IPC de Pda. de Taipas
Domingo, 27 de março de 2016
Pr. Plínio Fernandes
Depois disto, tornou Jesus a
manifestar-se aos discípulos junto do mar de Tiberíades; e foi assim que ele se
manifestou: 2 estavam
juntos Simão Pedro, Tomé, chamado Dídimo, Natanael, que era de Caná da
Galiléia, os filhos de Zebedeu e mais dois dos seus discípulos. 3 Disse-lhes Simão Pedro:
Vou pescar. Disseram-lhe os outros: Também nós vamos contigo. Saíram, e
entraram no barco, e, naquela noite, nada apanharam. 4 Mas, ao clarear da
madrugada, estava Jesus na praia; todavia, os discípulos não reconheceram que
era ele. 5 Perguntou-lhes Jesus: Filhos,
tendes aí alguma coisa de comer? Responderam-lhe: Não. 6 Então, lhes disse:
Lançai a rede à direita do barco e achareis. Assim fizeram e já não podiam
puxar a rede, tão grande era a quantidade de peixes. 7 Aquele discípulo a quem
Jesus amava disse a Pedro: É o Senhor! Simão Pedro, ouvindo que era o Senhor,
cingiu-se com sua veste, porque se havia despido, e lançou-se ao mar; 8 mas os outros discípulos vieram no
barquinho puxando a rede com os peixes; porque não estavam distantes da terra
senão quase duzentos côvados. 9 Ao saltarem em terra, viram ali
umas brasas e, em cima, peixes; e havia também pão. 10 Disse-lhes Jesus:
Trazei alguns dos peixes que acabastes de apanhar. 11 Simão Pedro entrou no
barco e arrastou a rede para a terra, cheia de cento e cinquenta e três grandes
peixes; e, não obstante serem tantos, a rede não se rompeu. 12 Disse-lhes Jesus: Vinde,
comei. Nenhum dos discípulos ousava perguntar-lhe: Quem és tu? Porque sabiam
que era o Senhor. 13 Veio Jesus, tomou o pão, e lhes
deu, e, de igual modo, o peixe. 14 E já era esta a terceira vez que
Jesus se manifestava aos discípulos, depois de ressuscitado dentre os mortos. 15 Depois de terem
comido, perguntou Jesus a Simão Pedro: Simão, filho de João, amas-me mais do
que estes outros? Ele respondeu: Sim, Senhor, tu sabes que te amo. Ele lhe
disse: Apascenta os meus cordeiros. 16 Tornou a perguntar-lhe pela
segunda vez: Simão, filho de João, tu me amas? Ele lhe respondeu: Sim, Senhor,
tu sabes que te amo. Disse-lhe Jesus: Pastoreia as minhas ovelhas. 17 Pela terceira vez
Jesus lhe perguntou: Simão, filho de João, tu me amas? Pedro entristeceu-se por
ele lhe ter dito, pela terceira vez: Tu me amas? E respondeu-lhe: Senhor, tu
sabes todas as coisas, tu sabes que eu te amo. Jesus lhe disse: Apascenta as
minhas ovelhas. 18 Em verdade, em verdade te digo
que, quando eras mais moço, tu te cingias a ti mesmo e andavas por onde
querias; quando, porém, fores velho, estenderás as mãos, e outro te cingirá e
te levará para onde não queres. 19 Disse isto para significar com
que gênero de morte Pedro havia de glorificar a Deus. Depois de assim falar,
acrescentou-lhe: Segue-me. 20 Então, Pedro, voltando-se, viu
que também o ia seguindo o discípulo a quem Jesus amava, o qual na ceia se
reclinara sobre o peito de Jesus e perguntara: Senhor, quem é o traidor? 21 Vendo-o, pois, Pedro
perguntou a Jesus: E quanto a este? 22 Respondeu-lhe Jesus: Se eu quero
que ele permaneça até que eu venha, que te importa? Quanto a ti, segue-me. 23 Então, se tornou
corrente entre os irmãos o dito de que aquele discípulo não morreria. Ora,
Jesus não dissera que tal discípulo não morreria, mas: Se eu quero que ele
permaneça até que eu venha, que te importa? 24 Este é o discípulo que dá
testemunho a respeito destas coisas e que as escreveu; e sabemos que o seu
testemunho é verdadeiro. 25 Há, porém, ainda muitas outras
coisas que Jesus fez. Se todas elas fossem relatadas uma por uma, creio eu que
nem no mundo inteiro caberiam os livros que seriam escritos.
Na versão Almeida Revista e Atualizada,
o título deste capítulo em nossas Bíblias é: “Jesus aparece a sete discípulos”.
