IPC em Pda. de Taipas
Domingo, 19 de outubro de 2014
Queridos irmãos, vamos ler Ed 7:1-10:
Passadas
estas coisas, no reinado de Artaxerxes, rei da Pérsia, Esdras, filho de
Seraías, filho de Azarias, filho de Hilquias, 2 filho de Salum,
filho de Zadoque, filho de Aitube, 3 filho de Amarias, filho de
Azarias, filho de Meraiote, 4 filho de Zeraías, filho de Uzi,
filho de Buqui, 5 filho de Abisua, filho de
Finéias, filho de Eleazar, filho de Arão, o sumo sacerdote, este Esdras subiu
da Babilônia. 6 Ele era
escriba versado na Lei de Moisés, dada pelo SENHOR, Deus de Israel; e, segundo
a boa mão do SENHOR, seu Deus, que estava sobre ele, o rei lhe concedeu tudo
quanto lhe pedira. 7
Também subiram a Jerusalém alguns dos filhos de Israel, dos sacerdotes, dos
levitas, dos cantores, dos porteiros e dos servidores do templo, no sétimo ano
do rei Artaxerxes. 8
Esdras chegou a Jerusalém no quinto mês, no sétimo ano deste rei; 9
pois, no primeiro dia do primeiro mês, partiu da Babilônia e, no primeiro dia
do quinto mês, chegou a Jerusalém, segundo a boa mão do seu Deus sobre ele. 10 Porque Esdras tinha disposto o
coração para buscar a Lei do SENHOR, e para a cumprir, e para ensinar em Israel
os seus estatutos e os seus juízos.
Os livros de Esdras e Neemias nos
contam sobre tempos difíceis, e ao mesmo tempo maravilhosos na história do povo judeu.
Difíceis porque este povo do
Senhor estava começando a voltar das terras da Babilônia, agora Pérsia, onde
havia sido exilado, e em sua maior parte vivendo em grande pobreza.
Mas ao mesmo tempo maravilhosos
porque esta volta do exílio era o cumprimento das promessas feitas por Deus
através dos profetas, especialmente Isaías, Ezequiel e Jeremias[1].
Assim, podemos ler no primeiro capítulo
de Esdras que, em cumprimento de sua Palavra, Deus despertou o espírito de
Ciro, rei da Pérsia, e este estabeleceu um decreto pelo qual os cativos judeus
que viviam em seu reino pudessem voltar para Jerusalém, reconstruir suas casas,
seu templo, e habitar em paz.
Em virtude disto um grupo de
pouco mais de 42 mil pessoas, lideradas por Zorobabel, da casa de Davi, e
Sesbazar, mesmo cercado de inimigos e muitas dificuldades, e encorajado pelos
profetas Ageu e Zacarias, voltou para Jerusalém e reconstruíram o templo.[2]
Os acontecimentos narrados aqui
no cap. 7 aconteceram cinquenta e sete anos depois que o templo foi
reinaugurado.
Este outro grupo de exilados foi
liderado por Esdras, um sacerdote. No v. 6 ele também é chamado “escriba” da
lei dada pelo Senhor, alguém que, como diria Jesus mais tarde, se assentou na
cadeira de Moisés[3].
Mas Esdras estava longe de ser
aquela figura da qual Jesus desdenha. Ao contrário, era um mestre da lei
aprovado por Deus.
Pois no v. 6 lemos que o rei
Artaxerxes lhe deu tudo quanto precisava, porque a boa mão do Senhor estava
sobre Esdras.
E os vs. 8-10 nos contam que a
viagem deles, desde o exílio na Pérsia, embora tão cheia de possíveis perigos,
foi uma viagem abençoada por Deus: o v. 9 nos diz que a boa mão do Senhor
estava sobre eles.
E no v. 10 temos a razão pela qual o Senhor os abençoou:
Porque Esdras tinha disposto o coração para buscar
a Lei do SENHOR, e para a cumprir, e para ensinar em Israel os seus estatutos e
os seus juízos.
É com base neste
versículo que desejo meditar com os irmãos nesta noite.
Esdras havia
determinado, havia assentado firmemente certas coisas em seu coração que
agradaram a Deus, e por isto Deus o abençoou.
Se estas disposições do
coração de Esdras agradaram ao coração de Deus, certamente ele terá prazer ao
encontrá-las em nós também.
