Igreja
Presbiteriana Conservadora de Pda. de Taipas
Domingo,
16 de outubro de 2016
Pr. Plínio
Fernandes
Este foi
o testemunho de João, quando os judeus lhe enviaram de Jerusalém sacerdotes e
levitas para lhe perguntarem: Quem és tu? 20 Ele confessou e não negou;
confessou: Eu não sou o Cristo. 21 Então, lhe perguntaram: Quem és,
pois? És tu Elias? Ele disse: Não sou. És tu o profeta? Respondeu: Não. 22 Disseram-lhe, pois:
Declara-nos quem és, para que demos resposta àqueles que nos enviaram; que
dizes a respeito de ti mesmo? 23 Então, ele respondeu: Eu sou a
voz do que clama no deserto: Endireitai o caminho do Senhor, como disse o
profeta Isaías. 24 Ora, os que haviam sido enviados
eram de entre os fariseus. 25 E perguntaram-lhe: Então, por
que batizas, se não és o Cristo, nem Elias, nem o profeta? 26 Respondeu-lhes João:
Eu batizo com água; mas, no meio de vós, está quem vós não conheceis, 27 o qual vem após mim, do qual não
sou digno de desatar-lhe as correias das sandálias. 28 Estas coisas se
passaram em Betânia, do outro lado do Jordão, onde João estava batizando. 29 No dia seguinte, viu
João a Jesus, que vinha para ele, e disse: Eis o Cordeiro de Deus, que tira o
pecado do mundo! 30 É este a favor de quem eu disse:
após mim vem um varão que tem a primazia, porque já existia antes de mim. 31 Eu mesmo não o
conhecia, mas, a fim de que ele fosse manifestado a Israel, vim, por isso,
batizando com água. 32 E João testemunhou, dizendo: Vi
o Espírito descer do céu como pomba e pousar sobre ele. 33 Eu não o conhecia;
aquele, porém, que me enviou a batizar com água me disse: Aquele sobre quem
vires descer e pousar o Espírito, esse é o que batiza com o Espírito Santo. 34 Pois eu, de fato, vi e
tenho testificado que ele é o Filho de Deus.
Em cumprimento à Palavra de Deus através do profeta
Isaías, nas regiões desertas da Judéia surgiu outro profeta; João, que ficou
conhecido como o batista, pelo fato de batizar as pessoas em sinal de
arrependimento dos pecados.
João Batista era, no dizer de Isaías, a voz do que
clamava no deserto, preparando o caminho para a chegada do Senhor.
Ele foi enviado a proclamar que o tempo da salvação havia
chegado. Que, como um pastor que carrega sua ovelhinha nos braços, que conduz e
defende o seu rebanho, assim viria o Senhor, trazendo perdão, proteção,
orientação e consolação para o seu povo.[1]
Então João anunciava a chegada iminente do Salvador, e
exortava os que o ouviam a que se arrependessem de seus pecados; que nas
relações familiares, no trabalho e na vida em geral, fossem amigos, justos,
fraternos e honestos, e assim estivessem preparando seus corações para a vinda
do Senhor.[2]
As multidões afluíam avidamente, sedentas de ouvir a
Palavra de Deus através de João.
Mas ele sempre dizia:
– Depois de mim vem
alguém muito maior do que eu. Eu não sou digno nem ao menos de desatar as
correias de seus calçados. Ele tem a primazia, porque já existia antes de mim,
porque é o Filho de Deus.
E assim, certo dia, João viu Jesus se aproximando, e com
o coração cheio de fé anunciou:
– Aqui está o
cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo.
– É dele que eu
tenho falado.
Mas em Jesus, meus irmãos, não estavam se cumprindo
apenas as palavras de Isaías. Aliás, estavam se cumprindo profecias de todos os
profetas do Antigo Testamento.
E em especial, eu quero citar o profeta Ezequiel. Pois em
nome do Senhor ele havia falado de um tempo em que o Senhor derramaria seu
Espírito sobre o seu povo, e colocaria o seu Espírito dentro dos corações.
O Espírito seria derramado em abundância, como se fosse
água pura caindo sobre os corações humanos, que seriam lavados de suas
imundícias, e renovados; renovados como se fossem retirados corações de pedra,
duros, insensíveis para com Deus, e seria dado um novo coração.
