Domingo,
30 de dezembro de 2012
Pr. Plínio Fernandes
Vamos ler Mateus 9:14, 15
14 Vieram, depois, os discípulos de
João e lhe perguntaram: Por que jejuamos nós, e os fariseus muitas vezes, e teus discípulos não
jejuam? 15 Respondeu-lhes Jesus: Podem, acaso, estar tristes os
convidados para o casamento, enquanto o noivo está com eles? Dias virão,
contudo, em que lhes será tirado o noivo, e nesses dias hão de jejuar.
Desde os dias mais antigos que o jejum, isto é, a abstenção de alimentos
com finalidades espirituais, sempre foi uma das práticas características das
pessoas mais religiosas. Mas quando Jesus estava na terra, um fato evidente a
todos foi que os discípulos dele não jejuavam. Jesus mesmo jejuou somente no
início de seu ministério, durante quarenta dias e quarenta noites, e depois
disto, nem ele nem seus discípulos.
Então, numa ocasião, os discípulos de João Batista perguntaram a Jesus:
Por que jejuamos nós, e os fariseus muitas vezes, e teus discípulos não
jejuam? Os discípulos de João não eram como os fariseus. Ao contrário,
ainda que durante certo tempo eles tenham continuado como outro grupo
religioso, eram pessoas aprovadas por Jesus.
E o Senhor então lhes responde, mas sem qualquer palavra de censura,
através de duas ou três ilustrações: A primeira, a figura do noivo e da noiva. E
a segunda, do vinho novo e do pano novo. Hoje nós vamos nos deter na primeira:
Podem, acaso, estar tristes os
convidados para o casamento, enquanto o noivo está com eles? Dias virão,
contudo, em que lhes será tirado o noivo, e nesses dias hão de jejuar.
Jesus responde que os seus
discípulos não jejuavam porque, para eles, aqueles dias não eram de abstenção,
mas de festa, de celebração, como quando um noivo e seus amigos estão juntos na
festa do casamento.
Os casamentos judaicos eram
festas que duravam uma semana, e como é natural das festas, com muitos amigos,
músicas, danças, brincadeiras, alimentos gostosos, bebidas, alegria. Jesus era
o noivo, e eles eram seus convidados. Então era tempo de festa. Era uma festa
que não duraria para sempre, pois que em breve o noivo seria tirado, e chegariam
tempos em que jejuar se tornaria apropriado; mas não agora.
Podem estar tristes os convidados, quando o noivo está com eles? Podem
os meus discípulos estar tristes, enquanto eu estou com eles?
Eu quero chamar a atenção de
vocês para esta maneira de Jesus falar sobre si mesmo: ele é o noivo. É sobre
este assunto que vamos meditar hoje.
1.
Na figura do noivo, nós temos uma indicação de quem é Jesus
Digo isto porque o descrever a si
mesmo como o noivo, e até mesmo marido, do povo escolhido, é uma das maneiras
características de Deus falar de si mesmo, na revelação do Antigo Testamento. Os
profetas Isaías, Ezequiel, Oséias e Jeremias usam esta metáfora para descrever
o fato de que o Senhor escolheu Israel para ser a sua nação amada.
Mesmo com todas as suas
fraquezas, com seus pecados, suas infidelidades, Israel é a amada do Senhor, a
sua escolhida. Tantas vezes quantas ela peca, tantas são as repreensões e as
ofertas de perdão do Senhor. Israel é como uma mulher bonita, mas infiel, e que
se torna desprezada pelas outras nações. Mas o Senhor é como um marido que não
se cansa de amar, e de fazer bem, e de falar ao coração da sua amada.
Neste sentido, eu quero citar apenas
um texto que ilustra e resume bem toda a atitude do Senhor para com Jerusalém, a
cidade santa, e por extensão, para com a nação escolhida. Em Isaías 62, o
Senhor está prometendo a restauração da cidade de Jerusalém, que aconteceria a
partir da volta dos israelitas do exílio babilônico. A cidade em ruínas seria
reconstruída, se encheria de gente outra vez, e tornaria a ser um lugar de
consolo, e não desolação, de alegria, e não de choro, de paz, de louvor, de
comunhão com Deus.
