IPC de Pda. de Taipas
Domingo, 28 de maio de 2017
Pr. Plínio Fernandes
Então, eu disse: semeai para vós outros em justiça, ceifai segundo a
misericórdia; arai o campo de pousio; porque é tempo de buscar ao SENHOR, até
que ele venha, e chova a justiça sobre vós.
Neste versículo o profeta está recordando uma palavra
do Senhor dirigida à tribo de Efraim. Uma palavra que Efraim infelizmente se
recusou a ouvir e por isto não estava gozando das bênçãos prometidas por Deus.
Os judeus, assim, como a maior parte dos povos antigos,
viviam basicamente da agricultura.
E o Senhor faz uso disto para lhes mostrar que os princípios,
ou leis, que regem o trabalho agrícola são análogos aos que regem a vida
espiritual: o agricultor, se quiser colher, precisa antes arar a terra e
plantar a semente.
Então há tempo de arar, há templo de plantar, e há
tempo de colher.
Sem este esforço humano não haverá colheita.
Mas ao mesmo tempo em que o homem trabalha, ele o faz
na esperança e na confiança em que Deus ministrará sua bênção enviando as
chuvas necessárias; de outro modo, todo o esforço humano seria completamente
inútil.
Por outro lado, se o Senhor enviar a chuva, mas o homem
não tiver preparado o solo, plantado a semente, trabalhado, ele também não terá
o que colher.
Então, na agricultura, existe aquilo que o homem deve
fazer. E existe aquilo que somente Deus pode fazer.
Assim também na vida da fé. Assim diz o Senhor:
Semeai para vós
outros em justiça, ceifai segundo a misericórdia; arai o campo de pousio;
porque é tempo de buscar ao SENHOR, até que ele venha, e chova a justiça sobre
vós.
– Plantem em
justiça, diz o Senhor, e vocês irão
colher em misericórdia (graça, amor).
Arem o campo, preparem o terreno. Busquem ao Senhor até
que ele venha, e aquilo que vocês plantaram, isto é, a justiça, vocês irão
colher muitas vezes mais, porque Deus fará chover justiça sobre nós.
Com base nesta palavra do Senhor, amados, há duas
coisas eu desejo considerar com vocês: a primeira, é o que Deus promete fazer;
e a segunda, o que nós devemos fazer.
1. O que Deus
promete fazer – ele fará chover justiça
Existem duas palavras neste versículo que expressam
aquilo que iremos receber do Senhor: misericórdia e justiça.
Misericórdia e justiça iremos colher, iremos receber
dos céus.
A palavra hebraica para misericórdia significa a graça
de Deus, o amor de Deus por nós, Deus agindo em nosso favor.
O que o profeta está no prometendo é a misericórdia de
Deus descendo sobre a terra em forma de justiça.
A justiça se manifestará entre nós. Na realidade,
haverá chuva, haverá abundância de justiça.
Aqueles que conhecem e amam a Deus são pessoas que,
pela própria natureza deste conhecimento, amam a justiça, pois Deus é justo.
Nas palavras do nosso Senhor Jesus Cristo, seus
discípulos são pessoas que “têm fome e sede de justiça”[1],
eles a desejam continuamente.
Por isto, quando consideram o significado bíblico de
justiça, percebem quão maravilhosa é esta promessa.
De acordo com a Palavra de Deus, a justiça que vem do
alto deve ser considerada sob três aspectos: o legal, o moral e o social.
1.1 – O aspecto legal – é aquela justiça que um homem
tem diante da lei.
Como se um homem acusado diante de algum crime
estivesse diante do juiz, e depois de pesadas todas as acusações e evidências
contra e a favor, o juiz chegasse à conclusão de que aquele homem é inocente.
Um homem declarado inocente é um homem justo, que não fez nada errado.
Bem, se Deus diz que ele vai derramar justiça sobre
nós, isto implica que, por nós mesmos, não podemos produzir esta justiça.