Isto está em Ez 36:25-27
Então, aspergirei água
pura sobre vós, e ficareis purificados; de todas as vossas imundícias e de
todos os vossos ídolos vos purificarei. 26 Dar-vos-ei coração novo e porei
dentro de vós espírito novo; tirarei de vós o coração de pedra e vos darei
coração de carne. 27
Porei dentro de vós o meu Espírito e farei que andeis nos meus estatutos,
guardeis os meus juízos e os observeis.
Por isto, João acrescenta:
– Eu estou apenas batizando
com água, mas este, o Filho de Deus, é alguém que não somente tira o pecado do
mundo; ele é também aquele que batiza com o Espírito Santo.
Assim, meus irmãos, nós vemos que, em relação à salvação
dos homens, Jesus veio ao mundo com duas coisas mente: por um lado, tirar uma
coisa má de nossas vidas, isto é, tirar os nossos pecados; e, por outro lado,
nos dar o Espírito Santo, a fim de que ele viesse habitar em nossos corações.
Como vimos em nossa mensagem anterior sobre este texto, o
perdão dos nossos pecados, Jesus o conquistou na cruz, levando sobre si o
castigo que era nosso.[3]
Agora, este outro aspecto da nossa salvação, isto é, o
dom do Espírito Santo, ele conquistou através de sua glorificação, quer dizer,
através da sua ressurreição dos mortos e ascensão ao céu.
Acho proveitoso antecipar um dos textos que veremos
depois novamente, durante o nosso estudo.
Jo 7:37-39
No último
dia, o grande dia da festa, levantou-se Jesus e exclamou: Se alguém tem sede,
venha a mim e beba. 38 Quem crer em mim, como diz a
Escritura, do seu interior fluirão rios de água viva. 39 Isto ele disse com
respeito ao Espírito que haviam de receber os que nele cressem; pois o Espírito
até aquele momento não fora dado, porque Jesus não havia sido ainda
glorificado.
Aqui o Senhor Jesus promete que todos os crentes haveriam
de receber o Espírito. Mas João explica que até aquele momento o Espírito não
havia ainda sido dado, pois Jesus ainda não havia sido glorificado.
Então, é por isto que o livro de Atos registra que,
depois de sua ressurreição, Jesus mais uma vez prometeu o Espírito Santo, e subiu
ao céu.
– Vós sereis
batizados com o Espírito Santo não muito depois destes dias, disse Jesus.[4]
Alguns dias depois os discípulos estavam reunidos numa
grande sala (umas cento e vinte pessoas).
De repente, um som, como de um vento impetuoso, e línguas,
como que de fogo, e pousou sobre todos, e ficaram cheios do Espírito Santo, e começaram
a glorificar a Deus nos mais variados idiomas.[5]
Então, pregando sobre o que estava acontecendo, apóstolo
Pedro explicou que, tendo Jesus ressuscitado e recebido à mão direita de Deus
Pai, derramou aquilo que as pessoas estavam vendo. E assegurou que dali em
diante, assim como o perdão dos pecados, o Espírito Santo seria derramado sobre
todos os crentes.[6]
À luz destas coisas, amados, em nossa mensagem de hoje eu
desejo falar sobre a obra do Espírito Santo na vida dos crentes, conforme ela
nos é apresentada por Jesus, aqui no Evangelho de João.
Há quatro ensinos de Jesus, que eu desejo destacar.
1. O Senhor nos
ensina que o Espírito Santo começa o seu agir em nossa vida antes mesmo de
crermos em Jesus – pois ele é quem nos regenera
A palavra regeneração significa “novo nascimento”. É uma
metáfora usada por Jesus para descrever a transformação espiritual pela qual
qualquer pessoa precisa passar, se deseja entrar no reino de Deus; se deseja
conhecer a salvação de sua alma.
Este foi o ensino de Jesus a um homem chamado Nicodemos,
que era um mestre religioso em Israel, mas que não havia experimentado esta
transformação de vida.
Vamos ler Jo 3:1-3
Havia, entre os
fariseus, um homem chamado Nicodemos, um dos principais dos judeus. 2 Este,
de noite, foi ter com Jesus e lhe disse: Rabi, sabemos que és Mestre vindo da
parte de Deus; porque ninguém pode fazer estes sinais que tu fazes, se Deus não
estiver com ele. 3 A isto, respondeu Jesus: Em
verdade, em verdade te digo que, se alguém não nascer de novo, não pode ver o
reino de Deus.