Quero destacar o v. 5
Porque, como o jovem
desposa a donzela, assim teus filhos te desposarão a ti; como o noivo se alegra
da noiva, assim de ti se alegrará o teu Deus.
Como um noivo para com sua noiva,
assim é o Senhor para com Israel.
Por outro lado, nenhum profeta
ousa o pensar sobre si mesmo desta maneira. Se o Senhor era o esposo, eles eram
apenas os mensageiros dele à Sua eleita.
Da mesma forma como os profetas
testemunham a respeito de Javé, os livros da Nova Aliança testemunham de Jesus
e a Igreja. Nem mesmo aquele que aos olhos de Jesus era muito mais que um
profeta, a quem o Senhor chamou de o maior de todos os homens, João Batista,[1]
tinha como direito o pensar ou agir desta maneira. Pelo contrário, ele, que era
a voz que clamava no deserto, preparando o caminho do Senhor,[2]
diz que o noivo é Jesus, e ele era apenas um amigo que ajudava na preparação
para a festa de casamento.
Leiamos João 3:26-30
26
E foram ter com João e lhe disseram: Mestre,
aquele que estava contigo além do Jordão, do qual tens dado testemunho, está
batizando, e todos lhe saem ao encontro. 27 Respondeu João: O homem
não pode receber coisa alguma se do céu não lhe for dada.28 Vós
mesmos sois testemunhas de que vos disse: eu não sou o Cristo, mas fui enviado
como seu precursor. 29 O que tem a noiva é o noivo; o amigo do noivo
que está presente e o ouve muito se regozija por causa da voz do noivo. Pois
esta alegria já se cumpriu em mim.30 Convém que ele cresça e que eu
diminua.
Aqui nós percebemos um certo ciúme dos discípulos
de João Batista, em relação a Jesus. Então foram ter com seu mestre para contar-lhe
que Jesus estava reunindo mais discípulos do que ele. Ao que João respondeu que
era assim mesmo que as coisas deveriam ser. Em sua visão, Cristo era o noivo, e
ele, João, apenas um amigo encarregado de providenciar as coisas. Numa festa de
casamento os amigos do noivo não são as pessoas proeminentes, e não são eles
que se tornam maridos da noiva. A alegria deles é ver a felicidade do amigo.
“Então”, diz João Batista, “eu fui enviado por um
tempo, para ser o precursor de Jesus, para preparar as pessoas para ele... E
agora que ele chegou, convém que ele cresça, e eu diminua... Convém que ele
tome o Seu lugar de direito.”
O mesmo sentimento vemos no apóstolo Paulo:
2ª Co 11:2
Porque zelo por vós com
zelo de Deus; visto que vos tenho preparado para vos apresentar como virgem
pura a um só esposo, que é Cristo.
Assim como João Batista, Paulo era um amigo do
noivo. E dirigindo-se à igreja de Corinto ele diz: o meu papel é ajudar vocês,
preparar vocês para a festa de casamento, apresentar vocês a Jesus como uma
virgem pura.
Note que ele está dizendo isto a uma igreja em
particular, e veja que uma igreja local, por fazer parte da igreja universal,
que se encontra espalhada sobre toda a face da terra, tem a mesma natureza que
ela, assim como a mão de um corpo humano é humana. Digo isto porque esta
verdade é aplicada em relação a toda a Igreja de Deus espalhada pelo mundo, e a
também cada igreja particular em qualquer lugar.
Cada igreja de Jesus é noiva dele, que deve ser
preparada como uma virgem pura, a fim de ser apresentada ao noivo no dia do
casamento. E no contexto bíblico, o dia do casamento é o dia em que Jesus
voltará para nos buscar. Ele é o noivo divino, que busca Sua noiva, a Igreja,
e entra numa relação de aliança com ela.
2.