Significa que se nós fossemos julgados por Deus ele não veria em nós uma vida
sem pecados.
Repetidas vezes o Espírito Santo nos fala sobre isto nas
Escrituras. Por exemplo, leiamos Rm 3:10-12:
Como está escrito: Não há justo, nem um sequer, 11 não há quem entenda,
não há quem busque a Deus; 12 todos se extraviaram, à uma se
fizeram inúteis; não há quem faça o bem, não há nem um sequer.
Neste sentido, então, todos os homens são injustos aos
olhos de Deus; todos são pecadores, todos estão condenados diante do tribunal
do Senhor.
Mas eis então a boa noticia de salvação que o Evangelho
nos dá.
Sendo que nós somos pecadores, injustos aos olhos do
Senhor e dignos de sua condenação, Deus enviou seu Filho Jesus Cristo, para que
ele sofresse a condenação que era nossa. Rm 3:21-25.
Mas agora, sem lei, se manifestou a justiça de Deus testemunhada pela lei e
pelos profetas; 22 justiça de Deus mediante a fé em
Jesus Cristo, para todos e sobre todos
os que crêem; porque não há distinção, 23 pois todos pecaram e carecem da
glória de Deus, 24 sendo justificados
gratuitamente, por sua graça, mediante a redenção que há em Cristo Jesus, 25 a quem Deus propôs, no
seu sangue, como propiciação, mediante a fé, para manifestar a sua justiça, por
ter Deus, na sua tolerância, deixado impunes os pecados anteriormente
cometidos;
Isto é boa notícia, isto é evangelho, como também está
escrito em Rm 1:16,17:
Pois não me envergonho do evangelho, porque é o poder de Deus para a
salvação de todo aquele que crê, primeiro do judeu e também do grego; 17 visto que a justiça de
Deus se revela no evangelho, de fé em fé, como está escrito: O justo viverá por
fé.
Sendo assim, quando Deus, por meio do profeta, anuncia
que fará chover justiça, proclama que o Senhor derramará salvação. Proclama que
promoverá fé no evangelho, para que os homens sejam justificados diante de
Deus; para que seus pecados sejam perdoados.
1.2 – Em segundo lugar, justiça tem um aspecto moral
O Senhor não apenas considera os homens justos diante
dele através da justificação em Cristo.
Ele dá um passo adiante, operando nestes homens
justificados, uma nova disposição interior de modo que suas aspirações passam a
ser a de uma vida moralmente justa, isto é, conformada com a lei de Deus.
Então aquela vontade do Senhor expressa nos dez
mandamentos, como não matarás, não dirás,
falso testemunho, não adulterarás, não furtarás, não cobiçarás aquilo que
pertence ao teu próximo; aqueles mandamentos que dizem: amarás ao teu próximo como a ti mesmo,
estas coisas passam a ser não somente aspirações, mas a vida prática daquele
que foi justificado.
Pois agora, em Cristo, recebendo em seu coração a força
e a orientação do Espírito Santo, esta pessoa passa a viver, de forma ainda que
imperfeita, mas crescendo nisto, num processo que a Bíblia chama de
santificação, esta pessoa passa a viver em conformidade com a lei do Senhor
Rm 8:1-5
Agora, pois, já nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus. 2 Porque a lei do
Espírito da vida, em Cristo Jesus, te livrou da lei do pecado e da morte. 3 Porquanto o que fora
impossível à lei, no que estava enferma pela carne, isso fez Deus enviando o
seu próprio Filho em semelhança de carne pecaminosa e no tocante ao pecado; e,
com efeito, condenou Deus, na carne, o pecado, 4 a fim de que o preceito da lei se
cumprisse em nós, que não andamos segundo a carne, mas segundo o Espírito. 5 Porque os que se
inclinam para a carne cogitam das coisas da carne; mas os que se inclinam para
o Espírito, das coisas do Espírito.