Veja o que o Senhor ensina. Para que uma pessoa possa ver
o reino de Deus, ela precisa “nascer de novo”.
Precisa ser “concebida novamente”, precisa aprender tudo
de novo, precisa tornar-se uma criancinha.
Então Nicodemos pergunta:
– Mas como pode
ser isto? Será que um homem, sendo velho, pode voltar ao ventre materno, e
nascer outra vez?
E a resposta de Jesus está nos vs. 5-8.
Em verdade, em
verdade te digo: quem não nascer da água e do Espírito não pode entrar no reino
de Deus. 6 O que é nascido da carne é carne;
e o que é nascido do Espírito é espírito. 7 Não
te admires de eu te dizer: importa-vos nascer de novo. 8 O
vento sopra onde quer, ouves a sua voz, mas não sabes donde vem, nem para onde
vai; assim é todo o que é nascido do Espírito.
– Nicodemos, ensina
o Senhor, não estou dizendo que uma
pessoa nasce de novo fisicamente.
– Ela nasce de
novo quando nasce da água e do Espírito (isto é, quando o Espírito Santo,
soberanamente, opera em sua alma e a conduz ao arrependimento e à fé).
– Uma pessoa nasce
de novo quando Deus derrama do seu Espírito em seu coração, e o quebranta,
removendo a dureza, transformando pelo seu poder.
Eu digo soberanamente
porque o Espírito é como o vento: você ouve o vento soprando, mas não é senhor
de sua origem, nem de seu destino. Assim também é o agir do Espírito.
Ele age mediante a Palavra do Evangelho, concedendo arrependimento
e fé aos escolhidos de Deus, e por meio desta fé faz do homem uma nova criação.[7]
Veja, por exemplo, a descrição que o apóstolo Paulo faz
desta transformação espiritual, em sua primeira epístola aos coríntios.
1ª Co 6:9-11
Ou não sabeis que
os injustos não herdarão o reino de Deus? Não vos enganeis: nem impuros, nem
idólatras, nem adúlteros, nem efeminados, nem sodomitas, 10 nem ladrões, nem avarentos, nem bêbados, nem
maldizentes, nem roubadores herdarão o reino de Deus. 11 Tais
fostes alguns de vós; mas vós vos lavastes, mas fostes santificados, mas fostes
justificados em o nome do Senhor Jesus Cristo e no Espírito do nosso Deus.
De uma forma ou de outra, não importa que modo de vida
tivemos anteriormente, se pecadores notórios como os aqui descritos, ou se
religiosos instruídos como Nicodemos, todos os que são crentes em Jesus são
também pessoas que, para que pudessem entender as coisas de Deus, ter fé em
Jesus, arrepender-se de seus pecados, precisaram antes ser regenerados pelo
poder o Espírito Santo.
Lá no início da criação a terra era sem forma e vazia, e
coberta de trevas, e o Espírito de Deus pairava sobre a face das águas, e disse
Deus: – Haja luz.
Assim também a vida de uma pessoa sem Cristo é trevas e
morte, até que o Espírito de Deus, falando pelo Evangelho, faz resplandecer a
luz o Senhor em seu coração.
Eu amo aquele hino em que nossa alma testemunha a nossa
salvação dizendo assim:
Quando perdido,
vagueava aflito
E em densas
trevas meu andar seguia
Tu me
buscaste, lá dos céus mandado
Luz que me guia[8]
2. O Espírito
Santo é quem nos dá a vida abundante em Jesus
Por favor, abra sua Bíblia em João cap. 4.
Acho que uma das ilustrações mais bonitas desta doutrina
está na história da “mulher samaritana”.
O texto nos conta de certa ocasião em que o Senhor estava
assentado à beira de um poço, quando se aproximou uma mulher para tirar água.
Mas esta mulher não precisava apenas água para matar a
sede ou cozinhar alimentos. Na sua alma, ela tinha uma sede imensa, de alguma
coisa que talvez não soubesse bem o que era.
Ela tinha sede de felicidade, tinha sede de amor. Então
buscava felicidade. Esta mulher já havia se casado cinco vezes. Mas por alguma
razão seus casamentos haviam se acabado.