Na figura do noivo, nós temos uma indicação do amor de Jesus Cristo por sua Igreja
No texto de Isaías lemos que o
Senhor se alegraria em seu povo, como um noivo se regozija com sua noiva. Os
que aqui entre nós são casados sabem o que isto significa, e os que ainda não
se casaram “não veem a hora de descobrir”:
Estou pensando no meu próprio
noivado. Depois que a Terezinha e eu oramos ao Senhor a respeito do nosso
desejo de namorar, eu fui falar com o pai dela. E uma vez que ele consentiu,
passou a me apresentar como o noivo da filha dele. Eu sabia o que isto
significava: que aquele homem me levava a sério, e levava a sério o compromisso
que eu havia assumido, ao pedir para namorar a Tequinha.E como eu me sentia orgulhoso
de ser noivo dela! E agora de ser marido!
O casamento começa com a
descoberta de alguém que enche a sua mente e o seu coração de admiração, com
quem você tem alegria de estar junto, conhecer cada vez mais, prazer de se dar
e receber, alguém em quem você descobre como que se fosse a sua outra parte. Em
seguida, o desejo de estar juntos nesta alegria para sempre. E o esforço, a
preparação para isto, a busca do coração dela, a busca do casamento.
Quando um homem ama uma mulher,
ele não mede esforços para fazer o bem a ela. Também não se desvia de
comprometer-se com ela, de empenhar sua palavra, de fazer seus votos, a sua
aliança. E depois do casamento, o amor que se manifesta em serviço no dia a
dia, em companheirismo no dia a dia, na consumação da alegria de um grande
desejo realizado.
Em Israel, o noivado e a festa de
casamento eram duas partes de uma coisa só. Geralmente o período que
transcorria entre um e outro era cerca de um ano, mas neste período a jovem já
era considerada legalmente comprometida. A dissolução do noivado implicava
divórcio. [3]
Pense na ansiedade dos dois, neste período de espera e preparação, no desejo de
que chegasse o dia da consumação do casamento.
Sabe qual foi a razão de Jesus
Cristo ter dado a sua vida na cruz? O amor que ele tem para com a Igreja, o
desejo que ele teve de tomá-la para si, como sua esposa. O mesmo amor de Deus
revelado na Antiga Aliança, que o movia a cuidar do seu povo, dando-lhe Sua
lei, dando-lhe os profetas, os sacerdotes e reis, o mesmo amor que o movia a
protegê-lo, a perdoá-lo, a purificá-lo de suas imundícies, a vesti-lo com
vestes de salvação. O mesmo amor que o movia a alegrar-se em Israel.
Acho que o texto mais explícito
sobre este amor de Jesus está na carta aos Efésios, onde Paulo diz aos maridos
que eles devem seguir o exemplo de Cristo.
Efésios 5:25-32
25 Maridos, amai vossa mulher, como também Cristo amou a
igreja e a si mesmo se entregou por ela, 26 para que a santificasse,
tendo-a purificado por meio da lavagem de água pela palavra, 27 para
a apresentar a si mesmo igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa
semelhante, porém santa e sem defeito.28 Assim também os maridos
devem amar a sua mulher como ao próprio corpo. Quem ama a esposa a si mesmo se
ama.29 Porque ninguém jamais odiou a própria carne; antes, a
alimenta e dela cuida, como também Cristo o faz com a igreja;30
porque somos membros do seu corpo.31 Eis por que deixará o homem a
seu pai e a sua mãe e se unirá à sua mulher, e se tornarão os dois uma só
carne. 32 Grande é este mistério, mas eu me refiro a Cristo e à
igreja.
Como um noivo que se compromete, e adorna sua
noiva, que lhe dá um vestido muito bonito, que prepara uma grande festa, que
chama seus amigos, que se casa com ela, que a sustenta, que a protege, que a
perfuma, assim o amor de Jesus para com a igreja.
Jesus a Si mesmo se entregou por Sua Igreja, e
através disto a santificou. E também a purificou por meio da lavagem da água
pela palavra. O mestre João Calvino entendia isto como uma referência ao
batismo, sinal visível da graça invisível que nos foi dada na regeneração.[4] Ele a
alimenta e cuida dela, como quem alimenta e cuida do seu próprio corpo, e nela,
a cada um de nós, individualmente, porque somos membros do seu corpo, a igreja.
3.
