Igreja Evangélica
Presbiteriana
Domingo, 12 de
agosto de 2012
Pr. Plínio
Fernandes
Amados, vamos ler
Mateus 7:1-12
1 Não
julgueis, para que não sejais julgados.2 Pois, com o critério com
que julgardes, sereis julgados; e, com a medida com que tiverdes medido, vos
medirão também.3 Por que vês tu o argueiro no olho de teu irmão,
porém não reparas na trave que está no teu próprio?4 Ou como dirás a
teu irmão: Deixa-me tirar o argueiro do teu olho, quando tens a trave no teu?5
Hipócrita! Tira primeiro a trave do teu olho e, então, verás claramente para
tirar o argueiro do olho de teu irmão.6 Não deis aos cães o que é
santo, nem lanceis ante os porcos as vossas pérolas, para que não as pisem com
os pés e, voltando-se, vos dilacerem. 7 Pedi, e dar-se-vos-á; buscai e
achareis; batei, e abrir-se-vos-á.8 Pois todo o que pede recebe; o
que busca encontra; e, a quem bate, abrir-se-lhe-á.9 Ou qual dentre
vós é o homem que, se porventura o filho lhe pedir pão, lhe dará pedra?10
Ou, se lhe pedir um peixe, lhe dará uma cobra?11 Ora, se vós, que
sois maus, sabeis dar boas dádivas aos vossos filhos, quanto mais vosso Pai,
que está nos céus, dará boas coisas aos que lhe pedirem?12 Tudo
quanto, pois, quereis que os homens vos façam, assim fazei-o vós também a eles;
porque esta é a Lei e os Profetas.
Através dos
anos eu tenho conhecido algumas pessoas, ou vivido certas situações, que me
fazem pensar nas palavras de Jesus no versículo 6. Felizmente não são muitas.
Mas me lembro
de certo homem, quando eu era recém-convertido a Jesus, que não se conformava
de ver minha alegria com o Evangelho; e fazia de qualquer coisa que eu dissesse
um motivo para escarnecer dos crentes. Por exemplo, se ele passasse por mim e
eu estivesse cantando (eu gostava cantar baixinho enquanto trabalhava), ele
começava a cantar músicas ofensivas, cheias de chocarrices, e a gritar
palavrões. Certa ocasião ele me ouviu
falando sobre ensino de Jesus, “dá a quem te pede, não voltes as costas ao que
deseja que lhe emprestes”, e me disse: “No dia do pagamento eu quero todo o teu
salário”. Expressões como “crente é trouxa” eram comuns nos lábios dele.
Através dos
anos eu já tenho visto bêbados zombarem do nome de Jesus, hereges blasfemarem
da Bíblia, e até mesmo pessoas que se dizem crentes, aproveitarem-se da devoção
de seus irmãos, e usarem a Bíblia para ferir aos piedosos sem que estes
ofereçam resistência. Também tenho lido de imperadores romanos, “boxers” na
China, de ateus atrevidos, e muitas outras pessoas, que vezes sem conta se
utilizarem daquilo que eles chamam “loucuras da Bíblia”, para zombar e ferir o
povo de Deus.
Estes fatos
nos fazem pensar nas palavras de Jesus aqui:
Não deis
aos cães o que é santo, nem lanceis ante os porcos as vossas pérolas, para que
não as pisem com os pés e, voltando-se, vos dilacerem.
“Se vocês derem aos cães o que é santo, se vocês
derem suas pérolas aos porcos, eles irão pisar em cima, e depois se voltarão
contra vocês”.
É fácil perceber que “cães e porcos” são metáforas
que se referem a pessoas especialmente difíceis, que além de não aceitar as
coisas do Senhor, ainda se voltam contra os que tentam lhes dar os bons
tesouros de Deus. “Se você estiver diante de uma pessoa assim”, diz Jesus, “não
adianta dar suas pérolas a ela”; ou melhor, “este tipo de gente pode causar
danos a vocês”.
São palavras de Jesus, nosso Senhor e Deus.
Palavras de Verdade, daquele que tem zelo pelo bem-estar de nossas almas, e por
causa disto não podem ser passadas por cima, sem que prestemos a elas a devida
atenção. Então hoje vamos nos dedicar a meditar em seu significado. Há três
observações que desejo fazer
1. Primeiro,
consideremos que as palavras de Jesus podem nos surpreender, nos deixar
espantados
“Não deis aos cães o que é santo, nem lanceis ante os porcos as vossas
pérolas”.
