3ª IPC de São Paulo
Pr. Plínio Fernandes
1ª Pe 3:8
Finalmente, sede todos de
igual ânimo, compadecidos, fraternalmente amigos, misericordiosos, humildes,
1º Sm 18:1-4
Sucedeu que, acabando Davi de
falar com Saul, a alma de Jônatas se ligou com a de Davi; e Jônatas o amou como
à sua própria alma. 2 Saul, naquele dia, o tomou e não
lhe permitiu que tornasse para casa de seu pai. 3 Jônatas e Davi fizeram aliança;
porque Jônatas o amava como à sua própria alma. 4 Despojou-se Jônatas da capa que
vestia e a deu a Davi, como também a armadura, inclusive a espada, o arco e o
cinto.
Tenho comigo que um dos bens mais preciosos que
temos nesta vida são os amigos.
Hoje eu desejo meditar com vocês sobre “amizade”,
aquilo que é descrito no dicionário como “relacionamento fiel de afeição,
ternura e estima entre pessoas que em geral não são parentes”.
Não são necessários muitos amigos; se você tiver uns
poucos, ou até mesmo um amigo, então
você tem sido enriquecido.
Mas ser amigo
é um mandamento que nos é dado na Palavra de Deus, e portanto expressão da
vontade de Deus para o nosso modo de viver.
O próprio Jesus se nos apresenta em Sua Palavra como
nosso amigo; portanto ser amigo é ser parecido com Jesus
O mundo ocidental não valoriza a amizade. Para os
ocidentais, a amizade é uma espécie de “amor de segunda categoria”.
Esta desvalorização ocorre principalmente de duas
formas:
A amizade é banalizada quando as pessoas chamam
amigas a outras pelas quais não nutrem uma amizade verdadeira. Existem muitas
pessoas que falam de seus amigos no trabalho, na igreja, na escola, mas que,
quando surge o momento em que esta amizade tem oportunidade de se mostrar
verdadeira, ela se mostra irreal. E você já reparou quantos “amigos” você tem
nas redes sociais, mas que nem te conhecem?
Ou, quando existe amizade verdadeira entre duas
pessoas, esta amizade é observada por outros de modo negativo, sendo logo
rotulada com alguma denotação sexual negativa.
Por exemplo, certos falsos estudantes da Bíblia, afirmam
que esta amizade descrita na Bíblia, entre Jônatas e Davi e mais tarde, Jesus e
João, eram, na realidade, amizades homossexuais.
Eles dizem isto para defender a prática homossexual
como se fosse algo aprovado por Deus.
Na realidade, o homossexualismo é consistentemente
reprovado, tanto no Antigo como no Novo Testamentos[1].
Se o amor entre Jônatas e Davi fosse desta natureza,
ele seria prontamente condenado, e não endossado pela Bíblia.
Por outro lado, por causa da amizade existente entre
Maria, irmã de Lázaro, e Jesus, alguns não temem em afirmar que ela era uma de
suas várias namoradas e esposas (os Mórmons, por exemplo).
Isto porque estas pessoas não conseguem entender o
que é amizade.
Num mundo caracterizado pela inimizade, por amizades
impuras, nós precisamos ouvir a Palavra de Deus
Com base na história de Jônatas e Davi, iremos meditar
sobre a verdadeira amizade, como sendo uma expressão da vontade de Deus para
nós. Que podemos observar aqui de uma amizade verdadeira?
1. A amizade entre os filhos de Deus é um
relacionamento espiritual
O que digo se baseia em dois fatos
Primeiro, nesta afirmação que é feita no v. 1 - “a alma de Jônatas se ligou com a de Davi, e
Jônatas o amou com à sua própria alma”.
Eu tenho comigo que esta “ligação da alma” nasceu
com a admiração de Jônatas por Davi. Davi, ainda bastante jovem, estava
acabando de falar com o Rei Saul, pai de Jônatas.
O cap. 17 nos conta como Davi derrotou Golias,
aquele gigante com cerca de 2,80 m de altura, e que estava humilhando as tropas
israelitas. Davi, que não era na realidade um soldado, apresentou-se para
defender Israel e matou o gigante.
Imediatamente foi levado à presença de Saul. E à
medida em que conversava com Saul, Jônatas, filho e sucessor natural do reino,
observava; e enquanto observava, diz o Senhor, a alma dele se ligou à alma de
Davi. Foi uma ligação espiritual
E porque a alma de Jônatas se ligou à de Davi? Penso
que foi por causa do tipo de homem que ele encontrou em Davi: um homem
espiritual.
O que temos aqui é o relacionamento entre dois
homens profundamente espirituais. Senão, vejamos:
O grande feito de Davi que o tornou notável diante
dos israelitas como homem de Deus é mencionado no cap. 17. E neste cap. nós
podemos observar qual a atitude que Davi tinha diante do Deus a quem servia.
