Igreja Evangélica Presbiteriana
Domingo, 30 de junho de 2013
Pr. Plínio Fernandes
Amados irmãos, vamos ler Mateus 13:47-52
47 O reino dos céus é ainda
semelhante a uma rede que, lançada ao mar, recolhe peixes de toda espécie. 48
E, quando já está cheia, os pescadores arrastam-na para a praia e, assentados,
escolhem os bons para os cestos e os ruins deitam fora. 49 Assim será na consumação do
século: sairão os anjos, e separarão os maus dentre os justos, 50 e os lançarão na fornalha
acesa; ali haverá choro e ranger de dentes. 51 Entendestes todas estas
coisas? Responderam-lhe: Sim! 52 Então, lhes disse: Por isso,
todo escriba versado no reino dos céus é semelhante a um pai de família que
tira do seu depósito coisas novas e coisas velhas.
Nos vs. 47-50, nós temos a última desta série de sete
parábolas de Jesus, a respeito do reino dos céus.
Ele se utiliza de mais um evento da vida diária dos seus discípulos:
eles sabiam bem o que era uma pescaria de arrastão. Vários homens posicionavam
uma grande rede, erguida como uma parede submersa no mar,e depois viam trazendo
até à praia, e arrastando nela uma quantia enorme de peixes.
Mas para os judeus haviam peixes considerados impuros, isto
é, impróprios para comer, e outros, considerados puros.[1]
Por exemplo, se eles pescassem um “peixe-gato”, ou um bagre, não poderiam ser
comidos; se pescassem tilápias, ou sardinhas, poderiam.
Então, depois que arrastavam uma quantia enorme de peixes,
assentavam-se na praia e ficavam separando os peixes bons dos maus. Os bons seriam
recolhidos em cestas, e os outros seriam jogados fora.
“Assim será no final
desta era”, disse Jesus: “os anjos de
Deus virão e irão separar os homens uns dos outros. Irão separar os maus dos
justos, e os maus serão lançados na fornalha acesa. Então haverá choro e ranger
de dentes”.
Então Jesus pergunta: “Vocês
entenderam isto?” (v. 51)
E eles responderam: “Sim”
(v. 51).
Vejam que houve progresso no entendimento deles, assim como
em qualquer assunto uma pessoa pode progredir: no v. 10 nós lemos que discípulos
não sabiam nem porque Jesus ensinava por parábolas. Depois, do v. 18 em diante,
Jesus passa a explicar para eles o significado da parábola do semeador. No v.
36, eles pedem que Jesus explique a do joio e do trigo. Mas agora, no v. 51, depois
destas últimas parábolas, eles dizem ao Senhor que já as entendem com maior
clareza.
Queridos, há várias semanas que em nossos cultos, temos
meditado nestas parábolas de nosso Senhor. Ainda que de modo retórico, pois
penso conhecer a resposta, eu quero perguntar a vocês: “Vocês entendem esta
última parábola de Jesus”? E se você entende, então veja o que Jesus respondeu
a eles, diante de sua resposta afirmativa (v. 52):
Então, lhes disse: Por isso, todo escriba versado no
reino dos céus é semelhante a um pai de família que tira do seu depósito coisas
novas e coisas velhas.
Aqui Jesus está usando uma palavra antiga, mas que era nova
em relação aos discípulos: “escriba”. Os discípulos estavam se tornando
versados, isto é, pessoas entendidas nas coisas do reino dos céus, e seriam os
seus novos escribas.
Porque digo que está falando deles? Porque eles é que seriam
os mestres, os intérpretes do reino dos céus. Tempos mais tarde, Jesus iria
dizer isto ainda mais explicitamente:
Mt 23:34
Por
isso, eis que eu vos envio profetas, sábios e escribas. A uns matareis e
crucificareis; a outros açoitareis nas vossas sinagogas e perseguireis de
cidade em cidade.
E para dizer como eles deveriam pensar sobre si mesmos,
Jesus conta mais uma parábola: um escriba versado no reino dos céus é como um
pai que tem um solene dever: providenciar o que é necessário para a família; então
ele tem uma despensa onde guarda as provisões, e na hora certa ele tira o que
for necessário para dar aos seus.