1. Esdras determinou em
seu coração aprender a lei do Senhor, com
seus preceitos e seus juízos
Esta expressão, “lei do
Senhor”, significa instrução dada por Deus. É a sua orientação para a vida.
Pois, com efeito, o
Senhor Deus havia dado ao povo de Israel, toda a instrução da qual eles
precisavam para viver como um povo santo, separado para Deus, o povo com quem o
Senhor havia feito uma aliança no sentido de ser o seu Deus e o Deus de seus
filhos, governando e abençoando suas vidas.
Mais tarde, esta lei do
Senhor, dada por meio de Moisés nos primeiros cinco livros da Bíblia passou a
ser reafirmada pelos profetas e outros escritores igualmente inspirados pelo
Espírito Santo, de tal forma que Jesus se referiu a todas as Escrituras do
Antigo Testamento como lei e infalível Palavra de Deus[4].
Existem muitas maneiras
de expor a importância destas santas Escrituras para nossa vida.
Mas eu desejo citar
apenas duas referências bíblicas:
Moisés diste que estas
Escrituras são a nossa vida
Dt 32:47
Porque esta palavra não é para vós outros coisa
vã; antes, é a vossa vida; e, por esta mesma palavra, prolongareis os dias na
terra à qual, passando o Jordão, ides para a possuir.
Moisés estava já
morrendo e se despedindo do povo de Israel. Em breve eles atravessariam o
Jordão, tomariam posse da terra prometida, mas Moisés não iria com eles.
Então ele os exorta no
sentido de que não abandonassem a Palavra de Deus.
Nas Escrituras dadas
por Moisés, o Senhor havia instruído sobre tudo: os relacionamentos familiares
e demais relacionamentos sociais, o trabalho, o culto religioso, o governo, e
tudo o mais que possamos pensar em nossa vida diária.
Havia estabelecido um
alto padrão de pureza moral, não somente sexual, mas em todas as áreas da vida.
Embora as
circunstâncias históricas e sociais exigissem algumas orientações adaptadas a
tempos e situações bem diferentes destes tempos em que vivemos, Deus os havia
orientado para uma vida de amor, e explicado que a transgressão desta sua lei
era pecado, e o salário do pecado é a morte.
Mas também havia feito
a provisão para o perdão dos pecados, através dos sacrifícios cúlticos, nos
quais certos animais eram sacrificados pelos pecados do povo.
Estes sacrifícios
apontavam e destinavam-se a preparar o caminho de um único e completo
sacrifício que viria mais tarde: a morte de Jesus, o Deus que se encarnou e
morreu na cruz, através da qual ele receberia em si mesmo o castigo de todos os
nossos pecados[5].
É por todas estas
coisas que Moisés diz ao povo: “Não se
esqueçam desta palavra, pois esta palavra é a sua vida”.
Por meio dela vocês têm a provisão de Deus, do seu amor e
bondade, de sua bênção em tudo o que vocês são e em tudo o que vocês fazem. Por
meio delas vocês experimentarão, como diria Jesus, vida em abundância[6].
Nos escritos
apostólicos nos temos vários equivalentes às palavras de Moisés. Vamos citar o
apóstolo Paulo.
2ª Tm 3:14-17
Tu, porém, permanece naquilo que aprendeste e de
que foste inteirado, sabendo de quem o aprendeste 15 e que, desde a infância, sabes as
sagradas letras, que podem tornar-te sábio para a salvação pela fé em Cristo
Jesus. 16
Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão,
para a correção, para a educação na justiça, 17 a fim de
que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa
obra.
As Escrituras, são
inspiradas por Deus, levam as pessoas à fé em Jesus e à salvação da alma. E
também nos ensinam a vontade de Deus para todas as áreas de nossa vida.
E não somente ensinam:
corrigem, repreendem, quando estamos errados; elas nos educam.
Elas nos conduzem á
maturidade espiritual.
Assim Esdras,
compreendendo a importância da lei do Senhor, para a sua própria vida, e para a
vida do seu povo, determinou no seu coração algo que você e eu precisamos
determinar e fazer também, a cada dia da nossa existência: ele iria conhecê-la,
iria estudá-la, aprendê-la. E se dedicou a isto.
2. Esdras determinou em
seu coração o viver conforme a lei do
Senhor
Muitos anos antes o
profeta Ezequiel havia falado de um grande mal entre os israelitas que haviam
sido levados para o exílio na Babilônia.
