Domingo, 16 de dezembro de 2012
Pr. Plínio Fernandes
Pr. Plínio Fernandes
Em nossa última
meditação vimos que, depois de haver narrado, nos capítulos anteriores de seu
Evangelho, uma imensa quantidade atitudes, de ensinos e de obras miraculosas
que demonstraram a autoridade do Senhor Jesus sobre todas as coisas, uma
autoridade reconhecida pelas multidões de pessoas que o ouviam, uma autoridade
que até o mar e os ventos obedecem, à qual até os demônios se submetem, aqui no
capítulo 9 Mateus nos diz que esta mesma autoridade foi rejeitada justamente por
aquela classe de homens que mais tinham razões para reconhecê-la com alegria:
os escribas, os mestres do Antigo Testamento.
Porque, conforme lemos
no capítulo 2, os escribas e sacerdotes, conhecedores das Escrituras, sabiam
que Deus havia prometido a vinda do Cristo, para ser o Rei-Salvador do seu
povo.[1]
Sabiam, por causa das
profecias, até mesmo o lugar onde o Cristo deveria nascer.
Mas quando souberam do
nascimento de Jesus, não tomaram qualquer atitude a fim de ir conhecê-lo; e
agora, quando Jesus já era “homem feito”, e começou a cumprir sua missão de
ensino sobre o reino de Deus, esta mesma classe de homens passou a rejeitá-lo
claramente.
Nos primeiros oito
versículos aqui vemos os escribas resistindo a ele em seus corações, porque o
Senhor reivindicava autoridade para perdoar pecados.
E no texto sobre o
qual meditaremos hoje, vemos os fariseus, dentre os quais muitos eram escribas,
opondo-se a Jesus porque ele manifestava para com os pecadores uma misericórdia
da qual os fariseus não os consideravam dignos.
9 Partindo Jesus dali, viu um
homem chamado Mateus sentado na coletoria e disse-lhe: Segue-me! Ele se
levantou e o seguiu.
10 E sucedeu que, estando ele em
casa, à mesa, muitos publicanos e pecadores vieram e tomaram lugares com Jesus
e seus discípulos.
11 Ora, vendo isto, os fariseus
perguntavam aos discípulos: Por que come o vosso Mestre com os publicanos e
pecadores?
12 Mas Jesus, ouvindo, disse: Os
sãos não precisam de médico, e sim os doentes.
13 Ide, porém, e aprendei o que
significa: Misericórdia quero e não holocaustos; pois não vim chamar justos, e
sim pecadores ao arrependimento.
Os três evangelhos
sinóticos colocam a vocação de Mateus logo em seguida à cura do paralítico em
Cafarnaum.[2]
Nos evangelhos de
Marcos e Lucas, Mateus é chamado Levi, o que não é de se estranhar, porque a
utilização de mais de um nome era uma coisa muito comum entre os judeus. Nós
temos inúmeros exemplos deste fato registrados na Bíblia.
Marcos acrescenta que
o Senhor estava ensinando perto do mar. Enquanto andava, Jesus viu Mateus,
sentado no posto de arrecadação dos impostos; e lhe disse: “Segue-me”.
Nós sabemos que os
publicanos, cobradores de impostos, eram tidos como pecadores porque geralmente
eram corruptos e trabalhavam para um governo invasor e opressor do povo
israelita.
Mas Jesus explica que
veio ao mundo justamente para salvar os pecadores.
Então ele convida
Mateus; e Mateus se levanta e o segue.
Acho interessante como
Mateus conta isto de modo muito simples, resumido e direto.
Pois Lucas dá ênfase
ao fato de que Mateus deixou tudo para
seguir a Jesus, e que em seguida, em sua própria casa, ofereceu a Jesus um
grande banquete, para o qual convidou muitos publicanos e pecadores.
Parece que Mateus não
era muito de falar sobre suas próprias realizações; aliás, parece que Mateus
não era de falar muito. Nós simplesmente não o vemos falando em ocasião alguma,
nos quatro evangelhos. Talvez discrição e humildade sejam apenas duas das muitas
qualidades que revelam a força interior deste homem.