Embora isto seja exato, se eu
fosse o editor chamaria este capítulo de: “A restauração de Pedro”.
Pois, ainda que nesta ocasião (e
esta era a terceira vez desde a sua ressurreição), Jesus de fato apareceu a
este grupo, e ainda que dentre eles houvesse alguém muito especial aos olhos de
Jesus, o autor deste evangelho, que descreve a si mesmo como o “discípulo a
quem Jesus amava” [1],
nosso Senhor de dedicou especialmente a refazer a vida de Pedro.
Pedro, desde as primeiras
notícias da ressurreição de Jesus, havia crido, e foi também um dos primeiros a
vê-lo ressurreto.
Mas ainda estava espiritualmente
abatido.
Então o Senhor se manifesta aos
sete, ministra aos sete, mas sai andando com Pedro pela praia (o discípulo
amado acompanha de perto, ouve cada palavra e registra a conversa entre os
dois).
Escreve movido pelo Espírito de
Deus, par edificação da nossa fé, para nosso consolo e encorajamento.
Pois cada um de nós está sujeito
a experimentar, em nossa vida como crentes, esta mesma crise pela qual Pedro
passou. E cada um de nós, à medida que experimenta este tipo de crise, pode
também da mesma maneira ser restaurado.
Muitos de vocês têm tido
vitórias, mas com certeza já experimentaram (e experimentarão) o que vamos
dizer hoje.
Muitos de vocês estão passando
pelo que vamos meditar hoje; mas seja qual for seu momento, esta mensagem é
para você, é para cada um de nós.
Eu gostaria então, amados, de
destacar neste texto, o que Deus nos ensina sobre a restauração da vida
espiritual.
Pois em primeiro lugar o Espírito Santo nos ensina que...
1.
Mesmo um discípulo autêntico de Jesus pode experimentar momentos de terrível
queda espiritual
Mesmo um discípulo autêntico pode desanimar e voltar atrás.
Estou enfatizando a autenticidade
deste discípulo porque existem discípulos falsos, e quando se trata de um discípulo
falso, alguém que não se entregou verdadeiramente ao Senhor, o voltar atrás é
algo completamente natural e esperado.
Como aconteceu com Demas, que
tendo amado o presente século abandonou o evangelho. [2]
Como aconteceu com Judas, que
amava o dinheiro e traiu Jesus.[3]
Ou como aconteceu com Simão, o
mágico, que amava o poder e a glória e abandonou a fé que abraçara. [4]
De um discípulo autêntico não se
espera isto, mas pode acontecer dele ser tentado a voltar atrás, a desistir.
E é o que vejo nesta frase de Pedro:
– “Vou pescar”.
Esta frase, nos lábios de Pedro
quer dizer: – “Vou voltar ao que eu era
antes; vou voltar ao meu antigo modo de vida”.
Pois cerca de três anos antes
desta ocasião, numa bonita manhã ensolarada, estavam Pedro, o pescador, e seus
sócios, Tiago e João, filhos de Zebedeu lavando as redes, quando conheceram
Jesus.
E o Senhor os chamou no sentido
de que abandonassem tudo e o seguissem, para que daquele dia em diante não
fossem mais pescadores de peixes, e sim, pescadores de homens.
Então Pedro e seus sócios
deixaram tudo e passaram a seguir Jesus.[5]
Durante três anos estes homens
seguiram ao Senhor com todo o coração, com toda a consagração, com todo o
entusiasmo: ouviam Jesus, viam-no fazer as coisas, aprendiam com ele,
amavam-no, imitavam-no.
Mas um dia aconteceu algo
terrível que está registrado nos quatro evangelhos: é que Pedro, na hora de dar
ao Senhor a sua maior prova de fidelidade e amor, fracassou completamente.
Na noite em que foi traído, após
instituir a santa ceia, da qual todos participaram, Jesus disse aos seus
discípulos que todos o trairiam.
Mas com relação a Pedro nosso
Salvador foi ainda mais claro
Vejamos Lucas 22:31-34.
Simão, Simão, eis que Satanás vos
reclamou para vos peneirar como trigo! 32 Eu, porém, roguei por ti, para
que a tua fé não desfaleça; tu, pois, quando te converteres, fortalece os teus
irmãos. 33
Ele, porém, respondeu: Senhor, estou pronto a ir contigo, tanto para a prisão
como para a morte. 34 Mas Jesus lhe disse: Afirmo-te,
Pedro, que, hoje, três vezes negarás que me conheces, antes que o galo cante.
