não foram homens que o constituíram
apóstolo, mas Deus Pai, e o Senhor Jesus Cristo. Nos vs. 11 e 12, que este
evangelho que pregava não era invenção humana, mas revelação de Jesus Cristo. E
no v. 4, que este evangelho da cruz é a manifestação da vontade de Deus. Esta é
a glória do evangelho: não é invenção humana, não é uma fábula engenhosamente
elaborada.
Aliás, quando os homens criam
religiões, são incapazes de criar uma religião livre de cargas para a
consciência; são mandamentos humanos que não podem salvar.
Mas a palavra do evangelho não é
uma palavra que escraviza a mente dos homens, que coloca uma canga, um fardo
pesado, difícil de ser carregado, para tornar o homem merecedor do céu; ao
contrário, é uma palavra libertadora. Isto porque é uma palavra que tem origem
na mente de Cristo e de Deus Pai, em comunhão com Deus o Espírito Santo: a
origem do evangelho é divina.
É o meio de
salvação criado por Deus. É o meio de
salvação colocado em ação por Deus. É
o meio de salvação concluído por Deus.
Por isto também que em Ap 14:6 ele é chamado evangelho eterno. Por isto ele é chamado poder de Deus para a salvação.
Rm 1:16,17
Pois não me envergonho do evangelho, porque é o
poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê, primeiro do judeu e
também do grego; 17 visto que a justiça de Deus se revela no
evangelho, de fé em fé, como está escrito: O justo viverá por fé.
Eu quero enfatizar: é poder de Deus. É poder para a salvação e para toda a vida, pois toda a vida do justo é
baseada na fé em Cristo. É poder para a salvação de todo o que crê: não do que merece, não do que não peca, não do
místico. É para a salvação de qualquer um que nele creia, seja judeu, grego, ou
de qualquer outra nacionalidade.
É por isto também que quem crê no
evangelho não se envergonha dele: conhece o seu poder.
Então, em terceiro lugar...
3.
Entenda o poder que o evangelho tem em si mesmo
vs. 8 e 9
Mas, ainda que nós ou mesmo um anjo vindo do céu vos pregue evangelho que
vá além do que vos temos pregado, seja anátema. 9 Assim, como já dissemos, e agora
repito, se alguém vos prega evangelho que vá além daquele que recebestes, seja
anátema.
Estes versículos nos dizem muito
claramente que ao evangelho da graça de Jesus nada deve ser acrescentado; em
nada ele pode ser mudado.
Aliás, o pronunciamento que o apóstolo
faz em relação àqueles que aumentam alguma coisa é muito forte: seja anátema,
isto é, seja amaldiçoado. Porque uma condenação tão forte? Porque aquele que
adultera o evangelho está desviando os homens para o caminho da perdição
eterna.
Quanto a isto, existem alguns
cuidados especiais que precisamos tomar.
3.1 – Não podemos acrescentar, nem
deixar que seja acrescentada alguma nova revelação, nem outro ingrediente de
salvação
Mesmo que “venha um anjo do céu”
para acrescentar alguma coisa.
Por exemplo, meus irmãos, o
mormonismo, o espiritismo, a igreja messiânica, estas religiões, ainda que se
digam cristãs, se apresentam como fruto de revelações angélicas. E suas
revelações vão além de tudo quanto a Bíblia nos ensina. Mas se uma pessoa
conhece o ensino bíblico e nele crê, então reconhece que estas religiões são do
tipo de doutrina que Paulo está nos ensinando a rejeitar.
Neste contexto vale a pena lembrar
o que ele também nos ensina em 2ª Ts 2:1-3
Irmãos, no que diz respeito à vinda de nosso Senhor Jesus Cristo e à nossa
reunião com ele, nós vos exortamos 2 a que não vos demovais da vossa mente, com facilidade, nem vos perturbeis,
quer por espírito, quer por palavra,
quer por epístola, como se procedesse de nós, supondo tenha chegado o Dia
do Senhor. 3 Ninguém, de nenhum modo, vos
engane, porque isto não acontecerá sem que primeiro venha a apostasia e seja
revelado o homem da iniquidade, o filho da perdição...