Existem algumas pessoas a quem Jesus descreve como
cães e porcos. Há muitas coisas nestas palavras do Senhor que nos deixam
espantados. Digo isto para vergonha
nossa, pois não deveríamos ficar surpresos. Mas porque podemos estranhar?
1.1 - É que em nossos dias temos um conhecimento
tão limitado de Jesus, pensamentos tão humanistas, isto é, mundanos, a respeito
do Senhor, que muitas vezes o vemos mais como uma pessoa condescendente e
fraca, uma imagem serena e impassível, como uma “estátua sentada em posição de
lótus”, e não como o Santo Filho de Deus, que se ira diante do pecador
obstinado.
Uma das coisas que nos surpreendem é Jesus, a
encarnação do Deus de amor, chamando algumas pessoas de “cães e porcos”. Pois a
nós parece que se Deus é amor isto significa que ele não deve se opor a
ninguém, não deve confrontar o erro, mas deixar que cada um, em seu livre
arbítrio, faça o que quiser. Um Deus que não intervém nos negócios humanos até
que o homem resolva dar a ele a oportunidade de manifestar o seu amor.
Mas Jesus não é assim. É um Deus de iniciativa.
Que age. Que vem ao mundo em busca de suas ovelhas. Que dá a sua vida por elas.
Mas que também detesta o mal. Ele detesta o mal, e quando as pessoas persistem
no mal, ele não hesita em classificá-las sob adjetivos que descrevem a sua
maldade (e não nos enganemos, estes adjetivos indicam que haverá julgamento
sobre elas – Apocalipse, por exemplo, diz que na Nova Jerusalém os cães ficarão
de fora).
E este não é o único lugar nos
Evangelhos em que o vemos usar esta espécie de tratamento a certa classe de
pessoas:
Lc 13:31-33
31 Naquela mesma hora, alguns fariseus
vieram para dizer-lhe: Retira-te e vai-te daqui, porque Herodes quer matar-te. 32
Ele, porém, lhes respondeu: Ide dizer a essa raposa que, hoje e amanhã, expulso
demônios e curo enfermos e, no terceiro dia, terminarei. 33 Importa,
contudo, caminhar hoje, amanhã e depois, porque não se espera que um profeta
morra fora de Jerusalém.
A resposta dada
por Jesus é de uma importância muito grande: os fariseus disseram que ele
deveria fugir, porque Herodes queria matá-lo. Mas Jesus diz que continuaria a
fazer tudo o que estava fazendo, e que sua obra só estaria terminada no
terceiro dia.
Para os que leem
Evangelho, esta é uma referência óbvia à ressurreição de Jesus, que aconteceria
no terceiro dia depois de sua morte pelos nossos pecados. Ele iria morrer, mas
não porque Herodes desejava matá-lo; iria morrer porque ele mesmo daria a sua
vida. Então, por sua própria deliberação, caminharia até Jerusalém, mas não
fugindo de Herodes, pois seria lá que ele deveria morrer e no terceiro dia
terminar a sua obra, isto é, ressuscitar.
Mas no contexto de
nossa mensagem de hoje, eu quero destacar a maneira como Jesus se refere ao rei
Herodes: “raposa”.
A raposa era um animal bem conhecido dos judeus, criadores de ovelhas: um
predador, que ataca as ovelhas. Assim Herodes Antipas, descendente de edomitas,
inimigos de Israel, usurpador dos direitos da família de Davi, que já havia
matado João Batista, era predador astuto, uma raposa, um animal que queria
matar a Jesus.
Agora, Mt 12:34
Raça de víboras, como podeis falar coisas boas,
sendo maus? Porque a boca fala do que está cheio o coração.
Uma tradução
melhor é “como poderíeis falar coisas boas, sendo maus”? Pois que os fariseus
estavam dizendo que Jesus expulsava demônios pelo poder de Satanás. Isto é,
suas palavras a respeito de Jesus eram maldosas, cheias de peçonha. E a boca deles dizia coisas venenosas porque o
coração deles era cheio de veneno.Por isto, na opinião de Jesus, eles eram “raça
de víboras”. E assim também, na opinião de Jesus, existem pessoas que são como
“cães e porcos”.