Mas neste Evangelho,
que se tornou o primeiro na Bíblia, nós vemos Mateus escrever muito, a respeito
de quem ao crente interessa falar: sobre Jesus.
Tenho comigo, meus
irmãos, que este encontro de Jesus com Mateus não foi o primeiro.
Em Atos capítulo 1 nós
lemos que um dos critérios para uma pessoa ser contada entre os apóstolos era
que deveria ter acompanhado Jesus e os demais desde os primeiros dias de seus
ensinamentos, começando com o batismo de João, até o dia em que o Senhor foi elevado
às alturas.[3]
Então, ainda que até
agora Mateus não tivesse sido chamado para fazer parte do círculo dos
discípulos, e ainda só mais tarde é que seria escolhido como um dos apóstolos,
parece que ele já estava acompanhando os ensinamentos de Jesus havia alguns
meses.
De forma que, quando
Jesus passou por ele e o convidou, o coração de Mateus já estava preparado para
deixar tudo e seguir o Senhor. E ficou tão alegre e desprendido que logo
ofereceu um banquete a Jesus, convidando muitos de sua antiga vida para que
participassem.
Mas os fariseus, vendo
o que acontecera, não concordaram com o comportamento de Jesus, e disseram aos
discípulos:
Porque come o vosso Mestre com publicanos e pecadores?
Talvez, meus irmãos,
os fariseus, tivessem em mente passagens como o Salmo primeiro:
“Bem-aventurado o homem que não
anda no conselho dos ímpios, não se detém no caminho dos pecadores, nem se
assenta na roda dos escarnecedores”.[4]
Talvez eles
entendessem que em qualquer circunstância jamais um homem de Deus pudesse estar
com pecadores.
Eles não perceberam
que Jesus, ao se aproximar dos pecadores, ao chamá-los para si, estava fazendo
justamente o que Deus faz tantas vezes através dos profetas, quando chama
Israel ao arrependimento.
Pois muitas vezes,
começando de madrugada, por meio dos profetas, o Senhor chamava aquela nação
idólatra, adúltera e pecadora, porém amada, à conversão.[5]
Jesus não estava
participando dos pecados daquelas pessoas, mas através do amor dando a elas a
oportunidade de se chegarem a Deus.
Então estas coisas
deram ao Senhor ocasião para que trouxesse mais uma lição acerca da vontade de
Deus:
vs. 12 e 13:
Mas Jesus, ouvindo, disse: Os sãos não precisam de médico, e sim os
doentes. Ide, porém, e aprendei o que significa: Misericórdia quero e não holocaustos;
pois não vim chamar justos, e sim pecadores ao arrependimento.
Misericórdia quero. “Misericórdia”, diz o Senhor, “é a minha vontade, o meu desejo, o que
satisfaz o meu coração”.
Há duas revelações
sobre Deus aqui que desejo destacar:
1. Ser misericordioso é da natureza de Deus
Vemos isto no comportamento
de Jesus.
Ele está na casa de
Mateus, conhecido por todos por sua profissão duvidosa, tida como impura, cheia
de corrupção, abusos e opressão.
Uma classe de homens
desprezados. E na casa de Mateus se achegam muitos outros publicanos e
pecadores, a fim de participar de um banquete com Jesus.
Aliás, este não é o
único momento, narrado nos evangelhos, em que isto aconteceu.
Em Lucas 15 lemos de
outra ocasião em que os escribas e fariseus estavam se queixando de que ele recebia
e comia com pecadores.
Em Lucas 7, outro
fariseu, Simão, duvida da santidade de Jesus, pois ele permitiu que uma mulher
conhecida por sua vida pecadora beijasse seus pés e os enxugasse com os
cabelos.
E em Mateus 21:31 e 32
o Senhor, de forma ousada, porém verdadeira e amorosa, diz aos sacerdotes e
líderes anciãos que muitas prostitutas e pecadores os precederiam no reino de
Deus, pois haviam crido, ao passo que eles, sacerdotes, não haviam se
arrependido e crido.