17:45-47
Davi, porém, disse ao filisteu (o gigante Golias): Tu vens
contra mim com espada, e com lança, e com escudo; eu, porém, vou contra ti em
nome do SENHOR dos Exércitos, o Deus dos exércitos de Israel, a quem tens
afrontado. 46 Hoje mesmo, o SENHOR te
entregará nas minhas mãos; ferir-te-ei, tirar-te-ei a cabeça e os cadáveres do
arraial dos filisteus darei, hoje mesmo, às aves dos céus e às bestas-feras da
terra; e toda a terra saberá que há Deus em Israel. 47 Saberá toda esta multidão que o SENHOR salva, não com espada, nem com
lança; porque do SENHOR é a guerra, e ele vos entregará nas nossas mãos.
Da mesma forma, podemos dizer que Jônatas era homem
de igual confiança em Deus.
Vamos ler o cap. 14:6-14
Disse, pois, Jônatas ao seu
escudeiro: Vem, passemos à guarnição destes incircuncisos; porventura, o SENHOR
nos ajudará nisto, porque para o SENHOR nenhum impedimento há de livrar com
muitos ou com poucos. 7 Então, o seu escudeiro lhe disse:
Faze tudo segundo inclinar o teu coração; eis-me aqui contigo, a tua disposição
será a minha. 8 Disse, pois, Jônatas: Eis que
passaremos àqueles homens e nos daremos a conhecer a eles. 9 Se nos disserem assim:
Parai até que cheguemos a vós outros; então, ficaremos onde estamos e não
subiremos a eles. 10 Porém se disserem: Subi a nós;
então, subiremos, pois o SENHOR no-los entregou nas mãos. Isto nos servirá de
sinal. 11 Dando-se, pois, ambos a conhecer
à guarnição dos filisteus, disseram estes: Eis que já os hebreus estão saindo
dos buracos em que se tinham escondido. 12 Os homens da guarnição
responderam a Jônatas e ao seu escudeiro e disseram: Subi a nós, e nós vos
daremos uma lição. Disse Jônatas ao escudeiro: Sobe atrás de mim, porque o
SENHOR os entregou nas mãos de Israel. 13 Então, trepou Jônatas de gatinhas, e o seu escudeiro, atrás; e os
filisteus caíram diante de Jônatas, e o seu escudeiro os matava atrás dele. 14 Sucedeu esta primeira
derrota, em que Jônatas e o seu escudeiro mataram perto de vinte homens, em
cerca de meia jeira de terra.
Jonatas e Davi eram dois homens de Deus, que
confiavam no Senhor; não é de admirar que Jônatas tenha “se encantado” com Davi.
A amizade verdadeira, ligação da alma, existe entre
pessoas que amam ao Senhor, que obedecem ao Senhor, que fazem sua vontade.
Qualquer amizade que não seja assim, submetida à
vontade do Senhor, não pode ser chamada verdadeiramente amizade.
Por isto, a verdadeira amizade é um relacionamento
espiritual.
2. A amizade entre os filhos de Deus é um relacionamento
espiritual que envolve compromisso
O v. 3 nos diz que Jônatas e Davi fizeram aliança
naquele dia, isto é, se tornaram aliados.
O que é aliança? É um compromisso no qual as partes
envolvidas dão sua palavra no sentido de que cumprirão certos deveres diante de
seus aliados.
O casamento é uma aliança entre um homem e sua
esposa (envolve amizade). Nosso relacionamento com Deus é um relacionamento de
aliança através do sangue de Jesus, que envolve amizade. A profissão de fé que
fazemos é um compromisso de aliança que fazemos com Deus e sua igreja, que
envolve amizade. Jônatas e Davi fizeram uma aliança de amizade baseada na
ligação espiritual que tinham.
Esta aliança, este comprometimento que tinham um com
o outro se expressava de muitas formas: através de palavras, atitudes,
comportamento, ações. Quero mencionar três expressões desta amizade registradas
na Bíblia
2.1
- Jônatas sua amizade por Davi, desde o primeiro dia, quando despojou-se de
seus bens mais preciosos, e os entregou a Davi
18:4
Despojou-se Jônatas da capa
que vestia e a deu a Davi, como também a armadura, inclusive a espada, o arco e
o cinto.
Jônatas era um soldado, um guerreiro, e sua armadura
era seu bem mais precioso, não apenas por ser um “instrumento de trabalho”, mas
com o qual ele defendia sua vida e de sua pátria. Davi era apenas um pastor que
nem uma espada possuía. Jônatas despojou-se de seus bens, ficou no prejuízo
material, mas para ele Davi merecia.
Eu gosto de uma frase repetida em muitos livros. Ela
diz mais ou menos assim: “As pessoas são
mais importantes que as coisas. As coisas nós usamos, e podemos descartar. Com
as pessoas nós nos relacionamos.”