E ainda assim ela não desistia. Tanto que estava agora
vivendo com outro homem.
Mas nada neste mundo pode preencher a necessidade mais
profunda do nosso coração: a sede de Deus.
Os muitos amores humanos, a posição social, os bens
materiais, as festas e outras diversões, o conhecimento das muitas artes, a
política, enfim, as coisas que os seres humanos pensam que podem ser a fonte da
felicidade, são apenas sombras; substitutos precários, inúteis, ou como diria
Jeremias, são como poços rachados, cisternas de águas enlameadas. Somente Deus
é a fonte de águas vivas.[9]
Vamos ler o v. 7 e os seguintes:
Nisto, veio uma
mulher samaritana tirar água. Disse-lhe Jesus: Dá-me de beber. 8 Pois
seus discípulos tinham ido à cidade para comprar alimentos. 9 Então,
lhe disse a mulher samaritana: Como, sendo tu judeu, pedes de beber a mim, que
sou mulher samaritana (porque os judeus não se dão com os samaritanos)? 10
Replicou-lhe Jesus: Se conheceras o dom de Deus e quem é o que te pede: dá-me
de beber, tu lhe pedirias, e ele te daria água viva. 11
Respondeu-lhe ela: Senhor, tu não tens com que a tirar, e o poço é fundo; onde,
pois, tens a água viva? 12 És tu, porventura, maior do que
Jacó, o nosso pai, que nos deu o poço, do qual ele mesmo bebeu, e, bem assim,
seus filhos, e seu gado? 13 Afirmou-lhe Jesus: Quem beber
desta água tornará a ter sede; 14 aquele, porém, que beber da água que eu lhe der nunca
mais terá sede; pelo contrário, a água que eu lhe der será nele uma fonte a
jorrar para a vida eterna. 15 Disse-lhe a mulher: Senhor,
dá-me dessa água para que eu não mais tenha sede, nem precise vir aqui
buscá-la. 16 Disse-lhe Jesus: Vai, chama teu
marido e vem cá; 17 ao que lhe respondeu a mulher: Não tenho marido.
Replicou-lhe Jesus: Bem disseste, não tenho marido; 18 porque cinco maridos já tiveste, e esse que agora tens
não é teu marido; isto disseste com verdade.
– Se você soubesse
quem eu dou, diz Jesus, você me pediria, e eu te daria de graça, da água da vida.
Então ela pede que Jesus lhe dê desta água que ele fala.
Uma água que satisfaz a alma. Uma água que jorra para a vida eterna.
Que água é esta? Vamos voltar ao texto que já antecipei.
Jo 7:37-39
No último dia, o
grande dia da festa, levantou-se Jesus e exclamou: Se alguém tem sede, venha a
mim e beba. 38 Quem crer em mim, como diz a
Escritura, do seu interior fluirão rios de água viva. 39 Isto
ele disse com respeito ao Espírito que haviam de receber os que nele cressem;
pois o Espírito até aquele momento não fora dado, porque Jesus não havia sido
ainda glorificado.
O Espírito Santo de Deus, dentro de nós, é a fonte de
águas que mata a nossa sede de felicidade. Pois a nossa felicidade está em
Deus.
Deus é a riqueza de nossa existência. Deus é o amigo eterno, fiel, imutável, compreensivo, ajudador.
Deus é a nossa alegria, a nossa plenitude.
Quando ela pede: – Dá-me
desta água, Jesus toca no pecado dela. Expõe o fato de que o homem com quem
ela vive não é marido dela, o que é pecado, à luz da lei do Senhor.
Como que dizendo: –
Se você deseja beber, então vamos começar por aqui, para que você reconheça o
problema, e se volte para Deus. Assim você vai receber desta água viva.
E os momentos seguintes, de confrontação amorosa, de
ensino amoroso, trazem tanta alegria a esta mulher, que ela sai contando pra
todo mundo, e dizendo que Jesus é o salvador do mundo.
Sabem, há muita gente, mesmo dentro das igrejas, que está
procurando felicidade nas fontes erradas.
Você vê como no mundo em que vivemos as pessoas estão
dedicando suas vidas a lutar por aquilo que chamam de “liberdade”.