Aqui ele está se
dirigindo a irmãos que estavam se deixando perturbar por ensinos errôneos,
referentes à volta do Senhor Jesus.
Mas o que eu desejo
destacar é a fonte dos ensinos errados: espírito (revelação), palavra,
epístola, que não procediam do ensino apostólico.
Não se deixe enganar por
revelações que não condizem com o ensino da Bíblia.
3.2 – Não podemos acrescentar práticas
de ordenanças da lei mosaica
5:3, 4
De novo, testifico a todo homem que se deixa circuncidar que está obrigado
a guardar toda a lei. 4 De Cristo vos desligastes, vós
que procurais justificar-vos na lei; da graça decaístes.
Havia aqueles que diziam que não
era suficiente crer em Jesus, mas que além disto as ordenanças religiosas de
Moisés deveriam ser obedecidas. Leis que envolvem circuncisão; leis que
envolvem guardar o sábado como único dia religioso aceitável a Deus; leis que
envolvem o abster-se de alimentos.
E não há limites para o que a
desobediência humana quer realizar: até o reviver as festas judaicas, e templos
judaicos, e até a “arca da aliança” alguns querem de volta, pois parece que
tudo quanto Jesus sofreu na cruz não é suficiente.
Estou pensando em certa “professora
bíblica”, a quem eu ouvi se queixando de que seu aluno comeu salsicha,
abandonando assim a doutrina por ela ensinada. Ela lamentava que todo o seu
ensino estava se revelando sem efeito. Deixe-me dizer como isto é perigoso:
Em Mc 4:19 está escrito que Jesus ensinou que todos os alimentos são
puros, porque o que o que faz o homem pecar não é o que ele come, mas a impureza
do seu próprio coração.
Leiamos também Hb 13:9
Não vos deixeis envolver por doutrinas várias e
estranhas, porquanto o que vale é estar o coração confirmado com graça e não
com alimentos, pois nunca tiveram proveito os que com isto se preocuparam.
E 1ª Tm 4:1-5
Ora, o Espírito afirma expressamente que, nos
últimos tempos, alguns apostatarão da fé, por obedecerem a espíritos
enganadores e a ensinos de demônios, 2 pela hipocrisia dos que falam
mentiras e que têm cauterizada a própria consciência, 3 que proíbem
o casamento e exigem abstinência de alimentos que Deus criou para serem
recebidos, com ações de graças, pelos fiéis e por quantos conhecem plenamente a
verdade; 4 pois tudo que Deus criou é bom, e, recebido com ações de
graças, nada é recusável, 5 porque, pela palavra de Deus e pela
oração, é santificado.
Ora, os que querem ser
justificados na lei de Moisés não são justificados pela graça, não vivem pela
graça, da graça estão separados.
3.3 – Não podemos acrescentar a
prática de boas obras – pelo simples fato de que por melhores que sejam nossas
obras, sempre de alguma forma serão imperfeitas, contaminadas pela presença do
pecado.
E acrescentemos: se é pela graça,
já não é pelas obras, do contrário a graça não é graça (Rm 11:6).
Nem tão pouco práticas de
asceticismo religioso: estas coisas não podem, nem nos salvar, nem nos
santificar:
“Não toques nisto, não faças aquilo outro;... visões, culto a anjos”,
como diz o apóstolo Paulo, embora tenham aparência de santidade, não tem valor
algum contra a sensualidade (Cl 2:23).
Novas revelações não tem origem em
Deus, ao contrário, são enganos de demônios. Nada destas coisas podem realmente
transformar o homem.