Meu querido irmão, você, que tem recebido a Palavra de
Jesus; você entende as coisas que o Senhor tem lhe ensinado? Então você também
tem este mesmo dever. Eu gostaria de destacar três características de um
escriba de Jesus
1 . É uma pessoa
que entesoura coisas do reino de Deus
Jesus diz que é como um pai de família que tira coisas do
seu depósito. As versões ARC e NVI trazem “tesouro”, transliterando a palavra
usada no texto grego. Tesouro significa aquilo que é depositado, aquilo que é guardado,
e também o lugar onde é guardado.
Toda casa, por mais humilde que seja, tem um lugar onde as
provisões para a família: algumas têm um cômodo em separado, algumas um lugar
na cozinha, outras, algum lugar no armário da cozinha, mas sempre há um lugar
onde os alimentos são colocados para serem retirados dali na hora certa para
cada coisa.
Eu tenho uma lembrança muito forte de quando era menino, na
casa do meu avô: “de vez em quando” toda a família ia fazer compras no mercado,
e eram feitas de modo diferente das que fazemos agora. Ele comprava sacas de
arroz, com sessenta quilos cada uma. Sacas de feijão, de açúcar, galões de
óleo, banha de porco, carne salgada, carne para conservar dentro da banha,
latas de manteiga e muitas outras coisas. Então, depois de devidamente tratado
e acondicionado, tudo aquilo era estocado na despensa, e na medida em que se
fazia necessário, aquelas coisas iam sendo retiradas dali.
Assim também aquele que entende as coisas de Deus. Ele tem o
dever de armazenar estas coisas. E onde as
armazena?
Lc 6:45
O
homem bom do bom tesouro do coração tira o bem, e o mau do mau tesouro tira o
mal; porque a boca fala do que está cheio o coração.
O homem bom, aquele que se prepara para o dia em que “o
grande arrastão do céu” virá sobre a terra, é aquele que no seu coração
entesoura o que é bom, as coisas de Deus. Ele ajunta as coisas do céu dentro de
si, para que depois tenha o que repartir.
Amados, vocês têm entendido as coisas do reino? Tem
aprendido o que Jesus está ensinando? Então vocês têm um dever diante de Deus –
aumentar cada vez mais aquilo que o Senhor lhes tem transmitido.
Eu quero citar a vocês 2ª Pe 3:18. Mas para entender o
contexto, vamos ler desde o v. 15.
15 e tende por salvação a
longanimidade de nosso Senhor, como igualmente o nosso amado irmão Paulo vos
escreveu, segundo a sabedoria que lhe foi dada, 16
ao falar acerca destes assuntos, como, de fato, costuma fazer em todas as suas
epístolas, nas quais há certas coisas difíceis de entender, que os ignorantes e
instáveis deturpam, como também deturpam as demais Escrituras, para a própria
destruição deles. 17 Vós, pois, amados, prevenidos
como estais de antemão, acautelai-vos; não suceda que, arrastados pelo erro
desses insubordinados, descaiais da vossa própria firmeza; 18 antes, crescei na graça e no
conhecimento de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. A ele seja a glória,
tanto agora como no dia eterno.
Pedro nos diz que devemos crescer na graça e no conhecimento
de Deus. Mas antes nos ensina que para isto nós não podemos distorcer, nem
seguir a certas pessoas que, não concordando com as Escrituras, distorcem o que
elas estão dizendo. Se distorcermos o que as Escrituras nos ensinam, se
procurarmos torná-las mais “degustáveis ao nosso paladar carnal”, ou de quem
quer que seja, isto arruína nossa vida espiritual.
De outro modo: o acúmulo do bom tesouro em nosso coração, o
crescimento nas coisas do reino dos céus, nós o promovemos guardando as
Escrituras dentro de nós, tal como elas são.
A
tua Palavra escondi, guardada no meu coração, para eu não pecar contra ti (Sl
119:11).
Deus nos ensina muitas coisas em sua Palavra, a fim de que o
conheçamos, que conheçamos sua vontade, que andemos em seus caminhos:
2ª Tm 3:15-17
15 e que, desde a infância,
sabes as sagradas letras, que podem tornar-te sábio para a salvação pela fé em
Cristo Jesus. 16 Toda a Escritura é inspirada
por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a
educação na justiça, 17 a fim de que o homem de Deus
seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra.
Ser e fazer: a Palavra de Deus nos capacita a ser, interiormente,
o que ele deseja, e nos ensina a fazer o que ele deseja. Ela nos ensina, e mais
do que isso, ela realiza em nós a santificação, sem a qual ninguém verá a Jesus[2].