1.2 - Outra coisa que nos surpreende é que Jesus
diz estas coisas logo depois de nos instruir no sentido de que não devemos
julgar as outras pessoas; não podemos ser juízes, condenadores do nosso
próximo, não podemos destruir o nosso próximo com nossas palavras.
E ainda antes ele já havia também falado que não
devemos dirigir aos nossos irmãos palavras de ofensa: não podemos chama-los “raca”,
ou tolos. Então temos a tendência de
pensar que qualquer discernimento crítico em relação aos que vivem no erro seja
pecado.
Mas aqui, lemos que existem certas pessoas a
respeito das quais precisamos ter o a mesma visão de Jesus. Pois doutra forma,
como poderíamos saber o que fazer diante delas? Isto quer dizer que, embora não
sejamos Deus, não julguemos, e não condenemos estas pessoas, devemos ter a
percepção que nos leve a não partilhar com elas certos tesouros. Há pessoas com quem não devemos compartilhar nossos
tesouros, pois são pessoas portadoras de alto poder de destruição espiritual.
Como diz o livro de Provérbios: “Não
repreendas o escarnecedor, para que te não odeie; repreende o sábio, e ele te
amará” (Pv 9:8).
1.3 –
Também nos surpreende que alguns versículos depois, ao nos ensinar sobre
oração, Jesus nos diz que somos maus, isto é, somos pecadores (v. 11), mas a
nós, ainda que sejamos pecadores, Jesus nos coloca no lugar oposto àqueles que
ele chama de “cães e porcos”.
Digo que é surpreendente a graça de Deus para
conosco. Pois diante de sua santidade, as nossas melhores obras são como um
pano sujo. Mas a palavra que ele usa para descrever os que creem na sua palavra
não é “cães”, nem “porcos”, nem “raposas”, nem “raça de víboras”.
Àqueles que o ouvem, ele chama “minhas ovelhas”.
Jo 10:26-28
26 Mas vós não credes,
porque não sois das minhas ovelhas.27 As minhas ovelhas ouvem a
minha voz; eu as conheço, e elas me seguem.28 Eu lhes dou a vida
eterna; jamais perecerão, e ninguém as arrebatará da minha mão.
E isto nos ajuda a
entender, pelo menos em parte, porque Jesus usa palavras fortes para com aos
que procuram nos ferir: somos ovelhas dele. Somos pessoas que o amam e o
seguem. Ele nos ama e não permite que nos façam mal.
“Das minhas mãos e das mãos de meu Pai ninguém irá tirar
as minhas ovelhas”.
2. Em
segundo lugar, consideremos a quem Jesus chama de cães e porcos
O que significa isso? Que atitudes numa pessoa o
levam a considerá-la assim?
Para os judeus, tanto os cães como os porcos eram animais
imundos. Os judeus não os tinham como animais de estimação. Pensava-se que os
porcos eram animais que gostavam de sujeira. E os cães eram vira-latas que
perambulavam pelas ruas, procurando comida no lixo, e se tornavam agressivos
com as pessoas que se aproximavam, além de ser agressivos uns com os outros.
Contrariando o ensino da lei que ordenava amar os
estrangeiros, os judeus consideravam os gentios como pessoas indignas, e
costumavam chamá-los de cães. Mas certamente Jesus não partilhava deste sentimento.
Ele amou ao mundo inteiro, e ordenou que o Evangelho fosse pregado a todas as
nações.
Então, a que tipo de pessoas Jesus estava se
referindo? Me parece que o próprio versículo nos ajuda a entender: cães e
porcos são aqueles que, quando recebem as coisas santas, os tesouros do céu, se
voltam contra aqueles que os estão dando. Porcos e cães são aqueles que não
somente rejeitam, ou não aceitam as coisas de Deus, mas que reagem com escárnio
e agressividade.
