Deus meu, Deus meu, por que me
desamparaste?
IPC em Pda. de Taipas
Domingo, 13 de abril de 2014
Pr. Plínio Fernandes
Meus amados irmãos, vamos ler Marcos
15:33-39
33 Chegada a hora sexta, houve trevas
sobre toda a terra até a hora nona. 34 À hora nona, clamou Jesus em alta
voz: Eloí, Eloí, lamá sabactâni? Que quer dizer: Deus meu, Deus meu, por que me
desamparaste? 35 Alguns dos que ali estavam, ouvindo isto, diziam:
Vede, chama por Elias! 36 E um deles correu a embeber uma esponja em
vinagre e, pondo-a na ponta de um caniço, deu-lhe de beber, dizendo: Deixai,
vejamos se Elias vem tirá-lo! 37 Mas Jesus, dando um grande brado,
expirou. 38 E o véu do santuário rasgou-se em duas partes, de alto a
baixo. 39 O centurião que estava em frente dele, vendo que assim
expirara, disse: Verdadeiramente, este homem era o Filho de Deus.
Apenas alguns dias antes, nosso
Senhor havia entrado pelas portas de Jerusalém entre gritos de louvor e
saudações do povo de Israel. Louvores àquele que estava entre os homens,
enviado da parte do Senhor.
Mateus registra que “as multidões,
tanto as que precediam Jesus, como as que o seguiam, clamavam: Hosana ao Filho
de Davi! Bendito o que vem em nome do Senhor! Hosana nas maiores alturas!” [1]
Mas cerca de uma semana depois as
multidões, diante do governador Pôncio Pilatos, clamavam de modo diferente a
respeito do Senhor: “Crucifica-o!
Crucifica-o!”, gritavam eles. [2]
Então Pilatos, querendo contentar
a multidão, primeiramente mandou açoitar Jesus, e depois o entregou para ser
crucificado.
Jesus recebeu aquelas trinta e
nove chibatadas nas costas, com aqueles ossos, ou pedaços de ferro nas pontas,
diante da multidão.
Depois os guardas o levaram para
o pátio interior do palácio, e todo o destacamento foi reunido.
Colocaram um manto escarlate
sobre ele, como se fosse um palhaço.
Fizeram uma coroa com espinhos, e
lha puseram na cabeça.
E uma cana, imitando o cetro de
um rei foi colocada em sua mão.
E o saudavam: “Salve, rei dos judeus”.[3]
Depois, tirando a cana de sua mão batiam com ela em sua cabeça, cuspiam
nele e, colocando-se de joelhos, o “adoravam”. [4]
Então, depois de escarnecerem e zombarem, despiram-lhe o manto púrpura e o
vestiram com as suas próprias vestes.
E conduziram Jesus para fora, com o fim de crucificá-lo.
Obrigaram um homem chamado Simão Cireneu, que passava por ali, a
carregar-lhe a cruz.
E levaram Jesus para o monte do Calvário, o Lugar da Caveira.
Deram-lhe a beber vinho com mirra, que era uma espécie de entorpecente, um
anestésico, mas ele não tomou.
E pregaram-no na cruz.
Eram nove da manhã quando o crucificaram.
Por cima de sua cabeça estava, numa placa, a acusação: O REI DOS
JUDEUS.
As pessoas que iam passando, blasfemavam dele e diziam: “Ah! Tu que destróis o santuário e, em três
dias, o reedificas! Salva-te a ti mesmo, descendo da cruz!”
E também os principais sacerdotes com os escribas, escarnecendo, diziam
entre si: “Salvou os outros, a si mesmo
não pode salvar-se; desça agora da cruz o Cristo, o rei de Israel, para que
vejamos e creiamos.”
Seis longas horas de intensa agonia. Ao meio dia tudo ficou em trevas, uma
escuridão terrível que se prolongou até as três da tarde.
Escuridão total. Silêncio. Dor.
Muita dor física. E solidão.
Às três horas da tarde Jesus clamou em alta voz: “Eloí, Eloí, lamá sabactâni? Deus meu, Deus meu, por que me
desamparaste?”