Sabemos que a Palavra de Jesus se
cumpriu: Pedro negou que conhecia o Senhor. Depois disto ele chorou
amargamente.[6] Eu
quero destacar três fatos:
1. Pedro estava sendo sincero,
mas ainda não se conhecia o suficiente; não sabia o quanto seu coração era
frágil, medroso, enganoso; assim como muitas vezes nos enganamos a respeito de
nós mesmos.
2. Satanás se aproveitou da
fraqueza de Pedro, para tentar destruir sua fé, para tentar arruinar sua alma,
assim como ele se aproveita das fraquezas de todos nós.
3. A queda de Pedro não
surpreendeu a Jesus, não o fez ficar desapontado ou decepcionado – ao
contrário, motivou Jesus a orar em favor de Pedro, para que sua fé não
desfalecesse, assim como, diz a carta aos Hebreus, ele o faz em relação a cada
um de nós.[7]
E agora, depois de tanto
fracasso, aqui está Pedro dizendo: – “Vou
pescar. (Não homens. Vou pescar peixes)”.
Mesmo um discípulo autêntico pode
fracassar, se sentir derrotado e desistir.
– Como aquele jovem que nos primeiros
tempos de conversão sonha em ser um pastor, um missionário, um pregador da
palavra de Deus, mas um dia cai numa armadilha de Satanás, peca, e desiste até
de sua vida cristã.
– Como aquele jovem pastor que
sai do seminário cheio de fogo e entusiasmo para servir ao Senhor da igreja,
mas que tem tantas dificuldades com suas limitações e fraquezas, ou de tanto
ouvir conversas e palavras destrutivas que começa a pensar numa nova vida
profissional.
– Como aquela jovem que não tem
paciência de esperar em Deus, começa a tomar decisões erradas, a fazer escolhas
erradas, e joga fora os dias abençoados que teria pela frente.
– Como aquela senhora, ou aquele
senhor, que começa a observar os pecados dos crentes e desanima de ir à igreja
e servir ao Senhor.
Homens e mulheres, jovens e
adultos, podem ser tentados a voltar atrás.
Mas, meus amados, em segundo lugar o Espírito Santo nos ensina que...
2.
Crentes derrotados podem ser restaurados
Podem voltar à primeira
consagração.
Podem voltar ao primeiro
entusiasmo.
Podem voltar ao primeiro amor
pelo Senhor.
Podem voltar ao primeiro amor
pela Palavra de Deus.
À primeira paixão pela igreja,
pelas pessoas que ainda não conhecem a Jesus.
Crentes derrotados podem
recomeçar.
Mas, como recomeçar?
2.1. Primeiro, eles precisam correr
em direção a Jesus – no caso de Pedro ele foi nadando.
O primeiro a perceber que era
Jesus na praia foi o discípulo amado, o autor do evangelho. Logo ele disse a
Pedro: – “É o Senhor!”
E Pedro, vestindo-se
apressadamente lançou-se ao mar, ao encontro de Jesus. Ele não tinha paciência
para esperar o barco chegar à praia, e desta vez não fazia questão de andar
sobre as águas; tudo o que ele desejava era estar perto de Jesus, o mais rápido
possível.
Há pessoas que fazem o contrário:
correm para longe de Jesus.
Talvez sintam medo do que Jesus
possa fazer.
Talvez sintam vergonha do Senhor,
por causa de seus pecados.
Mas veja: só Jesus pode restaurar
o pecador caído; só Jesus poder sarar as feridas do coração, só Jesus pode
renovar a alma.
Então, aquele que precisa ser
curado tem que correr para ele, sem demora.
2.2. Segundo, eles precisam
lembrar-se de onde caíram, precisam lembrar-se de seu chamado.
Jesus não demonstra isto somente
com palavras, mas também prepara toda uma situação que certamente trás ao
coração de Pedro o sentimento, a lembrança do dia em que foi chamado pelo
Senhor.
Pois, como no primeiro dia, agora
também ele e seus sócios haviam trabalhado a noite toda, sem apanhar nada.
Como no primeiro dia, Jesus
aparece e diz a eles onde deveriam lançar suas redes, o que, fazendo-o, eles os
apanham em grande quantidade.
E como no primeiro dia, o Senhor
novamente chama a Pedro: – “Segue-me”,
e agora, mudando de figura, não o chama mais para ser pescador de homens, e sim
pastor das ovelhas do Supremo Pastor:
– “Pastoreia minhas ovelhas”.
Sim, irmãos, porque conforme
Jesus nos ensina em Apocalipse, o lembrar de nossos primeiros dias é um
poderoso meio de renovação espiritual.[8]
Estou pensando no que aconteceu
comigo algum tempo atrás.
Eu simplesmente havia desistido
de tudo: sentia-me decepcionado com a igreja, e comigo mesmo.