No Novo Testamento nós temos pelo menos três
situações nas quais algumas pessoas reagem assim:
2.1 – Aqueles que
rejeitam e lutam contra o Evangelho logo de início
Leiamos Mateus 10, quando Jesus ordena os discípulos a irem de dois em dois
pregando o Evangelho
Mt 10:14, 15
14 Se alguém não vos receber, nem
ouvir as vossas palavras, ao sairdes daquela casa ou daquela cidade, sacudi o
pó dos vossos pés.15 Em verdade vos digo que menos rigor haverá para
Sodoma e Gomorra, no Dia do Juízo, do que para aquela cidade.
Em Atos 13, quando Paulo está no sul da Europa, em
Antioquia da Psídia.
At 13:44-46
44 No sábado seguinte, afluiu quase toda a cidade para
ouvir a palavra de Deus.45 Mas os judeus, vendo as multidões,
tomaram-se de inveja e, blasfemando, contradiziam o que Paulo falava.46
Então, Paulo e Barnabé, falando ousadamente, disseram: Cumpria que a vós
outros, em primeiro lugar, fosse pregada a palavra de Deus; mas, posto que a
rejeitais e a vós mesmos vos julgais indignos da vida eterna, eis aí que nos
volvemos para os gentios.
Em Atos 18, quando Paulo e seus companheiros estão
em Corinto
At 18:5, 6
5 Quando Silas e Timóteo desceram da Macedônia, Paulo se
entregou totalmente à palavra, testemunhando aos judeus que o Cristo é Jesus.6
Opondo-se eles e blasfemando, sacudiu Paulo as vestes e disse-lhes: Sobre a
vossa cabeça, o vosso sangue! Eu dele estou limpo e, desde agora, vou para os
gentios.
Mas agora vejamos dois textos em que certas pessoas são especificamente
chamadas de cães, e aqui já se fala num contexto de cristandade.
2.2 – Pessoas que, tendo aderido à religião cristã, tornam-se joio, ervas
daninhas entre o trigo de Deus.
2ª Pe 2:17-22
17 Esses tais são como fonte sem água, como névoas
impelidas por temporal. Para eles está reservada a negridão das trevas; 18
porquanto, proferindo palavras jactanciosas de vaidade, engodam com paixões
carnais, por suas libertinagens, aqueles que estavam prestes a fugir dos que
andam no erro,19 prometendo-lhes liberdade, quando eles mesmos são
escravos da corrupção, pois aquele que é vencido fica escravo do vencedor.20
Portanto, se, depois de terem escapado das contaminações do mundo mediante o
conhecimento do Senhor e Salvador Jesus Cristo, se deixam enredar de novo e são
vencidos, tornou-se o seu último estado pior que o primeiro. 21 Pois
melhor lhes fora nunca tivessem conhecido o caminho da justiça do que, após
conhecê-lo, volverem para trás, apartando-se do santo mandamento que lhes fora
dado.22 Com eles aconteceu o que diz certo adágio verdadeiro: O cão
voltou ao seu próprio vômito; e: A porca lavada voltou a revolver-se no
lamaçal.
Você já viu um cachorro lambendo o próprio vômito? É uma coisa nojenta, mas
que acontece. Agora imagine você ir ao chiqueiro, tirar um porco de lá, dar um
banho nele, e o porco voltar para o chiqueiro.
Nestes versículos Pedro descreve pessoas que em certa medida
experimentaram, ao menos aparentemente, externamente, certas mudanças em suas
vidas, depois que conheceram o Evangelho. Escaparam das contaminações deste
mundo. Mas que interiormente não foram transformadas. Por dentro continuaram
sendo o que eram antes, continuam a amar o mundo, e então voltam a viver como
quem não conhece a Cristo.
Voltam para as coisas do mundo, para as paixões da
carne.Estas pessoas, ele diz, não fazem mal só para si mesmas, mas também se tornam
um laço para aqueles que estavam prestes a fugir do erro. O estado destas
pessoas, diz Pedro, se torna pior do que quando não haviam conhecido ao caminho
de Deus. São como cães voltando próprio vômito. Como porcos voltando ao
chiqueiro.
Fp 3:2, 3
2 Acautelai-vos dos cães! Acautelai-vos dos maus obreiros!
Acautelai-vos da falsa circuncisão! 3 Porque nós é que somos a
circuncisão, nós que adoramos a Deus no Espírito, e nos gloriamos em Cristo
Jesus, e não confiamos na carne.