Mas a liberdade pela qual tanto lutam, protestam, fazem
passeatas, votam, agridem, na maior parte das vezes não é outra coisa senão a
liberdade para pecar contra Deus e sua Palavra.
E liberdade para pecar não é liberdade; é escravidão.[10]
Depois que faz tudo o que deseja, o pecador apenas descobre que continua
infeliz, vazio, carente de algo que ele nem percebe direito o que é.
Mas a água que ele precisa tem um nome: é Deus reinando
supremo em seu coração, tratando com o pecado, expulsando ao amor ao pecado
pelo poder de um novo amor, pelo poder de um novo coração, dirigindo sua vida
aqui e na eternidade.
Se você tem sede de felicidade, peça, pois o Senhor Jesus
dá o Espírito Santo a todo o que lhe pedir.
Espírito que é como uma fonte de água viva a jorrar do
seu interior, que produz um fruto de amor, alegria, justiça e paz.
3. O Espírito
Santo nos concede comunhão com Jesus Cristo
Em quase toda a segunda parte aqui do seu Evangelho, João
se dedica a contar os acontecimentos da última noite de Jesus com os doze apóstolos,
antes de sua morte na cruz.
E nos capítulo 14 e 16, especialmente, ele fala sobre o
Espírito Santo.
Vamos ler apenas alguns trechos (pois não temos como ler
os capítulos todos aqui).
Jo 14:16-18
E eu rogarei ao
Pai, e ele vos dará outro Consolador, a fim de que esteja para sempre convosco, 17 o Espírito da verdade, que o mundo não pode receber,
porque não no vê, nem o conhece; vós o conheceis, porque ele habita convosco e
estará em vós. 18 Não vos deixarei órfãos,
voltarei para vós outros.
Jo 14:26
Mas o Consolador,
o Espírito Santo, a quem o Pai enviará em meu nome, esse vos ensinará todas as
coisas e vos fará lembrar de tudo o que vos tenho dito.
Jo 15:26
Quando, porém,
vier o Consolador, que eu vos enviarei da parte do Pai, o Espírito da verdade,
que dele procede, esse dará testemunho de mim.
Jo 16:7-15
Mas eu vos digo a
verdade: convém-vos que eu vá, porque, se eu não for, o Consolador não virá
para vós outros; se, porém, eu for, eu vo-lo enviarei. 8
Quando ele vier, convencerá o mundo do pecado, da justiça e do juízo: 9 do pecado, porque não creem em mim; 10 da justiça, porque vou para o Pai, e não me vereis mais; 11 do juízo, porque o príncipe deste mundo já está julgado. 12
Tenho ainda muito que vos dizer, mas vós não o podeis suportar agora; 13 quando vier, porém, o Espírito da verdade, ele vos
guiará a toda a verdade; porque não falará por si mesmo, mas dirá tudo o que
tiver ouvido e vos anunciará as coisas que hão de vir. 14 Ele
me glorificará, porque há de receber do que é meu e vo-lo há de anunciar. 15 Tudo
quanto o Pai tem é meu; por isso é que vos disse que há de receber do que é meu
e vo-lo há de anunciar.
Nestas palavras todas, o Senhor está consolando os
corações de seus discípulos. Eles estavam tristes porque Jesus havia dito que
estava voltando para o Pai, e eles sentiriam sua falta. Então ele diz:
– Mas quando eu
for, pedirei ao Pai, e ele vos enviará outro Consolador.
Isto porque Jesus, o “Deus conosco”, estivera com eles
nos últimos anos, e havia sido o seu Consolador.
Esta palavra, “consolador”, que nossas Bíblias usam aqui
para traduzir o nome que Jesus dá ao Espírito Santo, é boa; mas o significado
da palavra grega é muito maior do que entendemos normalmente.
Ela significa consolador, mas também significa “alguém
que se coloca ao lado para defender, como um advogado, para aconselhar, para
encorajar, para orientar, e até exortar”.
Quando os discípulos eram acusados pelos fariseus e
outros “vasos do diabo”, Jesus era o seu advogado, o seu defensor.
Quando nas tempestades da vida, Jesus era o seu protetor.
Quando desorientados, Jesus era o conselheiro
maravilhoso.
Quando precisando doutrina, Jesus era mestre; quando
tristes, Jesus era o amigo.