Mas do céu não se ouviu nenhum som, nenhuma resposta.
Então ele disse: “Está consumado.
Pai, em tuas mãos entrego o meu espírito.” [5]
E morreu.
“Deus meu, Deus meu, porque me desamparaste?”
Você já passou por algum momento
em sua vida em que estas palavras cairiam bem em seus lábios?
Estas palavras seriam, em certo
sentido, normais na boca de qualquer outro ser humano, pois os homens são
pecadores e estão destituídos da glória de Deus. Mas nos lábios de Jesus?!...
“Deus meu, Deus meu, porque me desamparaste?”
Porque Jesus pronunciou estas
palavras?
Por que Jesus fez esta oração?
1.
Primeiro: porque Jesus se sentiu
desamparado por Deus
Jesus não pronunciou estas
palavras como um recurso de retórica, diante de uma plateia à qual queria
impressionar com palavras contundentes.
Aliás, Jesus nunca fez isto em
momento algum, pois ele tinha como um princípio da vida o fato de que “a boca fala do que o coração está cheio”.[6]
Assim sendo, cada palavra que
saía dos lábios de Jesus era fruto daquilo que ele cria em seu coração.
Portanto, quando ele clama: “Deus meu, Deus meu, porque me
desamparaste?”, isto era uma expressão do sentimento de sua alma, a
realidade espiritual que ele estava experimentando, a realidade espiritual a
respeito da qual ele não estava enganado.
Durante aquelas seis agonizantes
e terríveis horas, senão antes, Jesus estava se sentindo completamente sozinho.
Sentiu que Deus estava longe.
Sentiu que o Pai o havia abandonado.
Eu desejo fazer um contraste
entre o que Jesus diz aqui e o que está registrado em Jo 16:32
“Eis que vem a hora e já é chegada, em que sereis dispersos, cada um para
sua casa, e me deixareis só; contudo, não estou só, porque o Pai está comigo.”
A hora havia chegado, disse o
Senhor. Aquela hora em que todos o abandonariam.
O fato de que os escribas, os
fariseus, as multidões, e os sacerdotes, todos se colocariam a uma contra Jesus
não lhe dava desgosto; pois Jesus tinha consciência da oposição que havia entre
ele e estes grupos.
O fato de que os discípulos
abandonariam Jesus também não lhe afetava, pois ele sabia o que é a natureza
humana.[7]
Fosse o abandono dos homens,
fosse a oposição de Satanás, estas coisas não o perturbaram, “pois o Pai não me deixou só, o Pai está
comigo”.
Antes de sua encarnação, desde a
eternidade, Jesus vivia em comunhão com o Pai.
Durante aproximadamente trinta e
três anos, e não somente nas longas noites de oração, de meditação na Palavra,
Jesus desfrutou clara e ininterrupta comunhão com Deus.
Mas agora, na cruz, por trás de
todos os ódios que os homens manifestavam, por trás de toda a sordidez dos
ardis de Satanás, por trás de todo o peso dos nossos pecados, por trás de toda
a dor física, a exaustão mental, o que realmente doía na alma do Senhor era
isto: ele se sentia abandonado por Deus.
Mas antes de desenvolvermos mais
a ideia da razão deste sentir-se abandonado pelo Pai, deixem-me dizer que esta
é a experiência de muitos crentes.
É assim que se sentem muitas
vezes os filhos de Deus.
Muitas vezes, nos misteriosos
desígnios de Deus, para o nosso bem espiritual, o Senhor permite que
experimentemos aquilo que alguns escritores descrevem como “a noite escura da
alma”.[8]
Períodos de trevas espirituais,
sem luz, mas nos quais ele em sua graça apenas concede que sejamos guiados por
uma esperança interna, uma esperança que espera contra todas as incertezas que
as circunstâncias oferecem.
Uma esperança que pode ser
descrita como uma luz interior; nos quais os dons da fé e do amor, a despeito
de tudo, permanecem ardendo em nossos corações.