Justiça, desta forma significa uma disposição interior
para o que é bom, reto, honesto. Uma disposição para o amor, a graça e a
verdade.
1.3 – Em terceiro lugar: justiça social, ou relacional.
Justiça social é a justiça moral transformada em ação. Significa
retidão nos relacionamentos, quer na família, quer na igreja, quer na
sociedade.
Significa fidelidade à Palavra de Deus nos laços
familiares.
Uma sociedade justa é uma sociedade na qual os
preceitos da Palavra de Deus são observados.
Onde há um cuidado para com os pobres, para com os
frágeis, uma sociedade na qual não haja distúrbios ou comoções. Onde os bens
sejam distribuídos de forma mais igualitária. Onde todos se preocupam em todos
tenham as mesmas condições, os mesmos direitos, as mesmas responsabilidades.
Onde os princípios da Palavra de Deus têm sido
adotados, a poligamia, a escravidão, o canibalismo e muitas outras injustiças
foram abolidos.
Justiça, conforme enfatizada pelos profetas, significa
libertar os oprimidos, promover o direitos civis, a honestidade nos negócios, a
honra no lar.
Eu desejo que você pense um pouco: nossa sociedade tem
sido caracterizada pela justiça, ou pela injustiça?
A cada dia, o que vemos e ouvimos, não é sobre cobiças,
roubos, opressão aos pobres, violência, banalização da vida, crimes de toda
sorte, impunidade, zombaria para com a Palavra de Deus, detestáveis idolatrias,
incentivo ao pecado? O que vemos e ouvimos não é o pecado sendo incentivado nos
meios de comunicação, entre os “artistas”, entre os intelectuais e os demais “formadores
de opinião pública” de modo geral?
E a igreja de Jesus Cristo?
A maior parte das pessoas conhecidas como evangélica,
em nosso país, tem dado um bom ou um mal testemunho do que é ser crente?
A maior parte das igrejas evangélicas, tem sido
caracterizada como igrejas que amam o reino de Deus ou os bens deste mundo? Nos
dias de hoje, faz muita diferença entre ser um membro de igreja evangélica e
ser sócio de uma outra entidade ou religião qualquer?
Acontece adultério entre os chamados crentes?
Promiscuidade? Desonestidade? Mentiras? Inimizades? Difamações?
Não tem sido triste ver casamentos desfeitos, irmãos
caindo em pecado, orações que não são respondidas, a demora na
conversão de pecadores, os ataques de Satanás contra as igrejas, contra os
pastores, a desunião do povo de Deus?
Será que Satanás não está rindo?
Está ou não havendo a necessidade de um poderoso
reavivamento da fé evangélica em nossas igrejas? Em nossa nação?
Como pediu Isaías: “Ah,
se fendesses o céu, e descesses...” [2]
Como precisamos de uma intervenção poderosa do Senhor.
Em nossas vidas, despertando-nos para mais santidade,
mais testemunho, mais firmeza, mais comunhão, mais vitória sobre o pecado, mais
justiça social, mais conversões.
Como aconteceu em Nínive quando Jonas pregou ali.
Ou em Samaria quando Filipe ali esteve.
Ou em Jerusalém nos dias do Pentecoste.
Ou em muitos outros lugares, quando o povo de Deus se
humilhou, orou, buscou a face do Senhor.
Que o Senhor assim o faça. Que ele faça chover do céu a
justiça sobre nós. Que o Senhor venha.
E porque o Senhor desejaria fazer isto em nossas vidas,
amados?
Sl 11:7
Porque o SENHOR é justo, ele ama a justiça; os retos lhe contemplarão a
face.
E o Senhor ama ao seu povo. O Senhor se deleita em
promover a justiça.
Mas ele diz que para isto precisamos fazer o que nos
cabe...
2. O que nós
devemos fazer
– Semeai a
justiça...
– Arai o solo pousio,
isto é, a terra que está endurecida, parada. Revolva a terra, afofa, torna
receptiva.