Mulheres de vida
errada, publicanos e pecadores, eram pessoas que se sentiam atraídas a Jesus,
ao passo que gente que se achava espiritualmente superior o rejeitava.
Claro que se Jesus
viesse a se encarnar em nossos dias, ele não mudaria a sua maneira de se
comportar, uma vez que o seu caráter também não muda.
Penso que se ele
viesse a se encarnar nos dias de hoje, ele estaria sempre cercado de pessoas
pecadoras, tidas como as piores pecadoras.
Estaria cercado por
mulheres de má fama, e homens também. Enfermos do corpo e da alma.
E ele as trataria como
gente, e não como um embaraço. E as amaria.
Porque Jesus estava
sempre com pessoas assim?
Porque, na sua visão,
estas pessoas de vida errada precisavam ser perdoadas, precisavam ter suas
consciências curadas, precisavam saber que eram amadas, precisavam ser
transformadas interiormente, mudar de vida, e precisavam saber que isso era
possível, e ele veio para conduzi-las a esta mudança interior, conduzi-las ao
arrependimento.
Eram como enfermos carentes
de médico, e ele era o médico do qual necessitavam.
A esta visão que
tinha, a esta atitude receptiva, esta compaixão, a este tratamento de amor, Jesus
chama “misericórdia”.
Bem, “misericórdia”,
irmãos, ao lado de “graça, justiça, amor, bondade, fidelidade, santidade,” é um
dos inúmeros atributos com os quais a Bíblia nos revela o caráter de Deus.
Deus, por natureza, é
misericordioso. Infinitamente misericordioso, eternamente misericordioso.
As misericórdias do
Senhor são a causa de não sermos consumidos, apesar dos nossos pecados.[6]
As misericórdias do
Senhor se renovam a cada manhã.[7]
Por causa de sua
misericórdia ele ordenou que Jonas fosse pregar em Nínive, a fim de que os
ninivitas se arrependessem e a cidade não fosse destruída. [8]
Por causa de sua
misericórdia ele ordena que o evangelho da salvação seja pregado no mundo
inteiro, pois ele não tem prazer na morte do pecador, mas que o pecador se
arrependa e creia nele.[9]
Por causa de sua
misericórdia ele fez uma aliança eterna conosco, no sangue de Jesus.[10]
Pois nós estávamos
mortos em delitos e transgressões, éramos filhos da ira, escravos do pecado e
do diabo, mas Deus, sendo rico em misericórdia, e por causa do grande amor com
que nos amou, deu-nos vida juntamente com Cristo, e por sua graça somos salvos.[11]
Numa ocasião eu estava
conversando com um pastor que era meu líder, a respeito de certa irmã que
deveria ser disciplinada pela igreja, pois ela havia tido relações ilícitas,
com uma pessoa que nem era namorado dela, e estava grávida.
Uma vez que se tornou
um pecado manifesto ela deveria ser disciplinada publicamente.
Estávamos conversando
sobre o fato de que toda a disciplina que o Senhor impõe sobre nós é
misericordiosa e justa.
A certa altura,
pensando no ensino de Tiago, ele me disse que se quisermos, no futuro, alcançar
misericórdia, devemos ser misericordiosos agora.[12]
Eu concordei com ele,
e acrescentei que também, se olharmos para o nosso passado, e contemplarmos o
quanto, até hoje, Deus tem sido misericordioso conosco, então temos da mesma
forma muitíssimos motivos para ser misericordiosos também.
Sabe, meus irmãos,
alguns crentes vem de um passado, aos olhos humanos, de pecados maiores:
Alguns vieram de uma
vida de imoralidade, de vícios, de crimes.
Aos nossos olhos,
quando uma pessoa vive em pecados assim tendemos a pensar que elas tinham vidas
sujas, e de fato, era assim.
Mas isto não é verdade
somente em relação aos que vieram de fora.
Porque, mesmo que uma
pessoa tenha sido criada num ambiente “limpo”, o nosso pecado, o nosso egoísmo,
as nossas sujeiras do coração, coisas como orgulho, vaidade, impureza de
pensamentos e sentimentos, fazem-nos imundos aos olhos puros de Deus.