Como nas palavras de Jó, quando
disse: “Ainda que ele me mate, nele
esperarei”.[9]
Eu gostaria de ilustrar isto com
algumas passagens tiradas dos Salmos:
Os Salmos bíblicos refletem as
experiências espirituais dos mais devotos servos de Deus; são um espelho no
qual todas as pessoas piedosas podem se contemplar nas mais variadas
circunstâncias da vida.
Ora, os escritores dos Salmos,
entre as muitas experiências da alma cristã, descrevem o desamparo de alguém
que se sente abandonado pelo Senhor.
Eu quero citar algumas passagens,
de modo breve. Se você de algum modo se identificar nalguma delas saiba que não
é mera coincidência.
Muitas vezes é a experiência dos
servos do Senhor; você poderá voltar a estes salmos depois, e meditando neles
encontrar o conforto para a sua alma.
Sl 10:1
“Por que,
SENHOR, te conservas longe? E te escondes nas horas de tribulação?”
Sl 42:9-10
“Digo a
Deus, minha rocha: por que te esqueceste de mim? Por que hei de andar eu
lamentando sob a opressão dos meus inimigos? 10 Esmigalham-se-me os
ossos, quando os meus adversários me insultam, dizendo e dizendo: O teu Deus,
onde está?”
Sl 43:2
“Pois tu
és o Deus da minha fortaleza. Por que me rejeitas? Por que hei de andar eu
lamentando sob a opressão dos meus inimigos?”
Sl 44:23-24
“Desperta!
Por que dormes, Senhor? Desperta! Não nos rejeites para sempre! 24
Por que escondes a face e te esqueces da nossa miséria e da nossa opressão?”
Sl 88:14-15
“Por que
rejeitas, SENHOR, a minha alma e ocultas de mim o rosto? 15 Ando
aflito e prestes a expirar desde moço; sob o peso dos teus terrores, estou
desorientado.”
Quando Jesus clama: “Deus meu, Deus meu, por que me
desamparaste?”, era assim que ele estava se sentindo: só, desamparado por
Deus.
2. Segundo, ele também ora desta maneira porque,
de fato, Deus o deixou só
Porque Deus, de fato, o
desamparou.
E era necessário que fosse assim
porque, na cruz, Jesus estava sendo feito pecado no lugar de nós todos.
Uma das afirmações mais claras da
Palavra de Deus sobre o que aconteceu na cruz nos é dada em 2ª aos Coríntios
5:21:
“Aquele
que não conheceu pecado (isto é, Jesus), ele (Deus) o fez pecado (quer dizer,
um homem cheio de pecado) por nós; para que, nele (Jesus), fôssemos feitos
justiça de Deus.”
O apóstolo Pedro também descreve
o que aconteceu na cruz com palavras semelhantes
1ª Pe 2:22-24
“O qual
(Jesus) não cometeu pecado, nem dolo algum se achou em sua boca; 23
pois ele, quando ultrajado, não revidava com ultraje; quando maltratado, não
fazia ameaças, mas entregava-se àquele que julga retamente, 24
carregando ele mesmo em seu corpo, sobre o madeiro, os nossos pecados, para que
nós, mortos para os pecados, vivamos para a justiça; por suas chagas, fostes
sarados.”
Pensemos por um pouco no significado destas
coisas.
Jesus, que não conheceu pecado, Deus o fez pecado
por nós.
Ele não foi feito somente um homem pecador, mas
um homem tão cheio de pecados, dos nossos pecados, que era como se fosse a encarnação
do próprio pecado.
Quando penso nisto, a figura que me vem à mente é
a do “Retrato de Dorian Gray”, o livro de Oscar Wilde.
Você se lembra daquela interessantíssima estória?
Dorian Gray era um belo rapaz, mas muito vaidoso,
de alma feia, que cometia muitos pecados. Ele tinha um retrato que fora pintado
em sua juventude.
À medida em que o tempo passava, algo misterioso
acontecia: Dorian Gray não envelhecia, mas as marcas de suas maldades iam sendo
lançadas naquele quadro.