Mesmo exilado por causa
dos seus pecados, por haverem se esquecido da lei do Senhor e seguido a outros
deuses, ainda assim o Senhor os amava, e no exílio despertou o espírito de
certos homens, através dos quais continuou a enviar sua Palavra.
Um destes homens foi o
profeta Ezequiel.
Então as pessoas
costumavam procurar o profeta, para ouvir o que o Senhor Deus diria por
intermédio dele.
Agora vejamos o mal a
que me referi.
Ez 33:30-32
Quanto a ti, ó filho do homem, os filhos do teu
povo falam de ti junto aos muros e nas portas das casas; fala um com o outro,
cada um a seu irmão, dizendo: Vinde, peço-vos, e ouvi qual é a palavra que
procede do SENHOR. 31 Eles vêm a ti, como o povo
costuma vir, e se assentam diante de ti como meu povo, e ouvem as tuas
palavras, mas não as põem por obra; pois, com a boca, professam muito amor, mas
o coração só ambiciona lucro. 32 Eis que tu és para eles como
quem canta canções de amor, que tem voz suave e tange bem; porque ouvem as tuas
palavras, mas não as põem por obra.
Os irmãos atentaram
para o que o Senhor disse ao profeta?
As pessoas gostavam de
ouvi-lo. Comentavam sobre ele, convidavam outros para ouvir também.
Assentavam-se diante
dele e ouviam prazerosamente.
Mas não colocavam em
prática aquilo que ouviam.
Então era apenas como
se estivessem ouvindo um cantor tocando bem e cantando coisas românticas e
bonitas.
Na verdade, embora eles
ficassem emocionados, e gostassem de ouvir as pregações, seus corações eram
avarentos, só queriam aquilo que porventura pudesse, do ponto de vista humano,
trazer algum lucro.
Amado irmão, será que hoje
não são, muitos cristãos, assim? Gostam de ouvir boas pregações, comentam sobre
os bons pregadores, gostam de ouvir boa música evangélica, mas não põem em
prática o ensino da Palavra de Deus?!
Ora, amados, há pelo
menos duas razões pelas quais nós devemos ser praticantes daquilo que
aprendemos:
Uma delas é que se não o praticarmos, a nossa religião
não é real.
Tg 1:21, 22
Portanto, despojando-vos de toda impureza e
acúmulo de maldade, acolhei, com mansidão, a palavra em vós implantada, a qual
é poderosa para salvar a vossa alma. 22 Tornai-vos, pois, praticantes da
palavra e não somente ouvintes, enganando-vos a vós mesmos.
Esta pessoa que ouve e
não pratica está enganando a si mesma, pensando que é religiosa, isto é, que
está realmente ligada a Deus, e não está.
Portanto, o ouvir, o
aprender a lei do Senhor deve nos transformar em gente de fé, obediente, para o
nosso próprio bem.
Mas outra razão pela qual devemos ser praticantes da lei
do Senhor é que por meio do nosso bom testemunho outras pessoas aprendem
também.
Isto deve ser levado em
consideração não somente pelos professores da Bíblia, mas por todos os crentes,
pois todos desejamos ser instrumentos de Deus, através dos quais o conhecimento
do Senhor abençoe a vida de outras pessoas.
Paulo compreendia bem a
importância de nosso testemunho para que outras pessoas viessem a aprender por
ele.
1ª Tm 1:16
Mas, por esta mesma razão, me foi concedida
misericórdia, para que, em mim, o principal, evidenciasse Jesus Cristo a sua
completa longanimidade, e servisse eu de modelo a quantos hão de crer nele para
a vida eterna.
1ª Tm 4:12
Ninguém despreze a tua mocidade; pelo contrário,
torna-te padrão dos fiéis, na palavra, no procedimento, no amor, na fé, na
pureza.
2ª Tm 1:13
Mantém o padrão das sãs palavras que de mim ouviste com fé e com o amor que
está em Cristo Jesus.
Tt 2:7
Torna-te, pessoalmente, padrão de boas obras. No
ensino, mostra integridade, reverência...
Você notou como,
pensando em si mesmo e nos seus discípulos, Paulo usa repetidamente a ideias de
que eles são “modelo, padrão para outras pessoas”? Padrão e modelo são palavras
que descrevem exemplos a serem seguidos.
Neste sentido os pastores também são chamados
“guias”[7],
aqueles que vão à frente para serem seguidos no caminho, isto é, eles, por sua
maneira de viver, mostram o caminho para os seus irmãos.