O que pode realmente transformar o
homem? Será que basta crer em Jesus, e só isso? A resposta evangélica é que
basta crer em Jesus: e isto é tudo, e quero dar duas razões.
Primeira: tudo o que Deus requer de nós
se cumpre numa palavra:
Gl 5:14
Porque toda a lei se cumpre em um só preceito, a saber: Amarás o teu
próximo como a ti mesmo.
Quem ama o próximo, diz o apóstolo
João, ama a Deus.
E como disse Santo Agostinho: “Ame a Deus e faça o que você quiser”.
Sabe por quê? Quem ama a Deus e ao próximo não rouba, não engana, não mata, não
adultera, não toma o nome do Senhor em vão.
Quem ama a
Deus e ao próximo vence o pecado.
Gl 5:22 e 23
Mas o fruto do Espírito é: amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade,
bondade, fidelidade, 23 mansidão, domínio próprio.
Contra estas coisas não há lei.
O fruto do Espírito é amor
Segunda razão: quando cremos em Jesus, o
Espírito de Cristo vem morar em nosso coração.
Gl 3:1-3, 5, 14
Ó gálatas insensatos! Quem vos fascinou a vós outros, ante cujos olhos foi
Jesus Cristo exposto como crucificado? 2 Quero apenas saber isto de vós:
recebestes o Espírito pelas obras da lei ou pela pregação da fé? 3 Sois assim insensatos
que, tendo começado no Espírito, estejais, agora, vos aperfeiçoando na carne?
v. 5
Aquele, pois, que vos concede o Espírito e que opera milagres entre vós,
porventura, o faz pelas obras da lei ou pela pregação da fé?
v. 14
Para que a bênção de Abraão chegasse aos gentios, em Jesus Cristo, a fim de
que recebêssemos, pela fé, o Espírito prometido.
E assim, a vontade de Deus se
cumpre, não naqueles que acrescentam coisas ao evangelho, mas naqueles que simplesmente
creem, pois eles têm o Espírito, e este Espírito os leva a amar. O amor é o que
nos leva a viver santamente. Por isto o evangelho é tudo quanto precisamos, e
nada mais.
Conclusão
Os irmãos da Galácia estavam
correndo um risco muito grande quando Paulo escreveu, pois estavam permitindo
que doutrinas estranhas, legalistas, humanas, os enganassem, afastando-os da
simplicidade do evangelho de Jesus. Mais uma vez Satanás, o pai da mentira,
estava com suas estratégias. Ele dizia: “É
assim que Deus disse? Mas não é bem assim: vocês não podem confiar que não
precisam fazer nada, que basta crer...”.
Bem, irmãos, vemos assim que
Satanás não muda de estratégia: sua grande arma é a mentira. Nos dias de hoje
ele continua a inventar, ou melhor, a reavivar suas velhas mentiras:
Nos dias de hoje ele continua a
inventar, ou melhor, a reavivar suas velhas mentiras, de várias maneiras.
Por exemplo, há uma volta ao
legalismo judaizante: alguns que se
dizem apóstolos, e que cativam milhares de pessoas com ideias de que se deve
voltar às práticas judaicas, como as festas religiosas, os sábados.
Alguns dizem que crer em Jesus não
é suficiente para que as maldições sejam quebradas (Gl 3:13), você também
precisa fazer campanhas especiais ou coisas parecidas, em vez de simplesmente
crer. Para vencer o poder do inimigo você precisa usar uma mezuzá*, ou algum outro tipo de apetrecho protetor,
como medalhas e coisas parecidas. Um evangelho que não é evangelho, mas uma
escravidão a ideias mágicas, longe da graça de Deus.
Há também outra espécie de
legalismo: o legalismo cultural,
apresentado como se fosse doutrina da Palavra de Deus, mas apenas baseado em
tradições humanas.
Esta espécie de legalismo diz que
sua religião tem que ser milimetricamente articulada, que você não pode ser
muito alegre nem muito triste, que você não pode mexer muito os braços, que
você não pode comer certas coisas, que você não pode fazer isto, não pode fazer
aquilo.