Aquele que comete
pecados em seu coração não é mais puro aos olhos de Deus do que aquele que os
comete exteriormente.
Como diz Isaías, todas
as nossas obras são como um trapo da imundícia.[13]
Porque, meu irmão,
olhe para o seu passado:
Quantos pecados você
já cometeu, quantas palavras tolas, quantas injustiças contra o seu próximo;
quantos julgamentos injustos, quantos pensamentos que você não tem coragem de
revelar a ninguém?!
Além disto, quantos
ataques de Satanás, quantas tentações, quantas injúrias humanas, quantas
aflições, que se não fosse a misericórdia de Deus a nos sustentar, já teríamos
sucumbido?
Todos nós não somos
cheios de razão para dizer que é pelas misericórdias de Deus que vamos para o
céu, que é pelas misericórdias de Deus que temos sido sustentados,
fortalecidos, consolados em nossas angústias, livrados do mal, aceitos como
filhos amados?!
Não é pelas
misericórdias de Deus no sangue de Jesus, que temos sido conduzidos ao
arrependimento, feitos dignos de participar da santa ceia, de receber o
Espírito Santo, de receber a Palavra com entendimento, de ser parte da igreja?
Não é pelas
misericórdias que temos o trabalho, o pão de cada dia, o sustento para nossas
famílias, e temos recebido a graça de contribuir para o sustento da igreja,
igreja que amamos e que Deus ama?
Aliás, existe alguma
coisa em nossa vida que não seja fruto da misericórdia de Deus?
Pois ser
misericordioso é da natureza do nosso Pai celestial.
Ser misericordioso é
da natureza do Espírito Santo.
Ser misericordioso é
da natureza de nosso Senhor Jesus Cristo.
2. Também é da natureza de Deus o ensinar misericórdia
aos seus filhos amados
No v. 13 o Senhor diz
aos fariseus:
Ide, porém, e aprendei o que significa: Misericórdia quero e não
holocaustos; pois não vim chamar justos, e sim pecadores ao arrependimento.
Quando Jesus diz: Misericórdia quero, e não holocaustos,
está citando o profeta Oséias, cuja doutrina os fariseus demonstravam ter
esquecido, ou não ter aprendido.
Há duas implicações muito
importantes aqui:
A primeira, é que é na Bíblia que
aprendemos a vontade de Deus, isto é, se queremos saber, devemos ir aos
profetas e apóstolos, ao que está na Bíblia.
Mas a segunda é que, mesmo sendo
uma pessoa religiosa, com a Bíblia na mão, como era o caso dos fariseus, uma
pessoa pode não estar fazendo a vontade de Deus.
Os fariseus, ainda que se
vangloriassem do conhecimento que tinham da lei e dos profetas, não conheciam
realmente.
Vejamos o texto que nosso Senhor
está citando:
Oséias 6:6
Pois misericórdia quero, e não sacrifício, e o conhecimento de Deus, mais
do que holocaustos.
Neste versículo, assim como em
todo o livro de Oséias, o Senhor está revelando o seu coração, e chamando
Israel ao arrependimento.
Israel era uma nação
acentuadamente religiosa, nós bem sabemos.
Milhares de sacerdotes e levitas.
Dezenas de cerimônias prescritas
na lei do Senhor.
Milhares de sacrifícios e
holocaustos.
Mas pouco amor. Pouca justiça.
Pouca preocupação com o semelhante, com as necessidades humanas.
E como ensina João, se você não
ama ao seu irmão, a quem vê, também não ama a Deus, a quem não vê.[14]
Pouco conhecimento de Deus. Pouca
comunhão com Deus.
Porque se conhecessem a Deus,
seriam imitadores dele; seriam, por causa do andar com ele, transformados à
imagem do seu caráter.
Seriam gente misericordiosa e
justa. Gente caracterizada pelo amor, pela alegria em promover a justiça e
praticar o bem.
Ora, a mesma escuridão espiritual
dos antigos, os fariseus portavam agora em suas almas.
Não sabiam o que é misericórdia.
Não conheciam a Deus.