A cada dia o quadro se tornava mais deformado, de
modo que quando Dorian Gray já tinha mais idade o seu retrato estava
irreconhecível: era um monstro todo deformado, uma figura demoníaca horrenda,
pavorosa, feia.
Quando eu penso no que Jesus se tornou na cruz,
diante da santidade de Deus, eu penso que ele se tornou como que o retrato de
Dorian Gray.
Mas ali, em Jesus, o que estava sendo lançado
eram os nossos pecados, e não os dele.
Todos os nossos pecados recaíram sobre ele.
As nossas maldades, as nossas malícias.
As nossas vaidades, a nossa soberba.
Os nossos crimes, as nossas mentiras.
As nossas mesquinharias.
As nossas infidelidades, as nossas loucuras.
A nossa ganância, a nossa hipocrisia.
E você pode acrescentar à minha lista todos os
outros pecados que nós cometemos em nossa insensatez, em nossa falta de amor
por aquele que é santo.
Naquela hora, o ser mais puro do universo, o mais
santo, o mais lindo, Jesus, se tornou horrendo aos olhos do Pai, se tornou o
representante de toda a nossa fealdade, diante daquele que é tão puro de olhos,
que não pode contemplar o mal.
Por que recaiu sobre ele o pecado de todos nós.
E neste sentido, Deus “virou as costas” para o
seu próprio Filho.
Pois ele se tornou pecado em nosso lugar.
E você sabe o que faz o pecado, pois
Rm 3:23
“Todos pecaram, e destituídos estão da glória de
Deus”. (Rm 3:23)
e
“O salário do pecado é a morte...” (Rm 6:23)
Uma vez que Jesus foi feito
pecado, Deus o abandonou. E ele morreu.
Agora veja porque ele morreu:
Rm 5:8
“Mas
Deus prova o seu próprio amor para conosco, pelo fato de haver Cristo morrido
por nós, sendo nós ainda pecadores...”
O amor que Jesus tem por você não
é pequeno.
O amor que Deus tem por você não
é pequeno.
Um amor que os levou ao
sofrimento, à morte, morte terrível, morte de cruz.
3.
Terceiro, Jesus também fez esta oração porque, nas horas de aflição, assim como
em todas as outras horas de sua vida, a Palavra
de Deus era a sua Palavra
“Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?”
Todo judeu piedoso sabia que
estas exatas palavras já haviam sido ditas antes
Veja o Salmo 22:1
“Deus meu,
Deus meu, por que me desamparaste? Por que se acham longe de minha salvação as
palavras de meu bramido?”
As palavras deste Salmo retratavam, num primeiro momento, a experiência de
Davi, num daqueles dias de conflitos interiores. Numa daquelas “noites escuras
da alma”.
Mas os escritores do Novo Testamento viram nele também uma Palavra
profética a respeito de Jesus.
Por isto este Salmo é citado em vários lugares do Novo Testamento, como
apontando para Jesus.
Uma breve vista no Salmo nos mostra isto:
Sl 22:6-8
“Mas eu
sou verme e não homem; opróbrio dos homens e desprezado do povo. 7
Todos os que me veem zombam de mim; afrouxam os lábios e meneiam a cabeça: 8
Confiou no SENHOR! Livre-o ele; salve-o, pois nele tem prazer.”
Mt 27:39-43
“Os que
iam passando blasfemavam dele, meneando a cabeça e dizendo: 40 Ó tu
que destróis o santuário e em três dias o reedificas! Salva-te a ti mesmo, se
és Filho de Deus, e desce da cruz! 41 De igual modo, os principais
sacerdotes, com os escribas e anciãos, escarnecendo, diziam: 42
Salvou os outros, a si mesmo não pode salvar-se. É rei de Israel! Desça da
cruz, e creremos nele. 43 Confiou em Deus; pois venha livrá-lo
agora, se, de fato, lhe quer bem; porque disse: Sou Filho de Deus.”