Aqui Paulo está se referindo aos judaizantes. Pessoas que distorciam a boa
Palavra de Deus, em favor de seus próprios conceitos de salvação baseada em
obras humanas, e que com isto desviavam as pessoas do verdadeiro Evangelho de
Jesus.
O que são cães, então? São aqueles que, tendo recebido os tesouros da
Palavra de Deus, pisam em cima deles, como se fossem coisas sem valor,
desprezíveis. Cães são aqueles que, ouvindo o Evangelho, se enfurecem, se opõem,
blasfemam, zombam, fazem guerra contra aqueles que o anunciam. São os que
vociferam contra o bom nome do Senhor, que chamam os crentes de ignorantes e
pregam que a incredulidade é que é inteligente. Cães também são aqueles que,
tendo recebido o Evangelho da salvação, mesmo estando dentro da igreja, voltam
a viver como animais movidos por suas paixões carnais, pela vaidade, pela
libertinagem, e levam outros que estão no caminho da verdade a voltarem ao
pecado. São também os maus obreiros, aqueles que pisam o Evangelho ensinando
falsas doutrinas, e assim dilaceram as almas daqueles que têm boa vontade, mas
não discernimento.
Este tipo de pessoa, agressiva, influente, venenosa, deve ser evitado. Se
você der suas pérolas a eles, eles se voltarão contra você.
Por isto temos a advertência de Jesus, no sentido de “não dar aos cães ao
que é santo”...
3. Em terceiro
lugar, consideremos o que significa dar aos cães o que é santo; o que é dar
pérolas aos porcos
Há dois aspectos que desejo destacar:
1º - Jesus nos diz que somos portadores de coisas
santas; detentores de tesouros espirituais.
Em Mateus 13 Jesus compara o reino de Deus a uma
pérola de grande valor, mais valiosa que todos os tesouros deste mundo. Em 2ª
Co 4, o apóstolo Paulo, referindo-se à nossa fragilidade como seres humanos,
diz que nós, os que temos o Evangelho em nosso coração e em nossos lábios,
temos este grande tesouro em vasos de barro. E em todo o sermão do monte Jesus
está nos dizendo que tipo de caráter devemos desenvolver, qual deve ser o nosso
modo de vida, as coisas às quais devemos dar valor.
Em outras palavras, o crente, o homem em cuja alma
habita o Espírito Santo, cujo coração almeja as coisas do céu, que está neste
mundo caminhando para o céu, e que enquanto está aqui tem a missão de trazer o
reino do céu à terra, este homem é um portador e um despenseiro de coisas
santas, de tesouros celestiais.
Isto é, as coisas de Deus, ele não as tem apenas
para si mesmo: ele deve compartilhar. Então ele partilha através de seus dons
espirituais, através de sua amizade, através de seus bens materiais, inclusive
dinheiro, através de seu tempo, através de seu serviço, através de boas obras. O
crente é um despenseiro dos tesouros do reino de Deus. Coisas preciosas demais
aos olhos de Deus, coisas preciosas demais para a sua própria alma, e coisas
preciosas demais para o mundo.
2º - Porém, nem todas as pessoas são dignas de
receber as coisas do céu. Ou colocando de outro modo: nem todas estão aptas.
Há daqueles que se revoltam, que agridem, que
zombam, que pisam as coisas sagradas. Há daqueles que fazem de tudo para que os
crentes abandonem os caminhos do Senhor. Há daqueles que se aproveitam da boa
vontade dos crentes e os exploram.
Alguns o fazem de modo sutil, através de doutrinas
erradas. Outros mais agressivamente, em franca oposição.
Me lembro de certa ocasiões, quando eu eram recém
convertido, em que várias vezes me vi perturbado por doutrinas falsas, e com
muita agressividade daqueles que as diziam.
Noutros contextos, através de falsas filosofias,
como o marxismo, o existencialismo, através daquilo que falsamente nos é
apresentado como ciência.
Noutros casos ainda, até mesmo pessoas simples,
fazem de tudo para que não participemos da igreja. Parece uma coisa inocente
alguém nos convidando a coisas que nos afastam da igreja, mas irmãos, o não
participar da igreja é uma das coisas mais destrutivas para a nossa alma, que
nos afasta da adoração a Deus, pois nos faz esfriar na fé e no amor.