Aliás, quem vê a Jesus, ele nos
ensina, vê também o Pai.[15]
Deus estava ali, bem na frente
deles, e eles não conseguiam enxergar.
Eles tinham certas noções
espirituais que faziam deles gente religiosa, preocupada com as coisas de Deus.
Mas o coração humano é uma coisa
terrível, como diz Jeremias: é desesperadamente enganoso e corrupto.[16]
Nossa tendência natural é pensar
que somos capazes, por nossas próprias forças, por nosso próprio entendimento, de
fazer a vontade de Deus, como se a religião dada por Deus fosse um conjunto de
regras às quais podemos seguir infalivelmente.
Quando pensamos estar “cumprindo
a lei”, achamos que estamos preenchendo as condições de ser pessoas
espirituais.
E os que não cumprem, de acordo
com as nossas regras, não são espirituais.
Os fariseus pensavam assim.
Mas isto é um engano muito
grande. Não adianta ter uma lista de “pode e não pode”. Porque não é assim que
nos relacionamos com Deus.
Então, como é que nos
relacionamos com Deus? É aparte de sua lei? É deixando a Bíblia de lado?
Não! Não é. Mas é tomando a
Bíblia como Palavra de Deus, como um meio de ouvir a sua voz, de entender sua
doutrina; de saber como Deus, Pai, Filho e Espírito Santo é, de conhecermos
suas obras, e como nós somos, de sermos convencidos dos nossos pecados, de
olharmos para o sangue de Jesus, a justiça que há nele, de sermos convertidos
dia a dia, de sermos transformados dia a dia.
E a regra áurea para encontrar
Deus por meio das Escrituras é: “Buscar-me-eis
e me achareis, quando me buscardes de todo o coração”. [17]
Por isto Jesus ordenou: “Vão aprender o que significa: misericórdia
quero, e não sacrifícios...”, como quem diz: “Voltem para as Escrituras, vão estudá-las novamente, vão aprender da
Palavra de Deus...”
Leiamos Miquéias 6:8
Ele te declarou, ó homem, o que é bom e que é o que o SENHOR pede de ti:
que pratiques a justiça, e ames a misericórdia, e andes humildemente com o teu
Deus.
Veja o que é Palavra profética:
É Deus declarando, falando com o
homem.
É Deus revelando sua vontade: que
pratiques a justiça, que ames a misericórdia, que andes humildemente.
É Deus chamando o homem para
andar, não sozinho, mas com ele: andes com
o teu Deus.
Se, diante a Palavra, não houver
andar com Deus, se apenas o que houver for uma lista de “coisas que eu faço e
então sou espiritual, e os outros não fazem e não são”, se o andar com a
Palavra não me fizer humilde e quebrantado, justo e misericordioso, então não
conheço Deus.
Por isto Jesus ensina: “Ide e aprendei o que significam as palavras
do profeta: Misericórdia quero, e não sacrifícios...”
Ora, quando alguém aprende
realmente, quando anda realmente com Deus, gradualmente vai aprendendo a ser um
imitador de Deus.
Este é o sentido do ditado
popular: “Diga-me com quem andas, e
dir-te-ei quem és...”
Daí todas as exortações que o
Espírito Santo nos dá na Escritura:
Disse o Senhor a Abraão: Anda na minha presença, e sê perfeito... [18]
Sedes santos, (diz o Senhor através de Pedro), porque eu sou santo... [19]
Sede imitadores de Deus como filhos amados, e andai em amor, assim como
Cristo nos amou... [20]
Sede meus imitadores, (escreve Paulo), como eu sou de Cristo... [21]
E João escreve:
Aquele que diz que permanece nele, esse deve também andar assim como ele
andou. [22]
Assim, na medida em que olhamos
para Jesus, na medida em que olhamos para Deus nas Escrituras, vamos sendo
transformados, de glória em glória, passo a passo, na imagem dele pelo poder do
Espírito.[23]
Aquele que está aprendendo misericórdia
está se preparando para o céu, está aprendendo a ter um caráter celestial.
Ser misericordioso, crescer
nisto, é da natureza daqueles que conhecem a Deus.