2. O escriba de
Jesus é também uma pessoa que dispensa, isto é, distribui as coisas do reino de
Deus
É como um pai de família que entesoura, e dali tira coisas
novas e velhas, conforme a necessidade. Naturalmente que o pai de família não
estoca os alimentos e depois os deixar apodrecer na despensa. Ele também não os
distribui de uma vez por todas, porque não podem ser comidos assim, e também
porque precisa fazer provisão para o futuro. Os alimentos são guardados para
serem distribuídos na hora certa.
Assim também os escribas de Jesus tem este duplo dever em
relação ao dispensar as coisas do reino.
2.1 – Dispensar coisas novas e velhas
O que isto significa? Penso que os discípulos entenderam, e
nos deram bons exemplos. Quero citar João
1ª Jo 2:7, 8
7 Amados, não vos escrevo
mandamento novo, senão mandamento antigo, o qual, desde o princípio, tivestes.
Esse mandamento antigo é a palavra que ouvistes.8 Todavia, vos
escrevo novo mandamento, aquilo que é verdadeiro nele e em vós, porque as
trevas se vão dissipando, e a verdadeira luz já brilha.
Se você observar o contexto, verá que o mandamento ao qual
ele se refere é o de nos amarmos uns aos outros, assim como Jesus nos amou. Não
é um mandamento novo, pois Jesus já havia dado este mandamento.
Mas em certo sentido é um mandamento novo, porque ele se renova
a cada dia em nossa vida: a cada dia, em nossa vida como igreja, como famílias,
como cidadãos do mundo, recebemos novamente este mandamento da parte de Deus –
é uma coisa dinâmica. A cada dia temos novas circunstâncias, novas situações,
conhecemos novas pessoas, e devemos descobrir novos caminhos e novas maneiras
de cumprir o velho mandamento de amar assim como Deus nos ama.
E quando João dá este “novo mandamento”, ele nada mais está
fazendo do que renovar o mandamento de Jesus
Jo 13:34
Novo
mandamento vos dou: que vos ameis uns aos outros; assim como eu vos amei, que
também vos ameis uns aos outros.
Mas quando Jesus diz que devemos nos amar uns aos outros
desta maneira, nada mais está fazendo do que repetir o mandamento do Senhor a
Israel, que deveria amar ao estrangeiro porque ele mesmo, Israel, era amado por
Deus; Deus que também amava o estrangeiro, o órfão e a viúva (Dt 10:12-19). Assim,
tudo o que é de Deus, há um certo sentido em que não é novo: os princípios de
Deus não são novos.
Mas noutro sentido, tudo o que é Deus se renova a cada dia. Os
princípios de Deus são aplicados em novos contextos, novas situações, novas
culturas, em corações que sempre são renovados.
E também de novas maneiras: quem diria, mil anos atrás, que
chegaria o tempo em que cada pessoa poderia ter uma Bíblia na mão? Mas alguém
inventou a imprensa e o mundo mudou. Bíblias impressas, livros, folhetos –
mesmo as pessoas mais humildes podem distribuir.
Quem diria, cem anos atrás, que chegaria um tempo em que
cada casa teria um computador? E internet? Mas hoje temos tantas coisas novas,
tantos jeitos novos de anunciar o reino de Deus. Você pode fazer tantos
seguidores de Jesus no “Twitter”, no “Facebook”, e muitas outras coisas.
2.2 – Dispensar com fidelidade
1ª Co 4:1, 2 (v. 3)
1Assim, pois, importa que os
homens nos considerem como ministros de Cristo e despenseiros dos mistérios de
Deus. 2 Ora, além disso, o que se
requer dos despenseiros é que cada um deles seja encontrado fiel.3
Todavia, a mim mui pouco se me dá de ser julgado por vós ou por tribunal
humano; nem eu tampouco julgo a mim mesmo. 4 Porque de nada me argui a
consciência; contudo, nem por isso me dou por justificado, pois quem me julga é
o Senhor.
Havia pessoas em Corinto que julgavam Paulo como um falso
apóstolo, pois ele não tinha a eloquência e a aparência de alguns “super-apóstolos”.
