Vitória sobre a culpa
Jo 8:1-11
3ª IPC de São Paulo
Domingo, 18 de dezembro de 2005
Pr. Plínio Fernandes
Você já se sentiu culpado? Já se sentiu acusado por
outras pessoas, ou por sua própria consciência, de modo que um sentimento de
vergonha ou incapacidade moral tomasse conta de seus pensamentos?
A culpa, real ou imaginária, é um problema seriíssimo
que em maior ou menor grau afeta todos os seres humanos. E a única maneira
correta de lidarmos com ela é através da orientação que nos é dada por Deus.
Como eu disse, existe uma culpa que é real. Mas
também pode existir um sentimento de culpa que não vem de uma culpa real, mas
de qualquer forma são coisas que nos perturbam a vida, que tiram a paz de nosso
coração e nos impedem de viver para Deus com liberdade e alegria.
Assim sendo, irmãos, eu gostaria de estudar com vocês
estes dois problemas: o problema da culpa real, e o problema da falsa culpa.
No momento iremos considerar o problema da culpa
real, e numa ocasião posterior, o problema da falsa culpa.
Para o momento presente vamos meditar neste texto
que temos diante de nós.
Jesus,
entretanto, foi para o monte das Oliveiras.
2 De madrugada, voltou novamente para o templo, e todo o povo
ia ter com ele; e, assentado, os ensinava.
3 Os escribas e fariseus trouxeram à sua presença uma mulher
surpreendida em adultério e, fazendo-a ficar de pé no meio de todos, 4 disseram a Jesus: Mestre, esta
mulher foi apanhada em flagrante adultério.
5 E na lei nos mandou Moisés que tais mulheres sejam
apedrejadas; tu, pois, que dizes? 6
Isto diziam eles tentando-o, para terem de que o acusar. Mas Jesus,
inclinando-se, escrevia na terra com o dedo.
7 Como insistissem na pergunta, Jesus se levantou e lhes
disse: Aquele que dentre vós estiver sem pecado seja o primeiro que lhe atire
pedra. 8 E, tornando a
inclinar-se, continuou a escrever no chão.
9 Mas, ouvindo eles esta resposta e acusados pela própria
consciência, foram-se retirando um por um, a começar pelos mais velhos até aos
últimos, ficando só Jesus e a mulher no meio onde estava. 10 Erguendo-se Jesus e não vendo a
ninguém mais além da mulher, perguntou-lhe: Mulher, onde estão aqueles teus
acusadores? Ninguém te condenou? 11
Respondeu ela: Ninguém, Senhor! Então, lhe disse Jesus: Nem eu tampouco te condeno;
vai e não peques mais.
Esta é uma das histórias preferidas do Novo Testamento.
Porque é um exemplo maravilhoso do grande amor de Jesus
para com os pecadores, quer dizer, do grande amor de Jesus para conosco.
Jesus estava num de seus lugares prediletos: o
templo de Jerusalém, o qual ele carinhosamente chamava “casa de meu Pai”, ou
“casa de oração”. Ele gostava de estar ali desde menino.
Naquele dia ele se levantara de madrugada e fora
para a casa de seu Pai, onde estava ensinando às pessoas.
Mas de modo brusco a paz e a harmonia foram
quebradas, pois chegaram os “embaixadores do mal”, alguns escribas e fariseus
trazendo uma mulher apanhada em flagrante adultério.
A Bíblia nos diz claramente que a motivação deles
não era o fazer a vontade de Deus.
Embora se mostrassem tão “zelosos da lei de Deus”,
seu propósito real era ter algum motivo do qual pudessem acusar Jesus. Mesmo
que isto pudesse custar a vida daquela pobre mulher.
Pois, de acordo com a lei de Moisés, esta mulher
deveria ser apedrejada.
Se Jesus dissesse que ela não deveria ser
apedrejada, poderia ser acusado de contrariar a lei dos judeus.
Se, por outro lado, dissesse que ela deveria ser
apedrejada, poderia ser acusado de se insubordinar contra o governo romano.
Era uma armadilha que tentavam colocar sob os pés de
Jesus.
Mas o Senhor mostra, de maneira muito sábia, que ele
não veio a este mundo para fazer a vontade dos judeus, ou dos romanos, ou de qualquer
outro ser humano: ele veio para fazer a vontade de Deus, isto é, buscar e
salvar os homens perdidos.
Assim, temos aqui uma história que nos apresenta
muitas pessoas culpadas.
E dentre estas pessoas culpadas, esta mulher que
está sendo acusada, perante Jesus, do pecado de adultério.
Ela foi levada à presença de Jesus para ser
condenada. Segundo o costume, seu véu deveria estar retirado, os cabelos soltos
e despenteados, as vestes desordenadas. E Jesus, se seguisse a lei de Moisés
literalmente, deveria pronunciar a palavra de juízo contra ela.