– Buscai ao
Senhor...
Acabamos de afirmar que não temos justiça própria, em
sentido algum, e que sómente com a intervenção divina a justiça pode vir sobre
nós.
Mas ao mesmo tempo é nos ensinado que devemos semear justiça.
O que significa isto?
Significa exatamente aquilo que acontece numa
plantação: não se planta uma macieira. Planta-se sementes de macieira. Pequenas
sementes.
Mas antes de se plantar sementes, ara-se a terra.
Bem, quando olhamos para os ensinos de Jesus entendemos
que a terra da qual Deus fala é o coração humano: o nosso coração. Ele precisa
ser arado, preparado.
Por exemplo, na “Parábola do semeador”, em Mateus 13[3].
Ele compara a pregação do Evangelho com o trabalho de
um semeador. Ele é o semeador, o Evangelho é a semente, e os nossos corações são
a terra em que a semente do Evangelho é lançada.
A semente é sempre a mesma, e é boa, mas os corações
humanos não são iguais.
Existem corações, ele diz, que são como beira de um caminho, terreno de estrada,
terra batida, dura. A semente é lançada sobre este tipo de solo, mas não penetra,
pois ele é duro, e as aves logo chegam e comem a semente. O coração duro é
aquele que ouve a Palavra de Deus, mas ele se fecha, endurecido pelo engano do
pecado[4],
não deixa ela entrar. Então o diabo logo arrebata esta palavra e a pessoa
esquece o que ouviu.
Também existem corações que são como solo rochoso, cheio de pedras. São os
corações que ouvem a palavra do Evangelho e a recebem com alegria, mas assim como
uma semente lançada entre pedras não tem raiz em si mesma, assim também estas
pessoas não criam raízes na vida de Deus, é coisa que dura pouco tempo; logo
que começam as tribulações, as perseguições e angustias, desistem de viver de
acordo com o Evangelho.
Além disto, existem corações que são como uma terra
cheia de espinhos, e as preocupações desta vida, a fascinação pelas coisas do
mundo sufocam a Palavra, e ela não dá frutos.
Somente um tipo de terra, ou coração, produz frutos
para a eternidade. É a terra boa, arada, revolvida, afofada, pronta para
acolher com mansidão a Palavra de Deus.
Tg 1:21, 22
Portanto, despojando-vos de toda impureza e acúmulo de maldade, acolhei,
com mansidão, a palavra em vós implantada, a qual é poderosa para salvar a
vossa alma. 22 Tornai-vos, pois, praticantes da
palavra e não somente ouvintes, enganando-vos a vós mesmos.
Este é o coração arado, preparado, pronto para
receber o que Deus diz, sem esquecer, sem se envolver com os espinhos das
preocupações e desejos mundanos, sem se envolver com as pedras de tropeço das
dificuldades passageiras.
Conclusão e
aplicação
Semeai para vós outros em justiça, ceifai segundo a
misericórdia; arai o campo de pousio; porque é tempo de buscar ao SENHOR, até
que ele venha, e chova a justiça sobre vós.
Você tem fome e sede de justiça?
Você deseja ver justiça em sua própria vida?
Você deseja ver as pessoas de sua família convertidas a
Jesus?
Você deseja ver pessoas se convertendo em nossa igreja,
no seu trabalho, através de seu testemunho?
Deus também deseja
É tempo de buscar ao Senhor.
É tempo de abandonar pecados, de nos humilharmos na
presença do Senhor.
É tempo de orar.
Até quando? Até que ele venha, e chova justiça sobre a
terra.
muito abençoador, muito obrigado por compartilhar algo tão rico!
ResponderExcluirAmém. Muito obrigado, irmão. Deus faça chover sua justiça em nossa Pátria.
ResponderExcluirMuito obrigada pela palavra abençoada. Deus abençoe.
ResponderExcluirAmém! Também agradeço por sua amabilidade. Deus abençoe.
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