Jesus era o caminho para o céu, e o caminho para andar
neste mundo, a verdade e a vida, era a sua luz, o seu bom pastor, e tudo o que
há de bom.
Suas palavras eram espírito e vida; eram fonte de ânimo, de
correção, de encorajamento e alegria. Eram palavras de vida eterna.
Mas agora estava dizendo que voltaria para Deus. E não os
deixaria sós.
– É bom para vocês
que eu vá, porque, se eu for, então enviarei o Consolador.
O Espírito Santo é para os crentes, tudo o que Jesus foi
para eles enquanto estava fisicamente aqui.
E o Espírito Santo é tudo isto, porque ele fala em nome
de Jesus, porque age por Jesus, e nos leva a conhecer Jesus.
Ele recebe do Pai o que é de Jesus e nos ensina.
Ele é quem nos apresenta Jesus, quem nos convence dos
nossos pecados, quem nos convence da justiça de Deus realizada na cruz, quem
nos mostra a derrota de Satanás realizada na cruz.
Ele é quem nos ensina e faz lembrar de tudo quanto Jesus
ensinou.
Assim como quem tem Jesus, tem o Pai, aquele que tem o
Espírito, tem a Jesus.
Desta forma o Espírito glorifica o nome de Jesus em
nossas vidas.
Por isto é que Paulo também o chama de Espírito de
Cristo.
Mas conforme o Senhor nos ensina aqui, há uma diferença
muito vantajosa. É que nos dias em que Jesus estava na terra, sua presença era
limitada a um certo lugar. Se alguém quisesse falar com Jesus, precisa ir até
onde ele estava; muitas vezes isto significava percorrer longas distâncias,
subir em árvores, superar multidões, subir a um monte.
Agora é diferente: –
O Espírito Santo estará em vós, disse o Senhor.
O Espírito de Cristo está dentro de nós, onde quer que
nós estivermos. E faz por nós, e em nós, tudo aquilo que procede de Jesus.
Você pode andar com Jesus em qualquer lugar, qualquer
hora, qualquer circunstância. Pode falar com ele, pode adorá-lo, buscar seu
ensino e conselho, onde quer que estiver.
4. O Espírito
Santo nos faz representantes do reino de Deus
Jo 20:19-23
Ao cair da tarde
daquele dia, o primeiro da semana, trancadas as portas da casa onde estavam os
discípulos com medo dos judeus, veio Jesus, pôs-se no meio e disse-lhes: Paz
seja convosco! 20 E, dizendo isto, lhes mostrou as
mãos e o lado. Alegraram-se, portanto, os discípulos ao verem o Senhor. 21
Disse-lhes, pois, Jesus outra vez: Paz seja convosco! Assim como o Pai me
enviou, eu também vos envio. 22 E, havendo dito isto, soprou
sobre eles e disse-lhes: Recebei o Espírito Santo. 23 Se
de alguns perdoardes os pecados, são-lhes perdoados; se lhos retiverdes, são
retidos.
O encontro que está registrado aqui aconteceu no dia da
ressurreição do Senhor.
Os outros evangelhos também falam deste dia, contando
outros detalhes. Mas aqui na narrativa de João, nós temos uma antecipação do
que Lucas irá dar detalhes maiores no Livro de Atos.
O Senhor Jesus “sopra sobre eles”, aludindo o vento do
Espírito que viria no dia do Pentecoste, e ordena que recebam o Espírito.
E dá a eles a autoridade para agirem em seu nome.
– Assim como o Pai
me enviou, eu envio vocês. Se de alguns vocês perdoarem os pecados, serão
perdoados. Se não perdoarem, não serão perdoados.
Não entendemos, irmãos, que os discípulos tem autoridade
em si mesmos, mas é uma autoridade que deriva da autoridade da Palavra de
Jesus.
Enquanto agem sob a Palavra de Jesus, seguindo suas
instruções. Então eles não tem autoridade, em si mesmos, para perdoar ou não.
Eles apenas reconhecem aquilo que Jesus já fez, mediante a luz que o ensino de
Jesus lhes dá, ensino que o Espírito Santo lhes ministra continuamente, e os
capacita a agir em nome de Jesus.