Conclusão
O cristão, meus irmãos, não é uma pessoa
caracterizada pelo medo e pelo negativismo. Não é uma pessoa convidada a se
isolar do mundo. Ao contrário. Jesus nos chama para ser sal da terra e luz do
mundo.
A ênfase que Jesus apresenta da vida do crente, em
todo o sermão do monte, é altamente positiva: amar, repartir, influenciar,
fazer o bem. Viver em comunhão com Deus e amor pela vida, amor pela humanidade.
Felicidade. Tesouros no céu. Serenidade. Sem stress, sem ansiedade. “Curtir” a
salvação.
Mas parte desta vida abundante envolve o tomar
cuidado para que Satanás não se utilize de nosso sentimento de segurança para
nos destruir. Então, como nosso bom pastor, Jesus nos instrui para que
estejamos alertas.
Aplicação
Qual deve ser o nosso procedimento em relação aos
que ele chama de cães e porcos?
No contexto anterior Jesus já começou a nos dizer;
então...
1º - Não devemos condenar. Não devemos desejar a
destruição destas pessoas.
Certa ocasião, quando Jesus e os discípulos
estavam passando por Samaria, os samaritanos não os quiseram receber. Então
Tiago e João perguntaram: “O Senhor quer que nós ordenemos que chova fogo do
céu e acabe com estes pecadores”? (Crentes,
esses discípulos, não?) Mas Jesus respondeu: “Vocês ainda não entenderam o
Espírito de Deus. Eu não vim destruir, vim salvar as almas dos homens”.
E também, considerando que no v. 11 Jesus nos diz
que nós também somos maus, não devemos nos considerar superiores. Devemos
entender que, se somos ovelhas de Jesus, é somente por causa da graça de Deus
agindo em nossa vida. Talvez seja por isto que logo em seguida Jesus nos leve à
oração, e nos ensine que devemos tratar o nosso próximo da mesma maneira como
desejamos ser tratados.
2º - Mas em segundo lugar, Jesus nos diz que
devemos ter discernimento, e nos afastar daqueles que zombam da Palavra,
daqueles que pisam as doutrinas da Bíblia, negando-as ou distorcendo-as, pois
eles podem nos ferir e fazer mal.
Não deis
as coisas santas aos cães. Não lanceis vossas pérolas aos porcos.
Nós somos portadores de coisas santas. Somos
possuidores de pérolas de grande valor. Somos despenseiros das inescrutáveis
riquezas de Deus. Temos a tarefa de dispensar as bênçãos do Evangelho, seja por
nossa pregação, seja pelo nosso testemunho, seja através dos nossos dons, seja
através dos nossos bens.
Temos um grande tesouro, mas este tesouro está
contido em frágeis vasos de barro. Então, se alguém quer atacar a nossa fé, se
alguém busca nos engodar, para que deixemos de fazer o que Deus deseja, não
permitamos que isto aconteça. Não fiquemos nos expondo a situações que nos
façam mal.
3º - Em terceiro lugar, devemos orar para que Deus
nos dê discernimento, forças, e também orar pelos que não conhecem a Deus.
Abençoar os que nos fazem mal. Abençoar, e não
amaldiçoar. Abençoar orando. Abençoar perdoando. Abençoar fazendo o bem.
Simplesmente oremos, entreguemos tudo nas mãos do
Senhor, confiemos nele. À luz do que temos considerado hoje, Paulo, antes de
ser uma ovelha de Jesus, era um cão feroz. Perseguia os crentes. Blasfemava do
caminho. Mas um dia Estevão orou por ele, não foi? E Paulo foi transformado,
não foi? Pois a graça tem o poder de transformar água em vinho. Porque não
poderia transformar porcos em ovelhas?
Muito bom mesmo, me esta sendo de grande utilidade.
ResponderExcluirExcelente explicação...obrigada
ResponderExcluirExcelente!!!
ResponderExcluirMe clareou mais meus entendimentos. cheguei mais perto do conhecimento que tenho.
ResponderExcluirBem explicada..
ResponderExcluirBoa explicação! By pr Marivon da igreja Quadrangular de bom Jesus da Lapa Bahia.
ResponderExcluirAmen.
ResponderExcluirMuito boa essa explicação e fez eu entender mais uma porção da palavra de Deus.
ResponderExcluirExcelente, muito obrigada.
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