Há muitas pessoas que, iludidas
com as mentiras de Satanás não cortam cabelos, usam roupas longas em excesso, e
também não conseguem uma vida realmente livre do pecado: escravas da língua
ferina, da mentira, da falsidade, do farisaísmo, da pretensa santidade.
Há também pessoas escravizadas a
pretensos apóstolos, judaizantes por um lado, promotores do culto ao dinheiro,
por outro, cujo deus é o ventre, visto que só se preocupam com coisas terrenas.
Mas amados, Jesus não morreu na
cruz para que tenhamos uma bela conta bancária. Nem o carro importado, nem uma
senhora casa. Jesus morreu na cruz para nos livrar do amor ao pecado, para nos
livrar dos falsos deuses.
Aplicação
Mas como ser uma pessoa livre das
mentiras de Satanás? Como ser uma pessoa livre do pecado? Como ser uma pessoa
livre do amor ao “deus Mamon”, isto
é, ao dinheiro e bens materiais? Como ser uma pessoa livre de tradições e
mandamentos humanos que tiram a alegria, que transformam os filhos de Deus em
pessoas pesarosas, engessadas numa religiosidade sem vida, hipocritamente
cantando, com o coração longe de Deus? Como experimentar o genuíno fruto do
Espírito?
1. Eu quero fazer um convite a você
que está me ouvindo, mas que ainda não tem certeza de que é salvo:
Você entendeu o que você precisa
fazer para ser salvo? É desistir de crer si mesmo, em suas próprias obras, como
fonte de salvação. É crer em Jesus. Quando você desiste de si mesmo e crê em
Jesus, a isto a Bíblia chama de arrependimento.
Então, é chegar-se a Deus através
da fé em Jesus e dizer: “Senhor, eu sou um pecador, e não posso salvar-me a mim
mesmo, não tenho poder em mim mesmo que me transforme. Então eu me achego a ti
em nome de Jesus: eu peço que o Senhor perdoe os meus pecados, que o Senhor
envie a mim o Espírito Santo, o Espírito de Jesus, para que ele me transforme
no tipo de pessoa que o Senhor quer que eu seja.”
Ap 3:20
Eis
que estou à porta e bato (Jesus estava se dirigindo a pessoas religiosas, mas
cujo coração estava fechado para com ele): se alguém ouvir a minha voz, e abrir
a porta, entrarei em sua casa, com ele cearei, e ele comigo.
Você começará, agora mesmo, uma
vida nova.
2. Mas a você que é crente eu quero exortá-lo
e encorajá-lo, a conhecer mais o evangelho, para crescer na graça de nosso
Senhor Jesus Cristo.
Meditar e praticar mais este
evangelho libertador. Estude e medite nas Escrituras, para melhor conhecer a
Deus, e o que ele deseja e tem feito por você. Estude esta carta aos Gálatas:
foi a carta que libertou Martinho Lutero e o mundo ocidental no séc. XVI, da
tirania das falsas doutrinas da Idade Média. Martinho Lutero a chamou de “A
carta da liberdade cristã”. Quero exortá-lo e encorajá-lo: o que houver em sua
vida, em seus pensamentos, suas práticas, que não for evangelho, tenha a
coragem de jogar fora. Quero exortá-lo e encorajá-lo a simplesmente crer que
quem tem Jesus tem tudo, e assim pode viver de modo maravilhoso, alegre, pleno,
poderoso.
*
“Objeto sagrado” judeu, contendo um
pergaminho com textos bíblicos, e que é usado nos umbrais das portas
simbolizando a proteção de Deus. Alguns grupos que se apresentam como
evangélicos tem adotados esta e outras práticas supersticiosas, afastando-se a sim
da simplicidade e pureza devidas a Cristo (2ª Co 11:2, 3).
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