Está sendo humilhada, arrastada, tratada com
desprezo, como se fosse um “lixo humano”.
Mas uma coisa maravilhosa acontece; aquele grande
mal que estavam trazendo sobre ela, que deveria conduzir à condenação e morte,
surte exatamente o efeito contrário: na presença do juiz de toda a Terra,
aquela mulher que deveria ser punida recebe uma palavra de perdão, uma palavra
de vida e paz, e sai dali, não para o local de execução; mas sai para uma vida
nova, restaurada.
Com base nesta Palavra do Senhor nós vamos meditar
sobre o problema da culpa real
1. O que é culpa? O que é culpa real,
verdadeira?
É a responsabilidade colocada sobre alguém por causa
de algum comportamento errado. Implica em que a pessoa acusada cometeu algum
delito contra a lei do Senhor.
Bem, a partir disto fica muito claro que num sentido
amplo todos nós somos culpados.
Pois de uma forma ou de outra, quer em pensamentos,
quer em atitudes, quer em palavras, em ações, todos nós transgredimos a lei de
nosso Deus.
Neste texto que estamos considerando temos o exemplo
de algo que é um grande pecado aos olhos de nosso Senhor (aos olhos humanos
isto muitas vezes nem é considerado pecado, mas nem por isto deixa de ser grave
aos olhos de Deus): o pecado de adultério.
É um grave pecado pois foi o Senhor quem trouxe à existência
esta maravilhosa instituição chamada família.
Ele trouxe a família à existência por amor a nós,
para nosso bem estar e felicidade.
Para que o homem seja feliz com sua esposa e ambos
com seus filhos.
E quando então alguém adultera, quando alguém age
com infidelidade conjugal está cometendo um grande pecado contra Deus.
Por isto também que Davi, confessando seu pecado
neste sentido escreveu: – Pequei contra
ti, Senhor (Sl 51).
Mas a Palavra de Deus dá um passo adiante nos
mostrando que pecar não consiste apenas em obras, mas que o pecado acontece
desde o mais íntimo de nosso ser, de nosso coração, e mesmo que ele não se
transforme em obras externas, se ele acontece em nossa mente, ele acontece na
presença de Deus, aquele diante de quem o coração de cada ser humano está
completamente descoberto.
Por exemplo, em 1ª Jo 3:12,15 está escrito:
Não
segundo Caim, que era do Maligno e assassinou a seu irmão; e por que o
assassinou? Porque as suas obras eram más, e as de seu irmão, justas.
Todo
aquele que odeia a seu irmão é assassino; ora, vós sabeis que todo assassino
não tem a vida eterna permanente em si.
Ou Mt 5:27-29
Ouvistes
que foi dito: Não adulterarás. 28
Eu, porém, vos digo: qualquer que olhar para uma mulher com intenção impura, no
coração, já adulterou com ela. 29
Se o teu olho direito te faz tropeçar, arranca-o e lança-o de ti; pois te
convém que se perca um dos teus membros, e não seja todo o teu corpo lançado no
inferno.
Assim, portanto, no sentido bíblico, todos nós somos
culpados, e todos nós temos muitas culpas.
E a culpa trás condenação e castigo: o castigo do
inferno.
Mas o Senhor de nossas vidas, por causa de sua
grande bondade para conosco se utiliza de vários meios através dos quais ele
nos mostra que somos culpados, e nos mostra isto para que possamos então
encontrar a salvação desta tão grande condenação.
2. De onde nos vem o conhecimento de nossas
culpas?
Em nosso texto básico encontramos os vários
instrumentos de Deus
2.1.
Um deles é a “lei do Senhor”
No v. 5, quando estas pessoas hipócritas falam da
lei, estão citando textos como Levítico 20:10 e Deuterônomio 22:22-24.
Embora a lei de Deus esteja sendo utilizada aqui por
gente hipócrita, ela, em si mesma, é justa e verdadeira.
Ela nos diz o que é justo, bom, santo, qual é o modo
de vida que agrada a Deus e faz bem à humanidade, e também o que é mau e traz
condenação.
Como disse Paulo, é por meio da lei dada por Deus
que vem o conhecimento de que somos pecadores.
2.2.
Outra maneira de Deus para nos mostrar nossas culpas é através de outras
pessoas.
Novamente, estas pessoas que estão aqui, na presença
de Jesus, não estavam, na realidade, preocupadas em fazer a vontade de Deus.
São gente hipócrita e injusta. Falando de modo mais
claro, estavam sendo verdadeiros instrumentos de Satanás em seu propósito de
causar destruição.
Veja bem: não estou dizendo que sempre que você for
acusado por alguém você deve simplesmente acreditar. Mas estou dizendo que até
mesmo pessoas agindo com injustiça podem ser instrumentos de Deus para falar
conosco.
Assim, as alegações daquelas pessoas eram
verdadeiras, pois estavam baseadas na Bíblia (o diabo também se utiliza da
Bíblia para seus próprios fins de destruir).