Na figura do noivo, nós temos uma indicação quanto ao futuro da igreja, vale
dizer, o nosso futuro
No v. 15 o Senhor diz que dias viriam, contudo, em que lhes seria tirado o
noivo, e nesses dias haveriam de jejuar.
Nós entendemos que estas palavras diziam respeito não somente à sua morte,
mas também a este período em que aguardamos a volta dele para buscar sua
igreja. Que são tempos em que muitas vezes devemos jejuar, percebemos no
testemunho dos discípulos e apóstolos. Mas falaremos disto noutra ocasião. O
que agora quero destacar é que este período em que o noivo está ausente não é
infinito.
Em comparação com a eternidade, é um período como se fosse de um ano,
breve, ao mesmo tempo em que parece tão demorado, mas necessário, de preparação
para o casamento. O Senhor Jesus disse que iria para a casa do Pai, a fim de
preparar-nos lugar, e que quando tudo estiver preparado, voltará para nós e nos
receberá a fim de que estejamos com ele para sempre. [5]
Será um dia glorioso, quando Jesus, assim como subiu fisicamente ao céu, à
vista dos seus discípulos, voltará fisicamente, glorioso, com seus santos anjos.[6]
Os crentes em Jesus que estiverem mortos ouvirão a sua voz, e serão
despertados, e nós, os que esperamos em Jesus, que estivermos vivos, seremos
juntamente com eles arrebatados para o encontro de nosso Salvador nos ares, e
estaremos para sempre com o Senhor.[7]
O final de todas estas coisas é descrito de uma forma arrebatadora no livro
do Apocalipse, onde a Igreja é chamada Nova Jerusalém, a Cidade de Santa. Ali
ele diz que depois do dia do juízo final, quando todos os maus tiverem sido
julgados, então Deus e o seu povo estarão juntos para sempre, e o casamento
eterno se consumará em felicidade indizível:
Ap 21:1-5
1 Vi novo céu e nova terra, pois o primeiro céu e a
primeira terra passaram, e o mar já não existe 2 Vi também a cidade
santa, a nova Jerusalém, que descia do céu, da parte de Deus, ataviada como
noiva adornada para o seu esposo.3 Então, ouvi grande voz vinda do
trono, dizendo: Eis o tabernáculo de Deus com os homens. Deus habitará com
eles. Eles serão povos de Deus, e Deus mesmo estará com eles.4 E
lhes enxugará dos olhos toda lágrima, e a morte já não existirá, já não haverá
luto, nem pranto, nem dor, porque as primeiras coisas passaram.5 E
aquele que está assentado no trono disse: Eis que faço novas todas as coisas. E
acrescentou: Escreve, porque estas palavras são fiéis e verdadeiras.
Que coisa gloriosa!
A Igreja do Senhor Jesus, a Sua
noiva, sem mancha, sem defeito, pura, adornada, perfumada, preparada para o seu
esposo. E aí veremos que tudo de bom que aconteceu até hoje, que todo o bem que
o Senhor nos tem feito, toda a vitória que ele nos deu, que toda a glória que
ele já manifestou na história, na criação, é só o começo.
E que todas as tristezas que
enfrentamos, toda a dor, toda a frustração, todas as injustiças, traições e
enganos que sofremos, que todas as tentações e pecados, tudo ficará para trás,
e não são para comparar com a glória que há de ser revelada.
Olhe para a Bíblia: olhe para a
excelência moral dos seus escritores. Olhe para as profecias cumpridas. Olhe
para a sua doutrina inigualável.
Olhe para o seu próprio coração:
olhe para a obra que o Espírito Santo faz em sua alma, convencendo do pecado, edificando
na fé, santificando os pensamentos, restaurando sua vida quando anda em meio a
tribulações, dando-lhe o propósito de viver para a glória de Deus e o bem dos
homens, dando-lhe alegria no Senhor, dando-lhe amor pela igreja.
Você tem alguma dúvida de que a
Bíblia é verdadeira? Tenha certeza: assim como o noivo veio, morreu por nós,
subiu ao céu, ele voltará. Estará para sempre conosco. Estas palavras são fiéis
e verdadeiras.
Jesus Cristo é o noivo da Igreja.