Amados, longe de nós o pensar que tenhamos a mesma
autoridade que os doze apóstolos. Mas o princípio é o mesmo: o Espírito Santo,
agindo em nós, nos torna agentes do reino de Deus, embaixadores de Cristo a
ministrar em seu nome.
Cada um dos crentes, segundo os dons que recebe do
Espírito, sejam dons de falar, como profecia, ensino, exortação, sejam dons de
servir, é um servo da graça de Deus. Pois o Espírito, soberanamente, distribui
dons a todos os crentes.[11]
Mas não somente através de dons: acima de tudo, pelo
fruto que produz nos crentes, fruto de alegria, amor, fé, mansidão, humildade,
fidelidade, o Espírito Santo faz com que cada crente se torne um enviado do
Senhor, para agir em seu nome, ministrar sua graça e amor. E também anunciar
sua justiça.[12]
Conclusão
Assim, amados,
vemos que desde suas primeiras páginas, até as últimas, João nos apresenta dois
grandes aspectos da nossa salvação: o perdão dos pecados, e o dom do Espírito
Santo.
Em nosso estudo de agora destacamos o ensino de Jesus
sobre o dom do Espírito.
O Espírito Santo é quem, agindo segundo a vontade de
Jesus, faz de cada escolhido de Deus uma nova criação; é quem os regenera, é
quem os transforma por dentro, dá um novo coração , e uma nova vida de fé e
conhecimento de Deus.
O Espírito Santo é quem se torna no coração do crente uma
fonte de satisfação da nossa sede de Deus, que se torna como que rios de água
viva, de vida abundante, fluindo do seu interior.
O Espírito Santo é quem fala de Jesus, ensina a conhecer
Jesus, glorifica a Jesus, age em seu nome, convence do pecado, concede arrependimento
e fé. Ele é quem, agindo em seu nome, consola, conforta, aconselha, orienta, corrige,
repreende, defende e protege. É o grande e permanente amigo.
O Espírito Santo capacita a todos os crentes a agirem
como enviados de Jesus a um mundo carente de Deus.
Aplicação
Sendo assim, quero fazer algumas aplicações práticas a
todos.
Creia em Jesus.
Creia que ele é o Filho de Deus. Creia na morte de Jesus
pelos seus pecados. Creia no amor de Jesus por você. Arrependa-se e creia, pois
esta é a entrada para o reino de Deus.
Creia no Espírito Santo.
Aliás, se você crê em Jesus, isto em si mesmo já é uma
evidência do sopro do Espírito em sua vida. Se você crê em Jesus, você sabe, em
seu coração, que isto acontece porque o Espírito Santo tem concedido
arrependimento dos pecados, fé no Filho de Deus, um novo coração, uma
disposição interior inclinada a buscar a glória de Deus, a vontade de Deus, o
reino de Deus.
Se você ama a igreja de Jesus, o povo por quem ele
morreu, então você sabe que isto é porque o amor de Deus tem sido derramado em
seu coração, pelo Espírito Santo que lhe foi outorgado.[13]
Confie em Jesus. Confie no Espírito que habita em você.
Confie nele como seu grande amigo, mestre, consolador,
conselheiro, guia, como a sua luz, que lhe dá capacidade para viver feliz, para
a glória de Deus; confie nele como Cristo em você, com você, por você.
Conte com ele, onde quer que você vá.
Conte com ele para que você conheça a Jesus, cada vez
mais.
Conte com ele na leitura da Bíblia, para que ele ilumine
o seu entendimento e traga conhecimento, alegria, liberdade espiritual e vida
abundante.
Conte com ele até para orar, pois ele te ajuda a orar.
Conte com ele habitando em você, amando com seu coração,
olhando com seus olhos, falando com seus lábios, andando com seus pés, fazendo
com suas mãos, usando seus bens, seus talentos, seu caráter, a sua vida, como
instrumento da bondade de Deus na vida de outras pessoas.
Nos momentos de alegria, saiba que ele se alegra também.
Nos momentos de decisão, conte com ele como seu
conselheiro.
Nos momentos de provação, conte com ele como seu
auxiliador.
Nos momentos de tristeza, conte com ele como seu
consolador.
Conte com ele nos momentos de testemunhar de sua fé.
Conte com ele para agir por seu intermédio.
Deixe que o Espírito de Cristo use a sua vida.
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