Sl 22:18
“Repartem
entre si as minhas vestes e sobre a minha túnica deitam sortes.”
Mt 27:35
“Depois de o crucificarem repartiram entre si as
suas vestes, tirando sorte.”
Sl 22:22
“A meus
irmãos declararei o teu nome; cantar-te-ei louvores no meio da congregação”
Hb 2:11-12
“Pois,
tanto o que santifica como os que são santificados, todos vêm de um só. Por
isso, é que ele não se envergonha de lhes chamar irmãos, 12 dizendo:
A meus irmãos declararei o teu nome, cantar-te-ei louvores no meio da
congregação.”
Não é lindo perceber a unidade de pensamento, a
conexão entre textos escritos em épocas e pessoas tão diferentes, mas que
revelam por trás de seus escritos uma mente maior, a mente do Espírito Santo,
em cada Escritura nos falando de nosso Salvador?
Mas eu quero focalizar sua atenção nesta outra
verdade maravilhosa: assim como cada parte da Bíblia nos fala de Jesus, assim
como em todo lugar a Escritura fala de Jesus, em todo lugar Jesus fala da
Bíblia.
Por exemplo:
Quando estava sendo tentado por Satanás, Jesus
respondia às tentações do diabo citando as Escrituras. Ele dizia: “Assim está escrito”.[10]
Quando estava ensinando aos seus discípulos, ele
começando por Moisés, passando pelos Salmos e todos os profetas lhes ensinava a
seu respeito.[11]
Quando questionado por seus opositores, citava as
Escrituras.
As Escrituras eram o alimento de sua alma, pois
como ele dizia, citando as Escrituras, “não
só de pão viverá o homem, mas de toda a Palavra que procede da boca de Deus”.
A Bíblia era a sua fonte de comunhão com o Pai,
pois ele dizia: “assim como o Pai, que
vive, me enviou, e eu vivo pelo Pai, assim também todo aquele que de mim se
alimenta, por mim viverá”.[12]
A Bíblia, neste sentido, era tudo para ele.
Por isto, neste momento em que ele se sente
desamparado, neste momento em que ele está desamparado, sofrendo sobre si toda
a dor da nossa maldade, ele se ampara na Palavra sagrada, e ora segundo a
Bíblia: “Deus meu, Deus meu, porque me
desamparaste?”,
Como quem diz: “Meu Deus, estou clamando a ti,
estou esperando em ti; tu ainda és o meu Deus...”.
Agora veja o comentário da carta aos Hebreus
Hb 5:7
“Ele,
Jesus, nos dias da sua carne, tendo oferecido, com forte clamor e lágrimas,
orações e súplicas a quem o podia livrar da morte e tendo sido ouvido por causa
da sua piedade...”
Jesus, nos dias de sua carne, nos dias em que
estava neste mundo, ofereceu orações e súplicas a Deus como forte clamor e
lágrimas.
Orações, lágrimas e clamores àquele que o podia
livrar da morte.
E foi ouvido! Isto é, Deus livrou Jesus da morte.
Mas que coisa tremenda! Quão inescrutáveis são os
caminhos do Senhor.
Como os pensamentos dele são diferentes dos
nossos.
Pois, segundo a nossa maneira de pensar, Deus
livrar a Jesus da morte significaria dar um escape, um livramento para que
Jesus não morresse.
Mas Deus livrou a Jesus da morte, não segundo a
maneira de pensar humana.
Deus livrou ao seu Filho da morte por meio da
ressurreição.
Jesus precisava morrer, pois se ele não morresse,
não haveria salvação para nós.
Mas seu corpo não foi deixado na morte.
Quando ele clamou naquela hora: “Deus meu, Deus meu, porque me
desamparaste?”, o mesmo Deus que o abandonou também ouviu o seu clamor,
aceitou a sua oração, aceitou o seu sacrifício, em suas mãos recebeu o
espírito, o fôlego de vida de Jesus.
O mesmo Deus o livrou da morte, o tirou da
sepultura.
Conclusão
“Deus meu,
Deus meu, porque me desamparaste?”