Ele é o seu salvador, o seu provedor, o seu protetor. Ele ama a Sua igreja, ele
a quer, ele deu a Sua vida por ela, e ele voltará para ela.
Vamos
pensar nalgumas implicações deste fato maravilhoso para nossa vida...
Quando as Escrituras falam de
Jesus como o noivo, usam, conforme a ocasião, pelo menos três figuras para
descrever a nossa relação com ele:
A mais óbvia é a de que, como
membros da sua Igreja, seja nossa igreja em particular, seja cada um de nós,
individualmente, somos noiva de Cristo também.
Outra figura que surge nestes
contextos é a de “amigos do noivo”, ou “convidados”, que agiam como os
“padrinhos” ajudando nos preparativos. [8]
E a terceira figura é a das
virgens, mencionadas numa parábola de Jesus sobre a sua volta, em Mateus 25. Se
as virgens – que a Bíblia Viva chama “damas de honra” – são amigas da noiva ou
do noivo nós não temos condições de precisar, mas a ideia central é a de que
elas precisam estar preparadas para o momento da chegada do noivo.
Vamos considerá-las rapidamente,
começando com a última.
1. A primeira trás a denotação de
advertência
Quando Jesus usa a figura das
“damas de honra”, ele diz que algumas estavam preparadas para a chegada do
noivo, e outras não.
O que ele quer dizer é que existem
pessoas que, embora tenham conhecimento das doutrinas de Deus, não estão se
preparando para a volta de Jesus: não estão se purificando, não estão se
santificando, não estão usando seus dons, não estão servindo ao Senhor conforme
a luz que receberam, não estão se adornando com vestes de salvação. E quando
Jesus chegar, estarão despreparados. Jesus termina a parábola exortando: “Vigiai, pois, porque não sabeis o dia nem a
hora...” [9]
2. A segunda, é de “amigos do noivo”,
e é tanto uma figura de encorajamento como de advertência.
Me parece que ela “cai como uma
luva” sobre aqueles que são especialmente chamados para o ministério da
Palavra: os pastores, os evangelistas, os mestres, os profetas.
Os amigos são aqueles que têm o
dever de ajudar na preparação e depois participar da festa. Como Paulo, que
buscava apresentar as igrejas como virgens puras, preparadas para o seu esposo.
Como os discípulos que em nosso texto são chamados “os convidados”. Como João
Batista, que se descrevia “amigo do noivo” e que se alegrava com a voz Jesus.
Nós, pregadores, temos este
privilégio tão alto, tão nobre, tão digno, de ministrar a Palavra de Deus à
Igreja, buscando preparar todo o homem para a volta de Jesus. É um privilégio, que
só podemos fazê-lo com prazer, com alegria, com amor e gratidão; e uma
responsabilidade tão alta que só podemos fazê-lo com temor e tremor, com
dedicação, com fidelidade.
Primeiro, nós precisamos saber, e nunca
esquecer, que a igreja não é nossa, mas de Jesus. Ele é o esposo, e não
nós. Então não estamos preparando a igreja para nós, mas para Jesus. Não é para
ela ser como nós queremos, conforme o nosso temperamento, os nossos gostos, mas
conforme a vontade de Jesus.
Segundo, a igreja é para a glória de Jesus,
e não a nossa. “Convém que ele cresça e eu diminua.” Não é o “Meu
Ministério”, o meu nome, a minha marca, a minha igreja, mas o meu serviço a
Cristo.
Terceiro, a igreja precisa ser bem tratada. Amada.
Noutra parábola, em Mateus 24[10],
Jesus conta a história de um servo que ficou encarregado de cuidar de seus
companheiros, enquanto seu senhor foi viajar. E como o senhor começou a
demorar, aquele servo passou a maltratar seus companheiros: espancava-os e
comia e bebia com os ébrios, até que o senhor veio e o castigou, lançando sua
sorte com a dos hipócritas.
Há muitos que
se sentem senhores, dominadores dos seus irmãos, e os tratam mal. Que governam
a igreja segundo seu próprio prazer, sem perguntar a Deus qual é sua vontade. Há
os que se embriagam com os pecados desta vida, que fazem comércio da fé, que
não amam as ovelhas de Jesus. Há muitos cujo deus é o ventre, que são ávidos
pelos prazeres deste mundo.