Conclusão
“Ide a aprendei o que significa: Misericórdia quero, e não holocausto”
Temos colocado em relevo dois
ensinamentos básicos destas palavras:
1º. Por natureza, Deus é um ser
misericordioso
Ele ama a misericórdia, ele
manifesta misericórdia e deseja que a misericórdia seja praticada entre os
homens.
Não digo que Deus é misericórdia,
mas também é justiça, porque não
consigo entender justiça e misericórdia, assim como qualquer atributo de Deus,
como atributos adversos.
Digo que Deus é misericordioso e
ao mesmo também justo, santo, amoroso e tudo o mais.
2º. Ensinar seus
filhos a serem misericordiosos, também é da natureza de nosso Pai celestial
Por meio da Palavra de Deus
revelada na Escritura, por meio da comunhão com Jesus, por meio do Espírito de
Cristo que nele habita, o discípulo de Jesus aprende a ser como seu Mestre.
Recebe do alto o poder, tem sua
mente renovada, e aprende a ter um coração compassivo, cuidadoso, generoso,
perdoador, bom para com o seu semelhante.
Que se alegra em ver a salvação
dos pecadores, que se condói diante da incredulidade e das misérias e
sofrimentos humanos, que procura ajudar a todos, crentes ou não.
Se alguém não aprende o que é ser
misericordioso, não está andando com Deus, não tem o Espírito de Deus.
Vamos fazer algumas aplicações
desta doutrina em nosso dia a dia:
1ª. Esta doutrina nos convida a
voltar nossos olhos para Deus, e admirá-lo, pela beleza de sua santidade que é
revelada na misericórdia.
Deus é santo, amoroso, justo,
compassivo, reto, bondoso, incontaminado pelo pecado, misericordioso.
Todo o universo revela a glória
de Deus. Todo o universo manifesta a sua misericórdia.
Mas de maneira suprema, a
misericórdia de Deus, e tudo quanto ele é, nos é revelada em Jesus, que se fez
carne e habitou entre nós cheio de graça e de verdade.
Então olhemos para Deus revelado
em Jesus Cristo, e admiremos a Deus, e o louvemos, e o glorifiquemos.
2. Esta doutrina nos exorta a
viver com alegria, desfrutando das misericórdias de Deus em nossa vida
Nós, os que cremos nesta
doutrina, que conhecemos a Deus revelado em Cristo, não somos vasos de ira, não
estamos destinados à perdição; somos vasos de misericórdia, preparados para a
glória.
As misericórdias de Deus têm nos
conduzido ao arrependimento.
Fomos regenerados, recebemos a
graça da fé, da vida transformada.
As misericórdias do Senhor nos
preservam.
O nosso Pai celestial provê todo
o necessário para a salvação das nossas almas, e todo o necessário para o nosso
sustento neste mundo.
Até mesmo quando provados pelas
adversidades, ou disciplinados através da vida, o Senhor está sendo generoso
para conosco.
Pois se Deus, nosso Pai, nos
fosse castigar de acordo com os nossos pecados, nosso destino seria a perdição,
e há muito que já teríamos perecido.
Então vivamos com alegria, e
desfrutemos as coisas boas que Deus nos dá: a salvação, as delícias da vida
espiritual, quero dizer, a oração, a comunhão com Deus pelas Escrituras, a
família, o trabalho, o pão de cada dia, a comunhão com os irmãos, a
evangelização, o contribuir com o nosso dinheiro na igreja, o uso dos nossos
dons, os amigos, entendamos que tudo é dom de Deus, que a vida é boa e é para
ser vivida com prazer, com liberdade, com santidade, com amor, para a glória de
Deus.
3. Esta doutrina também nos
incentiva a aprender mais sobre as misericórdias do Senhor
Existem dois livros nos quais o
Senhor nos ensina sobre ele: a criação e as Escrituras
Quando contemplamos o céu, obra
dos seus dedos, e a lua, e as estrelas que ele preparou, e vemos como ele cuida
de nós, pequeninos seres humanos, pecadores, aprendemos muito sobre Deus.