Paulo diz duas ou três coisas muito importantes: uma delas é que era muito
importante que os homens entendessem que ele era um ministro de Deus (e não de
si mesmo). Isto era necessário por ser a verdade. Importante para a vida
espiritual dos coríntios, para que o ministério de Paulo fosse eficaz em suas
vidas. Outra, é que quando ele se examinava a si mesmo, sua consciência estava
limpa, pois ele não fazia da Palavra de Deus um meio de autopromoção. Outra, é
que o que Deus requer é que o despenseiro seja fiel, e não que seja bem visto
por seus dotes. O que desejo dizer é que o alvo do pregador do Evangelho não é
ser admirado, mas de apresentar a Jesus com fidelidade, para que as pessoas
conheçam e admirem a Jesus.
A salvação das almas é uma coisa séria demais, e é com isto
que o evangelista precisa se preocupar. Escriba de Jesus, se você tiver sempre
estas coisas em mente, será um servo fiel do Senhor.
3. É uma pessoa
que tem um solene senso de dever
O dever de um pai de família é distribuir a provisão para o
sustento dos seus. O escriba de Jesus tem o dever de dispensar o reino dos
céus.
Muitos cientistas, muitos ateus, muitos intelectuais de
plantão dizem que não haverá um fim do mundo conforme a Bíblia diz. Dizem que
Jesus estava errado.
Mas nós cremos diferente: A fé é a certeza das coisas que se espera, convicção de fatos não se
veem[3].
Jesus disse que ele voltará com seus anjos, e todos os
homens serão julgados. Como os peixes impuros eram separados dos puros, os maus
serão separados dos bons, os justos dos injustos.
Eu sei que a imagem é desconfortável (é horrível a ideia de
se sentir como um peixe na rede), mas o dia do “grande arrastão celestial” está
chegando, e todos os homens serão levados à presença de Cristo: os grandes e
pequenos; os ricos e os pobres; jovens e velhos. Sem distinção de sexo.
Diante disto, nosso dever é duplamente solene:
3.1 – Cuidar de nós mesmos
1ª Co 9:24-27
24 Não sabeis vós que os que
correm no estádio, todos, na verdade, correm, mas um só leva o prêmio? Correi
de tal maneira que o alcanceis. 25 Todo atleta em tudo se domina;
aqueles, para alcançar uma coroa corruptível; nós, porém, a incorruptível. 26
Assim corro também eu, não sem meta; assim luto, não como desferindo golpes no
ar. 27
Mas esmurro o meu corpo e o reduzo à escravidão, para que, tendo pregado a outros,
não venha eu mesmo a ser desqualificado.
Não nos enganemos, meus irmãos: sem santificação ninguém
verá o Senhor. Fora ficarão os mentirosos, os ladrões, os adúlteros, os
impuros, os feiticeiros. Fora ficará todo aquele que não tiver sido lavado com
o sangue de Jesus
3.2 – Preocuparmo-nos com os que não conhecem a Deus
Pois se, sem santificação ninguém verá o Senhor, sem receber
a Jesus no coração não há como ser santificado. A santificação tem início
quando uma pessoa crê em Jesus, quando sua alma é regenerada, quando, usando as
palavras dele, essa pessoa “nasce de novo”, espiritualmente, por meio da fé. Mas
a fé vem pelo ouvir, e o ouvir pela
Palavra de Cristo[4].
Conclusão e
aplicação
Amado, você entende estas coisas? Você crê nestas coisas?
2ª Tm 2:2
1 Tu, pois, filho meu,
fortifica-te na graça que está em Cristo Jesus. 2 E
o que de minha parte ouviste através de muitas testemunhas, isso mesmo
transmite a homens fiéis e também idôneos para instruir a outros.
Você sabe que estas palavras de Paulo a Timóteo são mais do
que dirigidas a ele: são palavras que o Espírito Santo diz a todos os seus
filhos.
Fortifique-se pois o teu coração, e dispense os tesouros de
Deus.
[1] Lv
11:9-12
[2] Jo 17:17; Hb
12:14
[3] Hb
11:1
[4] Rm
10:17
Muito bom!! ou seja, ótimo, que Deus ilumine a sua vida meu amado irmão em Cristo Jesus.
ResponderExcluirAmém. Obrigado, querido irmão. Deus o abençoe.
ExcluirMe ajudou muito,que Deus continue te usando com sabedoria
ResponderExcluirAmém. Deus o abençoe, meu irmão.
Excluirאמן
ResponderExcluirAmém
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