Deixei o ministério na
denominação à qual eu pertencia, comecei um novo emprego.
Fiquei assim cerca de três meses:
sem frequentar igreja alguma, sem orar, sem ler a Bíblia. Dias difíceis.
Um dia, um domingo à noite, eu
estava assistindo televisão.
E, não me lembro de qual a razão,
coloquei uma fita cassete no gravador. Era uma gravação dos Vencedores por
Cristo chamada “Louvor”, a primeira que eu comprei, quando me converti a Jesus.
Comprei no primeiro dia em que entrei numa livraria evangélica, em 1979.
E quando comecei a ouvir “Minha paz voz dou”, e “Buscai primeiro o Reino de Deus e a sua
justiça”, as lágrimas começaram a descer, meu coração se aqueceu, me deu
uma saudade da igreja, e eu voltei para a minha casa.
Pois recordar faz bem – renova o
coração.
2.3. Em terceiro lugar, Pedro foi
restaurado à medida que Jesus o levou a sondar e abrir seu coração.
Veja como Jesus é sábio: ele leva
Pedro a sondar seu próprio coração, pois sabe que ali encontrará aquela coisa
mais importante da vida do crente.
Estão os dois andando, lado a
lado, pela praia.
– “Pedro, você me ama?”
– “Sim, Senhor, o Senhor sabe que eu te amo.”
Eles continuam a caminhar, e
alguns momentos depois o Senhor lhe pergunta novamente:
– “Pedro, você me ama?”
– “Sim, Senhor, o Senhor sabe que eu te amo.”
E então Jesus lhe pergunta mais
uma vez:
– “Pedro, você me ama?”
E Pedro fica até triste por Jesus
estar perguntando mais uma vez, e mais uma vez responde:
– “Sim, Senhor, tu sabes todas as coisas; tu conheces meu coração; tu
sabes que eu te amo.”
Isto é o que importa. Para Jesus
é o bastante. Isto o qualifica.
Então, mais uma vez Jesus o
chama: – “Segue-me”, e acrescenta: - “Na verdade, quando você era mais moço, você
se vestia e ia para onde queria. Mas dias virão, quando você for mais velho,
que você estenderá as mãos, outro te vestira e te levará para onde você não
quer.”
João, o evangelista, explica que
com isto Jesus estava se referindo à maneira como Pedro morreria, por amor ao
Senhor.
Eusébio de Cesaréia nos conta que
Pedro foi condenado a morrer numa cruz nos dias de Nero César, na mesma época
em que Paulo foi decapitado.[9]
Aquilo que Pedro não teve coragem
de fazer na noite em que Jesus foi traído, colocar-se ao lado de Jesus mesmo
que isto lhe custasse a vida, Pedro o fez mais tarde. Amou Jesus até à morte.
Daquela conversa em diante Pedro
recomeça. A próxima vez que o encontramos na história bíblica é em At 1:15.
Veja que coisa linda:
– “Então, Pedro levantando-se no meio dos irmãos, disse:...”
Pedro está cuidando das ovelhas,
ministrando aos irmãos.
Conclusão
e aplicação
Sim, amado, mesmo que um filho de
Deus, um discípulo de Jesus fracasse grandemente, ele não precisa ficar
prostrado.
1. Primeiro, eu quero me dirigir aos
que ainda não se entregaram a Jesus
Alguns não o fazem por causa
disto: não se sentem preparados, têm medo de fracassar. Mas veja que antes
mesmo que Pedro seguisse, caísse, Jesus já sabia todo o futuro, e não se
decepcionaria com Pedro, ao contrário, o sustentaria, o ajudaria, o reanimaria.
Se você seguir a Jesus, ele nunca
o desamparará, ele nunca o renunciará, ele nunca o abandonará.
2. Segundo, eu quero me dirigir a
você que não está como Pedro: então, louvado seja o Senhor.
Guarde esta palavra no seu
coração pois ela pode ser útil de dois modos
Se acontecer de você se sentir
derrotado lembrar-se dela para si mesmo, para buscar restauração.
Ou se você encontrar algum irmão
caído, ser usado por Deus para restaurá-lo.
3. Mas, em terceiro lugar, eu quero
me dirigir a você que se encontra exatamente naquele estado em que sua alma
precisa ser restaurada.
Saiba que você não é o único a
sofrer estas crises, pois seus irmãos espalhados pelo mundo inteiro estão
sujeitos a elas.
Não fique prostrado.
Corra para os braços do Senhor.
Lembre-se de seu chamado, de sua
conversão, reaqueça seu coração com a memória da alegria de sua salvação.
Sonde seu coração, desperte
aquele seu amor pelo Senhor.
Recomece. Recomece agora.
Obrigado
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