2.2
- Jônatas intervinha, intercedia pelo bem de seu amigo
1º Sm 19:1, 4-7
Falou Saul a Jônatas, seu filho, e a todos os servos
sobre matar Davi. Jônatas, filho de Saul, mui afeiçoado a Davi… Então, Jônatas
falou bem de Davi a Saul, seu pai, e lhe disse: Não peque o rei contra seu
servo Davi, porque ele não pecou contra ti, e os seus feitos para contigo têm
sido mui importantes. 5 Arriscando ele a vida, feriu os
filisteus e efetuou o SENHOR grande livramento a todo o Israel; tu mesmo o
viste e te alegraste; por que, pois, pecarias contra sangue inocente, matando
Davi sem causa? 6 Saul atendeu à voz de Jônatas e
jurou: Tão certo como vive o SENHOR, ele não morrerá. 7 Jônatas chamou a Davi,
contou-lhe todas estas palavras e o levou a Saul; e esteve Davi perante este
como dantes.
Jônatas não permitia que a inveja, o ciúme, o desejo
de destruição vingassem no coração de seu pai. Ele foi criticado por isto.
Vamos ler cap. 20:30-33
Então, se acendeu a ira de
Saul contra Jônatas, e disse-lhe: Filho de mulher perversa e rebelde; não sei
eu que elegeste o filho de Jessé, para vergonha tua e para vergonha do recato
de tua mãe? 31 Pois, enquanto o filho de Jessé
viver sobre a terra, nem tu estarás seguro, nem seguro o teu reino; pelo que
manda buscá-lo, agora, porque deve morrer. 32 Então, respondeu Jônatas a Saul,
seu pai, e lhe disse: Por que há de ele morrer? Que fez ele? 33 Então, Saul atirou-lhe
com a lança para o ferir; com isso entendeu Jônatas que, de fato, seu pai já
determinara matar a Davi.
O quanto estava nele, intercedia e defendia a Davi. Não
pensava como Saul, que se Davi estivesse vivo, ele estaria correndo perigo. Era
um relacionamento baseado na confiança, pois quem ama confia, ou como diz João,
o perfeito amor lança fora todo o medo.
2.3
- Jônatas amava o bem estar de Davi; queria vê-lo progredir, ser bem sucedido
Esta é uma característica do verdadeiro amigo
Lembra-se de como João Batista se referia a si mesmo
em relação a Jesus?
Jo 3:29,30
O que tem a noiva é o noivo; o
amigo do noivo que está presente e o ouve muito se regozija por causa da voz do
noivo. Pois esta alegria já se cumpriu em mim. 30 Convém que ele cresça e que eu
diminua.
Agora voltemos a Jônatas e Davi
1º Sm 23:16-18
Então, se levantou Jônatas,
filho de Saul, e foi para Davi, a Horesa, e lhe fortaleceu a confiança em Deus, 17 e lhe disse: Não temas, porque a mão de Saul, meu pai, não te achará;
porém tu reinarás sobre Israel, e eu serei contigo o segundo, o que também
Saul, meu pai, bem sabe. 18 E ambos fizeram aliança perante
o SENHOR. Davi ficou em Horesa, e Jônatas voltou para sua casa.
Saul queria matar Davi, pois o Senhor Deus, por
causa da desobediência de Saul, o havia rejeitado como Rei em Israel, e disse
que o trono passaria para Davi.
Bem, aconteceria com isto que Jônatas então não
seria rei após a morte de seu pai.
A atitude de Jônatas foi: – “Não tem problema. Ele vai ser o rei; eu não me importo de ser o
segundo”.
3. Qual o segredo desta amizade?
Alguém sábio segundo o mundo poderia responder: – “É que Jônatas era bobo”.
Mas não é esta a resposta da Palavra de Deus. A
resposta da Palavra de Deus é esta: – “Eles
tinham esta amizade profundamente espiritual, abnegada, pois eram homens profundamente
espirituais, abnegados”.
Segundo, a afirmação do v. 3 - Jônatas e Davi
fizeram aliança, porque Jônatas o amava como à sua própria alma.
Quero destacar que esta aliança entre os dois é
mencionada várias outras vezes, e sempre ela trás consigo uma afirmação que
descreve muito de sua natureza
20:8
Usa, pois, de misericórdia
para com o teu servo, porque lhe fizeste entrar contigo em aliança no SENHOR;
se, porém, há em mim culpa, mata-me tu mesmo; por que me levarias a teu pai?
20:23
Quanto àquilo de que eu e tu
falamos, eis que o SENHOR está entre mim e ti, para sempre.
O que desejo enfatizar é que era uma amizade firmada
e vivenciada na presença do Senhor. Tudo quanto faziam era perante o Senhor. “Foi
o Senhor que escolheu Davi”. E o que é de Deus permanece. Em 2º Sm 9:1 nós
lemos que, depois que Jônatas faleceu, Davi se preocupou em fazer o bem para
com sua família.
Só o que é de Deus permanece.
Conclusão
Características desta amizade: um relacionamento
espiritual; um relacionamento de aliança que envolveu despojar-se de seus
próprios bens para o bem do amigo; que envolveu intercessão em favor do amigo
nos momentos de perigo; que envolveu buscar a prosperidade do amigo, mesmo que
isto implicasse em ser o segundo. Porque tudo isto foi sob a direção do Espírito
do Senhor em quem confiavam e quem serviam.
1ª Pe 3:8
Finalmente, sede todos de
igual ânimo, compadecidos, fraternalmente amigos, misericordiosos, humildes,
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