Mas não nos escandalizemos com
isto: a Bíblia nos adverte que seria assim, e que quando Jesus voltar prestarão
contas de seus pecados[11].
3. A terceira e mais proeminente
figura é a da noiva de Cristo.
Ela diz respeito a todos os
crentes, e é principalmente uma figura de encorajamento.
Eu acho que posso ilustrar isto,
claro que de modo muito imperfeito, com o que aconteceu comigo e a Tequinha, quando
éramos solteiros.
Foi no mês de maio de 1981, em
Manaus, que nós conversamos sobre namorar. Mas logo em seguida o meu trabalho
me trouxe de volta a São Paulo, e segundo nos parecia, eu nunca mais voltaria a
Manaus. Então surgiu um período de instabilidade no qual nós não sabíamos se
tornaríamos a nos ver. E neste período eu conheci outras moças – santas moças –
que me pareceram ser possibilidades. Mas, ainda que não houvesse começado a
namorar a Tere, não namorei qualquer uma delas, e ficamos orando, buscando a
vontade de Deus.
Eu me lembro: foi no mês de
setembro daquele ano. Eu estava orando, e senti uma convicção tão grande de que
eu e a Tequinha nos casaríamos, que nunca mais consideraria possibilidade
alguma. Então, no ano seguinte, meu trabalho me levou de volta a Manaus, e aí
sim eu fui falar com o pai dela.
Por favor, jovens, não pensem que
com isto estou querendo estabelecer um padrão de circunstâncias para vocês. Se
querem um padrão aqui, é buscar comunhão com Deus e conhecer sua vontade em todas
as coisas.
Mas o que desejo dizer é que,
assim como a Terezinha e eu estivemos ausentes um do outro, e neste tempo
surgiram “tentações”, assim também acontece com a igreja. Surgem muitos que
querem tomar o lugar de Cristo em nossas almas.
Surgem homens que se dizem tão
santos que mais parecem anjos de luz. Que dizem palavras encantadoras, mas que
são verdadeiros “cantos de seria”, e que na verdade estão desviando a muitos da
fé na Palavra de Deus, e rebaixando Jesus a um profeta, a um homem cheio do Espírito,
ou à primeira das criaturas de Deus. Surgem homens que se dizem pastores, mas
ao mesmo tempo falam assim: “É assim que diz a Bíblia? Mas a verdade não é bem
assim: sexo antes do casamento não é pecado. Adão e Eva não foram indivíduos
reais, históricos, mas personificações de conceitos espirituais. A Bíblia
contém erros”.
Surgem falsos deuses, falsos
profetas, falsos apóstolos. E as tentações do pecado e da carne também são
inumeráveis. E as provações. A noiva do
Senhor é perseguida pelos homens e por Satanás.
Mas igreja, esta Palavra é fiel e
verdadeira: o noivo vai voltar. Então tenha fé. Espere com paciência. Espere
com amor. Espere com fidelidade – não olhe para outros, quer sejam deuses, quer
sejam homens. Não existem substitutos de Cristo. E quando ele vier, você verá
que valeu a pena.
[1] Mt 11:9-11
[2] Mt 3:3
[3] Cf. Colin Kruse, II Coríntios, Introdução e Comentário,
série Cultura Bíblica (São Paulo, Vida Nova e Mundo Cristão, 1994), pág. 195
[4] Cf. Francis Foulkes, Efésios, Introdução e Comentário, série
Cultura Bíblica (São Paulo, Vida Nova e Mundo Cristão, s.d.), pág. 130
[5] Jo 14:1-3
[6] Mt 24:30 e segs.
[7] 1ª Ts 4
[8] Ralph P. Martin, in Novo Dicionário da Bíblia, (São Paulo,
Vida Nova, 1988), vol. II, pág. 1116.
[9] Mt 25:13
[10] Mt 24:45-51
[11] 3ª Jo 9; Fp 3:19; 2ª Pe
2:2, etc.
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