Houve um momento, um breve momento à luz da
eternidade, mas um longo momento na vida de Jesus,
Em que ele se sentiu desamparado por Deus,
sozinho, solitário, e sofrendo as mais terríveis dores físicas e mentais.
Em que ele foi, de fato, desamparado por Deus,
porque ele foi feito pecado por nós, ficou destituído da glória de Deus, e
morreu em nosso lugar.
Mas mesmo neste momento ele se amparou na Palavra
eterna de Deus, ele havia guardado a Palavra no coração para não pecar contra
Deus; ele orou a Palavra, e o Pai o ouviu. O Pai o livrou das garras da morte.
Aplicação
“Deus meu,
Deus meu, por que me desamparaste?”
Primeiro:
Olhe para o Salvador, olhe para o
Salvador ali na cruz: desamparado por Deus, feito pecado em nosso lugar. Ele
foi feito pecado no seu lugar. Veja como é grande o amor que ele tem por você.
E veja o resultado do sofrimento
de nosso Salvador
Is 53:5
“Mas ele
foi traspassado pelas nossas transgressões e moído pelas nossas iniquidades; o
castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos
sarados.”
Tenha paz no amor do Salvador.
Tenha paz nos sofrimentos do Salvador.
Tenha cura para sua alma nos sofrimentos do Salvador.
Leve teus pecados aos pés da cruz, e deixe que o sangue de Jesus lave os
teus pecados todos.
Segundo:
Existem ocasiões em que você,
filho de Deus, se sente desamparado por Deus? Ocasiões em que parece que Deus
não ouviu as suas orações? Em que você precisa dizer: “Deus meu, Deus meu, porque me desamparaste? Porque não me ouviste?”
Tenha calma, bichinho de Jacó;
não tenha medo, vermezinho de Israel. [13]
Os melhores homens de Deus se
sentiram assim: Davi, Jó, Moisés, José.
Pois Deus, Deus que, como diz o
profeta, é um Deus de mistérios,[14]
um Deus cujos caminhos são muitas vezes ocultos.
O Deus de toda a sabedoria, de
todo o amor, de toda a graça, sabe o que faz, e ele em sua graça tem designado
as noites escuras da alma para o teu bem.
Você ainda vai olhar para trás e
dizer: foi bom eu ter passado pela aflição, para que aprendesse os teus
decretos.
Mas acima de todos, o teu
Salvador também se sentiu desamparado por Deus.
E te compreende. E se compadece.
É um Salvador misericordioso. E ele diz: quando
passares pelos rios, eu serei contigo; quando pelas muitas águas, não te
submergirão... [15]
Muitas vezes, para nos livrar do
mal, Deus nos faz passar pelo mal.
Assim como iremos, se Jesus não
vier antes, passar pela morte, a fim de ressuscitarmos para a vida.
Terceiro:
Você precisa forças para
enfrentar as horas de tribulação, confusão?
Olhe para o Salvador: como ele
alimentava sua alma com a Palavra.
Não só de pão viverá o homem, mas
de toda a Palavra que procede da boca de Deus.
Mesmo que “o Pai se agrade em
moê-lo”, nunca deixe de orar.
Ore a Palavra. Nunca abandone
esta Palavra, pois esta Palavra é de Deus, é a tua vida.
Guarde esta Palavra no teu
coração.
Depois do inverno vem a
primavera, depois da tempestade vem a bonança, depois da morte vem a
ressurreição para a vida eterna.
[1] Mt 21:19
[2] Mc 15:13, 14
[3] Mc 15:18
[4] Mc 15:19
[5] Lc 23:46
[6] Lc 6:45
[7] Jo 2:25
[8] Título
do famoso livro de S. João da Cruz (sec. XVI)
[9] Jó 13:15
– ARC
[10] Por
exemplo: Mt 4:4, 7, 10; 21:13; 26:24; 26:32, etc.
[11] Lc 24:27, 44
[12] Jo 6:57
[13] Is 41:14
[14] Is 45:15
[15] Is 43:2
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