Esdras determinou isto
em seu coração: ele aprenderia, e seria um praticante da lei do Senhor.
Pois ele não somente
amava a lei do Senhor e queria viver por ela, mas também desejava ensinar a
outros.
3. Esdras também dispôs
o seu coração a ensinar a lei do Senhor
para o seu povo
Algum tempo atrás eu li
sobre as diferenças entre o Mar da Galiléia, em Israel, e o Mar Morto, na qual
o autor ilustrava este assunto as diferenças entre uma pessoa que partilha o que tem de bom e a pessoa que não compartilha.
O Mar da Galiléia,
dizia ele, fica ao norte de Israel. Ele recebe suas águas do Rio Jordão, pelo
lado norte, e depois este rio continua seu caminho ao sul, terminando seu curso
no Mar Morto.
Quando lemos os Evangelhos, notamos que no Mar da Galiléia há uma grande quantidade de peixes;
há vida em abundância, e assim às suas margens foram edificadas muitas vilas de
pescadores.
Mas o Mar Morto é
diferente: o próprio nome indica que nele nada sobrevive.
E sabem o porquê desta
diferença? É que no Mar da Galiléia estas águas de vida não ficam paradas:
assim como ele recebe as águas do lado norte, ele as “compartilha” pelo lado
sul.
Mas o Mar Morto fica
numa depressão muito profunda não partilha suas águas. Então elas apenas
evaporam, e a quantidade de sais é tão grande que nada pode sobreviver ali.
Assim também acontece
com aqueles que querem apenas receber de Deus, mas não querem compartilhar:
eles ficam estagnados.
Mas aquele que
realmente conhece a Deus deseja transmitir para outras pessoas.
Este é o desejo natural
que brota no coração quando amamos alguém.
Na sexta-feira passada
a Aninha[8] fez
uma salada de macarrão e uma torta de limão para nosso jantar. E comprei um
“sorvete de papaia com cassis”.
Mas estávamos comendo e
pensando na Rutinha e no Samuel[9]. E
então ligamos pra eles, para chamá-los a virem comer conosco (Mas ele estava na
faculdade e ela na companhia de amigas).
E porque desejamos
chamá-los? Porque quando estamos participando de alguma coisa boa, desejamos
partilhar com as pessoas que amamos.
Vocês, que são pais,
sabem bem o que é este sentimento para com os filhos.
E quem é o apaixonado
que não gosta de ver o pôr do sol com sua amada?
Quem é o amigo que não
quer abençoar o seu irmão?
Assim, quando alguém
conhece as felicidades da vida pela Palavra de Deus, também deseja partilhar
isto com as pessoas a quem ama.
E o crente em Jesus ama
os seus irmãos; também ama aos seres humanos em geral.
Então ele deseja
compartilhar a Palavra de Deus, a lei do Senhor que conduz à fé em Cristo, a
lei do Senhor que restaura a alma, ilumina os olhos e alegra o coração[10], a
lei do Senhor que conduz à vida eterna.
Paulo, por exemplo, se
sentia em dívida de amor para com todos, e então não media esforços para
partilhar o evangelho com quantas pessoas pudesse[11].
E Esdras dispôs o seu
coração para isto: ele iria aprender a lei do Senhor, ele iria praticar a lei
do Senhor, ele iria ensinar a ensinar.
Conclusão e aplicação
Amado, estas três
disposições do coração de Esdras agradaram ao coração de Deus; tanto que o
texto nos diz, eles fizeram uma viagem abençoada pela mão do Senhor que estava
sobre eles.
E porque agradaram?
Porque estas disposições revelam, primeiramente, amor e confiança em Deus e sua
Palavra.
Para aprender, viver de
acordo, e ensinar a Bíblia, primeiro, você precisa amá-la, e entender quer ela
é um livro bom, verdadeiro, fiel, abençoador.
De outro modo você
desprezará o seu conhecimento, e pensará que existem coisas melhores, e mais
importantes.
Você precisa crer que
ela é de Deus, e que Deus é bom e deseja o nosso bem.
É isto o que você pensa
da Bíblia? É isto o que você sente pela Bíblia?
Você quer ser uma vida
agradável ao Senhor?
Então faça como o
professor Esdras. E o Senhor terá prazer em seus desejos. E dará sua bênção.
Deus o abençoe irmão.
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