Preste atenção nas coisas
criadas, e veja a sabedoria, o poder, o amor de Deus na criação. Estude este
livro, porque nele você aprende sobre Deus.
Mas acima de tudo estude as
Escrituras.
Pois são as Escrituras que nos
revelam muito claramente o caminho da salvação, que nos revelam o nome de Deus,
que nos falam de sua encarnação, que nos conduzem a Jesus.
E leia as Escrituras buscando
Jesus, e aprendendo a ler com os olhos de Jesus, com o Espírito de Jesus.
Isto quer dizer que precisamos
ler com humildade, dependência e confiança.
Senhor, abre os olhos do meu coração, ilumina os meus pensamentos, mostra-me
quantas tem sido as tuas misericórdias para comigo, para com a igreja, para com
todos.
4. Esta doutrina nos exorta a ser
misericordiosos
Só há um tipo de gente que não
conhece a misericórdia de Jesus: aqueles que não buscam a Jesus.
Como os fariseus.
Mas se você é um crente, um filho
de Deus regenerado pelo Espírito, justificado pela fé em Jesus, aprender a ser
misericordioso é uma conseqüência inevitável.
Faça misericórdia.
Pense em quantos meios você pode
praticá-la:
Ame os pecadores que ainda estão
perdidos.
Ame os pecadores que já estão
salvos, os seus irmãos na fé.
Ame tratando bem.
Ame sendo generoso.
Ame como Jesus.
Não tenha medo de amar demais.
Não tenha medo de se decepcionar. Não tenha medo dos custos.
Porque Jesus amou demais. Não
teve medo de se decepcionar. Não teve medo dos custos, pois ele entendia que
valeria a pena o penoso trabalho de sua alma, e ficou satisfeito.
[1] Mt 2:4-6
[2] Mc 2:13-17; Lc 5:27-32
[3] At 1:21, 22
[4] Sl 1:1
[5] Jr 25:3
[6] Lm 3:22
[7] Lm 3:23
[8] Jn 4:11
[9] Ez18:32; 2ª Pe 3:9
[10] Hb 8:8-10
[11] Ef 2:1-9
[12] Tg 2:13
[13] Is 64:6
[14] 1ª Jo 4:20
[15] Jo 14:9
[16] Jr 17:9
[17] Jr 29:13
[18] Gn 17:1
[19] 1ª Pe 1:16
[20] Ef 5:1, 2
[21] 1ª Co 11:1
[22]
1ª Jo 2:6
[23]
2ª Co 3:18
muito bom tirei as dúvidas que eu precisava
ResponderExcluirPalavra de entendimento,bencao de Deus essas palavras.
ResponderExcluirBom, muito bom mesmo. Louvo e engrandeço ao Senhor Jesus por sua vida e ministério.
ResponderExcluirEntão Jesus relamente quis dizer para estudar as escrituras
ResponderExcluirMuito edificante esse texto, tirou algumas dúvidas.
ResponderExcluirLouvo a Deus pela sua vida, que ele te abençoe ricamente.
Amei a explanação que fizestes, Deus abençoe
ResponderExcluirFoi benção na minha vida essa mensagem.
Glória a Deus. Que eu ame a misericórdia, que eu a pratique e que eu a ensine. Que Deus abençoe sua vida, que tão inspirado por Ele nos declarou essas palavras. Eu posso compartilhar esta mensagem?
ResponderExcluirBoa tarde, Sahra. Louvado seja Deus, por ter sido abençoada por está mensagem. Claro que pode compartilhar. Que o Senhor use sua vida para abençoar muitas outras pessoas. "De graça recebestes, de graça dai".
ResponderExcluirGloria a Deus
ResponderExcluirEsta mensagem vem direto do céus pra minha vida hoje
Deus no controle
Muito boa explicação, Deus é misericordioso, mais e justo, não devemos amar o pecado, essa prática só nos afastar da nossa salvação.
ResponderExcluirNossa essa semana ouvi na igreja que alguém iria ter fome de aprender mas sobre a Bíblia e creio que me serviu pois tenho procurado aprender e estou maravilhada com esse ensinamento que achei de ler para entender o que esta escrito nas escrituras sagradas
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