Estavam se utilizando da lei. Lei que mostra que o
salário do pecado é a morte.
Mas é claro que Deus também pode se utilizar de
pessoas honestas, que amam realmente à Palavra de Deus e a nós, para nos
convencer de nossas culpas.
E é o que ele faz na maioria das vezes. Por exemplo,
quando Paulo confrontou o apóstolo Pedro na igreja de Antioquia, pois este último
estava agindo com dissimulação.
2.3.
Outra maneira que o Senhor mostra nossas
culpas é tratando com nossa própria consciência
No v. 9 está
escrito que eles sentiram-se acusados pela própria consciência.
O Senhor Jesus fez com que eles olhassem para dentro
de si mesmos, e se examinassem.
A nossa consciência é um instrumento maravilhoso,
uma lâmpada que ilumina o nosso interior, que pesa as nossas motivações, as
nossas razões e os nossos propósitos.
Havia naquelas pessoas um falso zelo para com a
vontade de Deus.
Havia parcialidade, dois pesos e duas medidas, havia
hipocrisia.
Mas quando confrontados por Jesus, ao examinarem sua
própria consciência, viram-se culpados.
Um bom exame de consciência pode quebrantar até
mesmo o coração dos mais endurecidos.
E isto nos leva ao nosso terceiro ponto.
Temos dito que todos nós, em maior ou menor medida
temos nossas culpas reais.
Precisamos lidar com elas.
Somente se lidarmos com nossas culpas reais é que
podemos ter o discernimento necessário para também lidarmos com nossas falsas
culpas.
3. O caminho da vitória sobre nossas culpas
Nós vemos aqui duas atitudes que nos ajudam a tratar
com este problema
3.1.
O reconhecimento de nossas culpas
Podemos nos utilizar dos instrumentos de Deus, os
instrumentos que ele usa para que reconheçamos nossas culpas.
Até mesmo quando o propósito primário de alguns é
nos prejudicar, tudo pode ser tranaformado em bênção.
Veja o que aconteceu com esta mulher. O propósito de
Satanás era roubar, matar e destruir.
O propósito de Satanás era humilhar e derrotar.
Mas assim como aconteceu na história de Jó, e na
história de Pedro, o que o Senhor fez foi transformar aquela situação de morte
em vida e salvação.
Pois Jesus não veio para trazer juízo e condenação:
veio dar vida em abundância.
Por outro lado, se não reconhecermos nossas culpas,
nunca poderemos lidar com elas.
Como nos lembra Jesus, ele somente cura os que estão
doentes; os pretensamente sãos não precisam de médico.
Se o pior cego é aquele que não quer enxergar,
precisamos enxergar nossos próprios pecados, reconhecer nossas faltas.
3.2.
Precisamos nos abrigar em Jesus
Os escribas e fariseus desta história reconheceram
seus próprios pecados; sentiram-se acusados por sua própria consciência.
Mas, à semelhança de Adão e Eva que, cônscios de seu
pecado fugiram da presença do Senhor, estes também afastaram-se de Jesus.
E então saíram dali ainda mortos em seus pecados.
A mulher adultera permaneceu na presença do Senhor.
Não nos é dito o que se passava em seu coração.
Talvez ela não pudesse fazer mais nada a não ser
ficar ali, paralisada.
Coração cheio de medo. Rosto corado de vergonha,
indefesa.
Ou quem sabe esperançosa, pois já ouvira falar de
Jesus, de seu imenso amor para com os pecadores.
Mas seja pelo que tiver sido, ela recebeu salvação.
Primeiro, ela recebeu uma palavra de perdão: – Eu não te condeno.
Depois, uma palavra de libertação: – Não peques mais.
Digo palavra de libertação porque quando Jesus nos
ordena algo ele concede junto o poder para fazer o que ele nos ordena
Por exemplo, Jesus diz ao cego: – Recupera a tua vista, e o cego passa a enxergar.
Ele diz ao paralítico: – Levanta-te, toma o teu leito e anda, e o homem se vê restaurado.
Então se ele diz: – Teus pecados estão perdoados, teus pecados estão perdoados.
E se ele diz: – Não
peques mais, então o poder para não pecar é concedido.
A culpa se vai. E um modo de viver diferente se
inicia
Conclusão e aplicação
Você tem culpas?
Há alguma coisa que incomoda você, sua consciência? Algum pecado em seu passado, ou em seu
presente?
Você pode ser livre disto agora mesmo. Você pode
agora mesmo começar uma fase nova em sua vida.
Reconheça seus pecados. Volte-se para Jesus, pois o
nosso Deus é rico em perdoar, tem prazer na misericórdia. Nele há perdão e
libertação.
Simplesmente creia que em Jesus teus pecados estão
perdoados. Viva como uma pessoa livre do pecado. Não peque mais.
Nenhum comentário:
Postar um comentário